quarta-feira, 3 de março de 2021

TAIPU SOB O OLHAR DE ANFILÓQUIO CÂMARA NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1940 #TAIPU130ANOS #15

 

Um apurado levantamento sobre o município de Taipu foi realizado por Anfilóquio Câmara a partir dos dados do Censo Demográfico de 1940, pelo qual tomamos conhecimento da situação do município em tela no inicio da década de 1940. Vejamos.

 Situação Física                                   

Situado na zona do litoral do Estado, limitava-se, ao norte, com os municípios de Baixa Verde e Touros; a leste, com o de Ceará- Mirim; ao sul, com o de São Gonçalo, e, a oeste, com o de Lajes. A distante da capital em linha reta era de 43 km. A altitude era 41 metros.

         Segundo Anfilóquio Câmara em 1940 o município de Taipu tinha 858 km² e um clima seco e muito saudável em todo o município. (CÂMARA, 1943, p.391).

 A IFOCS havia projetado em 1920 a construção do açude “Tupi”, com a capacidade de 2.728.640 m³ e em 1936, procedeu aos estudos complementares em outro açude denominado “Taipú”, com a capacidade de 158.000.000 de m³, mas não levou a efeito até aquele ano de 1943 a construção de nenhum dos dois. Em relação a açudes particulares, existiam alguns, mas todos pequenos. 

Situação econômica

Com relação às atividades agropecuárias, segundo Anfilóquio Câmara o município de Taipu era possuidor de ricas várzeas, que, se bem cultivadas, o tornariam um dos celeiros de cereais do Estado (CÂMARA, 1943, p.392).Entretanto, vez por outra as terras do município eram inundadas pelas enchentes do rio Ceará-Mirim, que destruíam completamente as lavouras. Eis porque, segundo Anfilóquio Câmara, que muitos preconizavam a construção da importante barragem, como o único meio de corrigir excessos e deficiências do vale do rio Ceará-Mirim (CÂMARA, 1943, p.392).

 A região oeste do município sofria com a falta d’água e não permitindo que a agricultura tomasse naquela parte do município o desenvolvimento desejado. Nas épocas de estiagens os habitantes que ali moravam tinham de procurar a água para o sustento e até mesmo para os animais a grandes distâncias. Segundo Anfiloquio Câmara a perfuração de poços tubulares, que, ainda não havia sido feito em Taipu, amenizaria sensivelmente a situação. (CÂMARA, 1943, p.392).

Caso fossem construídos tais poços, ao menos um deles deveria ser localizado nas imediações do povoado de Barreto e outro próximo ao de Belo Horizonte, que eram localidades de população relativamente densas e muito agrícolas.

Apesar de tudo, o município produzia, em quantidade mandioca, que foi calculada numa média de 2.000 toneladas por ano e algodão, cuja produção anual poderia ser estimada em 1.000.000 kg de algodão em caroço, seguindo-se a estes gêneros a batata, feijão, milho e fava, com as colheitas anuais aproximada de 300.000 kg, 500.000 kg, 150.000 kg e 60.000 kg, respectivamente. Entre as frutas avultavam-se o abacaxi e a banana.

Segundo Anfilóquio Câmara os principais agricultores do município eram os Srs. João Gomes da Costa, Joaquim Vitorino de Andrade e Manuel Jacó de Morais. (CÂMARA, 1943, p.392).

A criação de gado se fazia em caráter meramente extensivo, sendo o município dotado de bons campos, sobretudo durante o inverno.Em setembro de 1940 a pecuária no município de Taipu apresentava-se do seguinte modo:

Rebanho de Taipu em 1940

Bovino

6.710

Equinos

1.191

Asininos e muares

794

Suínos

663

Ovinos

2.509

Caprinos

2.190

Aves

9.987

Total

24.044 cabeças

Fonte: Câmara, 1943, p.392.             

 

 Os maiores possuidores de rebanhos do município eram os Srs. João Gomes da Costa, Rosendo Leite da Fonseca, Manuel Rodrigues Santiago e Felipe Soares da Câmara.

