sábado, 22 de dezembro de 2018

DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO DE ANGICOS EM 1881



Angicos é um município do Rio Grande do Norte situado na região central do estado a 171 km de distância de Natal.
Em 1881 foi enviado um oficio pelo diretor da Biblioteca Nacional solicitando informações a respeito da história, geografia e topografia dos municípios da então província do Rio Grande do Norte. Dos 11 municípios que responderam ao questionário estava Angicos.
A resposta ao diretor da Biblioteca Nacional foi enviada pela Câmara Municipal da Vila de São José dos Angicos em 02/05/1881.
O texto da descrição do município de Angicos foi publicado pelos Anais da Biblioteca Nacional em 1991  o qual transcrevemos a seguir tal e qual publicado pelos referidos Anais fazendo apenas a atualização da ortográfica gramatical.Ei-lo:

RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO
PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE
COMARCA DE MACAU
DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO DE ANGICOS
Aspecto geral
        O aspecto visual é alegre, se bem que não seja nivelado; do lado norte se compõem de ariscos, cujas as terras tem a propriedade agrícola e pertencem ao Estado, assim como dos lados leste, oeste e sul é composto de pedregosos tabuleiros.
Serras
         Pico do Cabugi, o mais considerado da Província, por sua elevação, a Serra do Bonfim ou Fuzis e Serra Verde que são agrícolas; a Serra da Maniçoba, Serra de Santa Rosa e Serra do Lombo menos notáveis que fazem igualmente parte do Município.
Rios
        Com a denominação de rios que só contem águas durante a estação invernosa, tais são os chamados rio Pataxó, rio do Amargoso e rio do Ceará-Mirim, os quais nascendo nas quebradas das serras denominadas Santa Rosa atravessam o Municipio, isto é o primeiro vai desembocar no falado rio Assu, o segundo desemboca no Porto da Cidade de Macau e o terceiro no Porto denominado Praia de Genipabu.
        Quanto a lagoas nenhuma há digna de menção.
                     Antiga igreja matriz de Angicos
Fonte: A Ordem, 1937.

Salubridade
        O Município é geralmente salubre.
Minerais
        Os minerais mais usuais são: pedra de construção e barro de olaria, constando também que há ferro no Pico do Cabugi, assim como pedra calcária da melhor qualidade em abundância nos subúrbios desta Vila.
Madeiras
        Há diferentes espécies de madeiras de construção e marcenaria, que apesar de não serem consideradas de maior importância, todavia  tem serventia para os fins a cima mencionados.As principais são: carnaúba, aroeira, angico, comarú, jucá, caraúba, pereiro e imburana.
Frutas silvestres
        Caju, goiaba, pinha,maracujá, umari, pitomba, carnaúba e quixaba.Destas algumas cultivadas.
Animais silvestres
        Caititu,veado-garapú, preás, onças de diversas espécies, gato do mato e raposa.
        Quanto as aves encontam-se nos campos a ema, jacu,inhambu, papagaios, rebaçãs e periquitos, os quais prejudicam muito as lavouras.As aves cantoras são: o sabiá, canário, caraúna, corrupião  e galo de campina.
        As abelhas fornecem excelentes mel, tais são: jandaira, papaterra, canudo e o arapuá.A par deste insetos outros há, como a lagarta sempre prejucial as plantações.Nos denominados rios e açudes se pesca a curimatã, traira e outras espécies de peixe chamado de água doce.
História
        Esta Vila de São José dos Angicos foi primitivamente uma fazenda de criar gados pertencente ao abastado proprietário Tenente Antônio Lopes Viegas, cujo nome Angicos tirou de uma porção  de árvores do mesmo nome que naquele tempo  existia na circunferência  do Olho d’Água que se acha encravado no riacho denominado Olho d’Água pouco a baixo da mesma Vila.
        Observa-se que o referido Tenente Antônio Lopes Viegas casou-se em uma família denominada Costa Xavier sendo ele de outra família cuja ramificação era Dias Machado.Pelo  correr dos tempos,isto é, em 1813, lembrando-se um filho do sobredito Tenente Lopes, com mais famílias de edificar uma capela, consumaram-a em breves tempos, afim de celebrarem, quando necessários os ofícios divinos.
        Em 1816, achando-se no Rio de Janeiro, o Tenente Coronel de Araújo Furtado requereu em nome dos angicanos, ao ministro do Reino, naquela época,ser a mesma capela elevada a Freguesia paroquial,como ponto central, cuja suplica mandou o ministro, não só informar ao vigário da Freguesia do Assú, a que pertencia, como a respectiva Câmara, hoje Municipal, informando esta a favor de Angicos, e aquele por despeito a favor de Santana do Upanema, atualmente Vila do Triunfo.
        Com semelhantes informações seguiu para a Corte o fundador da capela Tenente Antônio Lopes Viegas Filho, que chegando ali, ficou infelizmente maníaco, encontrando o reverendo padre João Teotônio de Souza e Silva, quelhe disse procurar a freguesia para Angicos e vir nela colado, recebendo por isso os mesmos papéis.
        O ministro deferindo favoravelmente a súplica, colou ao referido padre João Teotônio trazendo a sua provisão a comissão de declarar a sede da matriz em um dos dois lugares qual deles fosse mais central, Angicos ou Santana, sem trazer a clausula do Upanema.
        Em 1824, chegando o mencionado vigário João Teotônio a Santana do Matos ( que não fez parte das informações) ai empenhos declarou a Sede da Freguesia, ficando a capela desta Vila filia aquela, assim como a de Guamaré.
        Pelo correr de 1834, o Conselho  de Província propôs ao Governo Geral a criação de 5 Vilas, e este aprovando ordenaou ao Presidente que então era finado Manoel Lobo de Miranda Henrique,de saudosa memória, a criação  das mesmas em Conselho de Governo, foi nesta ocasião elevada esta Povoação  a Vila, ainda assim como o voto de qualidade daquele distinto Presidente por que 3 Conselheiro votaram  para Santa do Matos e 2 para  Angicos,sendo nesta ocasião o sobredito Presidente Lobo orientado de todo o ocorrido pelo Conselheiro José Fernandes Carrilho, que unido ao Conselheiro finado capitão-mor André de Albuquerque Maranhão votaram para Angicos.
        Semelhante ato de justiça desafiou as iras do finado vigário João Teotônio de Sousa e Silva, que em virtude do Ato Adicional de 12 de agosto de 1834 foi ele eleito Membro da Assembleia Provincial, e em sua reunião de 1835,Poe suprimir a mesma Vila, por lei provincial nº 26 de 28 de março de 1835.
        Nesta época correram os negócios tão agitados, que por pouco, esteve a ponto de tremular o Estandarte Sangrento da guerra civil e tomando conta da Presidência o Conselheiro João José Ferreira de Aguiar e reunindo a mesma Assembleia, em sua fala de abertura, nada deixou a desejar,mostrando a inconveniência de semelante lei, toda caprichosa e até odiosa.
        Com efeito a referida Assembleia meditando a revogou,instaurando esta Vila,como fez pela Resolução Provincial nº 9 de 13 de outubro de 1836.
        Ainda no ano de 1847, sofreu esta Vila, uma supressão caprichosa que teve lugar sob a influencia do finado Coronel Jeronimo Cabral Pereira de Macedo, sendo a mesma instaurada pela segunda vez em 1850 em cuja categoria permanece.
                         Atual igreja matriz de Angicos
Fonte: enciclopédia dos municípios, IBGE,1958.

