sábado, 20 de setembro de 2025

OS POÇOS TUBULARES DA IFOCS: MARCO DO DESENVOLVIMENTO DE PARAZINHO

 

         Parazinho surgiu numa região de difícil acesso a água potável, essencial em qualquer aglomerado humano para a sua sobrevivência.

          A região no entanto, era propicia a plantação da cultura do algodão. Para resolver o problema do acesso a água o Governo Federal por meio da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS (atual DNOCS), perfurou vários poços na região mais assolada pelas secas, muitos na região que atualmente compreende o território do município de Parazinho.

         Pertencente inicialmente ao municipio de Taipu, passou a jurisdição de Baixa Verde a partir de 1928 com a criação dste municipio.

        O relatório do prefeito João Câmara de Baixa Verde em 1930 apontou que na povoação de Parazinho havia um poço movido por um motor a gás pobre, que apesar de ser propriedade particular,  muito vinha concorrendo para o desenvolvimento agrícola da Região [1]

         A região de Parazinho tinha escassez de água potável necessária a fixação do povo que já habitava aquelas terras onde se plantava algodão. Foi a construção do poço “Quixabeira”, no povoado de Parazinho que permitiu o acesso ao precioso liquido naquela região.

         O poço tubular foi construído pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS (atual DNOCS) constando de um catavento, reservatório em alvenaria e cimento armado, com capacidade para 80.000 litros e um chafariz.[2]

         Segundo o citado jornal, Parazinho era um dos maiores centros produtores da Serra Verde, tendo o povoado se formado depois da construção do poço e já em 1935 possuía mercado público e boa feira aos domingos.

Poço Quixabeira em Parazinho

Fonte: A Noite.Suplemento: seção de rotogravuras, 1935.

O mesmo poço em imagem colorizada por IA.Colorização: João Santos, 2025.

         Em 1937 engenheiro Francisco Ramalho, fiscal do Serviço de Poços, deu conhecimento ao Governo do Estado, que foi concluída a perfuração do poço “Parazinho”, situado no povoado de mesmo nome, no município de Baixa Verde, tendo o referido poço a profundidade de 86,40m, revestimento com tubos de 64,68m, nível estático de 47,60m, vazão de 2.680 litros/h e qualidade de água calcária.[3].

         Em 1942 a firma João Câmara & Irmãos requereu a Inspetoria de Obras Contra as Secas a perfuração de poços tubulares pelo regime de cooperação em propriedades situadas no município de Baixa Verde.

         Foram aprovados os orçamentos para a perfuração de poços em Parazinho, Três Irmãos, Viração, São Geraldo, Pereiras e Cabeço Vermelho.[4]

         A perfuração de poços tubulares na região começou a ganhar força sobretudo no século XX, quando órgãos estaduais e federais, como o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), passaram a investir em tecnologias para minimizar os efeitos da seca.

         Parazinho foi uma das localidades existentes na região do Mato Grande beneficiada pela ação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS em cooperação com o Governo do Estado com perfuração de poços tubulares, os quais permitiu a fixação da população e o  combate à seca.

Importância social

         Abastecimento humano: em comunidades rurais isoladas, os poços tubulares muitas vezes eram a única fonte de água potável, reduzindo a dependência de carros-pipa.

         Fixação no território: a disponibilidade de água ajudou a diminuir o êxodo rural, permitindo que famílias permanecessem em suas terras mesmo nos períodos de estiagem prolongada.

         Uso comunitário: vários poços eram de uso coletivo, equipados com bombas manuais ou motobombas movidas a diesel, depois substituídas por sistemas elétricos e, mais recentemente, por energia solar.

Situação atual

         Ainda hoje os poços tubulares continuam sendo uma das principais estratégias de acesso à água na região.

         Algumas estruturas dos antigos poços da IFOCS ainda podem ser vistos na região do municipio de Parazinho.Eles tem uma importância histórica e cultural importante para a memória sociocultural daquela municipio.

Placa do poço Quixabeira com datação de 1934.Foto: Aldo Torquato.





[1] Diário de Noticias, 18/07/1930, p.6.

[2] A Noite, 19/01/1935, p.4.

[3] A Ordem, 31/08/1937, p.4.

[4] A Ordem, 29/12/1942, p.1.

