sábado, 25 de maio de 2019

O COLÉGIO SANTO ANTONIO (MARISTA)



         O Colégio Santo Antonio é o mais antigo colégio católico masculino do Rio Grande do Norte, tendo sido instalado em Natal por iniciativa de Dom Adauto de Miranda Henriques, bispo da Paraíba da qual pertencia o RN eclesiasticamente a época.Eis a seguir alguns apanhados históricos sobre este estabelecimento de ensino.
O Colégio Santo Antonio funcionou inicialmente no coro da igreja Santo Antonio na Cidade Alta, mais tarde foi erguida uma residência ao lado da igreja, onde hoje é o convento dos capuchinhos, que abrigou por um longo período a sede do Colégio Santo Antonio até a mudança para a Rua Apodi com a Avenida Deodoro.
Em novembro de 1929 o Irmão José Vey chegou a Natal para assumir a direção do Colégio Santo Antonio que fora então confiada aos Irmãs Maristas pelo Bispo Diocesano dom Marcolino Dantas.

Em 1935 o projeto do novo prédio do Colégio Santo Antonio apareceu no jornal A Ordem numa matéria sobre a Ação Católica na diocese de Natal.

Fonte: A Ordem, 25/10/1935,p.5

A baixo o projeto do novo prédio do Colégio Santo Antonio exibido numa propaganda do mesmo no jornal A Ordem em 1936.

Fonte: A Ordem,07/02/1936, p.2.
Segundo a referida propaganda o Colégio Santo Antonio  estava situado a rua Coronel Bonifácio, 698.
O decreto de inspeção
         Em 1936 foi assinado o decreto estabelecendo a inspeção permanente no Colégio Santo Antonio sob a direção dos Maristas. Segundo o jornal A Ordem era uma noticia que deveria alegrar as famílias do Estado, pois a situação do Colégio passava a ser de grande relevo entre os estabelecimentos congêneres do país.
         A baixo a integra do decreto federal que concedeu a inspeção permanente ao Colégio Santo Antonio sob a direção dos Irmãos Maristas segundo publicado no jornal A Ordem (19/08/1936,p.1):
Secretaria de Estado da Educação e Saúde Pública
Decreto nº 987 de 27 de julho de 1936
      Concede inscrição permanente ao curso fundamental do Colégio Santo Antonio, com sede em Natal R.G do Norte.
         O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, resolve nos termos do artigo 55, Decreto 21.241 de 4 de abril de 1932, conceder inspeção permanente ao curso fundamental do Colégio Santo Antonio, com sede em Natal,Estado do Rio Grande do Norte.
         Rio de Janeiro, 27 de julho de 1936, 11 da Independência e 48 da República.
(ass) GETÚLIO VARGAS.
(ass) Gustavo Capanema.
         A equiparação conferia ao Colégio Santo Antonio um status de escola modelo.
A benção da pedra fundamental do novo prédio do Colégio Santo Antonio
         Os irmãos Maristas, no intuito de tornar cada vez mais eficiente os serviços relevantes já prestados ao Rio Grande do Norte iniciaram a construção de um novo prédio onde pudessem melhor instalar o Colégio Santo Antonio.
Em 1937 ocorreu a cerimônia da benção dos alicerces do novo prédio na qual oficiou Dom Marcolino Dantas, acolitado pelo mons. Alfredo Pegado, Vigário Geral.
         Compareceram a cerimônia também o governador do Estado, Rafael Fernandes, o prefeito interino da capital potiguar, Mario Lyra, o presidente da Assembleia Legislativa, mos, João da Mata, o secretário geral do Estado, Aldo Fernandes, o cônego Luiz Adolfo, vigário da Sé, cônego Paulo Heroncio, vigário de São José, pe. José Calazans Pinheiro, pe. Luiz Wanderley, os padres da Sagrada Familia, o capitão José Bezerra, ajudante de ordens do governador, Paulo Viveiros, chefe de gabinete, Otavio Tavares, Rubem da Cruz Ribeiro, Custodio Toscano, Jurandir Citaro da Costa, Raimundo França, Ricardo Barreto, Luiz da Câmara Cascudo, Tte. Manoel Cavalcanti, Melo Barreto, Benni, Lima Campos, Astrogildo Segundo, Saraiva Junior, Antônio Martins, ive cônsul português, Aderbal de França, Otto Guerra, professor Francisco Veras, pela A Ordem, diretor da Air France mr. Bayle, João Gondim, Francisco Ribeiro Dantas, Adalberto Marques, João Medeiros Junior, Alcebiades Fernandes, José Humberto Fernandes, Carlos Barros e José Maia Mousinho e muitas outras pessoas (A ORDEM, 29/01/1937, p.1).
         Fez discurso o Sr. Bispo diocesano pondo em relevo a alta significação da cerimônia que se estava realizando.Usou da palavra o Irmão Ambrosio de Aguiar expondo os sacrifícios que representava o esforço da construção de um prédio de tamanha proporções, ouvindo-se afinal Câmara Cascudo na qualidade de ex-aluno  do Colégio Santo Antonio.

