sábado, 7 de julho de 2018

A CRIAÇÃO DO BISPADO DO SERIDÓ



O bispado do Seridó 
Desde as gestões dos bispos Dom Antônio dos Santos Cabral e Dom José Pereira Alves que se vinha trabalhando para criar as Dioceses de Mossoró e Caicó.
        Coube a Dom Marcolino Dantas a partir da sua posse em 1929 a organização do plano de desmembramento do território da Diocese de Natal em favor da criação de outras Dioceses no território potiguar, sendo a primeira Diocese criada a de Mossoró em 1934.
         já para o bispado do Seridó a cidade escolhida para ser a sede da nova Diocese foi Caicó. A cidade está situada a 220 m de altitude e distante cerca de 300 km da capital do Rio Grande do norte.
      A época da criação da Diocese era bem edificada, destacando-se de seu conjunto arquitetônico a igreja matriz, igreja do Rosário, igreja evangélica, o Paço Municipal, Grupo Escolar Senador Guerra, Hospital do Seridó, Colégio Santa Teresinha, sendo os três últimos recentemente construídos naquela época.
        A população da cidade era de 2.500 conforme os dados do Censo de 1922. em 1927 calculada em 3.500 habitantes.Já o município tinha 25.000 habitantes.

“E Dioceasibus”
Dom Marcolino Dantas recebeu a Bula “E Dioceasibus” de 25.11.1939, por meio da nunciatura Apostólica no Brasil, pela qual era criada a Diocese de Caicó no Estado do Rio Grande do Norte.
Com esse documento vieram também o decreto pontifício de execução, datado de 08.05.1940 e o ato de igual nomeação de Dom Marcolino Dantas como Administrador Apostólico até a escolha e posse do primeiro bispo da nova Diocese.
         Todo o Estado e principalmente a região do Seridó, recebeu com satisfação a noticia da criação pela Santa Sé do Bispado de Caicó.A noticia alvissareira chegou ao conhecimento do bispo de Natal, quando ele fechava horas antes a compra do palacete do Sr. Olavo Medeiros, em Caicó, para servir de Palácio Episcopal do novo bispo.

O território da nova Diocese
       A Diocese de Caicó ao ser criada abrangia toda a região denominada de Seridó na porção centro sul do estado do Rio Grande do Norte a época com apenas 8 municípios e compreendendo uma área de 9.220 km² de extensão.
      Com a criação da Diocese de Caicó ficaram pertencentes ao seu território as paróquias de Caicó, Currais Novos, Acari, Parelhas, Jardim do Seridó, Jardim de Piranha, Flores[1] e Serra Negra[2], integrando-se mais tarde Cruzeta e São Miguel de Jucurutu.
      Foi escolhido para a sede do bispado a cidade de Caicó, doravante denominada cidade episcopal e tendo a igreja matriz de Santa'Ana elevada a dignidade de Catedral.

A instalação da diocese
         Segundo o jornal A Ordem constituiu nota de profunda significação, na festa de Caicó, a instalação solene da nova diocese do Seridó, com a leitura da Bula Pontifícia que criou, no estado do Rio Grande do Norte mais uma circunscrição eclesiástica.A solenidade de instalação da Diocese se revestiu de muito brilhantismo ocorrendo as 09h00 do domingo, antes da missa solene da festa de Santa’Ana.

A Bula da criação da Diocese de Caicó
O jornal A Ordem na edição do dia 27.07.1940, p.1 transcreveu a bula Pontifícia pela qual foi criada a Diocese de Caicó. Eis o texto do referido documento da criação do bispado do Seridó.