Topografia
        Esta Vila está situada a margem esquerda do rio Pataxó .Nome  de antiga tribo de Índios que pararam  por estes Sertões.A Vila ocupa a maior parte de uma terreno plano e arenoso de 800 metros quadrados.
        Conta-se duas pequenas ruas, largas e bem arejadas e mais três alinhamentos de boas casas que formam o adro da Matriz, bonito e decente edifício.
        Ao nordeste confronte a mesma acha-se a cadeia pública ainda em obra, tendo  boa sala livre,onde funciona a Câmara Municipal.Ao sueste, no mesmo quadro está a casa do comércio edificada ultimamente as expensas dos socorros públicos, que embora não concluída, de muito tem servido, não só para cômodos viajantes,como aos negociantes do lugar e seus subúrbios.
        Ao levante, vê-se ao alto e majestoso, o Pico do Cabugi que é semelhante ao antigo telegrafo nos anuncia as chuvas pelos cúmulos de nuvens em sua mais elevada extremidade, onde por singularidade, com dificuldade, foi colocado um poste com o respectivo apara raio.
        Ao leste setentrião e ocidente, observam-se diversos serrotes de granito que concorre ao longe para formar-se da pequena Vila mais avultada ideia.
        Do centro da situação observam-se diversas casas de telhas dos maoires Altos Monte Alegre, Favela, Espirito Santo, Coração de Jesus e Fazenda Nova, propriedades e benfeitorias dos mais abastados do lugar.
        Finalmente a oeste, 100 metros das últimas casas, encontra-se o Açude do Glorioso Senhora São José padroeiro da Freguesia, edificado pelo reverendo Ibiapina, nas missões de 1862, obra atualmente em ruínas, que serve apenas para conservar a frescura do terreno, útil aos plantadores de vazantes.
População
        Segundo o último recenseamento consta  a população livre de 5.500 almas e a escrava de 180.Desta população apenas  habitam a vila 300 almas compreendidas 13 escravos.
Agricultura
        A lavoura consiste na cultura de mandioca, algodão, milho, feijão, melão e melancia, além de diversos legumes.
Criação
        A grande criação consiste em gado vacum, cavalar, lanígero e cabrum. A pequena criação limita-se a aves domésticas.
Indústria fabril
        A indústria fabril é de pouca importância atualmente consistindo apenas em pouca farinha de mandioca, olaria, como sejam louças de barro, telhas, tijolo de alvenaria, há também tecidos grossos de algodão.
Comércio
        A exportação é pouca e limita-se ao algodão e gado vacum, devida a esta escassez aos efeitos da calamitosa seca de 1877 a 1879. A importação também é de nenhuma importância, limitando-se a pequena negociação de molhados e fazendas.
Instrução
         Para a instrução primária há duas escolas, sendo uma do sexo masculino criada pela Resolução  Provincial no ano de 1833 e uma do sexo feminino criada pela Lei Provincial nº 497 de 04 de maio de 1860.
Divisão eclesiástica
        Pertence este Município a Diocese de Olinda e contem só uma paróquia denominada São José dos Angicos a qual  desmembrada da de Santana do Matos, foi  criada por Resolução Provincial no ano de 1836 e tem  sido administrada por 3 vigários, sendo 2 encomendados e 1 colado, os reverendo Manoel  e Antônio dos Santos Morais Pereira Leitão, Manuel Januário Bezerra Cavalcante e Felipe Alves de Sousa, pelo primeiro de 1836-1839,pelo segundo 1839-1844 e pelo terceiro  finalmente de 1844 até o presente.
Obras públicas
        Paço da Câmara Municipal, a casa do comércio e o cemitério.
Distâncias
        Dista esta Vila da Capital da Província 42 léguas.
        As distâncias as Vilas e Cidades dos Municípios confinantes são as seguintes:
A Vila de Santa do Matos, 8 léguas ao sudeste.
A Cidade do Assu, 8 léguas ao noroeste.
A Cidade de Macau, 14 léguas pouco graus  abaixo do norte.
        Paço da Câmara Municipal da Vila de Angicos, em sessão extraordinária de 02 de maio de 1881.
Manoel Fernandes da Rocha-presidente.
José Avelino Martins Bezerra-vereador.
José Matias Xavier da Costa.
Trajano Xavier da Costa.
Manoel Paulino da Costa Pinheiro.


