terça-feira, 14 de maio de 2019

AINDA SOBRE A INAUGURAÇÃO DO SANEAMENTO DE NATAL EM 1939


         No dia 13/05/1939 foi solene e festivamente inaugurado o serviço de Saneamento de Natal, com a dupla finalidade da higiene e do conforto da população da prospera capital potiguar.Caracterizam-se essas obras pela perfeita técnica com que foram conduzidas e pela simplicidade e estética com que se achavam terminadas.
         Levadas a termo pelo governo Rafael Fernandes,o seu projeto esteve a cargo do Escritório Saturnino de Brito.
         A cidade de Natal, dotada de excelente clima, admirável situação geográfica  que a tornavam em “cara aéreo da Europa”, bela e verdejante, tinha o seu progresso e a sua alegria atravancados pela ausência dos elementos imprescindíveis e a sua vida.O abastecimento de águas era suspeito e deficiente, o serviço sanitário, ou melhor, os despejos dos esgotos tinham por destino fossas domiciliares de limitada serventia, contaminado o solo e viciando o meio físico.

Na imagens a baixo:
       O moderno edifício da Repartição de Saneamento, construído juntamente com as obras.
Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.

Um dos classificadores de esgotos, admirado pela multidão que acorreu em visita as obras.

                                                                     Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.


       Interessante sistema de purificação dos esgotos de Natal, vendo-se as instalações  do aproveitamento dos gás dos esgotos para energia motriz e das lamas secas para adubo  agrícola.

                                                               Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.

         Na porta da casa de manobras do reservatório principal da cidade.
                                                                     Fonte: Revista  da Semana, 1939,p.53.
         As obras do saneamento vieram por termo a tão precária situação e, como se via nas fotografias publicadas na referida revista tiveram sua inauguração coberta de carinhos da população.
         Para o abastecimento da água foram os técnicos buscar o liquido puro do seio da terra por meio de poços profundos.Os despejos eram tratados e o liquido resultante era levado ao lançamento sem o menor inconveniente.Para o suprimento de água foram perfurados dezenas de poços tubulares, que captavam as águas subterrâneas, as quais eram levadas aos grandes depósitos por bombas de construção modernas e de grande eficiência, fazendo-se de ferro fundido com extensão de cerca de 60 km, beneficiando a área urbana por todos os recantos.
         A cidade, para efeito de seu abastecimento, foi dividida em duas zonas, baixa e alta, e estas em distritos que eram servidos pro troncos independentes.As linhas tronco foram estabelecidas de modo  a não interromper de todo o serviço em caso de acidente em um dos troncos.Os reservatórios em número de 3 e uma caixa em torre, com capacidade para armazenar cerca de 4 milhões de litros, estavam localizados em pontos diversos da cidade, não só atestando a boa técnica do seu funcionamento, como formando um belo conjunto nos parques em que foram transformados em terrenos adjacentes.Ai tinha o visitante recantos aprazíveis ao contato com a natureza sob o céu sempre azul do nordeste brasileiro.
         De outro lado a rede sanitária com um extensão de cerca de 33 km, foi lançada nos moldes da técnica de Saturnino  de Brito, o maior engenheiro sanitarista surgido até aquele momento no Brasil.Serviços de vulto foram realizados para o lançamento da rede sanitária.Entre esses se destacam a abertura de uma avenida em encosta com cerca de 3 km de extensão e 10 metros de largura (a Avenida do Contorno).Essa avenida em longos trechos estava sustentada por muros de cimento, cubando cerca de  7 mil metros cúbicos.Ela tinha uma dupla função, sanitária e de urbanismo.
         Outra obra na rede foi a abertura de um túnel com 100 metros de extensão, todo em concreto.Esse túnel foi tratado como obra de interessante e alta novidade na América do Sul, e a primeira executada no Brasil, a instalação depuradora dos esgotos, com o aproveitamento dos gases para força motriz e das lamas secas para adubo agrícola.
       O liquido dos esgotos trazidos pelos coletores gerais de concreto, em número de 3, atravessava uma grade de barras, uma caixa de areia e um medidor, e era elevado depois aos classificadores, onde em relativo repouso ia deixando depositar a lama no fundo dos tanques, a qual daí era levada por bombas especiais aos tanques digestores.Nestes produzia-se  a digestão ou fermentação das lamas ao abrigo do ar, com o gasômetro, para ser posteriormente utilizados como combustível.Dos digestores a lama iria aos tanques de secagem.O liquido dos classificadores, reduzido em sua matéria orgânica em  suspensão, iria ter ao emissário e por este ao rio Potengi, onde se lançaria em cota inferior a maré mínima.
        Um edifício em concreto armado par a sede da Repartição de Saneamento completava o conjunto de construções com seu acabamento perfeito, qual o de todas as obras concernentes ao Saneamento. (REVISTA DA SEMANA,1939,p.53).
O custo total desta importante realização do estado ascendeu a cerca de 13 mil contos de réis.O governo do estado, ao levar a termo o empreendimento teve o pleno apoio do governo federal, na garantia do empréstimo que cobriu metade das despesas, na isenção de direitos aduaneiros e outros auxílios.
        Tratava-se assim, de uma realização que honrava a engenharia nacional e definia bem a diretriz dos atuais responsáveis pela administração pública.

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