                           Bula da criação da Diocese de Caicó
PIO, BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS, AD PERPETUAM REI MEMORIAM
         Das diocese, que pela vasta extensão do território dificilmente podem ser governadas por um só Antistite, embora vigilantíssimo, julgamos oportuno separar uma parte e nela erigir novas Dioceses, para  que, aumentando o número de Pastores, possa o rebanho do Senhor receber frutos mais abundantes.
         Considerando, portanto, estas coisas, e como o conselho dos Nossos Veneráveis Irmãos os Cardeais da Santa Igreja Romana, Propostos a Sagrada Congregação Consistorial, e após o voto favorável do Venerável Irmão Bento Aloisi Massella, Arcebispo Titular de Cesárea, na Mauritânia e Núncio Apostólico na República Brasileira, resolvemos com a melhor boa vontade anuir aos pedidos do Venerável Irmão Macolino de Souza Dantas, Bispo de Natal, o qual Nos pediu que, para maior utilidade dos fieis cristão, fosse separada uma parte do vasto território de sua Diocese, na qual pudesse ser criada uma nova Diocese.
         Suprido, pois, quanto necessário, o consentimento daqueles a quem interessar ou que presumem lhes interessar, pela plenitude de Nosso poder apostólico subtraímos da referida Diocese de Natal a parte do território que compreende duas paróquias existentes no município de Caicó e as paróquias dos municípios de Currais Novos, Acari, Jardim do Seridó, Parelhas, Serra Negra, Flores, e constituímos e erigimos do território separado uma nova Dioceses, que na cidade de Caicó, queremos e decretamos seja chamada Diocese de Caicó.
Os limites desta nova Diocese serão: ao Norte os montes da Serra de Santana, a Leste as serras do Doutor do Ingá e os limites do Estado da Pàraiba; ao Sul e ao Oeste os limites do mesmo Estado.
         Constituímos a sede da mesma Diocese na cidade de Caicó, da qual a mesma diocese, como já dissemos, tomará o nome; além disso, a elevamos à dignidade de Cidade Episcopal e lhe atribuímos todos os privilégios e direitos de que gozam as outras cidades episcopais.
         Fixamos a Cátedra episcopal na Igreja Paroquial dedicada a Deus em honra de Santa’Ana, existente na mesma cidade, e a elevamos ao grau e a dignidade de Igreja Catedral e lhe concedemos e aos seus Bispos todos os direitos, privilégios, honras, insígnias, favores e graças de que gozam e desfrutam, por direito comum, as demais Igreja Catedrais e seus Prelados, e lhes impomos os ônus e as obrigações a que estão sujeitos as outras Igrejas Catedrais e seus Antistites.
         Constituímos, além disso, a Diocese de Caicó, sufragânea da Igreja Metropolitana da Paraíba, e submetemos seus Bispos ao direito metropolitano do Arcebispo da Paraíba.
         Como, porém, as circunstâncias do tempo presente não permitam que nesta nova Diocese seja constituído logo um Cabido de Cônegos, concedemos que por enquanto em lugar dos cônegos sejam escolhidos e nomeados Consultores Diocesanos de acordo com o Direito.
         Mandamos também que, quanto antes, seja fundado ao menos o Seminário Menor de acordo com as prescrições do Código e as normas emanadas da Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades de Estudos, e que também sejam enviados a custa da nova Diocese de Caicó ininterruptamente, dois jovens escolhidos,ou ao menos um para esta alma Cidade, para que sejam educados no Pontifício Seminário Brasileiro, como esperanças da Igreja.
         No que, porém, se refere à Direção, e Administração dessa nova Diocese, a eleição do Vigário Capitular ou de Administrador “sede vacante” aos direitos e obrigações dos clérigos e dos fiéis, e a outras coisas semelhantes que devem ser observadas, ordenamos o que prescrevem os sagrados cânones a respeito.
         Quanto ao clero, determinamos que no mesmo tempo em que as Letras de ereção desta nova Diocese forem executadas, sejam considerados a ela incardinados os clérigos  que legitimamente habitam em seu território.
         Constituirão a Mesa episcopal os emolumentos da Cúria, as ofertas que costuma fazer os fieis, em cujo beneficio foi criada a Diocese, além do que para esse fim já foi reunido.
         Queremos finalmente que os Documentos e Atos referentes a Diocese de Caicó, aos seus clérigos e fieis, sejam entregues pela Cúria da Diocese de Natal a cúria da nova Diocese, para se conservarem em seu arquivo.
         Delegamos para executar tudo que acima foi disposto e constituído, o Venerável Irmão Bento Aloisi Masella, Núncio Apostólico na República Brasileira, acima nomeado, a quem concedemos todas as faculdades para isso necessárias e oportunas, também de subdelegar para efeito, de que se trate, qualquer homem constituído em dignidade eclesiástica, e lhe impomos a obrigação de enviar quanto antes, a Sagrada Congregação Consistorial um autentico exemplar da execução dos Atos.
         Estas presentes Letras e tudo que nelas está contido mesmo aqueles a quem interessar ou que presumirem lhes interessar, dignos embora de menção específica e individual, não tenham sido ouvidos ou não tenham consentido, em tempo algum podem ser controvertidas ou impugnadas por vicio de supressão, opressão, de nulidade ou intenção Nossa, e por qualquer outro defeito, mesmo substancial ou inadvertido, pois, por ciência certa e plenitude do poder feitas e emanadas, ficam e permanecem válidas, obtém a alcançam seus íntegros e plenos efeitos, e devem ser inviolavelmente observados por aqueles a quem se refere; se, pelo contrário, acontecer que se atente algo contra elas, seja por quem for revestido de qualquer autoridade, por ciência ou ignorância, queremos e determinamos que seja inteiramente nulo e irrito, não obstando, enquanto possível, as regras contrarias publicadas nos Concílios Sinodais, Provinciais, Gerais ou Universais, e as Constituições ou Ordenações Apostólicas especiais, e qualquer outra Disposições contarias dos Romanos Pontífices, Nossos Predecessores, mesmo dignas de especial menção, todas as quais derrogamos pelas Presentes.
         Queremos finalmente, que se dê o valor que se dá a estas Letras às suas cópias impressas, se, exibido ou mostrado, contanto que sejam assinadas pelo punho de algum escrivão público e munidas com o selo de um varão constituído em oficio e dignidade eclesiástica.
       A ninguém, pois, é licito contradizer este documento de desmembração, ereção, concessão, sujeição, estatuto, mandamento, delegação, derrogação e vontade Nossa.
         Se alguém, contudo, temerariamente o presumir atentar, reconheça-se ter incorrido na indignação de Deus Onipotente e dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.
         Dado em Roma, São Pedro, ano do Senhor mil novecentos e trinta e nove, no dia vinte e cinco de mês de Novembro, primeiro ano do Nosso Pontificado.
(a) Cardeal Rossi - Secretário da Congregação Conistorial.
Pio Cardeal Boggiani - Chanceler da Santa Igreja Romana.
Jorge Stara Tedde - Adjunto dos Estudos da Chanc. Apost.
Alfredo Viteli - Protonotário Apostólico.
Francisco Anibal Ferretti - Protonotário Apostólico.
Domingo Francini - Escriturário Apostólico.
         Expedida no dia 17 de janeiro, do ano primeiro do Pontificado.
         Pelo Oficial do Selo Pontificio
                    Alfredo Marini
Reg. Na Chencelaria Apostólica vol. LXII, Nº 48
                         Luis Trussardi.

