sábado, 4 de maio de 2019

OS MORADORES DE TAIPU ROGAM PRAGA A TAVARES DE LIRA



         Conforme publicado no jornal Diário do Natal em 12/07/1904 a população de Taipu (escrita a época com y e com acento) se dirigiu a Tavares de Lira, então governador do estado em palavras nada lisonjeiras. Vejamos:
Escreveram-nos da então Villa do Taypú:
Aqui temos tido bom inverno; mas com a fome e a peste, pouco ou nada haverá de lavoura. Os governos abandonaram a população que lhes roga mil pragas.
         Quando estiveram aqui os engenheiros fazendo a picada da estrada de penetração do Natal no Caicó, deram muita esmola e o Dr. Rodolfo Batista dava remédio a todos e dinheiro para dieta. Hoje morre-se aqui á míngua. Maldito sejas Lyra de uma figa. (DIÁRIO DO NATAL, 12/07/1904, p.1).
Apesar da chuva que ali se verificou a população ainda se ressentia desesperada pela situação de calamidade e miséria em virtude da seca daquele. A praga proferida ao então governador Tavares de Lyra é compreensível tanto do ponto de vista social como do cultural.

 Governador Tavares de Lira praguejado pelos taipuenses

Como visto, o povo de Taipu já tinha fama de ‘esquentado’ muito antes das famigeradas provocações que a ele se dirigiu na passagem dos trens quando se gritava “dá o pé louro”.

INAUGURAÇÃO DO 16º R.I DE NATAL



         A obra do novo Quartel do 16º R.I destinava-se a resolver em definitivo o problema do aquartelamento de tropas em Natal, que a partir de então constituía um centro militar dos mais importantes, a sua realização obedecia ao plano de renovação e aparelhamento das forças armadas.
        A inauguração solene do novo quartel do 16º R.I onde no ato contou com a presença do comandante da 7ª Região militar, do Interventor Rafael Fernandes, do General Cordeiro de Farias, diretor da Base Aérea de Natal, do almirante Ari Parreiras, diretor da Base Naval de Natal e outros autoridades .
A inauguração da nova, ampla e confortável sede do 16º Regimento de Infantaria, aquartelado na capital potiguar, constituiu um passo importante para que a tropa do Exército estacionada no Rio Grande  do Norte se achasse dotada dos requisitos indispensáveis ao seu perfeito alojamento, segundo o jornal Diário de Natal, que registrou a solenidade de inauguração do referido prédio.

                                         Fachada do 16º R.I


       A cerimônia solene realizou-se as 16h00 tendo sido presidida pelo General Mascarenhas de Morais, comandante da 7ª Região Militar, vindo a Natal especialmente para essa finalidade.Estiveram presentes o Interventor Federal Rafael Fernandes, o general Gustavo de Farias, comandante da 2ª Brigada de Infantaria, almirante Ari Parreiras, chefe dos serviços de construção da Base Naval de Natal, Cel. Penedo Pedra, comandante do 16º R.I, outras altas patentes do Exército e da Marinha, oficialidades da Força Policial e outras altas autoridades  civis.
        Uma companhia formada sob o comando do cap. Américo Mendes prestou continência as autoridades, formando no pátio interno do novo quartel toda a tropa do 16º R.I.
         A solenidade foi iniciada com o hasteamanento da bandeira pelo general Mascarenhas de Morais ao so,m do Hino Nacional,seguindo-se uma detalhada visita as amplas e confortáveis instalações do novo edifício, servindo-se depois uma taça de champagne as autoridades.Falou então  o Cel. Penedo Pedra, comandante do 16º R.I em cujo discurso enalteceu a bravura e o espírito de disciplina do soldado brasileiro.
referindo-se a ação do major Domingos Moreira, brilhante oficial do corpo de Engenharia do Exército, que desde o principio orientou e dirigiu os trabalhos de construção do novo quartel do 16º R.I.
         Falou depois o comandante da 7ª Região Militar, que demonstrou o mais vivo contentamento em presidir aquela solenidade, pondo também em relevo a bravura e disciplina dos soldados.
         Durante toda a cerimônia tocou a banda de música do 16º R.I. O novo quartel ficou disponível ao acesso do público para visitação.( DIÁRIO DE NATAL, 27/02/1942, p.1).Situado em local magnificamente adequado às suas finalidades protegido pelos morros e cercado de abundante vegetação, o edifício do 16º R.I dispunha de amplas e confortáveis instalações indispensáveis a vida na caserna e de acordo com os mais modernos preceitos de higiene.Com a ampliação a que seria em breve submetido, e para a qual o ministério destinou uma importância de 5.000 contos, o referido estabelecimento passaria a ser, no gênero,uma das mais notáveis obra existentes no país.
        O 16º R.I se localiza no atual bairro de Morro Branco confrontando-se com o Parque das Dunas e com o campus da UFRN