A AÇÃO DA IFOCS NO MUNICÍPIO DE BAIXA VERDE

 


A instalação dos primeiros poços profundos ou tubulares em Baixa Verde foi resultado de ações conjuntas entre o governo estadual, a IFOCS e autoridades locais.

Essas estruturas permitiram extrair água de qualidade razoável mesmo durante os períodos de seca extrema, representando um avanço em relação aos poços escavados manualmente ou às cacimbas.

Os poços tubulares trouxeram mudanças significativas para a vida em Baixa Verde, tais como:

- Segurança hídrica para populações isoladas;

- Redução da mortalidade animal e melhora na produção agrícola de subsistência;

- Fixação da população rural, reduzindo os fluxos migratórios sazonais;

- Estímulo à organização comunitária, já que os poços se tornavam centros de convivência e solidariedade.

Além disso, a existência de água acessível permitiu a continuidade das atividades escolares, religiosas e comerciais em tempos de estiagem.

Da memória da instalação dos poços tubulares da IFOCS no municipio supracitado tem-se o que se segue.

         Em 1929 foram perfurados poços em Baixa Verde no valor de 6:986$860 e na região da Serra Verde no valor de 4:703$600.[1]

         Dentre os serviços de perfuração e aparelhamento de poços na região de Serra Verde, na parte do municipio de Baixa Verde, feitos pela IFOCS em colaboração com o governo do Estado se destacam os seguintes:

Poço Palestina

         Situado a 27 km ao poente da estação de Baixa Verde e a 12 km a noroeste do povoado de Queimadas. O inicio da perfuração desse poço ocorreu em 14/12/1927 e concluído a 14/07/1928, contendo o mesmo as seguintes características:

Profundidade

105m

Revestimento com tubos de 6”

22m

Nivel máximo do lençol d’água

94,70m

Nivel estável do lençol d’água

94,70m

Vazão horária (litros)

1.000l

Qualidade da água

Calcária

Despesa de perfuração

Por ocnta do governo do Estado

12:142$580

Por conta da IFOCS

1:319$054

Total

13:461$634

Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1929, p.128.

Poço Oiticica

         Situado no povoado de Nazaré, ficando a 7 km ao nascente da povoação de Queimadas e a 22 km da estação de Baixa Verde.O inicio da desobstrução ocorreu a 22/11/1927 e concluido a 31/07/1928, estando suspenso os erviço de desobstrução entre 01/12/1927 e 22/07/1928.

         Com os services de desobstrução desse poço foram gastos 1:362$000, sendo 1:318$000 por parte do governo do Estado e 44$000 por parte da IFOCS.

         Foi instalado nesse poço uma bomba manual Rumsey, service esse concluido em 05/09/1928, tendo sido a despesa de 2:689$476, dos quais 339$000 por conta do governo do Estado e 2:350$476 por conta da IFOCS.

Poço Cabeço Preto

         Estava situado a 25 km oeste da estação de Baixa Verde, tendo sido iniciado a sua perfuração a 28/09/1928 e concluido a 31/12/1928.Tinha esse poço as seguintes caracteristicas:

Profundidade

102m

Revestimento com tubos de 6”

69,50m

Nivel máximo do lençol d’água

85m

Nivel estavel do lençol d’água

87m

Vazão horária (litros)

1.000l

Qualidade da água

calcária

Despesas

Por conta do governo do Estado

5:947$900

Por conta da IFOCS

3:614$261

Total

9:562$161

Fonte: Mensagem do Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, 1929, p.128.

Poço Pereiro

         Este poço se situava a 39 km ao norte da estação de Baixa Verde e a 18 km do povoado de Queimadas.O inicio de sua perfuração ocorreu em 23/01/1929 e concluída a 25/05/1929, Tinha o referido poço as seguinte caracteristicas:

Profundidade

72m

Revestimento com tubos de 6”

28,5m

Nivel máximo do lençol d’água

59,5m

Nivel estavel do lençol d’água

60m

Vazão horária (litros)

1.300l

Qualidade da água

calcária

Despesas

Por conta do governo do Estado

6:677$100

Por conta da IFOCS

1:568$525

Total

8:245$625

Fonte: Mensagem do Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, 1929, p.128.