O novo edifício
         O novo edifício do Colégio Santo Antonio, situado na rua Apodi, foi erguido com avultadas proporções para a época .Sua fachada mediria 65m de comprimento e 11 de largura, 3 pavimentos com varandas, a ala da direita mediria 80m de comprimento e 11 de largura, a capela com 31m de comprimento e 12 de largura.A parte de cimento armado estava confiada a firma Berrione 7 Irmão, a maior empresa de cimento armado de Recife a época.
         O terreno tinha a superfície de 85.000m², além dos campos de futebol que mediam respectivamente 100mX70m e 70mX 50m onde seriam organizados campos para outros esportes.Os recreios seriam amplos e sombreados.  (A ORDEM, 29/01/1937, p.1).

Fonte: A Ordem,22/08/1937,p.1 

A  época da construção do novo edifício do Colégio Santo Antonio a obra foi considerada uma das maiores rivalizando com o prédio da Maternidade de Natal que tinha a mesma extensão de ponta a ponta.
         Os Irmãos Maristas esperavam terminar a obra em 10 meses e segundo o jornal A Ordem os Maristas estavam se tornando credores de toda a estima e admiração da população natalenses pela obra iniciada, que para o referido jornal o Colégio Santo Antonio se transformaria em uma casa de educação modelo.

Fonte: A Ordem,, 06/02/1938, p.1.
Visita as obras do novo prédio  do colégio Santo Antonio pelo jornal A Ordem
         O jornal A Ordem fez uma visita as obras de construção do novo prédio do Colégio Santo Antonio no Tirol, que já estavam bastante adiantas.
    Acompanhado do Irmão Onésimo os jornalistas do jornal A Ordem visitou demoradamente a imponente construção que prestou todas as informações.

Localização
         Conforme o jornal A Ordem o Colégio Santo Antonio estava situado otimamente no saudável bairro do Tirol, encravado entre a Avenida Deodoro e a rua Apodi, medindo nada menos de 80 mil m² cheios de coqueiros e mangueiras.

A construção e a planta
         O prédio era de alvenaria e cimento armado, contratado a parte de concreto armado com a firma R.Borrione & irmão.O restante da construção estava sendo feito administrativamente pelos Irmãos Maristas.
         A planta era de autoria do irmão provincial o qual era composta de 3 partes.

Primeira parte
         Eram 3 pavimentos, o primeiro dos quais com 7 espaçosas salas de aula, com todos os requisitos da higiene escolar, sala de visitas, secretaria e diretoria.
         O segundo pavimento constava de enfermaria, 3 salas de aula e diversos quartos para os professores.
         No terceiro pavilhão achava-se situados 2 grandes dormitórios com capacidade para mais de 100 alunos,vestiário, banheiros e instalações sanitárias para os alunos e um grande tanque com capacidade para 18.000 litros de água.
         Circundando o pavimento terreno e o 1º andar, um corredor de 3 metros de largura. Os pavimentos eram ligados, por sua vez, por uma magnífica escadaria de cimento armado.

Segunda parte
         Visando ministrar a juventude uma educação integral, que se dirigia ao corpo, a inteligência e a alma, não poderia deixar de haver no colégio uma capela.
         Sua construção ia ser iniciada dentro em breve, já tendo sido feito os alicerces da obra.Medindo nada menos de 28 metros de frente por 12 de largura.
         Haveria também, a construção num futuro, um salão para festas.   Além do prédio principal estavam sendo construídos 3 salas de aula de 7X7 metros cada uma, refeitórios para os irmãos, para os alunos e para os empregados, cozinha, copa, instalações sanitárias, etc.

Outros detalhes
Estavam sendo empregados na importante obra, cerca de 50 operários das diversas profissões. A cobertura seria toda em telhas francesas fabricadas no Recife.Algumas dependências já se achavam recebendo as últimas demãos.O prefeito de Natal prometeu aos Irmãos marista promover o calçamento da rua Apodi e Av. Deodoro.

Fonte: A Ordem,28/06/1938, p.1.
        A transferência do Colégio Santo Antonio para o novo prédio ocorreu em 27/07/1938. A benção do edifício foi dada porém no dia 24/07/1938 pelo bispo Dom Marcolino Dantas, acolitado pelo Pe. Luiz Monte. O ato foi assistido pelos Maristas e pelo visitador Irmão Alberto Tibon.  (A ORDEM, 28/06/1938, p.1).

       Aspectos do Colégio Santo Antonio (Marista de Natal)
Fonte: Colégio Marista Natal.

         Naquele ano o Colégio Santo Antonio tinha 420 alunos e um corpo docente de cerca de 20 professores distribuídos pelos cursos seriados, comercial  e primário.

Inauguração da capela do Colégio Santo Antonio
O Colégio Santo Antonio dirigido pelos Irmãos Maristas, instalados desde alguns meses no novo e majestoso prédio, inaugurou domingo, a sua nova capela.
         Tratava-se de uma ampla e confortável capela,medindo 32 metros por 12, de cimento armado,com excelente acústica, muito bem arejada, as janelas dotadas de expressivos vitrais, convidando toda ela ao recolhimento e a prece.
         A benção da nova capela foi procedida as 06h00 da manhã pelo pe. Luiz Vanderley, que logo após celebrou a missa.

Aspectos internos da capela do Colégio Santo Antonio Marista de Natal

Fonte: Colégio Marista Natal.

         As 07h00 celebrou o bispo Dom Marcolino Dantas a primeira comunhão de 40 alunos que adentraram a capela em procissão, achando-se a capela repleta de fieis, notando-se dos neo-comungantes, inclusive o interventor federal Rafael Fernandes, sua senhora, alunos do Colégio Santo Antonio. (A ORDEM, 15/11/1938, p.4).

