terça-feira, 2 de março de 2021

A ELEVAÇÃO A CATEGRORIA DE CIDADE DA VILA DE TAIPU #TAIPU130ANOS #14

 

O final da década de 1930 foi marcado no município de Taipu pela elevação da vila a categoria de cidade em virtude do Decreto estadual nº 457 de 23 de março de 1938 e cuja instalação ocorreu em 01/05/1938.

O decreto ainda determinava que o município enviasse a secretaria de estado o mapa do município contendo inclusive as plantas das áreas urbanas e suburbanas, as quais deveriam conter a delimitação dessas áreas, que deveriam ser identificadas por linhas naturais ou retas facilmente identificáveis no terreno.

Segundo o determinado pelo serviço de estatística nacional, para ser considerado área urbana o local deveria conter ao menos 200 residências no perímetro traçado para a área urbana (A ORDEM, 1938, p.2).

      A solenidade de instalação da cidade de Taipu contou com o comparecimento de todas as autoridades locais e grande número de pessoas gradas tendo sido iniciada as 13h00 no edifício da prefeitura sob a direção do prefeito Rosendo Leite.

     Após a solenidade de instalação seguiu-se a inauguração do salão nobre da prefeitura, do retrato oficial do presidente da República, Getúlio Vargas, oferecido pelo Serviço de Divulgação da Chefia de Policia do Distrito Federal (A ORDEM, 07/05/1938, p.2).

      Na ocasião serviu de oradora oficial dona Nair Trindade de Morais, diretora do Grupo Escolar Joaquim Nabuco, cujo discurso foi muito aplaudido. Em seguida foi oferecido aos presentes um copo de cerveja, terminando a festa na mais perfeita cordialidade. (A ORDEM, 07/05/1938, p.2).

Casario antigo da rua em frente a igreja matriz em Taipu.

Nesta outra imagem se tem ideia de como eram as casas antigas de do centro de Taipu


O que mudou?

     A elevação a categoria de cidade muito pouco mudou o estado de coisas para Taipu, na prática só ocorreu a mudança de nomenclatura, pois a sede municipal permanecia tal e qual a vila da época da emancipação politica, tendo poucos progressos materiais e aumento significativo na urbanização.

     Na década de 1930 não houve a realização do Censo pelo governo federal, mas o Departamento Estadual de Estatísticas do Governo do Estado estimou em cerca de 11 mil habitantes a população do município de Taipu, dos quais pouco mais de mil estavam na zona urbana.

     A agora cidade de Taipu tinha ainda seu casario antiquado segundo o jornal A Ordem, sendo a iniciativa de se colocar platibandas nas residências do prefeito João Eustáquio de Castro para dá uma ideia de melhoramento estético nas residências. Não havia praça, cinemas, pousada, monumento artístico nem atrativo turístico que despertasse o interesse de algum visitante que passasse pela cidade nos trens da EFCRGN, principal meio de ligação da cidade com a Capital e demais cidade do interior cortados pela linha da referida ferrovia.

Nesta imagem se tem ideia de casas antigas em Taipu.
Atualmente é a rua Sebastião Dias da Silva.


       A baixo exemplos de casas antigas em Taipu muitas do inicio do século XX que foram ao longo do tempo modificadas ou substituídas pelas "modernas".













     O único evento de relevância na cidade era a festa da padroeira, Nossa Senhora do Livramento, que por meio da divulgação no jornal A Ordem, pertencente a diocese de Natal, fazia a divulgação da festa para atrair visitantes tanto a parte religiosa como na parte social, sendo a festa celebrada geralmente na última semana de novembro.

       A EFCRGN colocava a disposição do público um trem especial de recreio que partindo de Natal se destinava a Taipu para levar os interessados em participar do encerramento da festa da padroeira. Era esse dia muito festejado por meio de celebrações e a procissão ao final da missa solene, realizada ainda durante o dia, pois não havia energia elétrica na cidade, assim como na igreja matriz, o qual para serem realizadas os atos religiosos era aproveitado ao máximo a luz do dia.

        No ano de 1938 a festa foi adiada devido ao falecimento inesperado e prematuro de Enéas Leite da Fonseca, filho do prefeito Rosendo Leite, pessoa bem quista na cidade, tendo sido seu falecimento muito sentido pelos moradores. Era o prefeito também o presidente da comissão da parte social da festa da padroeira.

Barraca social da festa da padroeira de Taipu na década de 1940.



segunda-feira, 1 de março de 2021

SOBRE ACONTECIMENTOS EM TAIPU ENTRE 1936 E 1937 #TAIPU130ANOS #13

 

Ainda em 1936 foi publicada a nomeação da agente postal Lindalva Ferreira da Cruz para a agência dos correios de Taipu (JORNAL DO BRASIL, 14/10/1936, p.8).

Em 18/09/1937 Rosendo Leite da Fonseca assumiria para mais um mandato o cargo de prefeito de Taipu conforme se lia no comunicado expedido pelo mesmo ao jornal a Ordem dando ciência de sua posse como prefeito constitucional de Taipu.

