terça-feira, 14 de maio de 2019

O SANEAMENTO DE NATAL


Histórico
         No fim do Império fez-se uma concessão para o abastecimento potável da cidade de Natal.
         Em 1907, iniciou-se o serviço regular da perfuração de poços tubulares.
         De 1924 a 1926,s endo governador do Estado, José Augusto, foram feitos sob a direção do engenheiro Henrique Novais, importantes estudos e projetos para os serviços de água e esgoto e adquirida a parte material.Ao mesmo tempo, perfuraram-se no Baldo 15 poços.
         Sendo Interventor no Estado, Mário Câmara, em 1935, o governo estadual assinou o contrato com o escritório Saturnino de Brito para o projeto de construção das novas obras de água e esgotos.Para o inicio dos trabalhos, depositou logo no Banco do Brasil cerca de 2 mil contos.
         A mudança de governo em nada alterou a marcha dos serviços, pois o novo chefe do executivo, Rafael Fernandes, bem compreendeu o elevado alcance da obra.Foi mesmo no seu governo que se realizaram os trabalhos avultados, que exigiram grandes despesas.Para seu custeio não hesitou o governo  em face da crise reinante, em levantar um empréstimo de 7 mil contos no Banco do Brasil, já que as rendas do Estado não bastavam para o custeio das obras.O custo total das obras subiu a 12.498:325$548.
      O estudos destinados a captação de água esteve a cargo do geólogo Glyson de Paiva.Graças aos estudos feitos, os serviços poderiam suprir uma população superior a 200 mil habitantes.

O sistema de abastecimento de água e saneamento de Natal
       Eis um resumo do sistema de abastecimento de água e saneamento de Natal elaborado pelo Escritório Saturnino de Brito.

As captações de água
           O sistema de captação era o seguinte:
I-Captação das Dunas.Considerada a principal da cidade, pela abundancia e excelência da água.Eram 16 poços,compreendendo as zonas A e B, cada uma com 8 poços tubulares.Ao todo, davam uma vazão diária de 800 m³, podendo dar 8.100 para o futuro.A elevação d’água se fazia por bomba turbinas.
II-  Captação Manoel Felipe.Eram 9 poços, com uma vazão diária total de 1.700 m³.Á água era elevada a superfície por ar comprimido.
III-Captação Lagoa Nova.Esta captação era a de cota mais alta disponível para o abastecimento e de grande vantagens econômicas.A ela estavam ligadas 12 poços, com um sifão físico, cada um, indo todos a um poço de reunião, de onde a água era recalcada para uma caixa de partida, em elevação, da qual por gravidade, ia para o  reservatório R.3.
IV-  Captação de Petrópolis.Eram 6 poços ali perfurados, para abastecimento da zona alta de Petrópolis, Praia do Meio e Areia Preta.A particularidade destes poços era que o grupo moto-bomba ficava  mergulhado inteiramente.O total do volume captado era de 900 m³.
V-Captação Baldo.Funcionavam ali 5 bombas, que abasteciam o R.1, reservatório alimentador da Ribeira.O volume era de 400 m³ por dia.
Os reservatórios
     Todas essas captações iriam ter 3 reservatórios espalhados na cidade: o Reservatório R.1 com capacidade de 500 m³,situado na esquina da Avenida Deodoro, com a rua Manoel Dantas, Receberia as águas do ecalque do Baldo e alimentaria a zona baixa da cidade, a Ribeira.O Reservatório R.2, com capacidade de 320 m³, situado no extremo da Avenida Getúlio Vargas (antiga Atlântica).Abasteceria a Praia do Meio e Areia Preta.Mas o alimentador principal da cidade era o Reservatório R.3,situado no extremo do bairro do Tirol.Sua capacidade era de 3 milhões de metros cúbicos.Ele receberia as águas captadas nas Dunas, Manoel Felipe e Lagoa Nova.
     Além  dos 3 reservatórios, também foi construída uma caixa d’água em torre no bairro de Petrópolis, destinada a abastecer a zona alta do referido bairro. 

Chafarizes
     Para atender aos bairro pobres,foram construídos,a inda, dois chafarizes no Alecrim, sendo pensamento do governo construir mais 4 dos quais 1 no Alecrim,1 em Petrópolis e 2 nas Rocas.

Serviços de esgotos
         Se os serviços de água de Natal rivalizariam com os melhores da América, outro tanto sucedia com as obras relativas aos esgotos, em cuja construção foi observada rigorosamente a técnica do grande sanitarista Saturnino Brito.
      A cidade, pelo projeto, foi dividida em 16 distritos, dos quais 3 funcionariam por elevação mecânica e os demais por gravidade.
         Os despejos seriam levados por meio de 8 coletores gerais, ao tratamento e daí para a descarga final, no estuário do rio Potengi.
       As particularidades mais interessantes do serviço constavam dos tanques fluxíveis, para lavagem automática dos coletores, a estação elevatória do distrito 5 (d-5) a praça Pio X, constando de um poço no subsolo, onde eram recolhidos os despejos, adjacentes e outro onde estavam construídas as bombas.Dai o efluente iria para o C.G-1 sendo levado, por gravidade ao tratamento.Nessa estação funcionava também 4 aparelhos sanitários para o público.( A ORDEM, 13/05/1939,p.1-4).
        O principal coletor da rede sanitária era o C.G 1, com mais de 3 km de extensão.Eram também notáveis os trabalhos do C.G-2 e coletor respectivo e o túnel entre a avenida Junqueira Aires e a Avenida do C.G-1 com extensão de 89 metros.