         Aspectos externos do Colégio Santo Antonio Marista de Natal



Fonte: Google Earth, 2019.



Fonte: Valdeques Junior.


Fonte: Ricki Gois.







O COLÉGIO IMACULADA CONCEIÇÃO-CIC



         O Colégio Imaculada Conceição-CIC  foi o primeiro colégio católico feminino de Natal, tendo sido confiada sua direção as irmãs de Santa Dorotéia tendo sido criado em 1902 pelo bispo da Paraíba, Dom Adauto Henriques de Miranda[1].
A principio as irmãs Dorotéias se instalaram numa casa que ficava no local onde atualmente se localiza o Campus Cidade Alta do IFRN na avenida Rio Branco.Cerca de 3 anos nessa primitiva residência, trabalhando na educação da mocidade feminina.A crônica jornalística registrava que davam as irmãs Dorotéias aulas, então de guarda-chuva aberto, tantas eram as goteiras que o telhado oferecia.
       Mais tarde adquiriram, por compra, ao dr. Santos um terreno com casa em prelo, depois concluída e ampliada, na avenida Deodoro, 544, no centro da capital potiguar.
         Todo o Rio Grande do Norte conhecia e admirava o esforço continuo e bem orientado das irmãs Dorotéias. Milhares de alunos foram educados pelo CIC vindos de todos os municípios do Estado. Ter sido educada pelo Colégio Imaculada Conceição passou a ser um titulo de valor inestimável para as jovens do Rio Grande do Norte.
         Segundo se lia no jornal A República “a diretoria do Colégio da Imaculada Conceição desta cidade faz celebrar nos dias 24, 25 e 26 do corrente, pelas 7 horas da manhã, na capela do mesmo Colégio, uma missa de ação de graças em intenção de todas as pessoas que concorreram para a fundação desse pioneiro estabelecimento, e convidada para assisti-la especialmente aqueles que têm direito ao seu fruto especial”.(A REPUBLICA, 22/02/1902,p.1).O mesmo jornal também informava que já haviam 82 alunas matriculadas nas diversas aulas do importante Colégio da Imaculada Conceição. (A REPUBLICA, 03/04/1902, p.4).

Tudo em Natal era novidade
         A diretora do Colégio Imaculada Conceição pediu ao vigário da freguesia para fazer ciência ao público que só tinha direito de assistirem missa ali aos domingos as colegiais e suas famílias, etc.
        Certo leitor escreveu no jornal A República: “acho que a distinta irmã diretora tem carradas razão.Nesta terra tudo é novidade: o pessoal que há anos ouve missa na matriz, arribou para o colégio da Imaculada Conceição, porque é coisa nova...Eu como sou bom católico que sou, continuo a ouvir missa na matriz”.(A REPUBLICA, 20/09/1902,p.1).
         Em 28/09/1902 esteve em Natal a superiora das irmãs Dorotéias e provincial no Brasil, a ir. Luiza Lucenti, que foi recebida no cais do desembarque e acompanhada por todas as alunas do Colégio da Imaculada Conceição da capital potiguar. (A ORDEM, 29/09/1902, p.1).

Encerramento do primeiro ano letivo
         Antes da hora marcada as dependências do Colégio Imaculada Conceição se achavam literalmente cheias de famílias e distintos cavalheiros que foram assistir aquela solenidade, presidida pelo governador do estado e do bispo diocesano.
       O programa que foi largamente distribuído a todas as pessoas de 28 partes, composto de músicas vocais e instrumentais, diálogos, recitativos, discursos, palestras, etc, teve um desempenho correto e brilhante.
      No fundo do vasto salão ocorreu a distribuição dos prêmios as alunas, havia galerias onde tomaram assento todas as alunas em número de 92m, vestidas de branco, as quais, a proporção que iam sendo chamadas para receberem os seus prêmios de distinção, primeiro, segundo e terceiro graus, compareciam a presença do governador e do Sr. Bispo, de quem os recebiam,sendo em seguida aplaudidas com estrondosa salva de palmas.
     Concluiu a festa com um belo hino, cantado pela diretora do Colégio madre Maria Beltrão e senhorita Maria Latina, sendo acompanhado ao piano pelas senhoritas Anna Roseli e Ofélia Carvalho e o coro de todas as alunas.
    O bispo dom Adauto Miranda, fez em último lugar uma brilhante preleção, de incitamento a todas as alunas,s endo ouvido com maior atenção.
         Em uma das salas do Colégio achavam-se expostos todos os trabalhos das alunas feitos durante o ano, os quais foram examinados e muito apreciados pro todos os visitantes.
       Haviam ali objetos de real valor e merecimento artístico, tudo bem trabalhado e perfeito.  (A REPÚBLICA, 09/12/1902, p.1).

O novo prédio do CIC
         Em 1938 conforme indicava o jornal A Ordem a construção do novo e majestoso prédio do CIC já estava muito adiantada. Naquele ano foi promovida pelas ex alunas do citado educandário uma festa em beneficio da conclusão da obra. (A ORDEM,  04/11/1938, p.4).
         O crescimento do CIC exigiu a construção de um novo prédio mais amplo e confortável.
         Em 1939 o jornal A Ordem fez uma visita as obras de construção do novo prédio do CIC e constatou que mais de dois terços da planta já estavam executados e davam a ideia do seria o grande edifício depois de concluído. A construção era toda em cimento armado com frente e entrada para a avenida Deodoro. A planta era de autoria do engenheiro Jaime de Oliveira, da firma J.A. Camarinha, do Recife, a qual estava construindo o Colégio.

