O conjunto dirigido por K-Ximbinho, denominado “jazzstars”,
vinha a cada dia despertando o interesse da crítica especializada.Em concertos
realizados em 1956, no Copacabna Palace e , depois, no Teatro Municipal, o conjunto
se houve maneira satisfatória apresentando
diversos estilos jazzisticos.
Por
essa ocasião o conjunto recebeu referencias elogiosas de muitos jornais, como
Folha da Tarde e O Globo, onde Túlio Cardoso alongou-se em considerações
entusiásticas sobre o conjunto em apreço.
K-Ximbinho
Fonte: A Cigarra, 1956,p.117. |
A
imprensa em geral, não deixou de registrar, no Brasil, a existência do conjunto
qu e era uma transplantação da West Coast
School, dos EUA, a qual estavam ligados músicos de renome internacional a
época, como Short Rogers, Carry Mullingan, Chet Bach e muitos outros.
Os
“jazztars” compunham-se de um sax-barítono, sax-tenor, sax-alto, trompa, oboé,
piston e contra-baixo.A supressão do piano constituiu a nota diferente do
conjunto, sendo também singular a existência como já ficou dito a cima, de
instrumentos como trompa e oboé, próprios das orquestras sinfônicas.
Músico desde criança
Para
apresentar K-Ximbinho aos leitores temos que retroceder no tempo e dizer que
desde os 10 anos, na qualidade de pequeno precoce, Sebastião Barros ( K-Ximbinho,
a alcunha foi-lhe atribuída nos meios musicais no Rio de Janeiro) já
interpretava com maestria seu clarinete, fazendo parte de um bandinha de música
na cidade de Taipu.
Aos
12 anos de idade, K-Ximbinho se mudou com a família para a capital potiguar ai
ingressando na Banda de Musica dos Escoteiros do Alecrim, desde logo chamando a
atenção dos entendidos para a excelente execução do seu clarinete.
Tempos
depois, quando serviu o exército durante 3 anos, foi um dos músicos mais
acatados da corporação.Em 1957, foi contratado pelo governo da Paraíba,
passando a integrar a orquestra da Rádio Tabajara, quando então começou a viver
como músico profissional.
Na
qualidade de compositor que também era, K-Ximbinho representava um dos mais destacados
valores da nova geração.O choro “Sonoroso” foi interpretado e gravado por Ademilde Fonseca, sua conterrânea
potiguar, com a Orquestra Tabajara, na gravadora Continental na qual marcou
época.Outras composições suas foram “Sonhando”, “Mais uma Vez”, “Sempre”, Meiguice”
e em LP pela Polidor “Penumbra” e “Teleguiado”.
Contratado
pela Polidor a fim de gravar com o “jazzstars” músicas de todos os ritmos.Juntamente
com o maestro Kolleuter, fez um curso de harmonia superior e contraponto, o que
o ajudou bastante a projetar-lhe o nome como orquestrador.O maestro Kollreuter,
era o o lente da cadeira de harmonia da Universidade da Bahia e maestro de
renome internacional.
Jazz moderno no Brasil
K-Ximbinho deu entrevista ao
jornal A Tarde em 1958 e na sua opinião, o melhor chefe de
orquestra do Brasil era Severino Araújo, sendo a Tabajara, a mais eficiente de
todas.Pronunciando-se sobre o ritmo jazz, citava ele como elementos de primeira
Paulo moura, clarinetista, Donato, pianista,os dois irmãos Maciel como
trombonista, José (Bodega) Araújo, irmão de Severino, como sax-tenor, Vidal e
Jorge Marinho, contrabaixistas.
-O
ambiente de jazz no Brasil, disse K-Ximbinho, embora ainda em periodo
embrionário, está bem melhor.Também a perceptividade do que fazemos aqui é bem
maior do que de tempos atrás.Basta dizer que, por ocasião do concerto que
realizamos no Copacabana Palace foi gravado um disco, o qual pouco mais tarde,
recebeu palavras de elogio de famoso crítico da revista “Metronome”,
principalmente sobre a parte orquestral.note-se que a publicação em referencia
é especializada em jazz.
-Também
o gosto de público brasileiro pelo jazz, é cada vez maior, disse K-Ximbinho.
Sobre
sua atuação no rádio, disse K-Ximbinho ser regular e completou:
-A atual Rainha do Rádio, Julie
Joy, por exemplo, já fez parte do conjunto quando de nossa apresentação no Copacabana
Palace.Também na Rádio Nacional, Joy colaborou conosco até que o nosso horário
foi preenchido com uma novela.Uma pena é que ainda não tenha um patrocinador no
Rio para podermos nos apresentar através da televisão conforme está
acontecendo em São Paulo.
Conjunto criado por K-Ximbinho
Fonte: Cena Muda, 29/11/1949,p.29. |
Os elementos do ‘jazzstars’
-Pode-se dizer que reuni a nata
dos músico, declarou K-Ximbinho, escolhendo para o conjunto o contrabaixista
Vidal, o melhor em seu instrumento no ano de 1955, o sax-barítono Aurino, também
classificado o melhor de 1956 e 1957, sax-tenor Juarez, sax alto Paulo Moura,
trompetista Ary, pistonista Luiz Mendes e Keller, no oboé, o baterista era
Paulinho.
Fonte: A Tarde, 05/05/1958, p.5. |
Efeitos de grande orquestra
O
que distinguia o conjunto de jaz organizado por K-Ximbinho, era sem dúvida
alguma o de ter conseguido efeitos de grande orquestra com apenas 8
instrumentistas.
Sobre
os mestres que lhe serviam de modelo, K-Ximbinho disse que eram os mesmos
utilizados pelos chefes de orquestras americanos: Hidimith, Schoemberg e
Strasvinsky. O jazz, era segundo K-Ximbinho, a improvisação de um tema e a
música erudita moderna era a grande inspiradora dos jazzistas daquela época.K-Ximbinho
falou entusiasmado de Beethoven e Wagner.
Fonte:
A Tarde, 05/05/1958, p.5.
Uma composição de K-Ximbinho
Fonte: Cena Muda, 29/11/1949, p.29.
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