quarta-feira, 15 de outubro de 2014

sobre K-ximbinho



“Modernizei meu choro sem descuidar do roteiro tradicional” K-ximbinho.

O PERSONAGEM
            Sebastião Barros nasceu na cidade de Taipu, Rio Grande do Norte, no dia 20 de janeiro de 1917 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1980. Iniciou seus estudos de clarinete e solfejo ainda criança na banda de retreta da cidade. Segundo relatos de sua irmã Irene Barros, cedo, por volta dos sete anos de idade o compositor começou a tocar uma “flauta de taboca”, presente dado pelo pai. Mudou-se com a família para Natal, onde passou a tocar requinta e clarinete na Banda da Associação de Escoteiros do Alecrim e costumava apresentar-se com o grupo Pan Jazz na cidade. Durante o alistamento militar teve a oportunidade de aprender a tocar saxofone na banda do Exército, instrumento cuja forma emprestou-lhe o apelido de K-Ximbinho. (CÂMARA, 2001).

A  trajetória

            A trajetória de K-ximbinho se divide em duas etapas distintas; o primeiro momento no Nordeste , desde a cidade natal, passando pelas capitais, Natal, João Pessoa e Recife até o momento em que se transfere para a cidade do Rio de Janeiro.O primeiro momento da trajetória musical de K-ximbinho não tinha a mesma importância para as discussões que se seguiam sobre sua produção musical, assim como tem o segundo momento, mas revelam dados sobre a formação do artista. Mesmo percebendo que sua produção musical relevante nasce no Rio de Janeiro, o contato com o saxofone, no contexto jazzístico de improvisação e a experiência em grupos no formato de bandas militares são elementos que já faziam parte do primeiro momento.
             Essa percepção leva à necessidade de conhecer o contexto cultural, político e social do Rio Grande do Norte durante o período da Segunda Guerra Mundial, quando bases militares norte-americanas se instalaram na capital do Estado interferindo nos costumes locais da cidade, com a introdução de diversos elementos; música, vestimenta, comida, expressões, entre outros.
            Essa rede de relações parece fundamental para a formatação de um estilo peculiar do compositor em questão, destacando-se entre os demais, mas também se juntando a um grupo de notáveis que acaba por formar uma espécie de movimento dentro do gênero musical Choro. Esse formato de interpretação e composição utilizando-se da formação instrumental semelhante às bandas de jazz estadunidenses passou a ser praticado por muitos músicos e grupos, encontradas em algumas capas de discos (K-ximbinho, 1956, 1958, 1959), grupos musicais também formados por gravadoras especializadas e sindicatos de músicos.
            Autores como Cases (1999) e Tinhorão (1997, 1998), além de jornais de significativa tiragem narram o contato e os possíveis impactos da cultura musical dos Estados Unidos sobre alguns grupos e músicos no Brasil do pós-guerra. Alguns avaliam positivamente, outros negativamente. Longe de chegar a um julgamento qualitativo desse impacto, nos interessa aqui entender como K-ximbinho se insere em diferentes ambientes de produção musical, no caso Jazz e Choro, assimila e insere esses elementos em suas composições e como se relaciona com o mercado musical vigente entre as décadas de 1940 até 1960.

FONTE: Costa, Pablo Garcia da. In: O TRADICIONAL E O MODERNO NO DISCURSO DE K-XIMBINHO.O Mosaico/FAP, n.1, p.1-20, jan./jun. Curitiba, 2009. p.6-7.


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