quarta-feira, 15 de maio de 2019

O QUE O PREFEITO DE TAIPU PRETENDIA FAZER COM A VERBA DO IMPOSTO DE RENDA EM 1952




         Em 1952 o prefeito de Taipu, Luiz Gomes da Costa atendeu a enquete feita pelo jornal Diário de Natal sobre a aplicação da quota federal do imposto de Renda de que tratava o artigo 15 da Constituição Federal.
         O prefeito de Taipu dirigiu a seguinte carta a redação do referido jornal:
         Atendendo a gentileza de V. S., que vem demonstrando vivo interesse pelos problemas dos Estado e dos Municipios e que pôs as colunas do Diário de Natal  e o microfone da Rádio Poti a disposição dos Prefeitos para que expliquem ao povo potiguar o emprego da “quota” federal relativa ao imposto de renda, recebida no corrente exercício, venho, com todas satisfação declarar a população deste Município, em particular, como pretendemos aplicar a mencionada contribuição.
         Feito o deposito indispensável na Cooperativa Agropecuária deste Municipio, na proporção fixada na Constituição da República e para ser aplicada “em benefícios de ordem rural”, pretendo construir nesta Cidade, um Matadouro Público que atenda as necessárias condições de higiene e conforto, dando a todos os munícipes a segurança de a administração  municipal está preocupada em realizar algo em favor do povo.
         Ao mesmo tempo, ressente-se a Cidade de falta de um reservatório para água, pois na estação do estio, recebendo água para seu abastecimento da Vila de Extremoz, transportada pela Estada de Ferro “Sampaio Correia”, há muita dificuldade na conservação do precioso liquido que pode ficar exposto a poeira e facilmente poluir-se.
         Considero assunto de grande relevância esse beneficio a população de minha terra.Penso que todos saberão compreender o alcance da obra de interesse verdadeiramente coletivo.
         É claro que haja ainda alguma saldo, e esse empregarei na construção de escolas em povoados, além de construções e consertos de estradas entro do Município, de sorte que melhormente se façam o transporte e escoamento da produção.
         Eis em resumo, o que pretendo realizar com a “quota” a ser recebida do Imposto de Renda.e para isso, já estou elaborando o plano a ser apresentado ao Legislativo Municipal para a devida apreciação,dando, assim, uma satisfação ao povo para que ele saiba que só temos um interesse – realizar algo em seu beneficio, honrado que fui com o seu voto nas últimas eleições.
         Com meus agradecimentos, apresento a V. S., minhas cordiais saudações .- a) Luiz Gomes da Costa- Prefeito de Taipu.

Fonte: Diário de Natal, 03/05/1952,p.1.

         O Matadouro Público citado pelo Prefeito Luiz Gomes da Costa




Do autor do blog

EDITAL DE CONCORRÊNCIA PARA O MOTOR DA LUZ ELÉTRICA DE TAIPU





         Em 1950 a prefeitura de Taipu publicou o seguinte edital de concorrência para aquisição do motor da usina de luz elétrica da cidade.
Prefeitura Municipal de Taipu
Rio Grande do Norte
Edital de Concorrência
Concorrência para aquisição de motor
A PREFEITURA MUNICIPAL DE TAIPU avisa pelo presente que aceita propostas para a compra de um motor a óleo Diesel para fornecimento de energia elétrica  ao município a 25 a 30 HP,obrigando-se o concorrente a dar o mesmo montado e em pleno funcionamento, informando que já existe antiga instalação a gás pobre, a ser substituída.As propostas devem obedecer ao que determina o Código de Contabilidade dos Municípios (decreto lei estadual n. 73 de 29 de novembro de 1940) ficando marcado o prazo de trinta dias a partir da primeira publicação deste, para que serão abertas no dia 20 de julho de 1950 as 14 horas na sede da Prefeitura.As condições comprobatórias de idoneidade e certidões são determinadas lei federal.
Taipu, 15 de junho de 1950.
a)    Egídia Saldanha
                              Secretária da Prefeitura

Fonte: DIÁRIO DE NATAL, 20/06/1950, p.4.

             A baixo aspectos de Taipu na década de 1950



        Neste prédio funcionou a usina de energia elétrica de Taipu até 1965 quando a cidade foi beneficiada pela energia da Usina de Paulo Afonso e distribuída pela COSERN.