A depuração
         Ao par do perfeito serviço de redes, de esgotos figurava a moderníssima estação de depuração, situada no Baldo.
       Todo o efluente da cidade chegava a estação por 3 coletores (até o momento somente 2 em operação) reunindo-se num poço.Dai continuaria chegando aos classificadores, em número de 2, onde esse faria a separação entre água, que era lançada no Potengi, e a lama.Esta levada por meio de pás mecânicas, para o poço de lamas, de onde bombas recalcam para os digestores, que eram 2.
     Ai se produzia a ‘digestão’ das lamas, com o despendimento de gases, que eram recolhidos a um balão, a fim de serem utilizados como combustível, pondo em funcionamento a bomba e o motor a gás de esgotos, com gerador elétrico.
     Dos digestores, a lama iria por gravidade, aos tanques de secagem, de onde era retirada para servir de adubo ou material para aterro.
         Eis um resumo do sistema de abastecimento da capital potiguar.
                             Obras do saneamento de Natal em 1937


As solenidades de inauguração
Foi este o programa da inauguração dos sistema de abastecimento de água e saneamento de Natal:
08h00-Saída da Praça 7 de Setembro, defronte do Palácio do Governo, e ônibus e automóveis, para visita as novas captações de água subterrâneas em Dunas, Manoel Felipe, Lagoa Nova e Petrópolis e aos reservatórios do R.1 e R.3.
10h00-Aperitivo oferecido pelo Escritório Saturnino de Brito no Bar do Reservatório R.2 em Petrópolis.
11h00-Ato inaugural na sede da Repartição do Saneamento, discursando o Interventor Rafael Fernandes e o engenheiro F. Saturnino de Brito Filho.Visita do edifício e da Exposição do Saneamento.
11h30-visita a estação elevatória do Distrito -5 de esgotos e as instalações de Depuração no Baldo.
         Um ônibus, sairia pela manhã fazendo o tráfego entre o Aeroclube e o Reservatório 3, a começar das 8h00 da manhã,s endo franqueada ao público a visita as obras do Saneamento. 
      A festiva inaguração dos serviços do Saneamento de Natal deu ensejo a que se realizassem na capital solenidades excepcionais e bem merecidas no dia 13/05/1939.
         Natal era a capital de um estado que quer progredir e que realmente marcha para a frente, Natal ressentia-se de um conveniente serviço de águas e esgotos.Agora, ei-la dotada com instalações que a faziam rivalizar, neste particular com as melhores cidades da América.

excursão
         Segundo o programa previamente traçado, partiram todos os convidados juntamente com o Interventor Rafael Fernandes, auxiliares do governo, engenheiros F. Saturnino de Brito, do Escritório Saturnino de Brito, as 8 horas da manhã, da praça 7 de setembro, nada menos de 50 automóveis e 2 ônibus conduzindo os convidados e autoridades.
         Foram percorridos no meio da curiosidade e admiração de todos pela magnitude e perfeição dos trabalhos, as captações da Lagoa Nova e Dunas, o Reservatório 3, no Tirol, os Reservatórios 1, na cidade, e 2 em Petrópolis,s endo prestados a todos os necessários esclarecimentos.
         No bar anexo ao reservatório 2, em Petrópolis, foi gentilmente oferecido pelo escritório Sartunino de Brito aos presentes um aperitivo.Lá se encontrava um afinado “jazz-band” da força pública, que executou vários números.
      Na imagem a baixo, da esquerda para a direita: Sede do Departamento de Saneamento de Natal, engenheiro Saturnino de Brito Filho, responsável pelas obras, Rafael Fernandes, interventor federal que tocou a obra de saneamento de Natal, Aldo Fernandes, secretário geral do estado e visita a casa de bombas da estação de efluente.

Fonte: A Noite,14/11/1939,p.49.