No tocante aos meios de transporte o município estava servido pela Estrada de Ferro Centrai do Rio Grande do Norte tendo nele, uma estação na cidade e duas paradas, nos lugares Pitombeiras e Melancias; e por estradas carroçáveis, se punha em ligação com as cidades vizinhas, mas, igualmente, com todos os núcleos populosos e de atividade agrícola do seu âmbito territorial. Discriminando as distâncias, tinha-se o seguinte:

 

Percurso

Distância

Automóvel

EFCRGN

 

Taipu a Natal

75 km 

(via Ceará-Mirim, São Gonçalo e Macaíba)

59 km

Taipu à Ceará-Mirim

21 km

24 km

Taipu à Baixa Verde

28  km

29 km

Taipu á Lajes

88 km (via Baixa Verde)

89 km

Taipu à São Gonçalo

46 km (via Ceará Mirim)

-----

Taipu à Touros

55 km (via Pureza)

-----

Fonte: Câmara, 1943, p.393.

 

No tocante as comunicações havia no município duas agências postais-telefônicas, estando uma localizada na cidade, onde os serviços de correio datavam de 19/02/1891 e os de telefone, desde 16/101918.A outra agência estava no povoado de Barreto, instalada a 13/02/1934, como posto de verificação de linhas.

A expedição de malas, da capital para a agência de Taipu se fazia ás segundas, quartas e sextas-feiras, pelo trem-horário da Estrada de Ferro Central, fechando as malas nas vésperas. As que partiam de Taipu  chegavam  a capital nos dias de terças, quintas e sábados. Para a agência de Barreto não havia serviço postal direto, sendo a correspondência destinada aquele povoada distribuída pela agência de Jardim de Angicos.

Com relação a propriedade imobiliária havia no município de Taipu 2.930 prédios em setembro de 1940, dos quais 266 localizados na cidade, sendo 222 no perímetro urbano e 44 no suburbano e  2.664 na zona rural.

No biênio de 1940-1941, não se registrou em cartório nenhuma inscrição hipotecária. As transcrições efetuadas de transmissão de imóveis foram 9, em 1940, no valor de Cr$ 30.000.00, e 19, em 1941, no valor de Cr$ 61.324,00.

Já em relação a estabelecimentos bancários não funcionava, no município, nenhum estabelecimento dessa categoria. As agências, que havia na capital, do Banco do Brasil, do Banco do Povo e o Banco do Rio Grande do Norte mantinham correspondentes, na cidade de Taipu, para o trato de seus negócios.

O comércio local não apresentava nenhum desenvolvimento e segundo Anfilóquio Câmara limitava-se ao comércio varejista e tendo como produtos vendidos para fora do município algodão, peles e couros e sendo Natal o melhor mercado para escoamento da produção. (CÂMARA, 1943, p.393).

No tocante a presença da atividade industrial existia apenas a pequena indústria do fabrico de farinha de mandioca, ainda com meios antiquados, do tipo manual, contando-se em número de 79 casas de farinha no município.

Fora disso, registrava-se o funcionamento irregular de uma caieira e de um curtume e como indústria de natureza doméstica, podia ser citado o fabrico de telhas e tijolos, para o que, aliás, tinha o município excelente matéria prima, e de artefatos de couro e palha. (CÂMARA, 1943, p.393).

Eram poucas as riquezas naturais existentes no município, além da própria capacidade produtiva de suas terras, trabalhadas somente pelos métodos rotineiros. Havia, todavia, alguns tipos de madeira de construção, reduzida, aliás, a bem poucas espécies, já no reino mineral, constatava-se ocorrências de calcário dolomita.

A fauna era quase desconhecida e nenhum valor econômico oferecia.

Em destaque a configuração territorial de Taipu no citado período.