Fonte: Anais da Biblioteca Nacional, 1991, p. 217-220.

Apêndice
Teor do oficio enviado pela Câmara da Vila de Angicos ao diretor da Biblioteca Nacional em 1881.
Ilmo Sr.
        A Câmara Municipal da Vila de São José de Angicos, da Província do Rio Grande do Norte, a quem por intermédio do Exmo. Sr. Presidente da Província, foi o presente oficio de V. Sª datado de 02 de janeiro próximo passado, que acompanhou o exemplar do questionário organizado pela Biblioteca Nacional, estabelecida em a Capita do Império, para esclarecimento de assuntos concernentes a história e geografia do País; tomando na mais divida consideração, prestar informações fidedignas e minuciosas sobre  as circunstâncias topográficas e históricas deste Município, como lhe cumpre, atento as reconhecidas vantagens que oferece um trabalho de tanta magnitude, como este de que se trata,procurou obter aquelas informações de pessoas idôneas desta localidade, afim de que no devido tempo, pudesse as mesmas achar-se no Rio de Janeiro, em resposta dada ao questionário aludido, como efetivamente faz esta Câmara com a maior satisfação, na presente Sessão, passando incluso neste as mãos de V.Sª, a referida resposta,que com precisa exação foi organizada, de conformidade com os dados que obteve, e oferece o resumido histórico deste Município.
        A Câmara Municipal desta Vila, agradecendo as honrosas expressões com que V.Sª se dignou honrá-la; aproveita a ocasião não só para pedir desculpas das faltas, que por ventura possam ser encontradas no trabalho que lhe foi confiado, como para apresentar a V.Sª os protestos de sua estima e elevada consideração.
        Deus guarde V.Sª.
        Paço da Câmara Municipal da Vila de São José dos Angicos em sessão extraordinária de 02 de maio de 1881.
Illmo Sr. Dr. Benjamin Franklin Ramiz Galvão, M.D. Bibliotecário da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro.
Manoel Fernandes da Rocha Bezerra-presidente.
Jose Avelino Martins Bezerra-vereador.
José Matias Xavier da Costa-vereador.
Trajano Xavier da Costa- vereador.
Manoel Paulino da Costa Pinheiro- vereador.

DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO DE ACARI EM 1886


      Acari é um município da Microrregião do Seridó Oriental, na região do Seridó, na Mesorregião Central Potiguar no  estado do Rio Grande do Norte situado a 201 km de distância de Natal.
      Em 1881 foi enviado pelo diretor da Biblioteca Nacional um oficio solicitando informações gerais a cerca dos municípios da então província do Rio Grande do Norte. Apenas 11 municípios responderam ao questionário, dentre estes estava o de Acari. O questionário só foi respondido pela Câmara da Vila de Acari em 10/05/1886.
     O texto foi publicado pelos Anais da Biblioteca Nacional em 1991 e ora transcrevemos tal qual foi publicado no referido Anais atualizando apenas a ortografia das palavras. Eí-lo:

PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO NORTE
MUNICÍPIO DE ACARI
COMARCA DO JARDIM[1]
DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO DE ACARI

Aspecto geral
         Do lado do nascente e norte é este Município montanhoso,  o resto do Município é mais ou menos plano.
Serras
        As serras que formam a parte montanhosa do Município são: a cordilheira da serra de plantação denominada de Serra de Santa Ana de leste a oeste pelo lado do norte, que faz parte da Serra da Borborema, que se estende de um e outro lado pelos municípios vizinhos.
                             Aspecto de Acari em 1906
Fonte: O Malho,1906.