O ato inaugural
         Do R.2, em Petrópolis, dirigiram-se todos para a Repartição Central do Saneamento, na Ribeira.
Fala do engenheiro Saturnino Brito
         Fazendo a entrega dos importantes trabalhos, falou em primeiro lugar o engenheiro F. Saturnino de Brito Filho, chefe do renomado escritório que tinha o nome do seu progenitor.O engenheiro pronunciou interessante discurso, que a todos deixou a melhor impressão.
         Ele traçou  um histórico do problema do Saneamento em Natal, desde o Império até aqueles dias, recordando a atuação dos governos José Augusto e Mario Câmara, até chegar ao do Interventor Rafael Fernandes, pondo em merecido relevo o esforço do interventor na cabal solução do problema, apesar de todas as dificuldades.Enumerou nada menos de 20 obras importantes que o Escritório entregava ao patrimônio do Estado, tais como captações de água, estações de esgotos, 58 km de rede distribuidora d’água, 33 km de rede de esgotos, etc.
         Tais obras tornavam a cidade de Nata, no seu dizer, a principal cidade brasileira, relativamente serviços d’água profunda, com 8 mil metros cúbico diários, podendo aumentar muito ainda, e de modo suave.
         Referiu-se aos prévios estudos de geologia do subsolo, realizados pelo técnico dr. Glyson de Paiva, pela primeira vez no Brasil, se fez um estudo sistemático do solo, com a finalidade que teve.Lembrou que em Petrópolis se fez pela primeira vez no Brasil, aplicação de captação através de bomba motor-bomba submersos, que o serviço de tratamento de esgotos era dos mais modernos, pois não havia se quer precedentes, mesmo em experiências, ressaltando a importância do emprego da energia conseguida com o gás resultante da digestão das lamas.
         Feitas essas considerações de ordem técnicas, declarou que o seu escritório tinha dedicado, estava certo,o máximo de atenção e conhecimento na realização dos trabalhos.
         Voltou a elogiar a clarividência e esforço do interventor,n]ao retardando o inicio e prosseguimento dos trabalhos, pois todo o material subiu até 50%.Deu o seu testemunho do interesse do interventor Rafael Fernandes, do secretário geral do estado, Aldo Fernandes, cuja perspicácia elogiou e dos outros seus auxiliares da administração na execução das obras.Mostrou ainda de quanto valeu o ato do presidente Getúlio Vargas, concedendo isenções e favores ao material importado,s em o que as despesas teriam sido sobrecarregado com mais de 890 contos.

                                                                               Fonte: A Noite,14/11/1939,p.49.

Discurso do interventor federal
         O discurso do interventor federal foi um fiel relato da sua administração e das atuais condições do estado.
         Disse o interventor que ao assumir o governo, logo lançou vistas para o saneamento de Natal, considerando assim, o dia da inauguração como uma justificada vitória.
         Fez histórico sucinto e fiel de todos os esforços anteriores para  a solução do problema, desde o Império.Referiu-se aos trabalhos realizados no governo José Augusto, que chegou a criar uma comissão de saneamento e contratou para os estudos do problema um técnico de valor, o engenheiro Henrique Novais .elogiou esses trabalhos.Recordou que foi encomendado o primeiro material, de ótima qualidade, todos aproveitado.Adiantou que em 1933, Otávio Tavares reclamava a necessidade de ampliação do serviços.No ano seguinte Celso Caldas fazia um estudo relativo ao Jiqui.Em 1935 o interventor Mario Câmara criava novamente a Comissão de Saneamento e contratava a realização dos serviços com o escritório Saturnino Brito.
         Ao chegar ao governo, declarou o interventor, o escritório já havia concluído os estudos, relatórios e projetos.Estavam dependentes de aprovação .Examinando-se pessoalmente e encarregando engenheiros e advogados de examiná-los também, colheu a mais lisonjeira impressão, que mais se robusteceu com a exposição que lhe fez o próprio Saturnino Brito.Foram então aprovados a 19/11/1935.
         As obras tiveram inicio em 22/01/1936.Daí por diante, foi um trabalhar constante.O governo não  recuou,nem mesmo em face da situação financeira.O seu antecessor imediato deixara 1.412:829$100 ao Banco do Brasil, especialmente destinados aos serviços.Esgotaram-se, fazendo-se necessário novos recursos,que o estado mal refeito do golpe extremista não podia dispender.Negociou então um empréstimo de 7 mil contos ao Banco do Brasil, mas ao qual ficou incorporada a antiga divida do estado, de 1.142 contos.
         Mostrou o interventor que mais rapidamente não se fez o empréstimo, pela obstrução na Câmara Federal, feita por deputado, que trouxe sérios prejuízos, retardando, a marcha normal dos serviços. ( A ORDEM,14/05/1939,p.1).
Entre os aspectos mais brilhantes da administração do interventor Rafael Fernandes Gurjão mereceu realce o saneamento da capital potiguar, realizado sobre bases primorosas.sendo médico, o interventor, pode dotar a bela capital potiguar de aparelhamento verdadeiramente modelar, partindo do abastecimento de água, fundamento de todo o saneamento conduzido com esmero e consciência cientifica.
A população de Natal contava a partir de então com um perfeito serviço de abastecimento de água potável, que em qualidade,quer em quantidade, com o precioso liquido a jorrar pelas torneiras em qualquer hora do dia ou da noite, e um completo sistema de esgotos sanitários, removendo os líquidos impuros e dando-lhes destino inócuo.
Os locais de reservatórios, captações, tratamento, etc, foram , sempre que possível, aproveitados para criação de parques e jardins, onde os visitantes e a população  pudessem ter a impressão de como em Natal eram carinhosamente cuidadas as obras que diziam respeito com a saúde pública.

                                 Estação de efluentes do Baldo
                                             Fonte: A Noite,14/11/1939,p.49.