SOBRE A DEFESA PASSIVA DE NATAL NA II GUERRA MUNDIAL


           Defesa passiva eram as instruções repassadas a população civil de Natal para se defender em caso de ataque a cidade pelos bombardeios inimigos, já a defesa ativa cabia a ação militar das Forças Armadas.
Instruções prévias de defesa
O governo do estado, de acordo com o comando da 2ª Brigada de Infantaria e da Chefia de Policia, estava divulgando instruções dirigidas a população da capital sobre eventualidades que necessitavam ser devidamente consideradas.
         A situação de guerra internacional vinha provocando em todos os países, sobretudo nos pontos mais acessíveis as agressões da guerra, idêntica medida de defesa passiva.
         O Rio Grande do Norte não podia também fugir a esse sistema de prévios avisos e conselhos, como acontecia, igualmente em outros estados brasileiros.
         Antes de tudo, a população natalense necessitava de espírito de reconhecimento e não se deixar conduzir pela precipitação de noticias sem fundamento. Deveria se conservar certa de que o objetivo dos ensinamentos que estavam sendo publicados oficialmente era apenas o de estabelecer condições protetoras em acontecimentos que poderiam ou não se verificar.
         Era uma obrigação a de se instruir o povo em todos os assuntos. A oportunidade era que determinava a natureza desse mister.”colocamo-nos em face de guerra, e sendo assim, diante da necessidade de conhecermos os meios de defesa própria”. (DIÁRIO DE NATAL,03/03/1942,p.1).
         Não existia a certeza do perigo, mas, simplesmente, a sua possibilidade. ”Estamos longe do teatro dos acontecimentos e, portanto, dos ataques de suas armas. Devemos, porém, desde já, concordar que é dever do governo e das autoridades militares realizarem a campanha de instrução prévia da defesa do país.Era isso que estava acontecendo em outros estados. (DIÁRIO DE NATAL,03/03/1942,p.1).

                                   Aspectos de Natal na década de 1940


Sobre a defesa passiva de Natal
O texto a seguir foi copiado do DEIP (Departamento Estadual De Imprensa e Propaganda) para o Diário De Natal o qual o reproduzimos como assim se encontrava na referida fonte (DIÁRIO DE NATAL, 21/02/1942,p.1).
         Os conselhos a população de Natal sobre a sua defesa passiva e quanto as medidas que deverão ser tomadas por particulares eventualidades de um bombardeio aéreo, não estão sendo divulgado com a intenção que lhes emprestam alguns alarmistas mal avisados. O governo do Estado e o Comando da Guarnição Federal tem, com a mesma unidade de pontos de vistas, plena consciência da situação e o seu desejo mais sincero é o de que a família natalense se preserve contra o pânico, sem iludir-se com as criações fanissistas dos boateiros.
O objetivo das notas publicadas pelo órgão do DEIP não é outro senão instruir o povo, ensiná-lo e orientá-lo no que deve fazer se acaso surgir o perigo de um ataque sobre a cidade. O conflito atual se reveste de características assombradores e ainda são de ontem os exemplos dos trágicos  efeitos do terror,lançado, por assim dizer, como nova arma de guerra, entre as populações civis de vários países, mais o fator surpresa, é como o terror, uma arma tremenda que não tem sido desprezada pelos agressores.Todas as nações e cidades, sobretudo aquelas que apresentam um ponto acessível a ataque, se vem resguardando e prevenindo contra esses golpes aéreos.
         Aqueles que vem observando, mesmo de relance, o movimento urbano de Natal, sabem que não existe absolutamente nenhum motivo para cessem ou ao menos diminuam as atividades civis da nossa capital.Ao contrário, o povo, tem apreciado de modo mais lisonjeiro a conduta da tropa aquartelada em Natal, responsável pela nossa defesa, e por isso é bem claro que todas as providencias necessárias a nossa segurança terão no povo a melhor e mais confiante acolhida.
         Repetimos, portanto, que o intuito das notas ultimamente divulgadas pela A República, sobre a defesa passiva de Natal, não é outro além de instruir a população e aparelhá-la para poder evitar com calma e disciplina os atropelos perigosos e naturais que , de outra forma,comprometeriam a segurança coletiva.
         Dar-lhes outro sentido, acentuamos ainda, é agir deliberadamente de má fé, armando um cenário de desassossego e de apreensões que não se coadunam com a gravidade do momento. As autoridades esperam, assim,que os nossos conterrâneos compreendam o verdadeiro sentido das notas e conselhos a que aludimos, dando-lhes exata interpretação e auxiliando, assim, no governo civil e ao comando militar na sua tarefa de inspirar confiança e tranquilidade a família norteriograndense.
         Assim era mais uma dos aspectos de Natal em tempos de Guerra.

