terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Acidentes na estrada de ferro


         O trecho compreendido entre o quilometro 25, Raposa e Taipu, 56, sofreu vários acidentes ao ponto de varias vezes o trafego ser interrompido. Houve segundo o Relatório nessa época vários descarrilamentos, mas sem importância (RMVOP, 1908, p.50).
         Entretanto no km 54 no dia 13 de julho houve o descarrilamento do trem horário que resultou na morte de uma passageira da 2ª classe. O desastre deu-se na curva em 9 graus e em rampa, motivado parece, por um defeito do carro, ou trucks, que não funcionaram bem na ocasião. Foram tomadas medidas urgentes no tocante à conservação a conservação da linha e reparos de material rodante. O trafego da linha era considerado bom (p.50).
         Durante o ano de 1912 o rigoroso inverno de 9  meses seguidos causou sérios prejuízos a linha em construção.Muitos cortes foram obstruídos e diversos aterros desmoronados.

       Atualmente a ponta dos trilhos está a 24 km de Cardoso e o leito acha-se preparado até Lages, km 150, cuja estação poderá ser inaugurada em agosto do corrente ano.

Arquitetura ferroviária




Obras novas da ferrovia de Natal a Taipu

         Para que a estrada de ferro seja construída é preciso a construção de elementos característicos a engenharia ferroviária que são conhecidas pela engenharia como obras de arte.Muitas obras de arte foram construídas ao longo da ferrovia entre Natal e Taipu, dentre estas destacam-se rampas, aterros, bueiros, pontilhões e pontes. Segundo o relatório do Ministério de Viação e Obras Publicas no ano de 1912 já haviam sido construídos 14 bueiros capeados e 2 abertos e modificados 5 em arcos.Em construção achava-se mais um pontilhão de 3 e 6 metros de vão respectivamente e outros de 10 metros de vão. Edifícios, ainda não havia sido construído edifícios alem Taipu em 1909, depois dessa data a estação de baixa Verde seria a primeira construção realizada no prolongamento da ferrovia em 1910.
         Foi construído um triângulo de reversão entre os km 1 e 2.Reconhecidas as deficiências das oficinas existentes, não só para parte de trafego  como para o prolongamento foi escolhido o local para as novas oficinas na cidade de Ceará -Mirim e autorizado o serviço do movimento de terra para a esplanada.Mais tarde, porém, foi esse local aproveitado para um depósito de carro que já se acha com as paredes prontas, e marcados o novo local para as oficinas, em Natal, à margem direita.
         No trecho da ferrovia que fica no território de Taipu é possível ver muitas dessas obras de artes, tais como os cortes, na Passagem Funda, o pontilhão sobre o rio Gameleira, afluente do Ceará Mirim, na localidade de Boa Vista, o bueiro do sangradouro do açude já na zona urbana de Taipu, ruínas de outro bueiro é possível ser vista na zona urbana da cidade.Mas em duvidas as obras mais significativas em Taipu são respectivamente a Estação, a ponte do Umari e a caixa d’água.
         Os conjuntos ferroviários geralmente eram compostos por armazéns de carga e mercadorias, oficinas de manutenção, local para manobra de composições, caixa d’água suspensa para abastecimento das caldeiras das locomotivas, depósito de carvão, casas para funcionários, abrigo para maquinas paradas, alem de outras edificações. No entanto são as estações as construções de maior representatividade nesse conjunto de edificações ferroviárias. Elas exercem esse poder de atração pelo fato de ligar a via férrea  com as respectivas aglomerações. Pelo seu caráter aglutinador muitas delas se tornaram marcos de referencias, aglutinando em seu entorno importantes serviços. Isso é verificado quando vê-se estações que quando construídas em locais isolado em pouco tempo são envolvidas pelo tecido urbano.Isso foi verificado em Taipu, pois a estação foi construída à época em local isolado da zona urbana o que determinou o impulso do crescimento urbano da então vila de Taipu.

A estação
         Nas cidades brasileiras, as estações ferroviárias constituíam o eixo central da vida, e mesmo depois de escritos os primeiros capítulos da história do trem no Brasil há 150 anos, mesmo desativadas as estações permanecem como testemunho do inicio da modernidade.
         A estação ferroviária de Taipu foi inaugurada no dia 15 de novembro de 1907. Em seu discurso o governador Alberto Maranhão mostrou-se satisfeito com o que vira e enalteceu os esforços e a competência da comissão construtora da estrada de ferro que nas palavras do governador “honravam a engenharia brasileira” (Diário do Natal, 1907, p. 1).A estação de Taipu foi oficialmente inaugurada pelo Dr. José Luiz, engenheiro chefe da comissão de construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
         Junto à estação localiza a plataforma que servia para o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Sua altura elevada em relação ao nível do terreno permitia o perfeito acesso aos trens. A plataforma da estação de Taipu tinha uma extensão de 34 metros. No ano de 1996 uma parte da plataforma foi destruída pela prefeitura para asfaltar a rua principal.


estação ferroviária de Taipu


         De modo geral, as estações de pequeno e médio porte localizavam-se em cidades do interior, nas quais os pequenos espaços eram suficientes para os serviços de operação ferroviária.         
         A estação de Taipu mede 18,5 metros de comprimento por 13,5 de largura. O edifício é composto de dependência administrativa (duas salas eram destinadas para atividades administrativas, sendo uma destinada à bilheteria), alojamento de funcionários e armazém anexo.
         O telhado é composto em duas águas terminado em alpendre sobre o vão central da plataforma. Na parte superior  das paredes nas faces leste e oeste da estação há o dístico em que se ler o nome do município.

A caixa d’água
         Em todas as cidades em que eram construídas estações  ferroviárias obrigatoriamente deveriam ser construídas também caixas d’água para abastecimento das locomotivas a vapor. Curiosamente a caixa d’água de Taipu não era elevada como a maioria das outras caixas d’águas, geralmente construída em ferro.A de Taipu foi construída em alvenaria, com base em alicerce de rochas, de forma retangular.Penso que tal exceção deve-se a topografia da cidade. Em Taipu a caixa d’água que servia a ferrovia foi construída em frente a estação onde hoje se localiza a praça Maria da Dores Praxedes.


alicerces da antiga caixa d'água de Taipu


A ponte Ferroviária
          Localizada no distrito do Umari cerca de 4 km da sede a ponte ferroviária começou a ser erguida em 1908 e concluída em agosto de 1909. A ponte está sobre o rio Ceará Mirim. Esta obra de engenharia ferroviária deveria ser realizada para dá continuidade aos trabalhos de avanço da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e segundo os relatórios do ministério de viação e obras era a maior obra de arte existente nessa estrada de ferro (ano e pagina).


ponte ferroviária do Umari


         Tem esta ponte 5 vãos de 30 metros cada um; a viga metálica  é continua e foi adquirida pela extinta comissão do governo.Os dois encontros e o primeiro e o quarto pilares  já se achavam prontos em 1908; o segundo estava quase concluído e o terceiro estava apenas iniciado.As fundações são sobre rocha até a profundidade de 8 metros.A previsão de montagem completa da ponte estava prevista para agosto do ano de 1909.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

SOBRE A FEIRA EM TAIPU


É dia de feira\Quarta-feira, Sexta-feira\Não importa a feira\É dia de feira\Quem quiser pode chegar (A Feira, O Rappa)


    A feira é uma das características essenciais na formação de um núcleo urbano do nordeste, pois é por meio da feira que se intensifica a incipiente economia do local, transforma-se em centro de irradiação de mercadorias, comunicação e cultura. Muitas cidades potiguares cresceram por meio de uma feira, que junto com a capela são os dois elementos principais para a caracterização do passado histórico do lugar.
       Em Taipu há apenas uma breve referencia nas crônicas de Francisco Nobre em 1877 quando ao citar o município de Ceará Mirim diz que neste havia o distrito de Taipu na qual tinha uma pequena feira. Devemos crer que por esse período já havia certo nucleamento urbano que justificava a realização de uma feira.
     Não se tem noticia da construção do primeiro mercado publico de Taipu, que segundo dona Teresinha Dias, localizava-se na rua onde atualmente se situa a câmara municipal. Com o passar do tempo o local ficou pequeno para receber o fluxo de mercadorias e a realização da feira. Anfilóquio Camara (1943) diz que “O edifício do mercado público é amplo e tem passado por algumas reformas”. Na década de 1950 foi construído um novo (e atual) mercado público. O novo mercado foi construído em espaço mais amplo e o prédio em si era considerado uma das maiores construções da cidade, além da matriz, da escola Joaquim Nabuco e da estação ferroviária.
     No seu entorno se realiza a feira. Como de costume os comerciantes chegam de madrugada, bem como algumas pessoas costuma fazer suas compras antes do sol nascer. Tradicionalmente se realiza aos domingos, eventualmente quando da realização do encerramento da festa da padroeira e na festa de reis é transferida para o sábado. Nela fazem presentes comerciantes de Ceará Mirim, João Câmara e outras cidades da região além dos tradicionais comerciantes nativos que nela tiram seu sustento.

A dinâmica organizacional da feira
        Como já assinalamos a feira se realiza no entorno do mercado, no entanto há uma organização já estabelecida tradicionalmente. Dentro do mercado são comercializados as carnes bovinas, tendo algumas bancas de comidas, bares e comércio de seco e molhados. Na rua ao lado da câmara fica a feira do peixe, onde se comercializa as carnes e derivados de peixes, as frutas e legumes.Em frente ao casarão da família Praxedes se realiza a feiras de verduras, farinhas et.Ao lado da rua  é onde estão as tradicionais bancas de bolos, tapiocas, grudes, secos, roupas. Em frente a praça estão os produtos “miúdos”.
         A feira é um lugar cheio de sons, movimentado e colorido. Talvez por isto chame a atenção numa primeira análise. O colorido das frutas e legumes nas barracas iluminadas pela luz do sol filtrada através dos toldos proporciona um visual muito bonito. Em alguns lugares o sol passa direto pelas frestas e espaços entre as barracas criando uma luz incrível. Para quem observa de fora a feira parece um teatro cheio de personagens, cada um com sua história. Um lugar com cheiros e sons que nos remetem ao nosso passado e, talvez, à nossa infância. Um lugar com suas cores e suas luzes a serem descobertas, exploradas e... fotografadas. (Roberto Agapio).

Aspecto do mercado de Taipu na década de 1970.


A feira em 1964.Uma das poucas imagens da feira em Taipu. Arquivo ICM.

Mercado público de Taipu, 1964.Arquivo ICM


Mercado publico de Taipu, 2012.João Batista dos Santos.


Sobre a Caixa das Secas


        O governo informava que não havia movimentação na Caixa das Secas, além  do que aguentou os saldos de acordo com as disposições no decreto que a criou.O balanço do exercício de 1922 registrou o seguinte saldo em 1921: 350;847$200 tendo sido repartidos em donativos as municipalidade de Taipu 500$, Martins 500$ e Augusto Severo 200$.




Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1922, p.4R

Avanço nas obras da ferrovia

       Os trabalhos de avanço na ferrovia continuaram durante o ano de 1908.O trecho da construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte ficou concluída a linha na extensão  de 28,6 km, de Taipu a Baixa Verde, elevando-se a 128 km a extensão em trafego.Ficou bastante adiantada a construção dos restantes 103 km dessa via férrea até Caicó.
         É oportuna enfatizar que a ferrovia nunca atingiu a cidade de Caicó como previsto no projeto original.As modificações técnicas desviaram a ferrovia para Macau o que só ocorreu na década de 1960.



Fonte: Jornal A Noticia, 1908, p. 3.