O primeiro bispo 
A Santa Sé escolheu para a nova Diocese de Caicó o monsenhor José de Medeiros Delgado que até a sua nomeação desempenhava a função de pároco da matriz de Campina Grande-PB.
    Conhecidos em todo o nordeste eram os dotes de inteligência e espírito sacerdotal que adornavam o bispo eleito para o bispado caicoense.
       A sagração episcopal do monsenhor José  Delgado realizou-se em 29.06.1941  na Catedral Metropolitana de João Pessoa-PB sendo o bispo sagrante dom Moisés Coelho, arcebispo da Paraiba, tendo como bispos consagrantes dom Marcolino Dantas, bispo de Natal-RNe Dom João da Mata, bispo de Cajazeiras-PB.
    A posse em Caicó foi marcada para o dia 26.07.1941, durante a festa da padroeira de Caicó na catedral da nova diocese.
A Catedral
    Ao ser criada a Diocese a igreja matriz de Santana de Caicó foi elevada a dignidade de Catedral.A baixo o aspecto da igreja matriz de Caicó em 1936 ainda com o aspecto romano colonial da fachada e apenas uma torre, foi com esse aspecto que a igreja matriz foi elevada a Catedral..
       
                 Fonte: O malho, 1936,p.40

Aspectos de Caicó a época da criação da Diocese

      A baixo algumas imagens de Caicó a época da criação da Diocese.
Fonte: O malho, 1936,p.40

Fonte: O malho, 1936,p.40

Fonte: O malho, 1936,p.40

         Nessa imagem aparecem a avenida principal da cidade, o Colégio Seridoense e a residência episcopal, respectivamente.
Fonte:  A noite, 1941.

          Aqui se vê a praça da Liberdade, a Catedral e  a sede da prefeitura respectivamente.
Fonte: A Noite, 1941.





[1] Atualmente Florânea.
[2] A época o município não usava a parrticula ‘do Norte’ como grafado atualmente.

terça-feira, 3 de julho de 2018

AS CATEDRAIS QUE NATAL NÃO TEVE E A ATUAL


   
           A seguir mostraremos os projetos para a nova catedral de Natal que não foram executados. De inicio  cumpre lembrar que todos o desenhos são de autoria de Jônatas Rodrigues que os fez a partir das imagens por nós encontradas nos jornais da época, caso sejam reproduzidos a ele deve ser dado o crédito das imagens.

PROLEGÔMENOS
      A diocese de Natal foi criada pelo Papa Pio X em 29.12.1909, seu primeiro bispo foi Dom Joaquim Antônio de Macedo, potiguar de Goianinha, transferido de Teresinha onde foi empossado como primeiro bispo do Piauí, igualmente o foi no estado potiguar. 
      Geralmente quando se é criada uma diocese a igreja matriz é elevada a categoria de catedral, assim o foi com a igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação situada a praça André de Albuquerque na Cidade Alta em Natal.Esta é a igreja mais antiga de Natal, tendo sua construção iniciada ainda século XVIII.Já no inicio do século XX a cidade de Natal revela um aumento populacional e socioeconômico, porém, as igrejas da capital potiguar tornavam-se diminutas para acolher as pessoas.
       O padre João Maria Cavalcanti de Brito, ou só como é conhecido pe. João Maria, o santo de Natal, iniciou em 1902 a construção da nova matriz de Natal, maior, mais elegante e capaz de tornar-se em anos vindouros a maior igreja de Natal segundo o sonho do referido sacerdote.
          Evidentemente não se tratava de um catedral pois até a morte do pe. João Maria em 1905 a diocese não havia sido criada, coisa que só ocorreu 4 anos mais tarde, no entanto essa igreja seria a nova catedral do bispado.
         A construção foi interrompida com a morte do pe. João Maria e suas paredes e colunas foram vistas até meados de 1925 quando Dom José Pereira dos Santos, 3º bispo de Natal autorizou sua demolição para ali na praça Pio X erguer a nova catedral de Natal.

A NOVA CATEDRAL
        A nova catedral de Natal começou a ser idealizada com a posse de Dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo da diocese de Natal, que revelou ao povo potiguar a necessidade de se construir uma nova catedral dado as circunstâncias da catedral que se tornava pequena para o povo e porque o povo potiguar merecia uma igreja maior e altura das demais dioceses brasileiras.
        Dom Antônio dos Santos Cabral criou a comissão de construção da nova catedral, iniciou as campanhas e convidou o engenheiro Carvalho Miranda, chefe da comissão de melhoramentos do porto de Natal para fazer a planta da nova catedral. o projeto porém, foi interrompido coma  transferência de dom Antônio Cabral para a diocese de Belo Horizonte-MG.Não encontramos nenhum imagem do projeto, o mais provável é que se trata-se de uma igreja em estilo neoclássico bem ao gosto da época, inicio dos anos 1920 em que predominavam o gosto arquitetônico pelo eclético e o clássico.

A CATEDRAL GÓTICA
        O projeto de uma catedral em estilo neogótico foi de Dom Marcolino Dantas que encomendou o projeto ao engenheiro George Munier, francês residente em Recife. O projeto foi apresentado em 1933.
        Nesse projeto a Nova Catedral apresentava uma igreja em forma de cruz, em estilo neogótico e inspirado na catedral de Colônia na Alemanha e semelhante a catedral de Fortaleza-CE obra do mesmo arquiteto.
       A benção solene da pedra fundamental dessa catedral foi dada por Dom Marcolino Dantas no dia 03/10/1933.Seria uma igreja monumental de grandes proporções, com duas torres de 70 metros de altura e a igreja com 92 metros de comprimento e 44 metros de largura.
        A pedido do bispo Dom Marcolino Dantas foi adotado um estilo gótico modernizado, mas sem perder as características do estilo clássico da Idade Média para a Nova Catedral segundo explicou o arquiteto George Munier ao apresentar seu projeto a imprensa de Natal.

                                                       A Catedral negótica




        Apesar de sua grande beleza estética e sua suntuosidade arquitetônica o projeto da catedral gótica de Natal não chegou a ser concretamente executado tendo a ideia ficada em latência durante as décadas seguintes.

A CATEDRAL NEORROMANA
Um novo projeto apresentado em 1955 substituiu a arquitetura gótica pela neorromana para a nova catedral de Natal.
 Com capacidade para acomodar até 6.000 pessoas ssse projeto para a nova catedral de Natal coube ao arquiteto Calixto de Jesus Neto, o mesmo que havia projetado a Basílica de Aparecida-SP.
De acordo com o projeto do arquiteto Calixto de Jesus Neto, a catedral seria construída em forma de cruz e ornamentada com duas torres, porta principal, batistério, altares laterais, altar-mor no centro da nave com visão de qualquer ângulo, coro, sacristia, capela do Santíssimo Sacramento.
         A igreja teria capacidade para 2.000 pessoas sentadas e 4 mil em pé.
Suas proporções seriam de 80m de comprimento por 72m de largura. Na frente seria feito um jardim para ornamentar o espaço externo da catedral.
Foi incluso ainda no projeto a construção do palácio arquiepiscopal anexo ao corpo da catedral.

                                            A Catedral neorromana




As obras dessa catedral chegaram a ser iniciadas, mas com as diretrizes do Concilio Vaticano II a Arquidiocese de Natal assumiu outras prioridades voltada ao social e a construção da nova catedral foi posta em segundo plano.
Já em finais da década de 1960 a ideia volta a ser discutida com o arcebispo Dom Nivaldo Monte, dessa vez já com a predominância de projetos modernos para a nova catedral.

A CATEDRAL 'GINÁSIO DE ESPORTES'
Um dos primeiros projetos modernos para a construção da Nova Catedral de Natal foi apresentado pelos alunos do curso de engenharia em 1967[1], de inicio agradando ao arcebispo metropolitano dom Nivaldo Monte.
 A concepção arquitetônica era semelhante ao Palácio dos Esportes de Natal, localizado na Praça Pedro Velho, esse projeto foi de pronto contestada pela opinião pública e pelos arquitetos.
Nesse projeto a nova catedral seria construída em estruturas metálicas medindo 40 metros de largura por 60 metros de comprimento e teria capacidade para até 3.000 pessoas.
Segundo a concepção arquitetônica desse projeto a Nova Catedral de Natal se assemelharia a três dunas em referencia a uma peculiaridade geográfica da capital potiguar, que é ser circundada por dunas marinhas e serviria de panorama de fundo que se encaixaria na paisagem da cidade.
As dimensões técnicas dessa catedral seriam: o primeiro bloco e o posterior teriam 40 metros de largura por 35 de comprimento e 18 de altura; o segundo 30 metros de largura por 20 de comprimento e 13 de altura e o menor que seria a frente da igreja teria 10 metros de largura por 10 de comprimento e 8m de altura.
                                         A Catedral 'ginásio de esportes'




Críticas ao projeto
As críticas ao projeto moderno para a Nova Catedral começaram por se constituir algo inusitado em se tratando de igreja, pois Natal era uma cidade histórica embora acompanhasse a época o surto de desenvolvimento por qual passava o país, ainda havia na capital potiguar o sentimento de evocação ao passado em seus monumentos históricos.
 Ademais não havia nenhuma igreja em estilo moderno em Natal, a primeira seria justamente a catedral, razão pela qual o estranhamento de muitos.
Segundo as criticas feitas a esse projeto haveria um galpão e não um templo. Já para o clero da arquidiocese que tentava amenizar o debate acalorado sobre o assunto da nova catedral o projeto se enquadrava na paisagem de Natal, pois, lembrava as dunas que circundavam a capital potiguar.
A CATEDRAL PIRÂMIDE 
Este novo projeto foi de autoria do arquiteto João Mauricio Miranda em 1968 e segundo o qual a catedral seria construída em concreto armado com uma cúpula sextonada de 17 metros de altura.
Ao lado da entrada principal ficaria o batistério e um recinto para a administração dos serviços religiosos, nas laterais ficariam capela para a padroeira, outra para o santíssimo e outra para celebrações menores como batizados, casamentos etc.
 Haveria ainda um salão para festas religiosas, além das sacristias. Abaixo ficaria a cripta para sepultamento dos bispos da Arquidiocese e outras autoridades religiosas.
A catedral teria três entradas, sendo a principal em rampa, a nave central ficaria com cota menos de 3 metros. No interior haveria apenas uma mesa de mármore e um crucifixo situado em semicírculo em torno do altar.
De inicio as criticas ao projeto de João Mauricio Miranda vieram dos padres que  constataram o alto custo da obra avaliado em NC$ 1.000.000 (1 milhão de cruzeiros novos), diante disso o projeto teve que ser interrompido ainda na primeira etapa fazendo-se a opção pelos ‘galpões’ (DIÁRIO DE NATAL, 1968, p. 8).
O arquiteto João Mauricio pro sua vez criticava os projetos escolhidos pela arquidiocese por se assemelhassem a estruturas de fábricas e ginásios esportivos em suas estruturas de arcos e segundo ele a arquitetura de uma catedral implicaria em arte e como tal deveria ser um marco de uma geração, por isso não entendia ele o por que de um projeto ser aceito sem nenhum valor artístico como o fora o escolhido pela arquidiocese externando assim sua insatisfação diante da exclusão de seu projeto.
                                     A Catedral pirâmide




O projeto do arquiteto João Mauricio foi excluído embora fosse dentre os projetos apresentados anteriormente o que foi considerado como sendo o melhor para ser executado segundo a opinião dos arquitetos e de ser aprovado pelo clero da arquidiocese o projeto foi recusado sob a justificativa de que seria muito caro.

A CATEDRAL SUBTERRÂNEA
O segundo projeto modernista para a Nova Catedral de Natal foi um anteprojeto apresentado a arquidiocese por Luciano Toscano em 1971.
Nesse projeto a obra seria dividida em três pavimentos, sendo o primeiro a uma profundidade de 1,40m, onde na parte da frente seria construída a cúria metropolitana, ficando a igreja propriamente dita na parte de trás.
O segundo pavimento compreenderia um platô em cimento armado a 2,60m acima do solo.
Já o terceiro pavimento compreenderia a torre ao estilo da catedral de Brasília, com altura de 26 metros e uma cruz de 7 metros sobre ela plantada.
O projeto foi orçado em 2 milhões de cruzeiros, dos quais 700 mil só de cimento armado.
Seria um projeto ousado e excêntrico e por isso as criticas não lhe foram poupadas como nos projetos anteriores.
                            A Catedral subterrânea




As criticas ao projeto de Luciano Toscano
Esse projeto foi inicialmente vetado pela prefeitura justificando que a ocupação de todo o terreno da Praça Pio X prejudicaria a visão urbanística da cidade
O idealizador do projeto se esqueceu de levar em conta o calor sufocante da capital potiguar na hora de elaborar seu projeto de uma catedral subterrânea, onde se teria que ser feito um dispendioso sistema de ventilação para os fiéis não morrerem sufocados pelo calor sem contar que seria inapropriada para a realização dos atos litúrgicos.
         Outra crítica que recebeu o anteprojeto da Nova Catedral era que ela se assemelhava a catedral de Brasília, porém, sem os raios com a cúpula, seria achatada e feia,
As salas destinadas a administração da Cúria Metropolitana eram demasiadas pequenas e se assemelhavam a biombos, contrariando a moderna arquitetura.
O órgão responsável da prefeitura estava inclinado a vetar o projeto por entender que a ocupação de toda a área da Praça Pio X como previa o anteprojeto prejudicaria a visão urbanística do centro da cidade.
      Outro problema para o projeto era que seu autor não era arquiteto e sim desenhista, esse fato que só chegou ao conhecimento do arcebispo depois da apresentação do anteprojeto e isso impedia a tramitação do projeto nos órgãos competentes da prefeitura de Natal.Diante desses imbróglios o projeto de Luciano Toscano da Catedral subterrânea de Natal foi rejeitado.

HABEMUS CATEDRALLI
      Só para não deixar o dileto leitor na curiosidade resolvemos por neste apêndice a catedral atual de Natal.
       Após rejeitados todos os projetos mostrados a cima em 1972 um projeto do arquiteto Marconi Grevi foi aprovado para ser a nova catedral de Natal.
      Segundo a concepção do autor do projeto a catedral tem forma trapezoidal lembrando uma tenda em alusão aos primitivos templos do povo hebreu.A fachada é rebaixada e ao adentrar o templo as colunas se elevam, segundo o arquiteto para o infinito que é Deus.
     A igreja é constituída em uma nave única com altar central circular, tem capacidade para até 3.000 pessoas. Foi iniciada em 1974 e inaugurada em 21.11.1988.Se situa na confluência das avenidas Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e as ruas Apodi e Mossoró no centro de Natal.