Rios
        Seu território é regado de leste a oeste pelo rio Acauã e seus afluentes, que nasce dos campos de Martins Bezerra e desemboca no rio Piranhas e só contem água Durante o inverno.
Salubridade
        O Município é geralmente salubre, mas aparecem em todos os tempos vários casos de febre de diversos carates. Em 1857 a cólera-morbus e a varíola causaram grandes prejuízos a população.
Minerais
        Os minerais mais usuais são: pedra de construção e cal, o barro de olaria tudo em grande quantidade. Também existe enxofre gesso e uma pedra preta e pequena que imita ferro assim como pedras de amianto.
Madeiras
        Há varias espécies de madeira de construção e de marcenaria. Bem como o angico, aroeira, pau d’árco, baraúna, louro, tatajuba, gitahi, cedro, craibeira, cumaru e jurema.
Frutas silvestres
        Caju, goiaba, pinha, melão, melancia, mamão, cocos, jerimuns e bananas em grandes quantidades. Laranja, cajarana, pitomba, maracujá, umbu, estas 4 últimas somente no inverno, as quais são algumas cultivadas.
Animais silvestres
        Onça, tigre, pintada e suçuarana, maracajá, raposa, gato do mato, os quais prejudicam muito as criações miúdas., caitituis, veados, tatus de diferentes qualidades, furão, papa mel, mocós e preás.
        Quanto as aves se encontram nos matos emas, siriemas, jacu, jucurutu, gavião e carcará, que muito destroem as criações miúdas, urubus, papagaios, maracanãs, periquitos e passarinhos de imensas qualidades, os quais prejudicam muito as lavouras.As aves cantoras são: sabiá canário,passarinho preto e corrupião.
        As abelhas fornecem excelente mel, tais são: a jandaira, canudo, tobiba, rajada e amarela. Nos rios se pesca a traira, piau, curimatã, canganti, cascudo, piranha e diversos peixinhos miúdos.
História
        A Vila do Acary foi primitivamente uma povoação criada em 1738 pelo sargento-mor Manoel Esteves de Andrade,o qual edificou nas suas próprias terras uma capela no sertão  do Seridó, no lugar Acary com a invocação de Nossa Senhora da Guia, por ficar distante de seu curato de Piancó 8 dias de viagem.
        Por lei provincial de 13 de março de 1835 foi elevada a categoria de Vila e como tal separada do Município do Príncipe[2].
Topografia
        Esta vila está situada a margem direita do rio Acauã,lugar elevado.As ruas são poucas sendo largas e algumas estreitas.As casas são térreas.Seus principais edifícios são: duas igrejas,  a matriz e a ermida de Nossa Senhora do Rosário, o cemitério, a casa de câmara e cadeia.Há alguns estabelecimentos comerciais.
                         Aspectos de Acari em 1958

Fonte: enciclopédia dos municípios, 1958.

População
        Segundo o último censo de 1873 consta a população de 11.350 almas livres e escravas 150. Desta população habitam a vila 200 almas compreendidas 5 escravas.
Agricultura
         Consiste na cultura de milho, feijão, arroz, mandioca, batata, algodão. Também se cultiva algumas espécies de frutas, cajus, goiabas, pinha, melão, melancia,cocos, jerimum, pitomba, maracujá, laranja, banana, umbu, cajarana, as quais são algumas cultivadas, ale de diversos legumes.

Criação
A criação consiste em gado vacum e cavalar, muar, lanígero, cabrum e suíno.
Indústria fabril
        A indústria fabril consiste em farinhas de mandioca, milho, feijão, arroz, algodão e algumas espécies de frutas com já fica dito.
Comércio
        A exportação limita-se em algodão, gado vacum em pé e morto, couro, sola e queijo. A importação consiste em ferragens, vidros, louças, fazendas, farinha, café, açúcar, rapadura, bacalhau, feijão,arroz e bolachas.Os gêneros são exportados em geral para Pernambucos, Brejos,  Macaiba nesta província, Macau e Mossoró, donde vem quase todos os gêneros importados.Para fora do Município o transporte é feito por costa de animais.
Instrução
        Para a instrução há 3 escolas do sexo masculino e 3 do feminino.
Divisão eclesiástica
        Pertence este Município a Diocese de Pernambuco[3] e se divide em duas freguesias e são a do Acary, como já fica dito ereta em 1738 e a de Currais Novos, por lei provincial de 20 de fevereiro de 1884 a 5 léguas ao noroeste da Vila. A capela de Flores[4] a 10 léguas ao noroeste desta vila, edificadas aquela em 1809 e esta em 1864.
                              Aspectos em Acari em 1958


Fonte: enciclopédia dos municípios, IBGE, 1958.