 

Poço São Luis

         Situado a 23 km ao norte da estação de Baixa Verde e a 12 km a oeste da povoação de Queimadas.Teve iniciada a sua perfuração em 02/07/1929 e concluída a 08/08/1929.Tinha o referido poço as seguintes características:

Profundidade

59m

Revestimento com tubos de 6”

32m

Nivel máximo do lençol d’água

47m

Nivel estavel do lençol d’água

48m

Vazão horária (litros)

1.400l

Qualidade da água

calcária

Despesas

Por conta do governo do Estado

2:475$000

Por conta da IFOCS

3:065$963

Total

5:440$963

Fonte: Mensagem do Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, 1929, p.128.

A perfuratriz que operava em Serra Verde sofreu vários reparos, sendo o mais importante a substituição da caldeira respectiva por uma nova.

A década de 1930 foi um período de grandes desafios para a região semiárida nordestina, marcada por secas severas e escassez de recursos hídricos. No então município de Baixa Verde (atual João Câmara), a sobrevivência das populações rurais dependia diretamente do acesso à água.

Nesse contexto, os poços tubulares surgiram como uma inovação tecnológica essencial para mitigar os efeitos das estiagens, garantindo as populações o acesso ao precioso liquido.

O Nordeste brasileiro enfrentou uma das secas mais intensas de sua história entre 1931 e 1932, levando o governo federal a criar frentes de emergência e projetos para combater os efeitos da estiagem.

A população de Baixa Verde sofreu diretamente com o colapso de açudes, barreiros e fontes tradicionais. A necessidade de fontes de água mais seguras e profundas levou à adoção crescente dos poços tubulares — perfurados com técnicas modernas e capazes de acessar lençóis freáticos a maiores profundidades.

         De acordo com a revista Brasil Ferro Carril em edição de 01/05/1930 pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas foi autorizada a perfuração de um poço tubular no lugar São Miguel, no municipio de Baixa Verde, serviço esse que foi  realizado em cooperação com o governo do Estado, de acordo com as bases aprovadas pelo Ministério da Viação[2].

         A edição do dia 24/07/1930 da referida publicação foi autorizada pela IFOCS a perfuração de um poço tubular no lugar Faria, no municipio de Baixa Verde, em cooperação com o governo do Estado.[3]

         Naquele ano também foi aberto um crédito especial de 120$000 para atender ao pagamento das despesas com a construção de poços artesianos, em Serra Verde, a serem construídos pelo governo do Estado.[4]

         Sob o regime de colaboração do governo do Estado com a União, foram perfurados, em Serra Verde em 1930, os poços tubulares abaixo discriminados:

Poço São Luiz

         Com 6” de diâmetro e 59 metros de profundidade, com vazão horária de 1.400 litros, situado a 33 km ao norte da estação de Baixa Verde, e a 12 km a oeste da povoação de Queimadas.

Poço São Luiz em Baixa Verde.Foto: A Noite.Suplemento.Seção de Rotogravuras, 1935.

Imagem do referido poço colorizada por meio de IA.

Poço São João

         De 6” de diâmetro e 42 metros de profundidade, com vazão horária de 1.300 litros, estava situado a 54 km ao norte da estação de Baia Verde e a 12 km ao sul da povoação de São Bento.

Poço Terra Santa

         De 6” de diâmetro e 67,3 metros de profundidade, situado a 57 km ao noroeste da estação de Baixa Verde e a 24 km ao sul da povoação de São Bento, com vazão horária de 1.500 litros.

Poço São Miguel

         De 6” e diâmetro e 56 metros de profundidade, situado a 54 km ao norte da estação de Baixa Verde, com vazão horária de 1.600 litros.

Poço Farias

         De 6” de diâmetro, situado a 50 km ao norte da estação de Baixa Verde.A perfuração desse poço teve inicio em 16/07/1929 e concluída a 15/08/1930.Tinha 14 metros de profundidade.

         Em julho de 1934 estava em vias de conclusão poços nos limites dos municipios de Baixa Verde, Macau e Angicos, para permitir a fundação do projetado campo de sementes da Inspetoria de Plantas.[5]

De acordo com o jornal pernambucano Diário da Manhã em 01/07/1934 estavam bem adiantados os serviços de perfuração do poço Fagundes, situado entre os limites dos municipios de Angicos, Macau e Baixa Verde.[6]

Tal poço viria a resolver o problema da falta d’água naquela região.