INAUGURAÇÃO DO PRIMEIRO ABRIGO DE DEFESA ANTIAÉREA DE NATAL


Inauguração do primeiro abrigo antiaéreo da capital
         Segundo o jornal Diário de Natal realizou-se em 02/03/1942 as 10h00 a inauguração do primeiro abrigo antiaéreo construído em Natal. "Esse acontecimento corresponde ao apelo do governo e das autoridades militares desta capital como recurso de segurança individual e coletiva em casos de ataques aéreos contra a cidade, em vista da ruptura das relações diplomáticas entre Brasil e as potencia do Eixo e da situação geográfica em que se encontra a capital do Rio Grande do Norte”(DIÁRIO DE NATAL,03/03/1942, p.1).
         O abrigo era de propriedade do Sr. Amaro Mesquita, chefe da firma Galvão, Mesquita & Cia, comerciante respeitado na capital potiguar e ficava no terreno da sua residência na Av. Hermes da Fonseca, no Tirol e foi construído de acordo com a planta fornecida pelo major Domingos Moreira e por este administrada a construção.
        O abrigo oferecia todas as condições de segurança e constituía mais um serviço que o major Domingo Moreira prestava a capitão. O Sr. Amaro Mesquita, era um comerciante muito conceituado e conforme o Diário de Natal  “demonstrou por sua vez, a mais perfeita compreensão da utilidade dos conselhos e instruções sobre as eventualidades do momento, dando a sua família a certeza de um ponto certo de defesa contra qualquer perigo” . (DIÁRIO DE NATAL, 03/03/1942, p.1).

                Imagens ilustrativas de abrigos antiaéreos da II Guerra


O ato de inauguração contou com a presença do general Cordeiro de Farias, comandante da 2ª Brigada de Infantaria, tenente-coronel Pery Bevilaqua, major Jonatas Correia, capitão Newton Machado, capitão Humberto Moura, capitão Godofredo Rocha, capitão Carlos Cordeiro, capitão Dr. Anibal Medina, tenente Antônio Henes Barros, Tenente Dr. Segadas Viana, tenente Amaro Pessoa, Dr. Mario Bandeira, Sr. Júlio Cesar de Andrade, Sr. Paulo Mesquita, o Aderbal França e os jovens Ciro e Floriano Cordeiro de Farias.
         O Sr. Amaro Mesquita obsequiou os presentes oferecendo-lhes uma sob das árvores do seu sitio, uma grande mesa onde a palestra se prolongou até as 13h00.
         O general Cordeiro de Farias e seus comandados manifestaram a melhor impressão sobre o abrigo e as suas condições, já o major Jonatas Correia, em expressivas palavras saudou com entusiasmo o Sr. Amaro Mesquita, salientando o sentido da sua resolução perante o momento, zelando pelo sossego moral de sua família. (DIÁRIO DE NATAL, 03/03/1942, p.1).

