quinta-feira, 23 de maio de 2019

SOBRE K-XIMBINHO E A REPERCUSSÃO APÓS SHOW NO COPACABANA PALACE


O  conjunto dirigido por K-Ximbinho, denominado “jazzstars”, vinha a cada dia despertando o interesse da crítica especializada.Em concertos realizados em 1956, no Copacabna Palace e , depois, no Teatro Municipal, o conjunto se  houve maneira satisfatória apresentando diversos estilos jazzisticos.
         Por essa ocasião o conjunto recebeu referencias elogiosas de muitos jornais, como Folha da Tarde e O Globo, onde Túlio Cardoso alongou-se em considerações entusiásticas sobre o conjunto em apreço.

                                                    K-Ximbinho
Fonte: A Cigarra, 1956,p.117.

         A imprensa em geral, não deixou de registrar, no Brasil, a existência do conjunto qu e era  uma transplantação da West Coast School, dos EUA, a qual estavam ligados músicos de renome internacional a época, como Short Rogers, Carry Mullingan, Chet Bach e muitos outros.
         Os “jazztars” compunham-se de um sax-barítono, sax-tenor, sax-alto, trompa, oboé, piston e contra-baixo.A supressão do piano constituiu a nota diferente do conjunto, sendo também singular a existência como já ficou dito a cima, de instrumentos como trompa e oboé, próprios das orquestras sinfônicas.

Músico desde criança
         Para apresentar K-Ximbinho aos leitores temos que retroceder no tempo e dizer que desde os 10 anos, na qualidade de pequeno precoce, Sebastião Barros ( K-Ximbinho, a alcunha foi-lhe atribuída nos meios musicais no Rio de Janeiro) já interpretava com maestria seu clarinete, fazendo parte de um bandinha de música na cidade de Taipu.
         Aos 12 anos de idade, K-Ximbinho se mudou com a família para a capital potiguar ai ingressando na Banda de Musica dos Escoteiros do Alecrim, desde logo chamando a atenção dos entendidos para a excelente execução do seu clarinete.
         Tempos depois, quando serviu o exército durante 3 anos, foi um dos músicos mais acatados da corporação.Em 1957, foi contratado pelo governo da Paraíba, passando a integrar a orquestra da Rádio Tabajara, quando então começou a viver como músico profissional.
         Na qualidade de compositor que também era, K-Ximbinho representava um dos mais destacados valores da nova geração.O choro “Sonoroso” foi interpretado e  gravado por Ademilde Fonseca, sua conterrânea potiguar, com a Orquestra Tabajara, na gravadora Continental na qual marcou época.Outras composições suas foram “Sonhando”, “Mais uma Vez”, “Sempre”, Meiguice” e em LP pela Polidor “Penumbra” e “Teleguiado”.
     Contratado pela Polidor a fim de gravar com o “jazzstars” músicas de todos os ritmos.Juntamente com o maestro Kolleuter, fez um curso de harmonia superior e contraponto, o que o ajudou bastante a projetar-lhe o nome como orquestrador.O maestro Kollreuter, era o o lente da cadeira de harmonia da Universidade da Bahia e maestro de renome internacional.

Jazz moderno no Brasil
         K-Ximbinho deu entrevista ao jornal A Tarde em 1958 e  na sua opinião, o melhor chefe de orquestra do Brasil era Severino Araújo, sendo a Tabajara, a mais eficiente de todas.Pronunciando-se sobre o ritmo jazz, citava ele como elementos de primeira Paulo moura, clarinetista, Donato, pianista,os dois irmãos Maciel como trombonista, José (Bodega) Araújo, irmão de Severino, como sax-tenor, Vidal e Jorge Marinho, contrabaixistas.
         -O ambiente de jazz no Brasil, disse K-Ximbinho, embora ainda em periodo embrionário, está bem melhor.Também a perceptividade do que fazemos aqui é bem maior do que de tempos atrás.Basta dizer que, por ocasião do concerto que realizamos no Copacabana Palace foi gravado um disco, o qual pouco mais tarde, recebeu palavras de elogio de famoso crítico da revista “Metronome”, principalmente sobre a parte orquestral.note-se que a publicação em referencia é especializada em jazz.
         -Também o gosto de público brasileiro pelo jazz, é cada vez maior, disse K-Ximbinho.
         Sobre sua atuação no rádio, disse K-Ximbinho ser regular e completou:
-A atual Rainha do Rádio, Julie Joy, por exemplo, já fez parte do conjunto quando de nossa apresentação no Copacabana Palace.Também na Rádio Nacional, Joy colaborou conosco até que o nosso horário foi preenchido com uma novela.Uma pena é que ainda não tenha um patrocinador no Rio para podermos nos apresentar através da televisão conforme está acontecendo em São Paulo.

                         Conjunto criado por K-Ximbinho
Fonte: Cena Muda, 29/11/1949,p.29.

Os elementos do ‘jazzstars’
-Pode-se dizer que reuni a nata dos músico, declarou K-Ximbinho, escolhendo para o conjunto o contrabaixista Vidal, o melhor em seu instrumento no ano de 1955, o sax-barítono Aurino, também classificado o melhor de 1956 e 1957, sax-tenor Juarez, sax alto Paulo Moura, trompetista Ary, pistonista Luiz Mendes e Keller, no oboé, o baterista era Paulinho.

Fonte: A Tarde, 05/05/1958, p.5.

Efeitos de grande orquestra
         O que distinguia o conjunto de jaz organizado por K-Ximbinho, era sem dúvida alguma o de ter conseguido efeitos de grande orquestra com apenas 8 instrumentistas.
         Sobre os mestres que lhe serviam de modelo, K-Ximbinho disse que eram os mesmos utilizados pelos chefes de orquestras americanos: Hidimith, Schoemberg e Strasvinsky. O jazz, era segundo K-Ximbinho, a improvisação de um tema e a música erudita moderna era a grande inspiradora dos jazzistas daquela época.K-Ximbinho falou entusiasmado de Beethoven e Wagner.

Fonte: A Tarde, 05/05/1958, p.5.

                       Uma composição de K-Ximbinho
                                                                       Fonte: Cena Muda, 29/11/1949, p.29.

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