         Segundo o que foi publicado no jornal A Ordem em edição de 17/09/1937 foi requisitado ao fiscal dos serviços de poços a perfuração de um poço tubular nos lugares Cabeço Verde, Silvestre e Lagoa, todos situados no municipio de Baixa Verde.[7]

         Em 1938 é citado o poço “Povoado” no lugar Quixabeira, localizado entre os distritos de Baixa Verde e São Bento do Norte.[8]

Já existiam, em pleno funcionamento em 1943, 34 poços tubulares, dos quais os primeiros 4 foram perfurados de 1922 a 1924, ás expensas exclusivas da IFOCS., e os demais 30, em cooperação com o Estado.

O quadro a seguir mostra a quantidade de poço perfurados entre os anos de 1910 e 1941.

Ano

Quantidade de poços perfurados

1910

6

1928

3

1929

2

1930

3

1936

2

1937

2

1938

3

1939

4

1941

5

Fonte: Câmara, Anfilóquio. 1943, p.77-86.

 Destes 29 poços, 10 eram de água salobra, 20 de água calcária e 4 de água potável, e estavam localizados um na cidade e os demais nos seguintes lugares: Baixa do Juazeiro, Queimadas, Quixabeira, Palestina, Cabeço Preto, São Luiz, São João, Terra Santa, São Miguel, Pereiro, Jandaira, São Francisco Xavier, Parazinho, Povoado, Farias, Pedra Grande, Lagoa, Baixa do Feijão, Silvestre, Bom Descanso, Genésio, Pedrinhas, Viração, Carrasco dos Marcoilinos, Baixa Funda. Lajedo, Bom Jardim, Nova Descoberta, Espinho, São Salvador, Santo Alberto e São Geraldo. 

Além dos poços mencionados, a IFOCS perfurou, de cooperação com particulares, mais quatro, sendo um com resultado negativo.

O Governo Federal aprovou em 1945 o orçamento na importância de Cr$ 39.546,80, para o aparelhamento de um poço tubular denominda Cidade 9, no municipio de Baixa Verde.[9]

         Em 1948 foi aprovado pelo ministro da viação e obras públicas o projeto e orçamento para as obras de aparelhamento de um poço tubular denominado Baixa do Feijão, no municipio de Baixa Verde, no valor de Cr$ 54.307, 80.[10]

         Em 03/02/1944 o ministro da viação aprovou o orçamento de Cr$ 20.079,40 para ocorrer as obras de aparelhamento, pelo regime de cooperação, do poço Baixa Verde nº 1.[11]

No dia 18/11/1944 foi concluída a instalação do poço tubular denominado Baixa Verde, situado na zona suburbana da cidade homônima.

         O poço contava com um reservatório de tijolo e cimento, com capacidade para 15.000 litros de água, com chafariz para abastecimento público, bebedouro para animais e cercado de arame farpado.

         A despesa com esse serviço correu por conta do governo do Estado, tendo a IFOCS fornecido o catavento.

         De acordo com o jornal A Ordem esse melhoramento viria a contribuir para minorar a carência de água na próspera cidade de Baixa Verde.[12]

         O referido poço seria administrado pela Inspetoria de Poços no Estado.

         Em agosto de 1948 foi assinado pelo ministro da viação o ato aprovado o projeto para as obras de aparelhamento de um poço denominado Baixa do Feijão, no municipio de Baixa Verde, ao custo de Cr$ 54.307,80.[13]

Em 08/07/1948 foi aprovado pelo DNOCS a abertura do poço tubular São Joaquim, no municipio de Baixa Verde.

Em 11//11/1949 foi aprovado pelo Ministério da Viação o projeto e orçamento, calculado em Cr$ 37.352,50, para a perfuração de um poço tubular com a denominação de Matadouro Público, na cidade de Baixa Verde.[14]

A região da Serra Verde

         A região denominada Serra Verde, situada entre os municipios de Baixa Verde, Touros e Macau foi uma região emblemática em questão de aceso a água.

