segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Sobre o ostracismo de K-ximbinho

 O maestro Paulo Moura nunca se conformou com ostracismo em que caiu a música de K-Ximbinho ( Sebastião Barros, Taipu, 1917-1980).Seu nome diz pouco aos frequentadores de rodas de choro ou salões de baile, mas pelo menos  duas musicas dele, sonoroso e sempre,  são clássicos do gênero. “k-Ximbinho foi um daqueles gênios musicais que aparecessem de vez em quando no Brasil” disse o citado maestro.
            Nascido em Taipu em 1917, desde criança tocava clarineta e saxofone na banda da cidade, indo residir na capital potiguar tocou pela cidade onde viveu da musica. Seu talento chegou até aos ouvidos do maestro Severino Araujo, da orquestra Tabajara, de João Pessoa que o contratou aos 21 anos.Nos anos 40 mudou-se para o Rio de Janeiro,  lá, K-Ximbinho foi um dos  primeiros alunos do professor alemão H. J.  Koellreteur, que seria mestre de metade dos músicos brasileiros da época (Tom Jobim, Severino Araujo, Ary  Barroso, Paulo Moura).
             Segundo Paulo Moura K-Ximbinho é um dos precursores da bossa nova, assim como João Donato e Johny Alf, pois fazia a mistura da música brasileira com o jazz antes dos anos 50, no entanto ele escrevia e compunha choro para orquestra e como fugia ao choro tradicional , causava um certo estranhamento, porém pouca gente sabe disso.

 Fonte: jornal O Estado de S.Paulo 07/01/2003,  p. 37.




Sebastião Barro (Kchimbinho)



                                                 Sebastião Barro (Kchimbinho)

Evolução demográfica de Taipu ao longo do tempo


Evolução demográfica de Taipu de 1891 a 1930
Ano
População
Urbana
Rural
1891
2.709


1907
9.282


1912
10.000


1918
10.000         
1.038
  8.962
1927
12.651         
2.565
10.086
1930
10.000
1.038
  8.962

Evolução demográfica de Taipu de 1940 a 1957
Ano
População
Urbana
Rural
1940
12.066
855
11.211
1943
12.359         
912
11.447
1950
15.156
1.162
14.994
1957
17.090          
1.162
15.928

Evolução demográfica de Taipu de 1960 a 1985
Ano
População
Urbana
Rural
1960
11.047
4.428
6.619
1970
  9.824
5.797
3.961
1980
  9.370
5.981
3.389
1885
  8.941



Evolução demográfica de Taipu de 1991 a 2000
Ano
População
Urbana
Rural
1991
10.450
3.643
6.822
1996
10.293


2000
11.531
4.133
7.396

Evolução demográfica de Taipu de 2007 a 2013
Ano
População
Urbana
Rural
2007
11.768
  4.447
7.883
2010
11.836
4.084
7.752  
2013
12.301



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

tremores de terra em Taipu

           Reproduzimos a baixo matéria do Jornal Tribuna do Norte noticiando as recentes atividades sísmicas em Taipu. Lembrando que a região entre Taipu e João Câmara tem essas atividades registradas a muito tempo, mas sem duvidas a que ficou marcante na memória da população forma as que ocorrerão no final da década de 1980 e inicio da década de 1990.



UFRN registra novo tremor de terra em Taipu
       O Laboratório Sismológico da UFRN (LabSis/UFRN) registrou um novo tremor em Taipu, no Litoral do Rio Grande do Norte, durante a madrugada desta quarta-feira (15). O sismo teve magnitude estimada em 2.2 e foi o sexto registrado no município desde o início do mês de setembro.

Reprodução/Sismos do RN Mapa divulgado pelo LabSis mostra ponto onde ocorreu tremor de terra


                De acordo com o LabSis/UFRN o tremor aconteceu por volta das 2h13. O sismo foi registrado pelas estações de João Câmara (ACJC), Riachuelo (RCBR) e Taipu (ACTP). No município há várias áreas epicentrais, conhecidas pela sua instabilidade. O Laboratório, em parceria com outros departamentos da UFRN, tem acompanhado a atividade sísmica da região. Segundo eles, no entanto, ainda não é possível prognosticar como será sua evolução. 



UFRN registra três tremores de terra no município de Taipu

         O Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis-UFRN) registrou três novos tremores no município de Taipu, a 50 quilômetros de Natal. De acordo com os pesquisadores do laboratório, os abalos aconteceram em um intervalo de quatro horas na noite de sábado.
Mapa divulgado pelo LabSis mostra o epicentro dos tremores, que não foram sentidos pela população

           O primeiro tremor aconteceu às 17h47, com magnitude de 2.7. Os outros dois foram registrados às 20h12 e 21h57, com magnitudes menores. Segundo o LabSis, nenhum deles foi sentido pela população.

        Os abalos foram registrados pelas estações de João Câmara e Riachuelo. As atividades sísmicas têm sido detectadas em Taipu desde o início do mês de setembro e o laboratório não sabe precisar como será a sua evolução.





http://tribunadonorte.com.br/noticia/ufrn-registra-tra-s-tremores-de-terra-no-munica-pio-de-taipu/295171. Acesso em 14.out.2014.