 Situação social

No tocante ao urbanismo a cidade de Taipu, além de pequena, deixava muito a desejar, segundo Anfilóquio Câmara (1943, p.394).As construções eram antigas; as ruas não tinham qualquer arborização ou calçamento. Não havia serviço de limpeza pública regular, fazendo-se esta atividade, entretanto, periodicamente.

Não tinha matadouro, como faltava, igualmente, a iluminação elétrica, se bem que a Prefeitura movimentava-se no sentido de dotar a cidade com esses importantes melhoramentos. O serviço de abastecimento d’água era precário.

Anfilóquio Câmara atribuiu à crise decorrente do grave surto de impaludismo ocorrido poucos anos antes como tendo concorrido para retardar o desenvolvimento do município e, consequentemente da cidade (CÂMARA, 1943, p.394).

O edifício do mercado público era amplo e tinha passado por algumas reformas e em cooperação com o Governo do Estado foi em 1940, ampliado peia Prefeitura o prédio da cadeia e quartel.

No tocante aos serviços de assistência social nada existia a respeito, igualmente no cooperativismo não funcionava no município nenhuma sociedade cooperativista em 1940.


Aspectos de Taipu.


 

Situação cultural

Não havia no município nenhum monumento histórico ou artístico e igualmente não havia cinema nem qualquer outra casa de diversões e na cidade de Taipu funcionava uma única pensão e não se conhecia nenhum ponto de referência para turismo.

A Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, pertencente á diocese de Natal, tinha os mesmos limites e sede do município. Possuía 7 templos, a  saber:

Local

Condição

Padroeiro

Taipu

Igreja matriz

N. S. do Livramento

Barreto

capela curada

Sagrado Coração de Jesus

Poço Branco

Capela curada

Sagrado Coração de Jesus

Cameleira

capela curada

Santa Terezinha

Contador

capela curada

N. S. da Soledade

Boa Vista

capela curada

N. S.  Da Conceição

Pitombeira

capela curada

São João Batista.

Fonte: Câmara, 1943, p.395.

 

Anualmente, ce!ebrava-se na cidade a festividade de Nossa Senhora do Livramento na última semana do mês de novembro.

Foi registrado o seguinte movimento paroquial no tocante ao ano de 1941.

Sacramento

Ano

Total

 

   Batizados

1941

Anos anteriores

 

 

472

364

108

Homens

Mulheres

Homens

Mulheres

201

163

46

62

Casamentos

           77

-------

77

Fonte: Câmara, 1943, p.395.

 

Todo município professava a fé católica e não havendo nenhum templo protestante e nem reuniões espíritas.

Antiga igreja matriz de Taipu.


Antiga capela de Boa Vista.

Capela da Gameleira

Primeira capela do então distrito de Barreto, atual cidade de Bento Fernandes.

Antiga capela de Poço Branco.

Capela do Contador, atualmente no município de Poço Branco.
Modificada difere do que era na década de 1940. 

Capela de Duas Passagens.


Capela da Pitombeira.
Apesar de ser particular era atenda pelo padre da paróquia de Taipu.


No tocante a crimes e contravenções no ano de 1942 ocorreram no município apenas 5 crimes assim discriminados:

Tipologia

Quantidade

Homicídios

1

Lesões corporais

3

Tentativa de suicídio

1

Fonte: Câmara, 1943, p.395.

 Não se registrou nenhuma contravenção, nem delitos contra a propriedade pública e particular.

Situação administrativa e política

O município constituía-se em um único distrito administrativo. Os núcleos organizados de população, existentes no município que poderiam ser considerados como povoados eram: Barreto, Contador, Gameleira, Poço Branco e Serra Pelada.

Com relação as finança, no quinquênio de 1937-1941 o município arrecadou e despendeu as importâncias abaixo discriminadas:

Ano

Receitas arrecadadas

Despesas efetuadas

1937

Cr$ 22.006.20

Cr$ 33.352,80

1938

Cr$ 28.93‘1.10

Cr$ 27.672,20

1939

Cr$ 40.438,70

Cr$ 152.407,80

1940.