A CONSTRUÇÃO DA PONTE SOBRE O RIO CEARÁ-MIRIM EM TAIPU



Com a construção da ponte sobre o rio Ceará-Mirim no município de Taipu a administração José Varela realizava importantes obras previstas no plano rodoviário do Estado. Seria a maior obra desse gênero até então já construída no estado.A ponte ligaria importantes centros produtores como a s cidades de Baixa Verde, Pendência, Macau e Touros.
         A cultura das frutas era uma das principais fontes de riqueza a época entre outros produtos industriais.Tudo isso durante o inverno, tomava as vezes o caminho mais longo do Seridó, antes de alcançar a capital, ou seja, desviava para Campina Grande.
Características
         O projeto que estava sendo executado pelo mestre José Pereira, tinha 110 metros de vão, com 5,5 de largura, tudo em concreto armado, prevendo a passagem de veículos de até 24 toneladas. 
     A estrutura de 110 metros estava dividida em duas seções, repousando sobre 5 gigantescos pilares e dois encontros, tudo em alvenaria de pedra, formando 6 vãos, dos quais há 6 de 20 metros.com os aterros que seriam posteriormente executados ficaria a ponte com a extensão total aproximada de 1 km (1.000 metros) o que dava a ideia do vulto do empreendimento (pra se ter uma ideia a ponte de Igapó tem 740 metros).
        O trabalho de aterro, era um dos maiores da obra, esperava a empresa resolver com patrulha mecânica , sem grandes dificuldades antes da chegada do inverno.
         O jornal Diário de Natal esteve no canteiro de obras da ponte no dia em que todos os pilares já se achavam prontos envoltos num emaranhado de ferro e madeira. Preparava-se o lastreamento da primeira seção que seria concluída no dia 25/12/1949.
                     Na imagem a baixo a ponte de Taipu em construção.

Fonte: Diário de Natal, 1949.

        A obra foi orçada em 2 milhões de cruzeiros e tendo sido iniciada em dezembro de 1948 estava sendo construída em tempo que podemos considerar Record, apesar das dificuldades encontradas para o assentamento das fundações de um dos pilares cujas escavações foram cair exatamente sobre abundante vertente.
A inauguração
         Um trem especial cedido pela Estrada de Ferro Centra do Rio Grande do Norte partiu no dia 07/04/1950 conduzindo parte das autoridades e convidados especiais a inauguração que teria lugar as 09h00 da manhã com a presença do Governador do Estado, autoridades federais e estaduais além de grande número de convidados. (DIÁRIO DE NATAL, 08/04/1950, p.4).
         A ponte de Taipu foi inaugurada solenemente as 09h30. A solenidade foi assistida pelo Governador José Augusto Varela que a presidiu, pelo Comandante do destacamento de Natal, general Fernando do Nascimento Fernandes Távora, pelo prefeito de Taipu, Luiz Gomes da Costa e por autoridades civis e convidados especiais.
         O governador José Varela chegou ao local as 09h15 acompanhando do general Távora e de seu ajudante de ordens capitão José Reinaldo  e momento após teve inicio a solenidade inaugural quando falou o o governador que ressaltou a sua preocupação desde o inicio da administração de solucionar vários problemas do Estado, dentre esses afigurou-se a construção da ponte sobre o rio Ceará-Mirim a qual parecia porém de impossível realização tendo em vista o custo da obra e os parcos recursos do estado.
Benção da ponte
A benção da ponte foi ministrada pelo padre João Correia de Aquino que iniciando a solenidade inaugural salientou o agradecimento da população de Taipu pelo vultoso empreendimento do governo estadual.
         Afirmou ainda que numa homenagem dos taipuenses os vereadores da Câmara Municipal resolveram dar a denominação de Governador José Varela à ponte que estava sendo inaugurada como sinal da gratidão do povo daquele município.
Fala do Sr. Roberto Freire
         Explicando os detalhes técnicos da construção da ponte falou o Sr. Roberto Bezerra Freire sócio da Empresa de Construções Civis, responsável pela construção.
         Focalizou as dificuldades encontradas para a construção tendo em vista as dificuldades do terreno e as condições de segurança que eram imprescindíveis àquela construção.
         A solenidade foi encerrada com o discurso do governador José Varela  (DIÁRIO DE NATAL,10/04/1950, p.6).

A destruição da ponte
         Essa primeira ponte sobre o rio Ceará-Mirim durou até abril de 1964 quando foi destruída pela enchente causada pelo rompimento da barragem de Poço Branco em construção.Suas ruínas podem ser vistas próxima a ponte nova e do cemitério de Taipu em meio a vegetação. 
                                        Ponte de Taipu destruída em 1964

Acervo do autor.


Revista Manchete, 1964, p.106.