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sobre a EFCRN



            A construção dessa ferrovia foi muito demorada. Iniciada em 1904, em 1954 ainda não se havia conseguido levar os trilhos ao destino projetado que era Caicó. Até o ano de 1920 a Central do Rio Grande do Norte foi administrada pela empresa que se encarregara de sua construção, que à medida que ficava pronta era arrendada pelo Governo federal. A partir daquele anos a União rescindiu os contratos de construção a arrendamentos passando a administração da EFCRN ao I.F.E ( posteriormente D.N.E.F).
            Durante a construção a orientação da ferrovia foi alterada passando a mesma a se dirigir para a parte central do estado subindo os contrafortes  do litoral para alcançar o vale do rio Ceara–Mirim, deveria descer  a serra da Borborema  até alcançar o vale do rio Piranhas-Açu de onde prosseguiria para Caicó.A mudança do traçado ocorreu em 1911 quando os serviços já havia alcançado Angicos deixando abandonadas muitas obras de arte e cortes que de Lajes deveria alcançar no sentido sul as cidades de Currais Novos, Acari e Caicó ( Cf. IBGE, 1954, p. 113).
            Lajes foi a cidade que mais sofreu com o abandono das obras da ferrovia em direção a Ciacó.Por lá, alem da estação ferroviária, foram erguidas casas para as turmas de trabalhadores da ferrovia, dois tuneis, sendo um com 1.000 metros escavados na rocha da serra da Borborema, viadutos que contornavam espigões, pontes metálicas sobre grandes rios que viravam estradas arenosas em períodos de estiagem entre outras obras de arte, com exceção da estação, o restante foi abandonado quando a ferrovia contava 36.286 km já construídos.
            O motivo do abandono do projeto original foi a mudança de sentido da ferrovia que passaria ao sentido oposto para alcançar o porto de Macau, para onde os serviços de terraplenagem e locação foram encaminhados a partir de 1921 partindo de Lajes (IBGE, 1954, p.113).
            Em janeiro de 1922 atingiu-se a localidade de Gaspar Lemos construindo ali uma estação, mais tarde foi a vez de Epitácio Pessoas.As obras  prosseguiam rumo aos serviços vindos de Macau quando novamente tudo foi abandonado.
            Corria o ano de 1933 quando a EFCRN teve novas modificações em seu traçado. Desta vez foram retomadas as obras da linha tronco sendo levada de Lajes para alcançar angicos em sentido leste-oeste no mesmo trecho no qual havia sido abandonado em 1911.a estação de angicos foi inaugurada em setembro de 1933.Até 1954 o D.N.E.F havia realizado o prolongamento de Angicos até São Rafael num trecho de 45 km ( IBGE, 1954, p.113), neste mesmo ano também havia retomado as obras paralisadas do ramal de Macau ( Op. Cit).


sobre K-ximbinho



“Modernizei meu choro sem descuidar do roteiro tradicional” K-ximbinho.

O PERSONAGEM
            Sebastião Barros nasceu na cidade de Taipu, Rio Grande do Norte, no dia 20 de janeiro de 1917 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1980. Iniciou seus estudos de clarinete e solfejo ainda criança na banda de retreta da cidade. Segundo relatos de sua irmã Irene Barros, cedo, por volta dos sete anos de idade o compositor começou a tocar uma “flauta de taboca”, presente dado pelo pai. Mudou-se com a família para Natal, onde passou a tocar requinta e clarinete na Banda da Associação de Escoteiros do Alecrim e costumava apresentar-se com o grupo Pan Jazz na cidade. Durante o alistamento militar teve a oportunidade de aprender a tocar saxofone na banda do Exército, instrumento cuja forma emprestou-lhe o apelido de K-Ximbinho. (CÂMARA, 2001).

A  trajetória

            A trajetória de K-ximbinho se divide em duas etapas distintas; o primeiro momento no Nordeste , desde a cidade natal, passando pelas capitais, Natal, João Pessoa e Recife até o momento em que se transfere para a cidade do Rio de Janeiro.O primeiro momento da trajetória musical de K-ximbinho não tinha a mesma importância para as discussões que se seguiam sobre sua produção musical, assim como tem o segundo momento, mas revelam dados sobre a formação do artista. Mesmo percebendo que sua produção musical relevante nasce no Rio de Janeiro, o contato com o saxofone, no contexto jazzístico de improvisação e a experiência em grupos no formato de bandas militares são elementos que já faziam parte do primeiro momento.
             Essa percepção leva à necessidade de conhecer o contexto cultural, político e social do Rio Grande do Norte durante o período da Segunda Guerra Mundial, quando bases militares norte-americanas se instalaram na capital do Estado interferindo nos costumes locais da cidade, com a introdução de diversos elementos; música, vestimenta, comida, expressões, entre outros.
            Essa rede de relações parece fundamental para a formatação de um estilo peculiar do compositor em questão, destacando-se entre os demais, mas também se juntando a um grupo de notáveis que acaba por formar uma espécie de movimento dentro do gênero musical Choro. Esse formato de interpretação e composição utilizando-se da formação instrumental semelhante às bandas de jazz estadunidenses passou a ser praticado por muitos músicos e grupos, encontradas em algumas capas de discos (K-ximbinho, 1956, 1958, 1959), grupos musicais também formados por gravadoras especializadas e sindicatos de músicos.
            Autores como Cases (1999) e Tinhorão (1997, 1998), além de jornais de significativa tiragem narram o contato e os possíveis impactos da cultura musical dos Estados Unidos sobre alguns grupos e músicos no Brasil do pós-guerra. Alguns avaliam positivamente, outros negativamente. Longe de chegar a um julgamento qualitativo desse impacto, nos interessa aqui entender como K-ximbinho se insere em diferentes ambientes de produção musical, no caso Jazz e Choro, assimila e insere esses elementos em suas composições e como se relaciona com o mercado musical vigente entre as décadas de 1940 até 1960.

FONTE: Costa, Pablo Garcia da. In: O TRADICIONAL E O MODERNO NO DISCURSO DE K-XIMBINHO.O Mosaico/FAP, n.1, p.1-20, jan./jun. Curitiba, 2009. p.6-7.