Cr$ 25.106,40

Cr$ 27.430,20

1941

Cr$ 25.559,30

Cr$35.405,80

Total

Cr$ 30,377.90

Cr$ 143.879,60

Fonte: Câmara, 1943, p.396.

 

 Considerando-se a população existente em 1940, a receita per capita do município, foi de Cr$ 3.30.Em 31 de dezembro de 1941 o município não tinha nenhuma dívida passiva, enquanto que a dívida ativa subiu a Cr$ 16.902,60. Na mesma data, o patrimônio liquido do município, representado, sobretudo, em bens imóveis, era de Cr$ 90.175,10. (CÂMARA, 1943, p.396).

Na cidade de Taipu funcionava uma Agência Fiscal, subordinada á Mesa de Rendas Estaduais de Ceará-Mirim. tendo sido por ela, no período de 1937-1941, feitas as seguintes arrecadações para os cofres do Estado:

Ano

Arrecadado

1937

Cr$ 21.768,70

1938

Cr$ 26.842,60

1939

Cr$ 34.632,00

1940

Cr$ 33.238.70

1941

Cr$ 32.547,00

Total

Cr$ 140.249,00

Fonte: Câmara, 1943, p.396.

Com relação a melhoramentos e serviços públicos, segundo Anfilóquio Câmara muito pouco, ou quase nada, existia neste sentido. (CÂMARA, 1943, p.397). Não só a cidade, mas também o município inteiro reclamava por melhoramentos.

O citado autor mencionava apenas os reparos que se vinha fazendo regularmente nas estradas, com as verbas municipais e as quotas que lhe eram atribuídas, em cada ano, pelo Estado, e a delimitação do âmbito territorial do município, feita de 1939 a 1940 pela Prefeitura, com a abertura de picadas, onde não havia limites naturais e o levantamento do mapa geral e da carta da cidade. (CÂMARA, 1943, p.397).

Prédio construído pela prefeitura para abrigar o motor da luz elétrica de Taipu.


        

terça-feira, 2 de março de 2021

A ELEVAÇÃO A CATEGRORIA DE CIDADE DA VILA DE TAIPU #TAIPU130ANOS #14

 

O final da década de 1930 foi marcado no município de Taipu pela elevação da vila a categoria de cidade em virtude do Decreto estadual nº 457 de 23 de março de 1938 e cuja instalação ocorreu em 01/05/1938.

O decreto ainda determinava que o município enviasse a secretaria de estado o mapa do município contendo inclusive as plantas das áreas urbanas e suburbanas, as quais deveriam conter a delimitação dessas áreas, que deveriam ser identificadas por linhas naturais ou retas facilmente identificáveis no terreno.

Segundo o determinado pelo serviço de estatística nacional, para ser considerado área urbana o local deveria conter ao menos 200 residências no perímetro traçado para a área urbana (A ORDEM, 1938, p.2).

      A solenidade de instalação da cidade de Taipu contou com o comparecimento de todas as autoridades locais e grande número de pessoas gradas tendo sido iniciada as 13h00 no edifício da prefeitura sob a direção do prefeito Rosendo Leite.

     Após a solenidade de instalação seguiu-se a inauguração do salão nobre da prefeitura, do retrato oficial do presidente da República, Getúlio Vargas, oferecido pelo Serviço de Divulgação da Chefia de Policia do Distrito Federal (A ORDEM, 07/05/1938, p.2).

      Na ocasião serviu de oradora oficial dona Nair Trindade de Morais, diretora do Grupo Escolar Joaquim Nabuco, cujo discurso foi muito aplaudido. Em seguida foi oferecido aos presentes um copo de cerveja, terminando a festa na mais perfeita cordialidade. (A ORDEM, 07/05/1938, p.2).

Casario antigo da rua em frente a igreja matriz em Taipu.

Nesta outra imagem se tem ideia de como eram as casas antigas de do centro de Taipu


O que mudou?