Fonte: jornal A Ordem, 18/09/1937.

Em dezembro daquele ano o prefeito Rosendo Leite da Fonseca, baixou uma portaria proibindo as feiras no município aos domingos. Segundo o jornal A Ordem esse ato do prefeito de Taipu era uma gesto que precisava ser destacado, pois “representa uma alta compreensão da necessidade de respeitar os sentimentos religiosos do nosso povo” (A ORDEM, 24/12/1937, p.1).

O ato do prefeito de Taipu se baseava na nova Carta Constitucional que tornava obrigatório o repouso aos domingos. Em telegrama enviado a redação do citado jornal o prefeito de Taipu comunicava que a partir de janeiro todas as feiras seriam transferidas do domingo para o sábado.

O ato do prefeito de Taipu causaria celeuma entre comerciantes e proprietários rurais, como foi o caso do proprietário do antigo engenho da Pitombeira que não aceitando a determinação da prefeitura continuou realizando a feira naquela propriedade aos domingos como e costume.

         O diretor de Departamento de Educação comunicou ao Chefe do Governo ter a suspensão dos trabalhos das escolas reunidas Joaquim Nabuco da vila do Taipu, onde grassava com intensidade a epidemia do impaludismo (ORDEM, 09/09/1937, p.4) e segundo o jornal Diário da Tarde a epidemia de malária assolava o RN em 1938, onde a doença já havia acometido milhares de pessoas em Taipu (DIÁRIO DA TARDE, 28/07/1938, p.8).

AS PRIMEIRAS AÇÕES EM PROL DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE TAIPU NO DISTRITO DE POÇO BRANCO #TAIPU130ANOS #12

 

As cheias do rio Ceará-Mirim sempre foram um problema ao vale do açucareiro da cidade de Ceará-Mirim, de modo que os donos de engenhos acalentavam o sonho de que se fosse construída uma barragem pra se controlar a vazão do rio.

A Inspetoria Federal de Obras Contra Seca-IFOCS elaborou um relatório em 1935 para a construção da Barragem de Taipu (SENA, 1972, p.240).

Em 08/02/1935 começava-se a discutir a sobre a construção da barragem de Taipu (JORNAL DO BRASIL, 1935, p.27), antiga aspiração dos produtores rurais e canavieiros do vale do rio Ceará-Mirim que sofriam com as perdas da produção ocorridas pelas enchentes do referido rio.

         Em 1936 a IFOCS concluiu os estudos preliminares para a construção do Açude (barragem) de Poço Branco, no município de Taipu. A previsão de inicio das obras seriam  imediatamente após a conclusão desses estudos pela Inspetoria de Obras Contra as Secas-IFOCS. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 05/12/1936, p.2), entretanto as obras só se iniciaram no final da década de 1940.

         O interventor federal Rafael Fernandes recebeu do município de Taipu o seguinte telegrama:

Signatários presentes, representantes [de] todas as classes, vimos solicitar vossencia interceder junto [aos] poderes competentes [no] sentido [da] construção [do] açude [neste] município, de vez que ele vem trazer grandes vantagens e apreciável melhoramento à esta região. Confiamos [que] tomará consideração [ao] nosso apelo, visto tratar-se de mais um grande melhoramento que vem beneficiar o Estado que vossencia superiormente administra. (DIÁIRIO DE NOTICIAS, 19/06/1937, p.2, grifos nosso).

Entretanto, as obras não se iniciaram naquele ano e a população teve que esperar ainda mais pelo início dessa importante obra não só para o município, mas para toda a região do vale do Ceará-Mirim.

O município tinha no algodão a sua base econômica, ao lado de largo cultivo de feijão, sofreu grande devastação em seus algodoais que foram atacados pela lagarta. Em 1936 o município estava sendo ameaçado por nova praga da lagarta que começava a perturbar o esforço dos agricultores.

De acordo ainda com o jornal A Ordem estava se desenvolvendo em Taipu a fruticultura, onde já se notava excelentes sítios próximos a vila, que, no entanto, lutavam com a dificuldades de acesso a água no verão, por ser a água do rio e do moinho público salgadas. Para o referido jornal era possível que esse problema fosse solucionado no menor espaço de tempo possível.

Alargavam-se as proporções da vida agropecuária e comercial do município com a construção do açude Taipu no lugar Jacaré, a 10 km acima da vila e que seria o maior reservatório do Estado entre os até então construídos.

De acordo com o jornal A Ordem o engenheiro Frederico Korner, já tinha instalado e em funcionamento máquinas do aludido serviço. (A ORDEM, 09/08/1936, p.2).

       

Cheia do rio Ceará-Mirim nas proximidades do cemitério, 1964.
A construção da barragem seria a solução para o transbordamento do rio, o alagamento do vale e prevenir as inundações na zona urbana de Taipu.





Aspectos atuais do rio Ceará-Mirim em Taipu contido pela barragem de Poço Branco.