                                          Planta da cidade de Natal

                                                                       Fonte: A Noite,14/11/1939,p.49.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

O DESFILE MILITAR EM NATAL EM 1943



O leitor já deve ter visto inúmeras vezes as demonstrações de força e poder do ditador doidim dos pão da Coreia do Norte com aquelas paradas militares a céu aberto para o mundo ver.Pois bem, o Brasil durante a II Guerra mundial também realizava essas paradas militares para demonstrar que tinha força e poder.Uma dessas paradas militares ocorreu em Natal, a provinciana (nem tão provinciana aquela época) capital dos potiguares.
Em 1943 Natal, “Trampolim da África” para alguns, “Trampolim da Vitória” para outros, recebeu a visita do então ministro da Guerra, o general Eurico Gaspar Dutra (mais tarde presidente da república).
         O ministro Gaspar Dutra foi recebido na Base Aérea de Parnamirim onde estavam aguardando o interventor Federal Rafael Fernandes, amirante Ary Parreiras, chefe da Base Naval de Natal, General Cordeiro de Farias, Comandante da 14ª D.I e outras autoridades.
         Em Natal foi armado um palanque na Avenida Deodoro e em companhia do mundo Oficial o ministro Gaspar Dutra assistiu ao desfile realizado em sua homenagem e sob o comando do Cel. Liberato Barroso, das tropas do 16º Regimentos de Infantaria, do Grupo de Artilharia Antiaérea e da Companhia de Engenharia.
         A seguir alguns aspectos da parada realizada quando a população de Natal, que não poupou aplausos, assistiu pela primeira vez o desfile de carros de assalto e canhões anti-tanques.







Fonte: Revista da Semana,16/06/1943,p.8-9.

CURSO DE ENFERMAGEM EM NATAL NA II GUERRA



         Em Natal funcionava um dos melhores cursos de enfermagem do Brasil durante o período da II Guerra Mundial.
         O curso foi idealizado e apoiado pelo general Gustavo Cordeiro de Farias. O curso foi criado pelo diretor do Hospital Militar de Natal, o Capitão Dr. Aníbal Medina de Azevedo.Era frequentado pelas senhoras e senhoritas da melhor sociedade de Natal, que procuravam preparar-se convenientemente para a nobre missão de enfermeiras.Em 1942 o curso de enfermagem já era uma esplendida realidade.

         Aspecto de uma aula prática do curso de enfermagem de Natal
Fonte; Revista Careta,1942,p.19

        
O curso teve inicio em 21/02/1942, tendo a solenidade ocorrida no Teatro Carlos Gomes (atual Alberto Maranhão).Falou na ocasião o Capitão Dr. Aníbal Medina sobre a finalidade do curso. O curso teve a colaboração do governo do estado por meio do Departamento de Saúde Pública e o Comando da 2ª Brigada Militar. A solenidade revestiu-se de grande significado social, dada a elevada finalidade do referido curso,o qual encontrou a mais franca e entusiástica acolhida na população natalense.
         Estavam presente a aula inaugural cerca de 100 alunas matriculadas para o referido curso e as matriculas permaneceram abertas durante dois dias apenas sendo necessário seu encerramento antes do prazo previsto devido a procura que despertou e devido ao edifício onde funcionava o Hospital Militar de Natal não comportar apesar de suas grandes proporções.

                           Aspectos do curso de enfermagem de Natal
Fonte: Gazeta de Noticias,25/03/1942,p.4