                                              Ruínas da ponte em 2012

Do autor do blog, 2012.

                                              Ruínas da ponte em 2015 




Do autor do blog, 2015.

                                                A ponte nova em 2012
Do autor do blog, 2012.



terça-feira, 14 de maio de 2019

CÂMARA CASCUDO E A TOPONÍMIA DE TAIPU



           Em 1949 o jornal Diário de Natal publicou um artigo de Câmara Cascudo a respeito da toponímia do município de Taipu.Eis o teor do referido artigo na integra a seguir.

Acta diurna
TAIPU
Luis da Câmara Cascudo
ESPECIAL PARA O DIÁRIO DE NATAL
           Na carta geográfica de Marcgrave e nos mapas de Vingboons não aparece topônimo que possa ser identificada com Taipu.
         A mais antiga referencia que conheço, possível o primeiro registro do topônimo, ocorre na relação  das aldeias que o padre Manuel Moraes enumera como existentes na Capitania do Rio Grande , entre 16640 e 1643.
         Escreve o padre Manuel de Moraes, findando a informação : - “ITAIPI”, sete (milhas) ao oeste do Rio Grande”... Esse Rio Grande é o rio Potengi.
                   ITAIPI ou TAIPU?  A forma intermediária seria ITAIPU.
         O professor Plinio Ayres, PRIMEIRAS NOÇÕES DE TUPI, esclarece: -“ITAIPU, sendo YPU a água que borbota, que sai da pedra, a água da pedra, a fonte,  a nascente”.
         ITA, como toda a gente sabe, significa “pedra” no idioma tupi, a pedra, o objeto duro e mesmo o metal.
ITAIPI  é a grafia errada de ITAIPU, a fonte da pedra, a nascente da pedra, indicando que  a importância do aldeamento ou região estava na existência dessa nascente d’água de beber.
         Um século depois a região possuía o nome atual, TAIPU, com a queda da vogal iniciante.
         Por despacho de 2 de julho de 1742 concedia-se ao ajudante Manuel Gomes da Silveira trechos de terras no rio Salgado A RIBA DO TAIPU GRANDE QUE DESAGUA NO RIO CEARÁ MIRIM...
Resta-me saber se existe no município de Taipu alguma nascente com as características que o nome nhengatu assinala, fonte fluindo duma pedra.

Fonte: Diário de Natal, 15/11/1949, p.2.
_______________
         Vamos ajudar o mestre Câmara Cascudo a localizar tal fonte?
         Sabe-se que o rio Gameleira-Guedes, um afluente que despeja suas águas no rio Ceará-Mirim dentro dos limites do atual município de Taipu tem sua nascente na Serra Pelada (distante 5 km da sede municipal) que por sua vez trata-se de um maciço rochoso granítico com altitude de 100 metros.

                                                    A Serra Pelada



         Há no distrito de Poço do Antonio (cerca de 4 km da sede municipal) inúmeros lajedos de rocha granítica que no inverno acumulam água tornando-se verdadeiras piscinas naturais.

                                    Lajedos na região do distrito do Umari

         Há ainda as margens da BR 406, próximo a sede municipal a chamada Furna da Onça ou Gratas, um afloramento de rochedos que em tempo de inverno bom torna-se numa correnteza chegando até a forma uma pequena cachoeira.
         Os mesmo tanques que existem no Poço do Antonio há igualmente no distrito de Inhandu (atualmente distrito de Poço Branco, mas que, no entanto, a época citada por Câmara Cascudo fazia parte do território de Taipu).Outras tantas existem no distrito do Umari (cerca de 4 km da sede).
         O rio do Mudo é um rio que nasce na localidade de Olho d’Água (que recebeu tal nome devido o olheiro) o qual despeja suas águas em Ceará-Mirim.
         Há outros olheiros próximos a divisa do município de Taipu com o de Pureza.

AINDA SOBRE A INAUGURAÇÃO DO SANEAMENTO DE NATAL EM 1939


         No dia 13/05/1939 foi solene e festivamente inaugurado o serviço de Saneamento de Natal, com a dupla finalidade da higiene e do conforto da população da prospera capital potiguar.Caracterizam-se essas obras pela perfeita técnica com que foram conduzidas e pela simplicidade e estética com que se achavam terminadas.
         Levadas a termo pelo governo Rafael Fernandes,o seu projeto esteve a cargo do Escritório Saturnino de Brito.
         A cidade de Natal, dotada de excelente clima, admirável situação geográfica  que a tornavam em “cara aéreo da Europa”, bela e verdejante, tinha o seu progresso e a sua alegria atravancados pela ausência dos elementos imprescindíveis e a sua vida.O abastecimento de águas era suspeito e deficiente, o serviço sanitário, ou melhor, os despejos dos esgotos tinham por destino fossas domiciliares de limitada serventia, contaminado o solo e viciando o meio físico.