Parte térrea
         Na parte térrea do edifício impressionavam logo a portaria devidamente aparelhada, 2 parlatórios laterais, um amplo, higiênico e saudável.Refeitório com as suas mesas de marmorito e as suas cadeiras novas e reluzentes, a enfermaria munida de cama e isolamento, a farmácia com o gabinete medico, os gabinetes da diretoria e do fiscal, a seção de banheiros,com 15 chuveiros e 2 banhos mornos, cozinha, copa dispensa, refeitório das Irmãs, tudo novo, limpo, agradável,segundo o jornal A Ordem.

Parte superior
         Subia-se ao andar superior por uma escada de cimento armado e marmorito, espaçosa, convenientemente disposta, depois de atravessado um longo corredor central.Em cima se achavam 3 amplos dormitórios para 100 alunas, arejados por janelões e ventiladores de tela, no forro, com suas camas e objetos individuais, ao lado a seção de 88 pias, os gabinetes sanitários, a rouparia, tudo o que havia de mais moderno, dizia A Ordem.
         Em ambos os andares havia luz e o arejamento era perfeitamente adequado e tecnicamente dispostos.O piso era todo de granito, exceto os dormitórios e parlatorios, que tinham o piso de tacos.Tratando-se de um estabelecimento de educação feminina, os basculhantes das janelas e portas eram munidos de grades de ferro moveis.O teto era de telhas francesas.

O que faltava concluir
         Naquele ano de 1939 ainda faltava concluir as salas de aula, o laboratório de Física e Química, o Museu, a Galeria de pianos, áreas cobertas para recreio e um confortável e artístico são para festas. As obras do novo edifício do CIC só foram concluídas em 1942.A construção do novo prédio do CIC foi orçada em 600 contos, já tendo sido gasto, até aquele momento, 860 contos.
                                Prédio do CIC a partir de 1942

O movimento do CIC em 1939
         O venerando e querido educandário estava composto por 15 Irmãs Doroteias que se dedicavam a tarefa educativa, além de 10 que se ocupavam em outros misteres. Tinha ainda um corpo de professores externos. Era o capelão o estimado Vigário Geral da Diocese o mons. Alfredo Pegado, que gozava de verdadeira veneração das Irmãs e alunas, que exercia a função desde 1912.
         O CIC tinha em 1939 os seguintes cursos: primário, comercial, equiparado a Academia de Comércio do Rio de Janeiro, para formação de guarda livros e auxiliares do comércio, Ginasial fiscalizado como o outro pelo governo federal. Estavam matriculadas naquele ano 320 alunas, sendo 60 internas. (A ORDEM, 30/03/1939, p.1).

Inicio das obras da nova capela do CIC
         Segundo o jornal A Ordem em 1950 foram iniciadas as obras da nova capela do Colégio Imaculada Conceição. Em consequência a velha capela seria posta a baixo, começando as obras no dia 09/11/1950.As missas continuariam a ser celebradas num salão adaptado par servir de capela.Era mais uma grande iniciativa das irmãs Dorotéias que acabavam de concluir a construção de mais um amplo salão para seu modelar estabelecimento. (A ORDEM, 08/11/19050, p.4).
         A nova capela só foi inaugurada em 1952 e conforme o jornal A Ordem era um templo bastante amplo, sólido, elegante, que vinha substituir a antiga capelinha da Imaculada Conceição
      As irmãs Doroteias superaram todas as dificuldades, naqueles tempos duros, conseguiram realizar o milagre e ali estava a Rua Ulisses Caldas e a cidade de Natal com mais um templo magnífico.

                                    Aspectos externos da capela do CIC

Fonte: Google Earth,2019.


                                      Aspectos internos da capela do CIC

Fonte: Google Earth, 2019.

       A cerimônia da benção da nova capela foi realizada pelos padres salesiano.A inauguração foi solenemente oficializada pelo arcebispo Dom Marcolino em missa festiva, dando por inaugurada a igreja. (A ORDEM, 09/12/1952, p.4).

O fim de uma história
O Colégio Imaculada Conceição de Natal encerrou suas atividades  em 2012 quando já contava 112 anos de história, em 2015, a sede do CIC foi comprada pela UNIFACEX, que após uma reforma procurou deixar a estrutura original do CIC.

Fachada do antigo CIC na avenida Deodoro (atual Unifacex)

Fonte: Google Earth, 2019.

lateral do antigo do CIC pela rua Ulisses 
                                                            Fonte: Google Earth, 2019.

Efeméride
         Dentre a plêiade da fina flor da sociedade potiguar que transpôs os umbrais do antigo CIC uma foi a poetisa Palmira Wanderley que ali fez seus estudos primários.