Fonte: A Manhã,27/03/1942,p.1



sábado, 11 de maio de 2019

A PROFESSORA DE CURRAIS NOVOS QUE AJUDOU A CONSTRUIR O HOSPITAL DO CÂNCER DO RECIFE



O drama da professora Bernadete Xavier Gomes estava comovendo todo o nordeste e o restante do país em 1955. Desenganada pela medicina ao ser diagnosticada com um câncer no pulmão, segundo o jornal Diário de Pernambuco “o estoicismo com que a mocinha de Currais Novos vinha enfrentando seu terrível drama e a sua disposição de empenhar todas às ultimas reservas de energias no incremento da campanha de combate ao mal que a vitimou, vem calando profundamente em todos os círculos sociais da região, movimentando a imprensa e rádio num novo e expressivo grito de alerta contra a moléstia ceifadora impiedosa de vidas humanas”.
Bernadete tinha 25 anos e pelos menos há 3 sofria de câncer.Ela era professora primária de Currais Novos.Um dia, jogando vôlei caiu e fraturou o braço.Curou-se mas, meses depois começou a sentir dores no local da ferida.Os médicos extraíram um tumor maligno e ai começou o sofrimento da moça.O tumor ressurgiu em outro local.
Foi internada num hospital do Recife, onde foi operada mais duas vezes, sem que o mal regredisse, o qual voltava depois de cada operação. Ela foi para o Rio de Janeiro, onde foi novamente operada e permaneceu dois anos no hospital, depois que os médicos lhe deram 40 dias de vida.
      -"eu sabia, por dentro, que minha doença era grave.Sentia que os médicos me sonegavam a verdade.Várias vezes disse o dr. José Renda: doutor o senhor não quer dizer o que está acontecendo comigo.O senhor sabe que a radioterapia é só para aliviar as dores.Doutor, eu sou forte.Diga, pelo amor de Deus, o que eu tenho.Diga, ainda que eu tenha de chorar muito".
         Mas o doutor José Renda não cedia. Nunca acenou com uma desesperança para Bernadete.Sabia sim que o mal era grave.Como também sabia que  a verdade não faria a professorinha sarar.
         Assim, em peregrinação de hospital a hospital, de médico a médico (dezenas de exames e dezenas de consultas a especialistas), Bernadete conheceu o dr. Pizon, especialista em pulmão.Os exames afirmaram a verdade crua, a verdade que Bernadete temia e desejava conhecer: metastose pulmonar,ou seja, a infiltração do câncer no seu pulmão.Todo o órgão direito de respiração devastado pela moléstia.Percebeu que viver era questão de milagre.Agora, aguardava os resultados dos últimos exames feitos no Rio, no Serviço Nacional do Câncer.Os drs. João Luis  e Cabral, este radiologista, diriam mais algumas frases para Bernadete.
         O pior inimigo de Bernadete era o silêncio, era as horas mortas do hospital.O desfile cortante dos segundos.A ausência do som, de qualquer ruído, provocava nela a prole numerosa de pensamentos de mau agouro.
       O travesseiro mole era o seu confidente mais intimo.A personagem muda que enxugava as lagrimas que ninguém via, as lagrimas que ela transformava em sorrio, nos momentos que se sentia observada.Seus olhos já estavam cansados do branco das paredes, cansados de fitar enfermeiras e aventais, como seus ouvidos exaustos de ouvir promessas falsas, que falam em pronto restabelecimento.
         Era pois, nesses instantes de cisma grave, na véspera do seu sono atribulado de todas as noites, lá no seus hospital da Penha Circular, que Bernadete se agarrava, desesperada, a uma derradeira migalha de esperança, ao veredito, que em última instancia, lhe daria o tribunal dos homens de ciência.
A professorinha sempre foi uma filha exemplar. Queria estudar Medicina.Corria os arredores da sua cidade de 1.600 habitantes, para dar remédios a pobreza das criancinhas.E , manhã cedo, ia rezar na igreja do Monsenhor Paulo Herôncio, ou pisar o orvalho dos roçados vizinhos, antes do sol nascer.
Falando a imprensa pernambucana Bernadete Xavier teve a oportunidade de fazer as seguintes declarações ao jornal Diário de Pernambuco:
         - “Meu maior desejo é que os meus companheiros de infortúnio, com os quais venho convivendo, diariamente, possam ser, num futuro próximo melhor amparados. Nesse sentido é que vou dirigir, amanhã, um apelo ao povo do Recife e,extensivamente,de Pernambuco, para que ajude a Campanha de Construção do Hospital’, declarou a corajosa professorinha de Currais Novos.
      A baixo o prospecto do Hospital do Câncer do Recife cuja a campanha pela sua construção foi encabeçada pela professora Bernadete Xavier

Fonte: Diário de Pernambuco,30/09/1956,p.1.

         Durante a tarde do dia 13/08/1955 “a corajosa e resignada professorinha” como vinha sendo chamada Bernadete Xavier pelos médicos e profissionais da clinica, foi visitada por inúmeras pessoas residentes no Recife, que lhe foram levar palavras de conforto. Senhoras da sociedade pernambucana, estudantes, comerciárias, professoras primárias da Capital estiveram na sala 3 da clinica do câncer a fim de conhecê-la.
         Para Bernadete Xavier, essas demonstrações de afeto e compreensão representaram muito. Ela nunca deixou de ser comunicativa. E, no inicio de sua doença, informou um dos seus amigos mais próximos, o Sr. Aluizio Leal, quando eram poucas as esperanças de realizar a primeira cirurgia Bernadete escondia suas magoas diante dos presentes, até mesmo diante da família.
         -“Quando estudante e voltava a Currais Novos para passar minhas férias, disse ela, certa vez, ao repórter, guardava todas as minhas magoas de menina humilhada do interior.Não quero dizer com isso que só existiu para mim o lado bom das coisas.Sofri e lamentei maus pedaços da vida”.
         “Quanto a minha doença, estou resignada e conformada com a esperança de poder auxiliar através do meu apelo ao povo, todos os companheiros de infortúnio. É uma missão que desempenho com o espírito feliz.
       A baixo Bernadete Xavier em companhia de uma criança internada na Clínica do Câncer do Recife onde ambas estavam internadas em 1955.Mesmo doente Bernadete procurava animar as pessoas com a mesma doença que a sua.
                       Bernadete Xavier na Clinica do Câncer em Recife

Encontro de Bernadete com a miss Brasil de 1955
         Poucos minutos depois de desembarcar do avião que a trouxe de Fortaleza a Srta. Emilia Correia Lima, miss Brasil de 1955, dirigiu-se a Clinica do Câncer do Hospital de Santo Amaro, a fim de visitar Bernadete Xavier Gomes, de quem recebera convite  para vir a Pernambuco ajudar a campanha em favor da construção de um hospital para tratamento do câncer no Recife.
        O encontro das duas professorinhas foi comovente, Emilia abraçou, ambas passaram a conversar demoradamente e a jovem doente sempre alegre, parecia conter a emoção da miss Brasil. Bernadete disse que a presença de Emilia era um estimulo e renovava seu entusiasmo pela cruzada a que vinha se dedicando.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 26/08/1955,p.1).
        A baixo o encontro de Bernadete e a então Miss Brasil Emília Correia Lima