Divisão policial
        O município conta uma delegacia, 3 subdelegacias, a do Acary, a de Currais Novos com 13 quarteirões e a de Flores com 10 quarteirões.
Obras públicas
        Paço da Câmara municipal e cadeia.
Rendas
        As rendas municipais são constituídas pela imposição o do subsidio de 1$000 rs sobre cada rês morta para o consumo, de 80 réis sobre cada uma carga de qualquer gênero exposta a venda no mercado público, exceto algodão , 200 réis sobre cada animal cabrum, ovelhum, e de 500 réis sobre suínos expostos a venda, de 6$000 réis sobre as casas que venderem aguardente na Vila e 5$000 réis nas povoações, multas por infrações de postura, barbatões, dízimos e miunças vivas e aferição de pesos e medidas, no último quinquênio as rendas municipais subiram  a 6:553$410, no último exercício subiram 1:185$140 réis.
        A coletoria geral rendeu 467$665 réis e a provincial  6:656$000.
Distâncias
        Desta Vila a Capital da província 50 léguas ao nordeste.
        As distâncias as Vilas e Cidades vizinhas são as seguintes:
A Cidade do Príncipe 12 léguas ao leste.
A Cidade de Jardim 5 léguas ao sudeste.
A leste com a Vila de Picuí e Cuité, na província da Paraíba, com 8 e 14 léguas.
A Vila de Santa Cruz com 16 léguas a leste.
A Vila de Santana do Matos com 14 léguas ao norte.
Paço da Câmara Municipal da Vila do Acary em sessão ordinária de 11 de janeiro de 1886.
Antônio Bezerra de Albuquerque Galvão- presidente.
Manoel Alberto Dantas.
Antônio Honorato de Araújo.
João Nepomuceno  da Silva.
João Clementino da Silva.

Fonte: Anais da Biblioteca Nacional, 1991, p.215-216.

Apêndice
        Teor do oficio remetido da Câmara Municipal de Acari ao bibliotecário da Biblioteca Nacional em 11/01/1886.
Paço da Câmara Municipal da Villa do Acary em sessão ordinária de 11 de janeiro de 1886.
Ilmo Sr.
Em cumprimento a ordem de Sua Exª o Sr. Presidente da Provincia em circular de 15 de dezembro último, remetendo um questionário para ser respondido, a Câmara remete a Biblioteca Nacional, a topografia deste Município, pedindo desculpas pela imperfeição do trabalho visto não ter preciso conhecimento.
Deus guarde a V. Sª. Ilmo Sr. Diretor da Biblioteca Nacional da Corte.
Antônio Bezerra de Albuquerque Galvão- presidente.
Manoel Alberto Santos.
Antônio Honorato de Araújo.
João Nepomuceno da Silva.
João Clementino da Silva.



[1] Atual cidade de Jardim do Seridó.
[2] Atual Caicó.
[3] Diocese de Olinda, atual Arquidiocese de Olinda e Recife.
[4] Atual cidade de Florânia.

DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO DE AREZ EM 1881



        Arez (ou Arês) é um município do estado do Rio Grande do Norte localizado na microrregião Litoral Sul a 58 km de distância de Natal.
    Em 02/01/1881 foi enviado um oficio pelo bibliotecário da Biblioteca Nacional Benjamin Franklin Ramiz Galvão a Câmara municipal da então Vila de Arez e recebido pela mesma em 10/05/1881 cujo documento solicitava informações a cerca do município.
       Este oficio  na verdade foi enviado  a todos os municípios da então província do Rio Grande do Norte, porém só 11 responderam a solicitação, dentre eles estava Arez.
      Naquele ano a câmara estava composta pelos seguintes membros:Manoel Joaquim Pessoa de Lima –vice-presidente; Primo Feliciano Mártir; Manoel Januário Bezerra Carvalcanti Sobrinho; Joaquim Sotero da Cunha e Francisco Figueira da Costa.
   O oficio foi remetido pela Câmara municipal de Arez em 31/05/1881.
     O texto da referida descrição do município de Arez em 1881 foi publicado nos Anais da Biblioteca Nacional, 1991, p 237-239 cujo teor transcrevemos a seguir de acordo com o que foi publicado com o referido Anais somente atualizando a ortografia de algumas palavras em desuso. A gramática e a sintaxe foram conservadas segundo o texto publicado nos Anais.Ei-lo:


Província do Rio Grande do Norte
Comarca de São José de Mipibu
Descrição do município de Arez

Aspectos gerais
        Do lado do sul, leste e norte é este município cercado de rios e lagoas, é geralmente plano e coberto de matas as quais sucedem extensos campos com ricas pastagens para a criação de gado.
Ao oeste é plano se compõe de muitos campos que abundam uma excelente pastagem, como também em arvores e arbustos, como mangabeiras, cajueira e jabuletita, de cujo fruto,  extraem os habitantes deste Município um excelente óleo que é alimentício e muito medicinal, de cujo fabrico extraem grande lucro; a mangabeira de cuja casca extraem o leite que da borracha para o que extraem-se muito leite no ano de 1778 de que fez a  exportação para o Recife e Paraíba.
O caju de cujo fruto extraem o vinho de cujo fabrico os habitantes deste Município terão muito lucro.
             A igreja e convento de Arez em 1958
Fonte: enciclopédia dos municípios, IBGE, 1958.