[1] A época o Rio Grande do Norte pertencia eclesiasticamente ao bispado da Paraíba.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

O COLÉGIO SANTA ÁGUEDA DE CEARÁ-MIRIM



         O Colégio Santa Águeda de Ceará-Mirim é uma tradicional instituição de ensino católica sediada naquela cidade, tendo sido idealizada ainda em fins do século XIX para o ensino da elite canavieira do vale do Ceará-Mirim mas que só foi concretizado em 1937.
         Eis a seguir um recorte historiográfico sobre esse estabelecimento de ensino católico.
Uma comissão foi composta pelo cônego Celso Cicco, vigário da freguesia, Sr. Mirabeau da Cunha Melo, prefeito, mons. João da Mata Paiva, governador interino e do Dr. José Emereciano, promotor público. (A ORDEM, 11/11/1936, p.4).
         Essa comissão esteve na residência episcopal e conferencia com o bispo diocesano dom Marcolino Dantas para tratar da fundação de um colégio para meninas na cidade de Ceará-Mirim sob a direção de religiosas.
         A comissão a cima citada levou ainda ao conhecimento do bispo que o Sr. Onofre Soares ofereceu o seu confortável palacete situado na praça da matriz para servir de sede temporária para o referido colégio com capacidade para alojar no mínimo 70 internas.

                           Primeira sede do Colégio Santa Águeda
Fonte: Google Earth, 2019.

         Dom Marcolino Dantas se solidarizou com os promotores da fundação de um colégio para meninas, velha e justa aspiração do povo católico da terra dos verdes canaviais e prometeu que entraria em entendimento em Recife com as autoridades competentes.
         A inauguração do colégio para meninas sob a direção a proteção de Santa Agueda, primeira padroeira de Ceará-Mirim, estava dependente apenas da vinda das religiosas educadoras.
     Na primeira semana de dezembro de 1936 chegaram a Ceará-Mirim as irmãs franciscanas Maria do Socorro e Maria Francisca que foram até a cidade tratar das primeiras providencias para a inauguração do Colégio Santa Águeda, cujo ato se realizaria no dia 01/03/1937.
      Segundo o jornal A Ordem “as piedosas filhas de São Francisco colheram ótima impressão do prédio em que funcionará o colégio,e do povo que as acolheu com visíveis demonstrações de simpatia”.
         A chegada das irmãs muitas famílias e cavalheiros, inclusive o sr. Mirabeau Melo, então prefeito do município, lhes prestaram na estação da EFCRGN os cumprimentos de boas-vindas.
         Conforme se lia no jornal A Ordem ‘ o Sr. Bispo  D. Marcolino  Dantas foi muito feliz na escolha das religiosas para dirigirem mais um educandário para meninas na sua diocese”.( A ORDEM,17/12/1936,p.1).
         O Colégio Santa Águeda contava com o irrestrito do povo de Ceará-Mirim,do bispo diocesano, do governador do Estado, do prefeito municipal e do vigário da freguesia.
         O colégio teria além de um curso primário e jardim de infância, o curso secundário compreendendo o comercial e normal, recebendo internas, semi-internas e externas.
         As religiosas da Ordem de São Francisco tinha seu noviciado na florescente cidade de Palmares-PE, onde mantinham o Colégio Nossa Senhora das Neves, há anos equiparada a Escola Normal do Estado, o Colégio Santa Teresinha, em Catende-PE, o Colégio de Nossa Senhora do Bom Conselho, na cidade homônima e diversos outros.
         Muitas famílias já haviam pedido os estatutos do Colégio Santa Águeda para apreciar.
         Dentro em breve chegaria a cidade a madre provincial das irmãs franciscanas.
Enquanto isso na cidade de Ceará-Mirim estavam sendo ultimados os trabalhos de remodelação no palacete situado a praça da matriz, gentilmente cedido pelo proprietário o Sr. Onofre Soares Junior para funcionar o Colégio Santa Agueda.
         Esse educandário feminino que seria dirigido pelas franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho, funcionaria com internato, semi-internanto, externato, ministraria os seguintes cursos: jardim de infância, curso primário, comercial, normal, curso particular e especial de trabalho de agulha, bordado a máquina, pintura, música, línguas e artes culinária.
         A chegada das primeiras irmãs que fundariam o Colégio Santa Águeda a Ceará-Mirim estava sendo prevista para dia 30/03/1937 acompanhadas da Superiora Geral que viria assistir a inauguração do Colégio cujo ato se daria no dia 06/104/1937. (A ORDEM, 20/03/1937, p.1).
         A baixo a primeira propaganda do Colégio Santa Águeda publicada no jornal A Ordem em 1937.

Fonte: A Ordem, 20;03/1937,p.4


      O decreto de criação do Colégio Santa Águeda
Eis a seguir o decreto de criação do Colégio Santa Águeda conforme exposto no jornal A Ordem (14/04/1937, p.1):

DECRETO DA CRIAÇÃO DO COLÉGIO SANTA AGUEDA
D. MARCOLINO E. S. DANTAS
         Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica Bispo de Natal, etc.
         Aos que o presente Decreto virem paz e benção do Senhor.
      Considerando que é assaz justa a aspiração do povo católico do Município e da Paróquia de Ceará-Mirim, desta nossa Diocese de Natal, e que Nos foi endereçada pelos seus altos representantes, no sentido da criação de um Colégio com direção religiosa, na sede da Paróquia e Município,para o sexo feminino; e considerando que  a difusão dos princípios básico da instrução aliada a uma aprimorada educação, é condição precípua para o alevantamento do nível social de um povo, avultando, grandemente, na formação dos futuros elementos continuadores de sua vida; e pro todos os motivos que concorrem, implicitamente, para a realização desse ideal – Nós, por Nossa Autoridade Diocesana, Havemos por bem criar, na Cidade de Ceará-Mirim, um Colégio Católico, sob a direção de Religiosas,que ficará subordinado a Nossa Jurisdição, e que será denominado, para os efeitos religiosos e civis “COLÉGIO SANTA AGUEDA”.Dado nesta Episcopal Cidade de Natal, sob o Sinal de Nossa Armas, aos 26 de novembro de 1936.
+MARCOLINO, bispo de Natal.