Fonte: diário de PE,18/08/1955,p.4

A viagem de Bernadete para ao Rio de Janeiro e São Paulo
         A medida que se aproximava o momento da partida de Bernadete Xavier Gomes par ao sul do país ia crescendo o número daqueles que procuravam levar à professorinha de Currais Novos na Clinica de Câncer do Hospital Santo Amaro, a sua visita de conforto e solidariedade.
         Bernadete foi ao Rio de Janeiro e a São Paulo em busca de melhores resultados para sua saúde, mas também  para prosseguir na campanha que estava empenhada pela construção do Hospital do Câncer do Recife.
                                 Bernadete Xavier no Rio de Janeiro



                                        Fonte: O cruzeiro, 17/09/1955, p. 08-10.
            Como não tinha condições físicas devido ao estágio avançado do tumor, Bernadete não pode subir até o Cristo Redentor, ficou na base do monumento onde o contemplou e orou olhando para o mesmo.
                                  Bernadete internada no Rio de Janeiro



               Fonte: Revista da Semana,1955,p.37-39.




O sonho de ir a Lourdes
Em 1957 decidira ir a Lourdes, na França, tentar a cura pelo milagre. Sua viagem foi patrocinada por dona Sarah Kubistschek.Embarcou num avião da Panair cheia de esperanças e sentindo-se curada, depois de banhar-se algumas vezes na piscina milagrosa perto da gruta onde a Virgem apareceu há mais 160 anos.Ela nunca perdera a esperança e acreditava na cura até a hora da morte.(REVISTA DA SEMANA, 1958,p.28).
Na foto a baixo Bernadete Xavier no hospital do Rio de Janeiro pouco tempo antes de ir a França.


                                 Fonte: Revista da Semana,1958,p.28.