Mar e portos
      Pelo lado oriental é este Município banhado pela lagoa de Guaraira e o mar e apresenta um porto para barcaças e embarcações pequenas o qual fica no lugar Tibau pertencente ao Município de Goianinha e dista desse mesmo porto deste Município 2 léguas.
        A grande lagoa a cuja margem esquerda fica este Município tem 4 léguas de extensão, cujas as margens são assaz férteis , nas quais os habitantes deste Município cultivam a cana de açúcar, mas os lucros que extraem são muito precários  por causa das grandes enchentes que entram na mencionada lagoa, que vazam com grande demora por ser a barra do rio que entra na mesma lago de Guaraira a do rio Traira que banha o município de Papari cujas as enchentes reunidas a do rio Jacu que banha este Município demoram-se muito por causa da barra que é muito estreita e quase entulhada de pedras e fica muito distante quase 5 léguas deste Município.
        O mar que confina com este Município do mesmo lado fica muito contíguo a lagoa Guaraira da qual está separada por uma ponta de terra de extensão em 286 braças de largura de terreno arenoso e coberto de arvores por onde se oferece um esgoto para as enchentes que tanto dano causam não só aos habitantes deste Município como aos dos município limítrofes, o que já projetou levar a efeito um particular, tendo dado principio em 1775 em que houve enchente em que apeledou-se diluvial;  o que não realizou-se por falta de auxilio não só  dos proprietários como do governo.
        Os habitantes deste Município  alimentam a doce de que esta noticia chegando ao alto conhecimento do nosso Augusto Monarca em cujas mãos repousam os destinos da nossa cara Pátria se levará  a efeito este , o qual redundará um tanto proveito não só para os proprietários e sim para o governo  pela grande exportação de açucares que se calcula em 100 mil pás cultivando-se ambas as margens da lagoa.
Rio e lagoas
        Seu território é regado por diversos rios e lagoas, sendo o mais notável o Jacu que despeja na lagoa Guaraira, onde é notável para causas que fabricam os habitantes desta Vila para pescarias dos diferentes peixes tais como: curimã, camorupim, camurim, peba e pecu, carapeba, uburana,  tainha, carapicu, cará, Curimatá, traira, jacunhá, piau, cangati, etc, os quais dão não somente para o consumo diário como para as salgas com destino a exportação  para a província da Paraiba.
        O mesmo rio nascendo em uma serra do sertão desta Província depondo um curso de 50 léguas reúne-se com o rio Carrurú que vem da lagoa de Papary e desemboca no mar estando até o Município em toda sua extensão de sudoeste a leste  e nordeste tomando o território do Município a configuração de uma península.Há também para o lado oeste a 1,5 légua de distancia um rio perene denominado Urucará, cuja a margem serve de divisão deste Município com o da Vila Imperial de Papary até a lagoa Papary onde faz barra o mesmo rio pelo lado norte deste Município servindo o Mara da mesma também de divisão daquele município com este.
                   localização do município de Arez
Fonte: wikipedia, 2018.

História
        A vila de Arez foi primitivamente uma missão jesuítica, aqui fundada para a catequese dos índios chamados ao aldeamento para o qual foi escolhido o local em que se acha a Vila, sendo extinta a mesma missão por alvará de 03 de setembro de 1759, foi convertida em paróquia e teve o predicamento de Vila e Termo a qual por Lei Provincial da Assembleia Provincial, foi suprimida e transferida para a Povoação de Goianinha que foi elevada categoria de Vila e Termo e conservou-se suprimida até o ano de 1755 em que foi instaurada em consequência da Resolução Provincial nº 318 de 30 de agosto de 1862 quando foi novamente suprimida a Freguesia e incorporada como capela filial a Freguesia de Nossa Senhora do Ó da Vila de Papari.
        Outra lei,  ignora-se de que data,  restaurou a Freguesia e elevou a categoria de Vila com a mesma denominação de Arez.
                     Entrada da cidade de Arez e pelourinho


Autoria desconhecida.