Sobre a inauguração
         No dia 10/04/1937 foi solenemente inaugurado o Colégio Santa Águeda de Ceará-Mirim sob a direção das religiosas Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho.
         O prefeito Mirabeau Melo contribuiu grandemente para esse grande empreendimento.O governador interino, monsenhor João da Mata, presidiu a solenidade da inauguração.
         A nova casa de instrução estava situada a praça da matriz. O cônego Celso Cicco celebrou no mesmo dia a missa em ação de graças. Realizaram-se na cidade várias festividades em regozijo pelo novo educandário. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 14/04/1937, p.12).
Sobre a inauguração escreveu o jornal A Ordem: ”a cidade de Ceará-Mirim está em festas em virtude da inauguração, hoje, do Colégio Santa Agueda, criado pela Autoridade Diocesana com a coadjuvação do Vigário e do Prefeito locais” (A ORDEM, 14/04/1937,p.1).
         A superiora do Colégio Santa Águeda, irmã Maria Gabriela, enviou o seguinte oficio a redação do jornal A Ordem (30/04/1937,p.1):

         Ceará-Mirim, 25 de abril de 1937
         Ilmo Sr. Diretor de A ORDEM.
         Tenho a honra de comunicar-vos que, aos quatorze dias do mês de abril do corrente, sob a presidência do Exmo., e Revmo. Mons João da Mata Paiva, Presidente da Assembleia Legislativa no exercício de Governador, presentes o representante do Sr. Bispo de Natal, autoridades estaduais, municipais, representantes do Clero, inúmeras famílias e cavalheiros da sociedade local, foi inaugurado o Colégio Santa Agueda, desta Cidade, criado por Decreto Diocesano de 26 de novembro do ano passado e dirigido pelas religiosas Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho.
         Tratando-se de um Educandário destinado a formação intelectual, moral e espiritual da mulher brasileira, a sua Diretoria espera merecer todo o vosso apoio, que, certo, não lhe faltará.
         São Francisco vos guarde.
Irmã Maria Gabriela
Superiora.


O encerramento do primeiro ano letivo
Da superiora do Colégio Santa Águeda a Ordem Recebeu o seguinte convite:
         A Superiora do Colégio “Santa Águeda” tem a honra de convidar a V. Excia., e Exma Familia para assistirem o festival de enceramento do ano letivo cujo ato realizar-se-á no dia 28 de corrente, as 14 horas, e visitarem a exposição de trabalhos nos dias 26, 27 e 28 de 9 as 11 e de 14 as 17 hs. (A ORDEM, 19/11/1937, p.1).
No encerramento do ano letivo foi organizada festividade naquele estabelecimento cujo culminância foi a exposição dos trabalhos das alunas,a qual causou ótima impressão a todos quantos a visitaram.
         A festa foi presidida pelo cônego Amâncio Ramalho, diretor do Departamento de Educação. (A ORDEM, 28/11/1937, p.4).

Sobre a festividade do encerramento do ano letivo de 1937
         O Colégio Santa Águeda, de Ceará-Mirim, firmou seu o seu conceito na cidade vizinha e em todo Estado.As Irmãs Franciscanas têm demonstrado excelente vocação para os misteres do ensino.Os pais das alunas e as autoridades públicas são unânimes em louvar a abnegação e competência das dignas Irmãs.
          A festa do encerramento do ano letivo naquele estabelecimento, realizada no dia 28/11/1937, revelou mais uma qualidade do Colégio.O programa executado pela alunas agradou a todos.Foi levado a cena o lindo drama “Isabel da Turíngia”, além de interessantes esquetes.A comédia “ A Normalista” foi muito apreciada.O bailado infantil “ As Sombrinhas” foi lindo número.
         “O Anjo da Guarda” constituiu uma nota de especial relevo, dificilmente se poderia obter melhor.Todos enfim se desempenharam com naturalidade em seus papéis.
          Nos intervalos as alunas Lourdes e Ana Maria Cavalcanti executaram com maestria um esplendido repertório.
         O cônego Amâncio Ramalho, diretor do Departamento de Educação que presidiu a festividade, encerrou a mesma com um brilhante improviso.
A exposição
         A exposição dos trabalhos do Colégio Santa Águeda foi outra agradável surpresa. Dir-se-ia uma exposição da capital, num dos melhores Colégios de nome já feito.
         O salão estava literalmente cheio de lindos trabalhos.Mais parecia uma vitrine do que  um salão.Tendo: pinturas, jarrões, pintura em vidro, almofadas, serviços de chá, toalhados, flores artificiais, aquarelas,etc.Trabalho a seda em linho, seda estampada, cetim e veludo pintados, seda e veludo aplicados, ponto em cruz, em Richelieu, bordados a ponto e a máquina, trabalhos em lã, etc.
         Entre as almofadas se destacaram as de Lenis Barreto, Lucinha e Alzira de Sá, Maria Rosa, Alexandrian, Yaponira Rodrigues, Neusa Gesteira, Cora Soares e Carmelita Barreto.
         Entre os trabalhos de agulha: Lenis Barreto,Lourdes Guedes, Lucy Câmara, Cordélia Soares e Alzira Sá.
         Cestas de flores aritificiais: Cordélia soares, Izú Fernandes Dantas, Alice Soares e Cesária Mato.
         Pintura: Carmélia Barreto, Maria Emereciano, Neusa Sobral e Lourdes Maia.
         Estiveram presentes as autoridades locai, o Vigário Cônego Celso Cicco, o prefeito Mirabeau Melo e Luiz Wanderley, famílias e cavalheiros. (A ORDEM, 01/12/1937, p.1).