-“Já perdi a fé na minha salvação pela ciência dos homens, mas continuo acreditando em Deus. Serei muito feliz se me ajudarem a viajar até Lourdes, na França, para pagar uma promessa a Nossa Senhora, porque tenho fé num milagre”.
Bernadete precisava de 30.000 cruzeiros para a sua viagem e fazia apelo aos leitores e ao presidente da república no sentido de ajudá-la a realizar o seu sonho de ir a Lourdes.
“não quero que façam sensacionalismo em torno do meu caso.Preciso apenas da ajuda dos homens para conseguir de Deus a ajuda que minha fé em Nossa Senhora de Lourdes prediz” disse Bernadete ao jornal do Brasil (JORNAL DO BRASIL,03/12/1957,p.7).
“-Tenho certeza de que algum dia o homem vencerá o câncer.Por isso lutei pelo hospital, onde muitas pesquisas podem ser feitas.Hoje só Deus pode me salvar”.
         Pepita Xavier Gomes, a irmã de Bernadete, era quem a acompanhava no seu sofrimento.Achava que a irmã era conformada demais, tanto que as vezes a consolava.Explicou que precisava de dinheiro para comprar roupas de frio, pagar transporte, estadia e outras despesas na França, assim como fazer completo exame médico num hospital especializado.
         Além disso, o estado dela era tão delicado que exigia a presença de uma enfermeira como sua acompanhante, pois precisava de cuidados especiais durante a viagem de avião.
         Atendendo ao apelo da professora Bernadete Xavier, muitas pessoas começaram a colaborar para a viagem que ela pretendia fazer a Lourdes, na França, onde esperava receber a cura como milagre de Nossa Senhora.
Todas as pessoas que estavam ajudando na viagem de Bernadete achavam que se não fosse obtido o milagre, ao menos a professora voltaria aliviada e seria feliz enquanto fosse viva, com o conforto recebido lá em Lourdes.
O jornal do Brasil arrecadou a quantia de Cr$ 9.130,00 e que foi entregue a Bernadete e sua irmão Pepita, “ a soma arrecada por este jornal, embora pequena em si, representa porem, um mundo de esperanças para Bernadete Xavier Gomes.Com ela vão a Lourdes todos os brasileiros de bom coração”( JORNAL DO BRASIL,07/12/1957,p.7).
         Bernadete era um grande exemplo de esperança.Estava doente, desenganada mesmo e permanecia confiante, achando que o favor dos homens, ajudando-a a viajar a Lourdes seria um dos pontos a fortalecer sua fé no milagre da cura.
Com câncer, há muito tempo, sabia ser difícil sua salvação. Mesmo assim lutou pela construção de um hospital para tratamento do câncer no Recife, não se lembrando da própria doença antes de conseguir êxito na campanha.
Bernadete não tinha condições nem permissão para viajar. Saiu do hospital quase as escondidas, embora tenha sido advertida pelos médicos do perigo que seria a viagem.
Bernadete Xavier  na França
Bernadete chegou no dia 30 de manhã em Paris em companhia de sua irmã Severina. Em busca de um cura milagrosa para sua doença, talvez não tenha câncer.Esta era a noticia que chegava de Paris, num telegrama da France Preste reproduzindo informações dos médicos Leopoldo de Lima e Silva e Jean-Pierre Verne que a examinara na capital francesa.
Entre os peregrinos que estiveram  na gruta de Lourdes destacava-se uma jovem brasileira de 30 anos, Bernadete Xavier Gomes, desenganada pela medicina em razão da evolução inexorável de um câncer no pulmão, cujos primeiros vestígios remontavam há 5 anos.
         Foi devido a um gesto generoso e comovente da Sra. Sara Kubitschek, esposa do presidente da republica, que as duas jovens brasileiras puderam ir se ajoelhar diante da gruta milagrosa, como o fez há 160 anos uma outra Bernadete, cuja fé inquebrantável emocionou o mundo[1].
         Sabendo-se atingida desde o inicio de sua moléstia pelo terrível mal, Bernadete Xavier Gomes desempenhou um papel muito importante na campanha de solidariedade contra o câncer e para beneficiá-la a esposa do então presidente concedeu os meios para empreender a longínqua viagem a Lourdes. Apesar das quedas de neve, a doente esteve no dia 15/01/1958 na gruta envolvida num espesso manto e com um capuz a cabeça.Bernadete orou longamente e obteve a possibilidade no dia seguinte a tarde de banhar-se nas águas da piscina milagrosa. (O POTI, 16/01/1958, p.1).
A morte e as Últimas palavras de Bernadete Xavier
Bernadete cujo drama emocionou o país fora a Lourdes em busca de um milagre que a curasse do terrível mal que lhe roubou a vida. Não resistindo as consequências da violência da moléstia, faleceu em Paris, longe de sua gente, de sua terra. Não conseguira o milagre que ardentemente desejara.
Bernadete Xavier Gomes morreu num hospital de Paris depois de voltar de Lourdes, onde tinha ido em busca de milagre, julgando-se curada. Poucos dias antes alguns médicos haviam dito que ela não tinha câncer, noticia que teve a mais ampla repercussão no Rio de Janeiro, onde os médicos do Hospital Mario Kroeff haviam desenganado a moça.
O Itamarati enviou instruções a embaixada do Brasil em Paris, no sentido de promover todas as facilidades para o transporte para o Rio de Janeiro, do corpo da professora de Currais novos, Bernadete Xavier, que havia falecido na capital francesa (JORNAL, DO BRASIL,16/02/1958,p.16).
As últimas palavras de Bernadete Xavier foram registrada numa carta enviada de Paris ao Brasil.
         -“Aqui estamos após viagem demorada. Não tive nada, mas apesar do conforto no avião, fiquei cansada de tanto voar. Tudo que se diz de Lourdes não pode descrever o que a realidade impressionante existe. Passo melhor e ainda acredito na minha fé”.Estas foram algumas das últimas palavras enviadas ao Brasil pela professora Bernadete Xavier, que na tarde de domingo morreu em Paris após viver um dos dramas mais tristes e comentados dos últimos tempos.
         A última carta da professora potiguar estava datada de Lourdes, em 14/01/1958 e enviada ao Dr. Luciano Benjamim Ribeiro, um dos que a assistiram na tentativa de sua cura.
         O médico disse ao jornal que esse era o fim previsto para a moça, que realmente só poderia ser curada por um milagre:
“-Ela não tinha condições e sabia disto. Foi advertida por mim e outros médico. Mas tinha fé inabalada e foi intransigente. Nós tentamos impedir com sucessivos adiamentos da viagem, mas a verdade é que sem a peregrinação a Lourdes o fim seria retartadado”.
         Na carta em que não falava em voltar, a professora contava detalhes da sua viagem e de seu estado. Junto enviou um cartão postal de Lourdes. Segundo as palavras da irmã, ela morreu sem perder a fé e mais reconfortada só pelo fato de cumprir sua promessa.
         Segundo as palavras de Pepita Xavier,  irmã de Bernadete, em entrevista anterior ao embarque, quando a professora fazia apelo ao público por intermédio do jornal do Brasil pedindo auxilio para ir a Lourdes, dizia:
“-Minha irmã acredita na cura. Não seria eu quem vai desanimá-la. Se ela não voltar curada pelo menos voltará contente por ter encontrado a ajuda e a compreensão de todos”, disse Pepita Xavier.
         Pepita Xavier acompanhou a irmã desde o principio da doença. Saindo da cidade nata, Currais Novos para ajudar na campanha pela construção de um hospital para o tratamento do câncer em Recife, que a professora iniciou após ter conhecimento da sua doença.
A repercussão no nordeste da noticia da morte da professora Bernadete causou estremecimento geral, pois a valentia da moça que, mesmo doente, quis lutar pelas vitimas do mesmo mal, e que era admirada por todos.
         A enfermeira Maria Luiza, do hospital Mario Kroef,lembrou que além da irmã só uma pessoa procura Bernadete frequentemente.Por afinidade e consideração chamavam-na de “Lilia” a duas irmãs.A identidade da mulher que as vezes chegava a dormir no hospital para ajudar as enfermeiras não sabiam.(jornal do Brasil,11/02/1958,p.9).
A professora morta em Paris deveria ter seu corpo transladado para o Rio Grande do Norte e Pepita, a irmã estava só em Paris, inconsolável por sua morte.
         Os restos mortais da professora Bernadete Xavier foram embarcados do porto de Havre, na França, no navio dinamarquês “Norspol” e estava sendo aguardado no Recife o corpo da professora mártir de Currais Novos, Bernadete Xavier Gomes, falecida em Paris quando buscava um milagre para salvá-la da morte, em Lourdes. Vindo do Recife para Natal, o ataúde de Bernadete Xavier transitou por Parnamirim e foi transportado via aérea até a sua terra natal, Currais Novos (O POTI, 12/03/1958, p.8).
O corpo de Bernadete Xavier chegou ao Recife no dia 12/03/1958 onde ali foi celebrada uma missa e depois transportado em avião especial da FAB para sua terra natal. Na oportunidade de sua chegada a igreja o professor Tercio Rosado Maia fez uso da palavra representando o prefeito de Currais Novos e do Rio Grande do Norte.
        Em Currais Novos onde seria sepultada após a realização de homenagens póstumas.    O esquife de Bernadete Xavier foi transportado para Currais Novos diretamente em avião especial da FAB, por determinação da Aeronáutica, avião esse que deixou Recife as 07h00 da manhã do dia 13/03/1958 (O POTI, 13//103/1958, p.8).
O corpo de Bernadete Xavier chega a Currais Novos
         A terra natal da professora mártir cujo drama emocionou o Brasil tributou expressiva manifestação  de carinho em memória daquela cujo corpo acabara de retornar sem vida.O falecimento de Bernadete provocou profundo pesar no povo potiguar, pois como era sabido, a professorinha de Currais Novos fora a Lourdes em busca de um milagre que a livrasse do terrível mal que finalmente a levou ao túmulo.
         O corpo de Bernadete Xavier ficou exposto em câmara na matriz de Currais Novos até as 17h00 quando foi sepultado com grande acompanhamento.
         As 16h00 o monsenhor Paulo Heroncio celebrou a missa de corpo presente.A cidade de Currais Novos deslocou-se toda para a igreja a fim de prestar a última homenagem a professora mártir. Incalculável multidão acompanhou o féretro. (O POTI, 14/03/1958, p.8).
O exemplo de Bernadete Xavier
Esta jovem professora marcada por uma doença que desafiava a medicina da época, já havia conquistado um lugar no coração dos brasileiros, que segundo o JORNAL do Brasil ”Não se tratava apenas de um sentimento de solidariedade, ditado pela moléstia que a aflige.Trata-se, principalmente, de admiração e de reconhecimento pela sua abnegação, pela sua capacidade de sacrifício, pela sua resignação e, ao mesmo tempo, pelo seu elevado amor a vida e a felicidade dos seus concidadãos”.
Homenagens
         A professora Bernadete Xavier Gomes denomina a biblioteca municipal de cidade de Lagoa Nova.
A Lei 13268/78 de 26 de junho de 1978 denominava de Bernadete Xavier Gomes, uma das novas artérias da cidade do Receife no bairro das Mangueiras. A referida lei foi assinada pelo então prefeito Antônio Farias.