SOBRE ACONTECIMENTOS EM TAIPU EM ENTRE 1934 E 1935 #TAIPU130ANOS #11

 

         A edição do Jornal do Brasil do dia 14/08/1934 destacava o caso do furto dos autos eleitorais em Taipu (JORNAL DO BRASIL, 1934, p.8).

         O furto foi cometido pelo delegado que entrou na calda da noite no cartório eleitoral e sumiu com os documentos das eleições daquele ano, vindo a serem encontrados no dia seguinte na delegacia de policia, o delegado sumiu no dia seguinte ao furto, o que levou a ser indiciado como o principal suspeito, como de fato foi comprovado pelo delegado de Ceará-Mirim que concluiu o inquérito.

A agência dos correios no distrito de Barreto foi instalada no dia 13/02/1934. (CÂMARA, 1943, p.393), já conforme o Jornal do Comércio a estação do Departamento dos Correios e Telégrafos em Barreto, município de Taipu foi inaugurada em 03/04/1935 (JORNAL DO COMÉRCIO, 04/04/1935, p.3).

Aspectos da rua principal de Taipu na década de 1950.

Em 15/12/1935 foi inaugurado o serviço de transporte rodoviário por ônibus entre Baixa Verde e Natal, tendo as viagens escalas em Taipu, Ceará-Mirim, São Gonçalo e Macaíba, partindo de Baixa Verde as segundas e quartas-feiras as 07h00, de Natal o ônibus retornava nas terças e quintas-feiras as 12h00, sendo o ponto de partida em Natal na Avenida Tavares de Lira junto ao Hotel Internacional (A ORDEM, 10/12/1935, p.4).

 A empresa era de propriedade de J. Inácio & Filhos e se chamava Viação Baixaverdense.

Naquele período a a cidade de Baixa Verde já exercia influência significativa no município de Taipu, cuja a cidade em franco crescimento urbano e desenvolvimento econômico,  já a vila de Taipu teimava em não se desenvolver apesar de todas as possibilidades na agricultura que havia em suas ricas e férteis terras as margens do rio Ceará-Mirim e no vale da Gameleira/Boa Vista.

Naquele ano de 1935 Taipu já estava subordinado juridicamente a comarca de Baixa Verde.


Prédio da Prefeitura de Baixa Verde, 1944 e década de 1980


Nova igreja matriz de Baixa Verde em construção em 1944.




Aspectos de ruas de Baixa Verde, 1944.

A INAUGURAÇÃO DA PREFEITURA DE TAIPU #TAIPU130ANOS #10


           A partir de 1930 os municípios passaram a ser administrados pelos prefeitos, havendo assim a distinção dos poderes executivos e legislativos, este passou a ser exercido somente pelos vereadores. Foi a partir daquele ano que os municípios passaram a construir os prédios próprios para a sede da prefeitura que em em Taipu só ocorreu em 1934.

         Conforme publicado no jornal Diário de Pernambuco foi inaugurado em janeiro de 1934 o prédio da prefeitura de Taipu.

       Esteve presente a solenidade Mário Câmara, interventor federal, em companhia de sua esposa, o Dr. Augusto Leopoldo, Rosendo Leite, prefeito, Dr. Manoel Abate,1º juiz distrital, o monsenhor Alfredo Pegado, vigário geral da diocese, o padre Fortunato Leão, vigário da paróquia, Dr. Francisco Canindé Cavalcante, promotor público e numerosos comerciantes, industriais, fazendeiros e pessoas de todas as classes sociais.

         Além destas pessoas estiveram presentes ainda Odilon Cabral de Macedo, prefeito de Baixa Verde e José Porto Filho, prefeito de Touros.

         Em nome do prefeito de Taipu falou o Eneás Leite, filho de Rosendo Leite, agradecendo ao interventor Mário Câmara, as referências à sua pessoa e congratulando-se com o povo taipuense por aquele melhoramento que era a inauguração do prédio da prefeitura. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 09/01/1934, p.4).

Prefeito Rosendo Leite da Fonseca

         Após a solenidade o interventor e a comitiva se dirigiram ao município de Touros para vê as obras do governo estadual que ali se realizavam, passando antes pelo povoado de Boa Cica.

         De acordo com o professor Gustavo Praxedes essa casa já foi a sede da prefeitura em Taipu. Não sabemos no entanto, se se trata da prefeitura inaugurada no relato a cima.

          Até ser instalada no prédio atual na Rua Antônio Alves da Rocha, no antigo prédio da coletoria de rendas, a prefeitura de Taipu já esteve em outros lugares, como na casa do ex prefeito Aluízio Viana, por exemplo dali sendo transferida para o prédio atual por iniciativa desse ex prefeito.



Sede da prefeitura de Taipu após a transferência par ao prédio da rua Antônio Alves da Rocha no inicio dos anos 1980.

Prefeitura de Taipu em 2012.



Prefeitura de Taipu em 2015.