A biblioteca Pio XI
         No dia 31/05/1939 foi inaugurada num dos salões do Colégio Santa Águeda a biblioteca Pio XI promovida pela Juventude Feminina Católica em organização na paróquia de Ceará-Mirim.
         Segundo o jornal A Ordem esta inauguração foi revestida da maior solenidade, constando de conferencias, cantos, declamações,  nas quais tomaram parte as sócias estagiárias.
         Compareceram a festividade o cônego Celso Cicco, pe. Pedro Rebouça, capelão do Colégio Santa Águeda e o venerando frei Agatangelo.
         Nesta ocasião, cheio de entusiasmo e com palavras de estimulo, fez um brilhante discurso, alusivo ao ato, o Cônego Celso Cicco, Vigário da freguesia. Estiveram presente também várias famílias da sociedade local. (A ORDEM, 11/06/1939,p.1). 

Prédio atual do Colégio Santa Águeda  a partir da década de 1940

Fonte: Google Earth, 2019.

                       Parte interna e claustro do Colégio Santa Águeda
Fonte: Colégio Santa Águeda.


Colação de grau do Colégio Santa Águeda de 1940
         Em 1940 o Colégio Santa Águeda de Ceará-Mirim diplomou mais uma turma de professoras, realizando-se a solenidade da colação de grau as 16h00 no dia 24/11/1940.
         As professorandas do ano em curso que colaram grau foram: Maria de Lourdes Moura, Maria Lenir Barreto, Ana Maria Dantas, Maria Auxilaidora Cabral, Elsa Câmara de França, Neusa Gesteira, Albanisa Cerqueira e Alaíde Gesteira (A ORDEM, 16/11/1940, p.4).

Na atualidade
         O Colégio Santa Águeda continua exercendo suas atividades educacionais sob a orientação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho na cidade de Ceará-Mirim.





quinta-feira, 23 de maio de 2019

SOBRE K-XIMBINHO E A REPERCUSSÃO APÓS SHOW NO COPACABANA PALACE


O  conjunto dirigido por K-Ximbinho, denominado “jazzstars”, vinha a cada dia despertando o interesse da crítica especializada.Em concertos realizados em 1956, no Copacabna Palace e , depois, no Teatro Municipal, o conjunto se  houve maneira satisfatória apresentando diversos estilos jazzisticos.
         Por essa ocasião o conjunto recebeu referencias elogiosas de muitos jornais, como Folha da Tarde e O Globo, onde Túlio Cardoso alongou-se em considerações entusiásticas sobre o conjunto em apreço.

                                                    K-Ximbinho
Fonte: A Cigarra, 1956,p.117.

         A imprensa em geral, não deixou de registrar, no Brasil, a existência do conjunto qu e era  uma transplantação da West Coast School, dos EUA, a qual estavam ligados músicos de renome internacional a época, como Short Rogers, Carry Mullingan, Chet Bach e muitos outros.
         Os “jazztars” compunham-se de um sax-barítono, sax-tenor, sax-alto, trompa, oboé, piston e contra-baixo.A supressão do piano constituiu a nota diferente do conjunto, sendo também singular a existência como já ficou dito a cima, de instrumentos como trompa e oboé, próprios das orquestras sinfônicas.

Músico desde criança
         Para apresentar K-Ximbinho aos leitores temos que retroceder no tempo e dizer que desde os 10 anos, na qualidade de pequeno precoce, Sebastião Barros ( K-Ximbinho, a alcunha foi-lhe atribuída nos meios musicais no Rio de Janeiro) já interpretava com maestria seu clarinete, fazendo parte de um bandinha de música na cidade de Taipu.
         Aos 12 anos de idade, K-Ximbinho se mudou com a família para a capital potiguar ai ingressando na Banda de Musica dos Escoteiros do Alecrim, desde logo chamando a atenção dos entendidos para a excelente execução do seu clarinete.
         Tempos depois, quando serviu o exército durante 3 anos, foi um dos músicos mais acatados da corporação.Em 1957, foi contratado pelo governo da Paraíba, passando a integrar a orquestra da Rádio Tabajara, quando então começou a viver como músico profissional.
         Na qualidade de compositor que também era, K-Ximbinho representava um dos mais destacados valores da nova geração.O choro “Sonoroso” foi interpretado e  gravado por Ademilde Fonseca, sua conterrânea potiguar, com a Orquestra Tabajara, na gravadora Continental na qual marcou época.Outras composições suas foram “Sonhando”, “Mais uma Vez”, “Sempre”, Meiguice” e em LP pela Polidor “Penumbra” e “Teleguiado”.
     Contratado pela Polidor a fim de gravar com o “jazzstars” músicas de todos os ritmos.Juntamente com o maestro Kolleuter, fez um curso de harmonia superior e contraponto, o que o ajudou bastante a projetar-lhe o nome como orquestrador.O maestro Kollreuter, era o o lente da cadeira de harmonia da Universidade da Bahia e maestro de renome internacional.

