“Modernizei meu choro sem descuidar do
roteiro tradicional” K-ximbinho.
O PERSONAGEM
Sebastião
Barros nasceu na cidade de Taipu, Rio Grande do Norte, no dia 20 de janeiro de
1917 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1980. Iniciou
seus estudos de clarinete e solfejo ainda criança na banda de retreta da
cidade. Segundo relatos de sua irmã Irene Barros, cedo, por volta dos sete anos
de idade o compositor começou a tocar uma “flauta de taboca”, presente dado
pelo pai. Mudou-se com a família para Natal, onde passou a tocar requinta e
clarinete na Banda da Associação de Escoteiros do Alecrim e costumava
apresentar-se com o grupo Pan
Jazz na cidade. Durante o
alistamento militar teve a oportunidade de aprender a tocar saxofone na banda
do Exército, instrumento cuja forma emprestou-lhe o apelido de K-Ximbinho.
(CÂMARA, 2001).
A trajetória
A trajetória de
K-ximbinho se divide em duas etapas distintas; o primeiro momento no Nordeste ,
desde a cidade natal, passando pelas capitais, Natal, João Pessoa e Recife até
o momento em que se transfere para a cidade do Rio de Janeiro.O primeiro
momento da trajetória musical de K-ximbinho não tinha a mesma importância para
as discussões que se seguiam sobre sua produção musical, assim como tem o
segundo momento, mas revelam dados sobre a formação do artista. Mesmo
percebendo que sua produção musical relevante nasce no Rio de Janeiro, o
contato com o saxofone, no contexto jazzístico de improvisação e a experiência
em grupos no formato de bandas militares são elementos que já faziam parte do
primeiro momento.
Essa percepção leva à necessidade de conhecer
o contexto cultural, político e social do Rio Grande do Norte durante o período
da Segunda Guerra Mundial, quando bases militares norte-americanas se
instalaram na capital do Estado interferindo nos costumes locais da cidade, com
a introdução de diversos elementos; música, vestimenta, comida, expressões, entre
outros.
Essa rede de
relações parece fundamental para a formatação de um estilo peculiar do compositor
em questão, destacando-se entre os demais, mas também se juntando a um grupo de
notáveis que acaba por formar uma espécie de movimento dentro do gênero musical
Choro. Esse formato de interpretação e composição utilizando-se da formação
instrumental semelhante às bandas de jazz
estadunidenses passou a ser praticado por
muitos músicos e grupos, encontradas em algumas capas de discos (K-ximbinho,
1956, 1958, 1959), grupos musicais também formados por gravadoras especializadas
e sindicatos de músicos.
Autores como
Cases (1999) e Tinhorão (1997, 1998), além de jornais de significativa tiragem
narram o contato e os possíveis impactos da cultura musical dos Estados Unidos
sobre alguns grupos e músicos no Brasil do pós-guerra. Alguns avaliam positivamente,
outros negativamente. Longe de chegar a um julgamento qualitativo desse impacto,
nos interessa aqui entender como K-ximbinho se insere em diferentes ambientes
de produção musical, no caso Jazz e Choro, assimila e insere esses elementos em
suas composições e como se relaciona com o mercado musical vigente entre as
décadas de 1940 até 1960.
FONTE: Costa, Pablo Garcia da. In: O
TRADICIONAL E O MODERNO NO DISCURSO DE K-XIMBINHO.O Mosaico/FAP, n.1,
p.1-20, jan./jun. Curitiba, 2009. p.6-7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário