sábado, 20 de setembro de 2025

OS POÇOS TUBULARES DA IFOCS: MARCO DO DESENVOLVIMENTO DE PARAZINHO

 

         Parazinho surgiu numa região de difícil acesso a água potável, essencial em qualquer aglomerado humano para a sua sobrevivência.

          A região no entanto, era propicia a plantação da cultura do algodão. Para resolver o problema do acesso a água o Governo Federal por meio da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS (atual DNOCS), perfurou vários poços na região mais assolada pelas secas, muitos na região que atualmente compreende o território do município de Parazinho.

         Pertencente inicialmente ao municipio de Taipu, passou a jurisdição de Baixa Verde a partir de 1928 com a criação dste municipio.

        O relatório do prefeito João Câmara de Baixa Verde em 1930 apontou que na povoação de Parazinho havia um poço movido por um motor a gás pobre, que apesar de ser propriedade particular,  muito vinha concorrendo para o desenvolvimento agrícola da Região [1]

         A região de Parazinho tinha escassez de água potável necessária a fixação do povo que já habitava aquelas terras onde se plantava algodão. Foi a construção do poço “Quixabeira”, no povoado de Parazinho que permitiu o acesso ao precioso liquido naquela região.

         O poço tubular foi construído pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS (atual DNOCS) constando de um catavento, reservatório em alvenaria e cimento armado, com capacidade para 80.000 litros e um chafariz.[2]

         Segundo o citado jornal, Parazinho era um dos maiores centros produtores da Serra Verde, tendo o povoado se formado depois da construção do poço e já em 1935 possuía mercado público e boa feira aos domingos.

Poço Quixabeira em Parazinho

Fonte: A Noite.Suplemento: seção de rotogravuras, 1935.

O mesmo poço em imagem colorizada por IA.Colorização: João Santos, 2025.

         Em 1937 engenheiro Francisco Ramalho, fiscal do Serviço de Poços, deu conhecimento ao Governo do Estado, que foi concluída a perfuração do poço “Parazinho”, situado no povoado de mesmo nome, no município de Baixa Verde, tendo o referido poço a profundidade de 86,40m, revestimento com tubos de 64,68m, nível estático de 47,60m, vazão de 2.680 litros/h e qualidade de água calcária.[3].

         Em 1942 a firma João Câmara & Irmãos requereu a Inspetoria de Obras Contra as Secas a perfuração de poços tubulares pelo regime de cooperação em propriedades situadas no município de Baixa Verde.

         Foram aprovados os orçamentos para a perfuração de poços em Parazinho, Três Irmãos, Viração, São Geraldo, Pereiras e Cabeço Vermelho.[4]

         A perfuração de poços tubulares na região começou a ganhar força sobretudo no século XX, quando órgãos estaduais e federais, como o DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), passaram a investir em tecnologias para minimizar os efeitos da seca.

         Parazinho foi uma das localidades existentes na região do Mato Grande beneficiada pela ação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS em cooperação com o Governo do Estado com perfuração de poços tubulares, os quais permitiu a fixação da população e o  combate à seca.

Importância social

         Abastecimento humano: em comunidades rurais isoladas, os poços tubulares muitas vezes eram a única fonte de água potável, reduzindo a dependência de carros-pipa.

         Fixação no território: a disponibilidade de água ajudou a diminuir o êxodo rural, permitindo que famílias permanecessem em suas terras mesmo nos períodos de estiagem prolongada.

         Uso comunitário: vários poços eram de uso coletivo, equipados com bombas manuais ou motobombas movidas a diesel, depois substituídas por sistemas elétricos e, mais recentemente, por energia solar.

Situação atual

         Ainda hoje os poços tubulares continuam sendo uma das principais estratégias de acesso à água na região.

         Algumas estruturas dos antigos poços da IFOCS ainda podem ser vistos na região do municipio de Parazinho.Eles tem uma importância histórica e cultural importante para a memória sociocultural daquela municipio.

Placa do poço Quixabeira com datação de 1934.Foto: Aldo Torquato.





[1] Diário de Noticias, 18/07/1930, p.6.

[2] A Noite, 19/01/1935, p.4.

[3] A Ordem, 31/08/1937, p.4.

[4] A Ordem, 29/12/1942, p.1.

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