Topografia
        Esta vila está situada a margem esquerda da lagoa Guaraira, em terreno plano e bastante elevado donde descortina-se a mais linda passagem de embarcação até de vapor costeiro.
As ruas que forma o quadro da Vila são direitas em número de 3 as quais representam não um quadrado e sim um paralelogramo servindo de lado mesmo a igreja dedicada a São João Batista e contigua a mesma um convento edificado pelos jesuítas, assobradado toda em roda que servia de morada para os mesmos aos quais é devida a boa escolha do lugar em que foi edificado o convento onde se observa uma bela vista do mar.
        Há também um cemitério construído de pedra e rebocado a cal, o qual ocupa uma grande área de terreno e é considerado no número dos melhores.
Salubridade
        O Município é bastante salubre, apenas reina a febre intermitente que é endêmica aqui, máxime na estação invernosa.
Minerais
        Os minerais mais usuais são a pedra de construção  e o barro de olaria de que se fabrica tijolo de alvenaria, telhas, louças de barro e outras obras.
Madeiras
        Há muitas espécies de madeira de construção e marcenaria. As principais são: sucupira, pau d’arco, quiri, piquiá, suruaji, louro, pau santo sapucarana, sapucaia, maçaranduba, pau d’óleo, copaíba, pau Brasil (ibirapitanga), quarubú, imbiriba, oititurubá, turuman, carauba, gitahi, pau sangue, oiticoró, pau ferro, geniparana, cajarana, golandina, jatobá, Angelim, muricim da mata, cupiuba, cupeba, guabiraba, cabuçú, imbiridiba.
Frutas silvestres
     Caju, cajurana, cumboim, ubaia, maracujá, pitomba, goiagiru, araticum, mangubá, maçuranduba, guabiraba.
Animais silvestres
      Veado garapu e arpurouro (?) que é de grande tamanho, cutia, coelho, preá, maracajá, assu e murim, capivara, lontra, que são anfíbias, e paca, quandú, sagui, furão, papa-mel, gato bravo, timbú, tatus, tamanduá, jaguacinim, raposa a que os índios denominam guará.
     Quanto as aves encontram-se nas matas jacu-assu, e pema, aracuã, nambu-apé, zabelê, araponga, trocal, galega, juriti, jaçanã, marreca, maranhão, mergulhão, curão, socó, tamatião, conduca, pecaparu, gaivota, caracará, gavião, colhereira, garça e maçarico.
     As aves cantoras são: canários, cupiro, xéxeu, , coris, bicudo, patativa, coneliz (?), sabiá, pintasilgo. No número de aves grandes entra a seriema.
A igreja Matriz e o antigo convento dos jesuítas de Arez e pelourinho
autoria desconhecida.

População
      Segundo o último recenseamento consta a população 2.500 almas.
Agricultura
    Consiste na cultura de cana de açúcar, tabaco, milho, algodão, mandioca e feijão.Também se cultivam muitas espécies de frutas: laranjas, lima, coco, dendê, bananas, ananaz, melão,melancia e outras hortenses, alem de diversos legumes.
Criação
       A criação consiste em gado vacum e cavalar.
Indústria
      A indústria fabril consiste em açúcar, aguardente, fumo, farinha de mandioca e obras de olaria.
Comércio
     A exportação limita-se ao açúcar, aguardente, fumo, farinha de mandioca. A importação consiste em ferragens, vidro, louças, panos  e outros objetos de fábricas estrangeiras.
Instrução
       Para a instrução há duas aulas primárias para ambos os sexos.
Divisão eclesiástica
     Pertence este Município a Diocese de Olinda e consta de uma só paróquia.
Distâncias
      Dista este Município da Capital da Província 13 léguas ao norte. As distancias às vilas vizinhas  confinantes são as seguinte:
       À vila de Papari 3 léguas ao norte.
       À vila de Goianinha 13 léguas ao sul.
       À cidade de São José de Mipibu 4 léguas ao noroeste.




Fonte: Anais da Biblioteca Nacional, 1991, p 237-239.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

