No dia
13/05/1939 foi solene e festivamente inaugurado o serviço de Saneamento de
Natal, com a dupla finalidade da higiene e do conforto da população da prospera
capital potiguar.Caracterizam-se essas obras pela perfeita técnica com que foram
conduzidas e pela simplicidade e estética com que se achavam terminadas.
Levadas a termo pelo governo Rafael
Fernandes,o seu projeto esteve a cargo do Escritório Saturnino de Brito.
A cidade de Natal, dotada de excelente
clima, admirável situação geográfica que
a tornavam em “cara aéreo da Europa”, bela e verdejante, tinha o seu progresso
e a sua alegria atravancados pela ausência dos elementos imprescindíveis e a
sua vida.O abastecimento de águas era suspeito e deficiente, o serviço
sanitário, ou melhor, os despejos dos esgotos tinham por destino fossas
domiciliares de limitada serventia, contaminado o solo e viciando o meio físico.
Na imagens a baixo:
O moderno
edifício da Repartição de Saneamento, construído juntamente com as obras.
Fonte: Revista da Semana, 1939,p.53. |
Um dos classificadores de esgotos, admirado pela multidão que acorreu em visita as obras.
Fonte: Revista da Semana, 1939,p.53.
Interessante
sistema de purificação dos esgotos de Natal, vendo-se as instalações do aproveitamento dos gás dos esgotos para
energia motriz e das lamas secas para adubo
agrícola.
Fonte: Revista da Semana, 1939,p.53.
Na porta da casa de manobras do reservatório principal da cidade.
Fonte: Revista da Semana, 1939,p.53.
As obras do saneamento vieram por termo
a tão precária situação e, como se via nas fotografias publicadas na referida
revista tiveram sua inauguração coberta de carinhos da população.
Para o abastecimento da água foram os
técnicos buscar o liquido puro do seio da terra por meio de poços profundos.Os
despejos eram tratados e o liquido resultante era levado ao lançamento sem o
menor inconveniente.Para o suprimento de água foram perfurados dezenas de poços
tubulares, que captavam as águas subterrâneas, as quais eram levadas aos
grandes depósitos por bombas de construção modernas e de grande eficiência,
fazendo-se de ferro fundido com extensão de cerca de 60 km, beneficiando a área
urbana por todos os recantos.
A cidade, para efeito de seu
abastecimento, foi dividida em duas zonas, baixa e alta, e estas em distritos
que eram servidos pro troncos independentes.As linhas tronco foram estabelecidas
de modo a não interromper de todo o
serviço em caso de acidente em um dos troncos.Os reservatórios em número de 3 e
uma caixa em torre, com capacidade para armazenar cerca de 4 milhões de litros,
estavam localizados em pontos diversos da cidade, não só atestando a boa
técnica do seu funcionamento, como formando um belo conjunto nos parques em que
foram transformados em terrenos adjacentes.Ai tinha o visitante recantos aprazíveis
ao contato com a natureza sob o céu sempre azul do nordeste brasileiro.
De outro lado a rede sanitária com um
extensão de cerca de 33 km, foi lançada nos moldes da técnica de Saturnino de Brito, o maior engenheiro sanitarista
surgido até aquele momento no Brasil.Serviços de vulto foram realizados para o
lançamento da rede sanitária.Entre esses se destacam a abertura de uma avenida
em encosta com cerca de 3 km de extensão e 10 metros de largura (a Avenida do
Contorno).Essa avenida em longos trechos estava sustentada por muros de
cimento, cubando cerca de 7 mil metros
cúbicos.Ela tinha uma dupla função, sanitária e de urbanismo.
Outra obra na rede foi a abertura de um
túnel com 100 metros de extensão, todo em concreto.Esse túnel foi tratado como
obra de interessante e alta novidade na América do Sul, e a primeira executada
no Brasil, a instalação depuradora dos esgotos, com o aproveitamento dos gases
para força motriz e das lamas secas para adubo agrícola.
O liquido dos esgotos trazidos pelos
coletores gerais de concreto, em número de 3, atravessava uma grade de barras,
uma caixa de areia e um medidor, e era elevado depois aos classificadores, onde
em relativo repouso ia deixando depositar a lama no fundo dos tanques, a qual daí
era levada por bombas especiais aos tanques digestores.Nestes produzia-se a digestão ou fermentação das lamas ao abrigo
do ar, com o gasômetro, para ser posteriormente utilizados como combustível.Dos
digestores a lama iria aos tanques de secagem.O liquido dos classificadores,
reduzido em sua matéria orgânica em
suspensão, iria ter ao emissário e por este ao rio Potengi, onde se lançaria
em cota inferior a maré mínima.
Um edifício em concreto armado par a
sede da Repartição de Saneamento completava o conjunto de construções com seu
acabamento perfeito, qual o de todas as obras concernentes ao Saneamento. (REVISTA
DA SEMANA,1939,p.53).
O
custo total desta importante realização do estado ascendeu a cerca de 13 mil
contos de réis.O governo do estado, ao levar a termo o empreendimento teve o
pleno apoio do governo federal, na garantia do empréstimo que cobriu metade das
despesas, na isenção de direitos aduaneiros e outros auxílios.
Tratava-se assim, de uma realização que
honrava a engenharia nacional e definia bem a diretriz dos atuais responsáveis pela
administração pública.
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