     A elevação a categoria de cidade muito pouco mudou o estado de coisas para Taipu, na prática só ocorreu a mudança de nomenclatura, pois a sede municipal permanecia tal e qual a vila da época da emancipação politica, tendo poucos progressos materiais e aumento significativo na urbanização.

     Na década de 1930 não houve a realização do Censo pelo governo federal, mas o Departamento Estadual de Estatísticas do Governo do Estado estimou em cerca de 11 mil habitantes a população do município de Taipu, dos quais pouco mais de mil estavam na zona urbana.

     A agora cidade de Taipu tinha ainda seu casario antiquado segundo o jornal A Ordem, sendo a iniciativa de se colocar platibandas nas residências do prefeito João Eustáquio de Castro para dá uma ideia de melhoramento estético nas residências. Não havia praça, cinemas, pousada, monumento artístico nem atrativo turístico que despertasse o interesse de algum visitante que passasse pela cidade nos trens da EFCRGN, principal meio de ligação da cidade com a Capital e demais cidade do interior cortados pela linha da referida ferrovia.

Nesta imagem se tem ideia de casas antigas em Taipu.
Atualmente é a rua Sebastião Dias da Silva.


       A baixo exemplos de casas antigas em Taipu muitas do inicio do século XX que foram ao longo do tempo modificadas ou substituídas pelas "modernas".













     O único evento de relevância na cidade era a festa da padroeira, Nossa Senhora do Livramento, que por meio da divulgação no jornal A Ordem, pertencente a diocese de Natal, fazia a divulgação da festa para atrair visitantes tanto a parte religiosa como na parte social, sendo a festa celebrada geralmente na última semana de novembro.

       A EFCRGN colocava a disposição do público um trem especial de recreio que partindo de Natal se destinava a Taipu para levar os interessados em participar do encerramento da festa da padroeira. Era esse dia muito festejado por meio de celebrações e a procissão ao final da missa solene, realizada ainda durante o dia, pois não havia energia elétrica na cidade, assim como na igreja matriz, o qual para serem realizadas os atos religiosos era aproveitado ao máximo a luz do dia.

        No ano de 1938 a festa foi adiada devido ao falecimento inesperado e prematuro de Enéas Leite da Fonseca, filho do prefeito Rosendo Leite, pessoa bem quista na cidade, tendo sido seu falecimento muito sentido pelos moradores. Era o prefeito também o presidente da comissão da parte social da festa da padroeira.

Barraca social da festa da padroeira de Taipu na década de 1940.



segunda-feira, 1 de março de 2021

SOBRE ACONTECIMENTOS EM TAIPU ENTRE 1936 E 1937 #TAIPU130ANOS #13

 

Ainda em 1936 foi publicada a nomeação da agente postal Lindalva Ferreira da Cruz para a agência dos correios de Taipu (JORNAL DO BRASIL, 14/10/1936, p.8).

Em 18/09/1937 Rosendo Leite da Fonseca assumiria para mais um mandato o cargo de prefeito de Taipu conforme se lia no comunicado expedido pelo mesmo ao jornal a Ordem dando ciência de sua posse como prefeito constitucional de Taipu.

Fonte: jornal A Ordem, 18/09/1937.

Em dezembro daquele ano o prefeito Rosendo Leite da Fonseca, baixou uma portaria proibindo as feiras no município aos domingos. Segundo o jornal A Ordem esse ato do prefeito de Taipu era uma gesto que precisava ser destacado, pois “representa uma alta compreensão da necessidade de respeitar os sentimentos religiosos do nosso povo” (A ORDEM, 24/12/1937, p.1).

O ato do prefeito de Taipu se baseava na nova Carta Constitucional que tornava obrigatório o repouso aos domingos. Em telegrama enviado a redação do citado jornal o prefeito de Taipu comunicava que a partir de janeiro todas as feiras seriam transferidas do domingo para o sábado.

O ato do prefeito de Taipu causaria celeuma entre comerciantes e proprietários rurais, como foi o caso do proprietário do antigo engenho da Pitombeira que não aceitando a determinação da prefeitura continuou realizando a feira naquela propriedade aos domingos como e costume.