INSTRUÇÕES DE DEFESA DA POPULAÇÃO DE NATAL NA II GUERRA


Regras indispensáveis a boa execução da extinção e disciplina de luzes
         Em todos os jornais que circulavam em Natal eram publicadas as orientações repassadas a população de Natal sobre a execução da extinção e disciplina de luzes (ou black-out como eram chamados os apagões gerais em caso de ataque a cidade).Eis a seguir as referidas orientações :
1.    Lembra-te que uma pequena fresta de luz, pode ocasionar dezenas de vitimas. Veda bem tuas janelas, tuas portas e os faróis de teu carro.
2.    Cuida dos faróis, colocando sobre eles papel espesso ou pano preto com abertura de meio centímetro de largura por cinco centímetros de comprimento.
3.    Conserva-te a noite em tua casa. Só saias quando tiveres urgente necessidade.
4.    Ao tocar a sirene anunciando a aproximação de aviões verifica se estão bem vedadas as luzes da tua casa. Recolhe-te ao abrigo com merenda e água.
5.    Para teu carro ao lado direito da rua, bem encostado a calçada.Apaga as luzes.Encolha-te ao abrigo.
6.    Se estiveres numa casa de diversões ou num bonde coopera para evitar pânico. A saída deve ser sem atropelo em demanda do abrigo mais próximo.
7.    Não fumes, coopera pela higiene e não lance boatos alarmantes no abrigo. Lembra-te que as autoridades castigam severamente os “boateiros”.
8.    Se não tiveres tempo de alcançar o abrigo, coloca-te a parede. Minorarás os perigos que corres.
9.    Não saias do abrigo antes do sinal de fim de alarme. Os estilhaços das granadas antiaéreas costumam fazer vitimas entre aquelas que não obedecem esta prescrição.
10. Procura cooperar em todos os sentidos com as autoridades militares e civis, principalmente obedecendo as ordens que receberes sem discussão.
11. Mantêm-te de animo forte. Confia nos chefes militares e na tropa. E lembra-te que enquanto está abrigado eles estão arriscando a vida para te defender.(DIÁRIO DE NATAL, 20/03/1942,p.1).
Como já dito as orientações tinham a finalidade de instruir a população em caso de soarem as sirenes de alarme que indicavam ataque sobre a capital potiguar.
                              Base Aérea de Parnamirim

                             Aspectos de Natal na década de 1940

                                                Base Aérea de Parnamirim


Aviso a população de Natal 
         Ao Governo do Estado cabia a função de orientação da população sobre a a realização dos exercícios de apagamento das luzes em Natal.A seguir um aviso do governo do estado sobre o mesmo.
Exercício de extinção e disciplina de luzes
         O interventor e o Comandante da Guarnição já fizeram recomendações ao povo de Natal de como deve proceder relativamente a iluminação e ocupação de abrigos no caso de bombardeio aéreo.
         Torna-se agora necessário seja realizado um exercício afim de que todos tomem parte num treinamento que nos torne mais aptos a agir no momento preciso.
         Para isso dentro de poucos dias realizaremos um exercício com o fim de verificar se estão compreendidas as providencias a serem tomadas em relação as luzes.
         Contamos com o mais decidido apoio da população que assim estará colaborando da maneira mais eficiente para a defesa do Brasil. (DIÁRIO DE NATAL, 23/02/1942, p.1).
         Segundo o Diário de Natal em 03/03/1942 foi realizada a noite a primeira experiência de defesa antiaérea.
 Conforme havia esclarecido  minuciosamente o comando da Brigada de Infantaria tratava-se da extinção das luzes da cidade durante algum tempo, e da verificação por meio de uma esquadrilha de aviões do trânsito e da iluminação das casas particulares.
         “Mais uma vez acentuamos que esse exercício nenhum mal fará a população. Ao contrário, isso o instrui sobre perigoso que poderiam acontecer contra a nossa capital” (DIÁRIO DE NATAL, 03/03/1942, p.1), dizia o citado jornal para tranquilizar a população natalense.
          A      experiência começaria as 20h00, mais ou menos, prolongando-se até cerca de meia-noite a fim de que fossem devidamente observadas pelas autoridades militares a situação da cidade.
         A população deveria acompanhar tranquilamente essa manobra de defesa e confiar nas providências que o Governo e o Comando da Brigada tomaria em casos de perturbação da ordem ou de pânico. O inicio seria assinalado pelo alarme das sirenes, seguido das projeções luminosas e localização. Uma esquadrilha de aviões sobrevoaria a cidade.
A leitura atenta das instruções que estavam sendo divulgadas nos jornais facilitaria a maneira de serem cumpridas as determinações oficiais
         Foram convidados também todos os médicos que faziam parte da equipe organizada pelo capitão Aníbal de Azevedo, a comparecerem a seus postos, por ocasião dos exercícios das luzes. (DIÁRIO DE NATAL, 03/03/1942, p.1).