Jazz moderno no Brasil
         K-Ximbinho deu entrevista ao jornal A Tarde em 1958 e  na sua opinião, o melhor chefe de orquestra do Brasil era Severino Araújo, sendo a Tabajara, a mais eficiente de todas.Pronunciando-se sobre o ritmo jazz, citava ele como elementos de primeira Paulo moura, clarinetista, Donato, pianista,os dois irmãos Maciel como trombonista, José (Bodega) Araújo, irmão de Severino, como sax-tenor, Vidal e Jorge Marinho, contrabaixistas.
         -O ambiente de jazz no Brasil, disse K-Ximbinho, embora ainda em periodo embrionário, está bem melhor.Também a perceptividade do que fazemos aqui é bem maior do que de tempos atrás.Basta dizer que, por ocasião do concerto que realizamos no Copacabana Palace foi gravado um disco, o qual pouco mais tarde, recebeu palavras de elogio de famoso crítico da revista “Metronome”, principalmente sobre a parte orquestral.note-se que a publicação em referencia é especializada em jazz.
         -Também o gosto de público brasileiro pelo jazz, é cada vez maior, disse K-Ximbinho.
         Sobre sua atuação no rádio, disse K-Ximbinho ser regular e completou:
-A atual Rainha do Rádio, Julie Joy, por exemplo, já fez parte do conjunto quando de nossa apresentação no Copacabana Palace.Também na Rádio Nacional, Joy colaborou conosco até que o nosso horário foi preenchido com uma novela.Uma pena é que ainda não tenha um patrocinador no Rio para podermos nos apresentar através da televisão conforme está acontecendo em São Paulo.

                         Conjunto criado por K-Ximbinho
Fonte: Cena Muda, 29/11/1949,p.29.

Os elementos do ‘jazzstars’
-Pode-se dizer que reuni a nata dos músico, declarou K-Ximbinho, escolhendo para o conjunto o contrabaixista Vidal, o melhor em seu instrumento no ano de 1955, o sax-barítono Aurino, também classificado o melhor de 1956 e 1957, sax-tenor Juarez, sax alto Paulo Moura, trompetista Ary, pistonista Luiz Mendes e Keller, no oboé, o baterista era Paulinho.

Fonte: A Tarde, 05/05/1958, p.5.

Efeitos de grande orquestra
         O que distinguia o conjunto de jaz organizado por K-Ximbinho, era sem dúvida alguma o de ter conseguido efeitos de grande orquestra com apenas 8 instrumentistas.
         Sobre os mestres que lhe serviam de modelo, K-Ximbinho disse que eram os mesmos utilizados pelos chefes de orquestras americanos: Hidimith, Schoemberg e Strasvinsky. O jazz, era segundo K-Ximbinho, a improvisação de um tema e a música erudita moderna era a grande inspiradora dos jazzistas daquela época.K-Ximbinho falou entusiasmado de Beethoven e Wagner.

Fonte: A Tarde, 05/05/1958, p.5.

                       Uma composição de K-Ximbinho
                                                                       Fonte: Cena Muda, 29/11/1949, p.29.

SOBRE AS OBRAS DA ESTRADA DE FERRO NATAL A NOVA A CRUZ



      Segundo publicado jornal Rio Grande do Norte e republicada no Jornal do Recife continuavam com atividade os trabalhos da ferrovia do Natal a Nova Cruz, cujos trilhos se estendiam até próximo do Pitimbu e o leito preparado até Cajupiranga.
         O empreiteiro geral confiava que até o fim do mês de abril a linha chegaria até São José de Mipibu e que em pouco mais de um ano terminaria os trabalhos de toda a ferrovia.
        Já o jornal Liberal dizia que a empresa vinha sendo auxiliada por aqueles que amavam sinceramente o desenvolvimento da província potiguar e a não serem uma duas pequenas questões ,  poderia se dizer que a ferrovia seria levada a efeito sem que sobre indenizações por terreno ocupados se levantassem reclamações sérias.
       O jornal citava o nome dos 21 proprietários e senhores de engenho, por cujos terrenos passaria a ferrovia, e cederam de graça o espaço preciso para o leito da mesma, louvando-os por este ato.
No dia 06/03/1880 o Correio de Natal registrou que o presidente da província acompanhado do Srs. Chefe de policia, engenheiro Jason Rigby e suas respectivas famílias, o engenheiro fiscal, engeheiro de telégrafos, inspetor da tesouraria, empreiteiro geral e outros cavaleiros, fizeram uma excursão aos locais dos trabalhos da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, percorrendo a extensão de mais de 5 km. As 17h00 daquele dia partiram das oficinas da empresa a locomotiva “João Manoel de Carvalho” puxando um carro de lastro convenientemente preparado e aonde iam o presidente da província e a comitiva.
     O trem percorreu toda essa extensão perfeitamente bem, subindo com facilidade a forte rampa do Refoles e parando muito além do cruzamento da linha com a estrada do
Guarapes. Depois de uma pequena demora nesse ponto, regressou o trem para as oficinas na Ribeira.
    Em outro dia o presidente faria a mesma viagem de inspeção até o Pitimbú, onde lá examinaria os trabalhos, que estavam bem adiantados e iam muito além desse rio nas proximidades de Cajupiranga. (JORNAL DO RECIFE, 29/03/1880,p.2).