         O diretor de Departamento de Educação comunicou ao Chefe do Governo ter a suspensão dos trabalhos das escolas reunidas Joaquim Nabuco da vila do Taipu, onde grassava com intensidade a epidemia do impaludismo (ORDEM, 09/09/1937, p.4) e segundo o jornal Diário da Tarde a epidemia de malária assolava o RN em 1938, onde a doença já havia acometido milhares de pessoas em Taipu (DIÁRIO DA TARDE, 28/07/1938, p.8).

AS PRIMEIRAS AÇÕES EM PROL DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE TAIPU NO DISTRITO DE POÇO BRANCO #TAIPU130ANOS #12

 

As cheias do rio Ceará-Mirim sempre foram um problema ao vale do açucareiro da cidade de Ceará-Mirim, de modo que os donos de engenhos acalentavam o sonho de que se fosse construída uma barragem pra se controlar a vazão do rio.

A Inspetoria Federal de Obras Contra Seca-IFOCS elaborou um relatório em 1935 para a construção da Barragem de Taipu (SENA, 1972, p.240).

Em 08/02/1935 começava-se a discutir a sobre a construção da barragem de Taipu (JORNAL DO BRASIL, 1935, p.27), antiga aspiração dos produtores rurais e canavieiros do vale do rio Ceará-Mirim que sofriam com as perdas da produção ocorridas pelas enchentes do referido rio.

         Em 1936 a IFOCS concluiu os estudos preliminares para a construção do Açude (barragem) de Poço Branco, no município de Taipu. A previsão de inicio das obras seriam  imediatamente após a conclusão desses estudos pela Inspetoria de Obras Contra as Secas-IFOCS. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 05/12/1936, p.2), entretanto as obras só se iniciaram no final da década de 1940.

         O interventor federal Rafael Fernandes recebeu do município de Taipu o seguinte telegrama:

Signatários presentes, representantes [de] todas as classes, vimos solicitar vossencia interceder junto [aos] poderes competentes [no] sentido [da] construção [do] açude [neste] município, de vez que ele vem trazer grandes vantagens e apreciável melhoramento à esta região. Confiamos [que] tomará consideração [ao] nosso apelo, visto tratar-se de mais um grande melhoramento que vem beneficiar o Estado que vossencia superiormente administra. (DIÁIRIO DE NOTICIAS, 19/06/1937, p.2, grifos nosso).

Entretanto, as obras não se iniciaram naquele ano e a população teve que esperar ainda mais pelo início dessa importante obra não só para o município, mas para toda a região do vale do Ceará-Mirim.

O município tinha no algodão a sua base econômica, ao lado de largo cultivo de feijão, sofreu grande devastação em seus algodoais que foram atacados pela lagarta. Em 1936 o município estava sendo ameaçado por nova praga da lagarta que começava a perturbar o esforço dos agricultores.

De acordo ainda com o jornal A Ordem estava se desenvolvendo em Taipu a fruticultura, onde já se notava excelentes sítios próximos a vila, que, no entanto, lutavam com a dificuldades de acesso a água no verão, por ser a água do rio e do moinho público salgadas. Para o referido jornal era possível que esse problema fosse solucionado no menor espaço de tempo possível.

Alargavam-se as proporções da vida agropecuária e comercial do município com a construção do açude Taipu no lugar Jacaré, a 10 km acima da vila e que seria o maior reservatório do Estado entre os até então construídos.

De acordo com o jornal A Ordem o engenheiro Frederico Korner, já tinha instalado e em funcionamento máquinas do aludido serviço. (A ORDEM, 09/08/1936, p.2).

       

Cheia do rio Ceará-Mirim nas proximidades do cemitério, 1964.
A construção da barragem seria a solução para o transbordamento do rio, o alagamento do vale e prevenir as inundações na zona urbana de Taipu.





Aspectos atuais do rio Ceará-Mirim em Taipu contido pela barragem de Poço Branco.