        





[1] Trata-se de Santa Bernadete Sobirous a quem a Virgem Maria apareceu em Lourdes.

ORQUESTRA TABAJARA EM NATAL



A Orquestra Tabajara foi uma famosa banda de shows populares criada  na vizinha capital paraibana, João Pessoa em 1937.
 Uma das mais antigas apresentações dessa orquestra em Natal deu-se no Aero Clube e no festival do dia 07/03/1942 no Carlos Gomes.
         Pelo horário da Central chegou em 06/03/1942 novamente á Natal a orquestra Tabajara da Paraíba, que realizaria alguns festivais a convite da  Rádio Educadora de Natal.
 Esse conjunto vinha  conquistando a maior simpatia na capital paraibana e congregava os elementos mais distinguidos do meio artístico local.
Segundo o jornal Diário de Natal a visita da Orquestra Tabajara era “motivo para satisfação da nossa parte” (DIÁRIO DE NATAL, 07/03/1942, p.4).A chegada da referida orquestra, que estava sob a  direção do Sr. Aberlado Jurema, foi muito concorrida, achando-se, o diretor do DEIP e do jornal A República os Srs. Carlos Lamas e Carlos Farache, diretor e representante da REN.
Acompanhava a orquestra o jornalista redator do jornal paraibano A União.
A primeira apresentação seria na noite do dia 07/03/1942 no baile do Aero Clube.
Já o festival do dia 08/03/1942 no teatro Carlos Gomes em homenagem ao interventor federal Rafael Fernandes contou também com a presença da orquestra Tabajara. Para esse festival estava despertando o maior interesse no seio da população natalense e foi organizado um curioso programa “cuja  execução certamente será levada a efeito com grande sucesso” (DIÁRIO DE NATAL, 07/03/1942, p.4), disse o jornal Diário de Natal.
Através do microfone da Rádio Educadora de Natal a orquestra Tabajara se apresentaria também aos radiouvintes, durante o tempo da sua permanência na capital potiguar, participando de vários programas da emissora organizados com o fim de homenagear a população conforme explicava o referido jornal.
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Fonte: Diário de Natal, 07/03/1942, p.4


                                          Orquestra Tabajra