Na imagens a baixo:
       O moderno edifício da Repartição de Saneamento, construído juntamente com as obras.
Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.

Um dos classificadores de esgotos, admirado pela multidão que acorreu em visita as obras.

                                                                     Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.


       Interessante sistema de purificação dos esgotos de Natal, vendo-se as instalações  do aproveitamento dos gás dos esgotos para energia motriz e das lamas secas para adubo  agrícola.

                                                               Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.

         Na porta da casa de manobras do reservatório principal da cidade.
                                                                     Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.
         As obras do saneamento vieram por termo a tão precária situação e, como se via nas fotografias publicadas na referida revista tiveram sua inauguração coberta de carinhos da população.
         Para o abastecimento da água foram os técnicos buscar o liquido puro do seio da terra por meio de poços profundos.Os despejos eram tratados e o liquido resultante era levado ao lançamento sem o menor inconveniente.Para o suprimento de água foram perfurados dezenas de poços tubulares, que captavam as águas subterrâneas, as quais eram levadas aos grandes depósitos por bombas de construção modernas e de grande eficiência, fazendo-se de ferro fundido com extensão de cerca de 60 km, beneficiando a área urbana por todos os recantos.
         A cidade, para efeito de seu abastecimento, foi dividida em duas zonas, baixa e alta, e estas em distritos que eram servidos pro troncos independentes.As linhas tronco foram estabelecidas de modo  a não interromper de todo o serviço em caso de acidente em um dos troncos.Os reservatórios em número de 3 e uma caixa em torre, com capacidade para armazenar cerca de 4 milhões de litros, estavam localizados em pontos diversos da cidade, não só atestando a boa técnica do seu funcionamento, como formando um belo conjunto nos parques em que foram transformados em terrenos adjacentes.Ai tinha o visitante recantos aprazíveis ao contato com a natureza sob o céu sempre azul do nordeste brasileiro.
         De outro lado a rede sanitária com um extensão de cerca de 33 km, foi lançada nos moldes da técnica de Saturnino  de Brito, o maior engenheiro sanitarista surgido até aquele momento no Brasil.Serviços de vulto foram realizados para o lançamento da rede sanitária.Entre esses se destacam a abertura de uma avenida em encosta com cerca de 3 km de extensão e 10 metros de largura (a Avenida do Contorno).Essa avenida em longos trechos estava sustentada por muros de cimento, cubando cerca de  7 mil metros cúbicos.Ela tinha uma dupla função, sanitária e de urbanismo.
         Outra obra na rede foi a abertura de um túnel com 100 metros de extensão, todo em concreto.Esse túnel foi tratado como obra de interessante e alta novidade na América do Sul, e a primeira executada no Brasil, a instalação depuradora dos esgotos, com o aproveitamento dos gases para força motriz e das lamas secas para adubo agrícola.
       O liquido dos esgotos trazidos pelos coletores gerais de concreto, em número de 3, atravessava uma grade de barras, uma caixa de areia e um medidor, e era elevado depois aos classificadores, onde em relativo repouso ia deixando depositar a lama no fundo dos tanques, a qual daí era levada por bombas especiais aos tanques digestores.Nestes produzia-se  a digestão ou fermentação das lamas ao abrigo do ar, com o gasômetro, para ser posteriormente utilizados como combustível.Dos digestores a lama iria aos tanques de secagem.O liquido dos classificadores, reduzido em sua matéria orgânica em  suspensão, iria ter ao emissário e por este ao rio Potengi, onde se lançaria em cota inferior a maré mínima.
        Um edifício em concreto armado par a sede da Repartição de Saneamento completava o conjunto de construções com seu acabamento perfeito, qual o de todas as obras concernentes ao Saneamento. (REVISTA DA SEMANA,1939,p.53).
O custo total desta importante realização do estado ascendeu a cerca de 13 mil contos de réis.O governo do estado, ao levar a termo o empreendimento teve o pleno apoio do governo federal, na garantia do empréstimo que cobriu metade das despesas, na isenção de direitos aduaneiros e outros auxílios.
        Tratava-se assim, de uma realização que honrava a engenharia nacional e definia bem a diretriz dos atuais responsáveis pela administração pública.