Com o intuito de amenizar as condições de vida dos habitantes da Serra Verde, onde havia a absoluta ausência de mananciais, na extensão de dezenas de léguas, roubando aos que ali trabalhavam metade do ano em longas caminhadas para o litoral e para o sertão, em cujas fonts iam buscar a água de que se serviam para todos os misters, o govenardor do Estado iniciou em 1916 a perfuração de um poço, que, infelizmente, ainda atigira o lençol aquoso, apesar da consideravel profundidade já alcançada pela perfuratriz.[15]

         Ali se desenvolvia a cotonicultura na região do Mato Grande, onde os que ali se dedicavam a lavoura algodoeira lutavam incessantemente com a falta d´água, tendo que colhê-la a grandes distâncias em poços perfurados pela IFOCS, pelo governo do Estado, das prefeituras ou por particulares.

O Estado do Rio Grande do Norte mantinha desde 1928 contratos com a IFOCS para perfuração de poços tubulares, os quais se destinavam ao abastecimento das populações e dos rebanhos nas zonas onde não era possível se construir açudes como  os vastos chapadões da Serra Verde.

Essas chapadas compreendiam muitos milhares de quilômetros quadrados de terras fertilíssimas, ainda incultas por falta de reservatórios d’água para o suprimento das populações que se localizavam naquelas regiões.

O aspecto físico, uniforme pela grande extensão da sua planície, a invariabilidade da vegetação e a natureza das suas terras, tornava a paisagem monótona devido a ausência de acidentes geográficos notáveis e pela Constancia com que teimava em agrupar por toda parte as mesmas espécies de vegetais.[16]

Os resultados práticos dos poços que já se encontravam funcionando em 1935 vinham despertando o maior interesse.

A área cultivada em Serra Verde, relativamente pequena, comparada com a considerável extensão ainda inculta aquela época, pôs em evidencia as vantagens do aproveitamento dos suprimentos de água subterrâneos por meio dos poços tubulares.

         A firma João Câmara & Irmãos e outros plantadores de algodão da Serra Verde mantinham um serviço continuo de caminhões, destinados a conduzir água, em vastos toneis, de Baixa Verde aos centros de lavouras longínquas.

Diariamente eram conduzidas cargas d’água, em barriletes, comboios extensos de burros e jumentos num vai e vem pitoresco léguas e léguas entre Parazinho, Nazaré, Palestina, Escadilha e Queimadas. Todos núcleos de atividades algodoeiras.

De acordo com o Diário de Pernambuco essa faina era impressionadora, pois revelava um aspecto, dos mais característicos da vida sertaneja.[17]

Em 03/07/1939 foi concluída a perfuração do poço Bom Descanso, em Serra Verde, no municipio de Baixa Verde, com 123 metros de profundidade e descarga horária de 3.000 litros.

Esse poço voria a ser totalmente concluído em 1943 conforme um oficio dirigido ao Secretário Geral do Estado, o fiscal dos serviços de poços no Rio Grande do Norte, comunicou em 06/10/1943 ter inaugurado a instalação complementar do poço Bom Descanso, localizado no municipio de Baixa Verde.[18]

         Em 29/03/1942 atendendo ao que requereu a firma João Câmara & Irmãos, o inspetor de obras contra as secas aprovara o orçamento para a perfuração de vários poços tubulares, pelo regime de cooperação, em propriedades situadas no municipio de Baixa Verde. Foram os seguintes os orçamentos aprovados:

Orçamento em Cr$

Local do poço

10.501,80

Parazinho

14.092,10

Três Irmãos

15.269,70

Viração

15.137,45

São Geraldo

14.430,20

Pereiras

15.120,20

Cabeço Vermelho

12.447,60

----------

Fonte: A Ordem, 29/03/1942, p.1.

Os 11 poços abertos na região da Serra Verde, na parte compreendida no municipio de Baixa Verde, permitiram que a cultura do algodão se desenvolvesse de tal modo, que sendo quase nula antes de 1917, data dos primeiros poços, atingia em 1935 a cerca de 6.000 Kg, em rama.

No  poço São Luiz, em Baixa Verde, era grande a afluência de cargueiros para retirar água do chafariz.