JASON RIGBY O CONSTRUTOR E PRIMEIRO SUPERINTENDENTE DA ESTRADA DE FERRO NATAL A NOVA CRUZ



Jason Rigby (1846-1910) foi o primeiro superintendente da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, assim como o engenheiro responsável pela sua construção. Foi um dos muitos ingleses que moraram em Natal no final do século XIX.
Jason Rigby foi engenheiro membro do Institution of civil enginers of england (Instituto dos Engenheiros Civis da Inglaterra, em tradução livre).
Eis sua biografia até ser nomeado superintendente da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz:
Jason Rigby obteve o diploma de engenheiro em 1867, sendo graduado em Artes pela Universidade de Dublin em 1870.
Em 1868 foi discípulo do Sr. James Price, passando depois ao cargo de adido do escritório encarregado dos trabalhos gerais da Estrada de  Ferro Midland Great Western da Irlanda.De 1871 a 1872 foi ajudante do Sr. Tuft, administrador do Condado de Austrin, tendo um distrito a seu exclusivo cargo.Em 1872 partiu para Buenos Aires com outros 13 companheiros, empregando-se com 1º expedição.Em 1875 voltou ao seu país e foi contratado para a Estrada de Ferro Paraná a Mato Grosso, sob a direção do capitão Paim e W. Lloyd.Esteve durante 3 anos nesta comissão, penetrando com seus companheiros em regiões do Brasil onde até então nenhum homem branco havia pisado.
        Com a possibilidade da exceção de um, era ele tido como o único sobrevivente desta expedição.
Em 1876 voltou são ao seu país e casou-se com miss Anne Alice Andrews. Rigby fez-se sócio do Instituto dos Engenheiros Civis em 1876, sendo eleito membro efetivo em 1883. Ainda em 1876 ocupou-se dos trabalhos das estradas de ferro de Lancashire.Voltou no mesmo ano para o Brasil para administrar a construção da  Imperial Brazilian  Natal and Nova Cruz Railwy Company, na província do Rio Grande do Norte.
Em Natal
Segundo o jornal Avulso o engenheiro Jason Rigby chegou a Natal em 05/01/1877 junto com um companheiro para explorarem o terreno e organizar as plantas da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz. Contava a época com 31 anos.
O Brasil não era desconhecido para ele, mas talvez a região nordestina sim. Seria para ele mais um desafio a ser perseguido, comum aos intrépidos engenheiros que se aventuraram pelo Brasil a fora construindo ferrovias na segunda metade do século XIX.
        Ainda segundo o referido jornal “seria impossível descrever os esforços e sacrifícios deste homem trabalhador, em uma região completamente estranha- através das chapadas agrestes, dos paus, das matas sombrias, vencendo tudo dominado sempre da grande ideia” (AVULSO, 27/02/1880, p.1).
        Que emoções não sentira ele, filho da Europa, a braços com esta exuberante natureza americana tão diferente da de sua pátria – desde arvore até o reptil, desde o solo até o céu dizia o jornal citado.
        Seus múltiplos esforços em terras potiguares foram coroados, porquanto organizou ele as plantas, que tiveram o fim destinado e por decreto de 06/04/1878 foram elas aprovadas.
Já segundo o Diário de Pernambuco o nomeado engenheiro chefe da construção da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz Jason Rigby chegou ao Recife em 29/09/1878 no vapor inglês Tagus.Ele seguiu ao seu destino no vapor Pernambuco que vinha do sul, a fim de dar inicio a seus trabalhos em terras potiguares (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 27/09/1878,p.1).O restante do pessoal e o material para a estrada partiria da Inglaterra e em breve estaria em Natal.
Segundo o monitor campista o engenheiro Jason Rigby era um homem ilustrado e de longa prática (MONITOR CAMPISTA, 26/10/1878, p.1).
Já em Natal no dia 30/09/1878 o engenheiro Jason Rigby comunicou ao presidente da província que em 01/10/1878 pelas 16h00 teria lugar a inauguração da estrada no sítio Refoles, o que efetivamente aconteceu em presença de numeroso concurso de pessoas de todas as classes. Era o inicio dos trabalhos de construção da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz.
O presidente da província não compareceu por motivos de saúde.
Depois das formalidades conforme normas protocolares, ao toque do hino nacional, serviu-se todos os que ali se achavam uma mesa de toast, e falaram sobre o esplêndido acontecimento diversas pessoas, a saber: o engenheiro major J. Guilherme, major Pinheiro, Dr. Carvalho, Thomas Gomes e outros, tendo o chefe de policia levantado um brinde ao chefe da nação. A festa foi estrondosa. Houve passeata a noite com musica, foguetes, etc, sendo cumprimentados em sua casas o Dr. Moreira Brandão, Dr. Luis Carlos, Dr. Manoel Quitiliano, vice cônsul Joaquim Inácio e o coronel Bonifácio, reinando  a maior animação  e entusiasmo.
Além dos já citados a cima, o juiz de direito R. Morato, o ajudante de ordens do governo e vice-cônsul Odilon, o presidente da câmara, negociantes, proprietários e todos os funcionários públicos assistiram “a este glorioso festim que é a consagração do trabalho, do progresso e da civilização”. (MONITOR CAMPISTA, 26/10/1878, p.1).
Prometeu o engenheiro Jason Rigby que em 18 meses estaria concluída toda a linha.
        De setembro de 1876 em diante tomou conta da construção da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz até ser nomeado, em 1883 pelo Sr. Douglas Fox e seus associados como engenheiro residente.  Logo depois de concluída a linha e sua inauguração em 28/09/1880 a Administração o convidou para ocupar o cargo de presidente geral, cargo que empenhou até 1885 quando passou o cargo ao engenheiro John Morant que foi nomeado pelo diretor da companhia para o referido lugar em 19/10/1885 (CORREIO DE NATAL, 19/10/1885, p.2).Terminando assim sua presença em terras potiguares.
Outras funções
Conforme o Jornal do Comércio (07/10/1910, p.3) o Sr. Frank Parishi que era presidente da Great Western of Brazil Railway-GWBR ofereceu então a Jason Rigby a diretoria dessa linha, cujas funções exerceu até 1890, vivendo em Pernambuco, onde a febre amarela, de que falecera o seu predecessor, grassava nessa ocasião.
        Deixou a GWBR para assumir a direção da Estrada de Ferro Minas ao Rio para a qual fora nomeado pelo Sr. Edgell Hunt. Pouco tempo depois o Sr. Reginald Neild convidou-o para a Estrada de Ferro Entre Rios, que ele dirigiu durante 3 anos vivendo no Paraná.
        Em 1895 ainda a convite do Sr. Frank Parish foi diretor geral da Estrada de Ferro Buenos Aires e Rosário, na Argentina, quando esta ferrovia se fundiu com a Estrada de Ferro Central da Argentina.
        Ocupou esse lugar até 1899, época em que voltou ao seu país para aceitar em colocação no escritório central da companhia. No mesmo ano foi esteve a frente da Great Souterhern Railway Company e por morte do Sr. Frank Parish foi eleito presidente desta companhia.
        Jason Rigby faleceu em Londres em 15/09/1910 aos 64 anos. Na data do seu falecimento o engenheiro Rigby fazia parte de diversas companhias. Os seus funerais realizaram-se no cemitério de Putney Vale. A morte de Jason Rugby foi noticiada no obituário do jornal Times de Londres.
      Abaixo a capela do cemitério Putney Vale no sudoeste de Londres onde foi enterrado o engenheiro Jason Rigby.