Em 01/08/1935 foi concluída a instalação do poço Fagundes, em Serra Verde. As obras consistiram de um catavento e um reservatório de concreto armado, com capacidade de 15 mil litros, além de dois banheiros.

         Todos os serviços foram feitos em cooperação entre o governo do Estado, a IFOCS e a Inspetoria de Plantas Texteis.[19]

         Em 27/08/1937 o secretário geral do Estado solicitou ao fiscal do serviço de poços no Estado as necessárias providências no sentido de ser perfurado mais um poço tubular em Serra Verde no lugar Alagoinha.[20]

         Foi requisitado em 17/09/1937 ao fiscal dos serviços de poços a perfuração de um poço tubular nos lugares Cabeço Verde e Lagoa, ambos situados no municipio de Baixa Verde.[21]

         Prosseguindo no programa traçado pelo Governo Federal para solucionar o problema do combate as secas do Nordeste, o ministério da viação e obras públicas, autorizou em 27/03/1941 a abertura dos seguintes poços tubulares:

Local

Valor

Terras do municipio de Baixa Verde

14:224$910

Idem, idem

13:350$235

Alto das Pedrinhas

12:076$725

São Geraldo

13:942$600

Lageiro do Téteu

12:076$725

Feijão Brabo

14:843$050

Santa Maria

14:385$350

Fonte: A Ordem, 27/03/1941, p.2.

Todos localizados em Serra Verde, no municipio de Baixa Verde.

Segundo Anfilóquio Câmara o principal problema de Baixa Verde, para o seu desenvolvimento, era o da água, começando pela cidade, que, decorridos poucos meses, após a estação invernosa, era abastecida d´água pelos trens da EFCRGN, conduzida da lagoa de Estremoz, numa distância de 67 km, mas em quantidade aquém das necessidades locais.[22]

O frete dessa água, aliás, muito reduzido, era pago pela Prefeitura, que, por sua vez, cedia á população sem lucro algum.

O problema da água no interior do município estava sendo resolvido, satisfatoriamente, com a perfuração de poços tubulares, iniciada em 1922. Eram eles que estavam permitindo a grande, e sempre crescente, cultura de algodão na chapada da Serra Verde. [23] 

Onde se instalava um poço, logo aí se formava um núcleo de população, toda entregue á agricultura, segundo Anfilõquio Câmara.

Memória

Poço Púlbico construído pela IFOCS em Baixa Verde (João Câmara).Foto: Aldo Torquato.

Detalhe do poço de Baixa Verde.Foto: Aldo Torquato.

Placa do poço de Baixa Verde.Foto: Aldo Torquato.


Poço da IFOCS em João Câmara.Foto: Cosme Souza, 2025.

Foto: Cosme Souza,2025.

Foto: Cosme Souza,2025.

Foto: Cosme Souza,2025.




















[1] Op.Cit., 1929, p.110.

[2] Brasil Ferro Carril, 01/05/1930, p.25.

[3] Brasil Ferro Carril, 24/07/1930, p.21.

[4] Mensagem do Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, 1930, p.46.

[5] Trata-se da Estação Experimental Walbert Pereira, localizada atualmente no municipio de Jandaíra as margens da BR-406.

[6] Diário da Manhã, 01/07/1934, p.18.

[7] A Ordem, 17/09/1937, p.4.

[8] Decretos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, 1938, p.189.

[9] Brasil Ferro Carril, dez.1945, p.26.

[10] Brasil Ferro Carril. Ago,1948,p.29.

[11] A Ordem, 03/02/1944, p.4.

[12]A Ordem, 25/11/1944, p.3.

[13]Brasil Ferro Carril, Ago.1948, p.29.

[14] Diário de Natal, 17/11/1949, p.3.

[15] Mensagem do Presidente do Estado do Rio Grande do Norte, 1916, p.13.

[16] A Noite: Suplemento: Secção de Rotogravura (RJ), 19/01/1935, p.4.

[17]Diário de Pernambuco, 24/08/1930, p.6.

[18] A Ordem,06/10/1943,p.3.

[19] A Ordem, 01/08/1935, p.1.

[20] A Ordem, 27/08/1937, p.4.

[21] A Ordem, 17/09/1937, p.4.

[22] CÂMARA, Anfilóquio. 1943, p.77-86.

[23] Op. Cit.