                                    Catedral metropolitana de Natal


Fonte: do autor, 2018.

       Assim como os demais projetos esse do arquiteto Marconi Grevi não escapou as críticas e as pilhérias do povo potiguar, sobretudo os natalenses, que a chamava de 'tobogã' devido sua arquitetura.Devido a demora na conclusão das obras, que levou 18 anos pare ser finalizada entres os jovens se dizia que só se casariam quando a catedral fosse inaugurada.
       Outro gracejo sobre a catedral eram as apostas para vê quais obras ficariam prontas primeiro,se a  nova catedral ou estado de futebol iniciado no mesmo, ironicamente o estádio Machadão foi inaugurado em 1972 ano em que o projeto de Marconi Greve foi aprovado.
       Já o ex padre José Luis da Silva dizia que a nova catedral era  “uma espécie de Via Costeira de Deus: cara, bonita, suntuosa, demorada, útil apenas para alguns” (O POTI, 1979, p.22), a comparação das obras da Nova Catedral com as da Via Costeira em Natal, se deu porque ambas as obras pareciam não ter fim e de utilidade duvidosa para toda a população.
        Há quem goste, há quem não, o fato é que esta é a catedral metropolitana de Natal até os dias atuais.







[1] Os jornais por nós consultados não dizem qual era a instituição a qual tais alunos eram ligados, supomos que seja a faculdade arquitetura de Pernambuco para onde a maioria dos estudantes potiguares iam estudar no período citado.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

RARIDADES SOBRE A ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO RIO GRANDE DO NORTE



       Quando você acha que nada mais há sobre o que você  mais pesquisa eis que surge como por encanto as imagens a seguir, raridades raríssimas ( com o perdão do pleonasmo) sobre a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.As imagens foram postadas na página de Junior Oliveira a quem agradecemos pela pesquisa e achamento dessas relíquias.     
        Para se entender as imagens a seguir necessário se faz o texto a baixo para situar o dileto leitor no contexto.
A estrada de ferro do Ceará-Mirim
         Uma ferrovia que ligasse  a capital ao vale do rio Ceará-Mirim era uma aspiração antiga dos produtores da região.
         Inicialmente foi levantada a hipótese de se construir a ferrovia como um ramal da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz ainda no período imperial, tendo sido aprovado o projeto, porém nenhuma empresa se habilitou a construir o ramal mesmo com as garantias de juros de 7% dado pelo governo imperial.
         Já na República o governo estadual do Rio Grande do Norte deu uma concessão para se construir a Estrada de Ferro do Ceará-Mirim.O  projeto da Estrada de Ferro de Ceará-Mirim achava-se aprovado em 1890 e pronto para começarem os serviços de sua construção (GAZETA DO NATAL, 16/08/1890 p. 2).
            A ferrovia teria 43,12 km e ligaria a capital potiguar ao vale do Ceará-Mirim, vale este de aptidão agrícola da cultura da cana-de açúcar e que naquele vale era plantada e beneficiada em diversos engenhos e usinas.Segundo dados oficiais o vale do Ceará-Mirim era em todo Rio Grande do Norte a região que concentrava maiores elementos de prosperidade agrícola.
Características técnicas
         Segundo o projeto da estrada de ferro de Ceará-Mirim a ferrovia constava de estações em Natal, na margem esquerda do rio Potengi, Ceará-Mirim e Paraíso e paradas em Aldeia Velha, vila de Extremoz, Raposa e Cruzeiro.Em Ceará-Mirim seriam construídas as oficinas.
         Haveria na ferrovia obras de arte importantes tais como: ponte-trapiche na Coroa com 100 metros de comprimento e 10 de largura onde os navios poderiam atracar e serem abastecidos, uma ponte viaduto em Extremoz e ponte sobre o rio Ceará-Mirim.O orçamento da construção foi de 1.405:000$000.
         A Comissão de Construções, empresa que havia ganhado a concessão pouco avançou nos trabalhos o que ocorreu a rescisão do contrato por que a empresa não cumpriu o prazo para finalizar a obra.A construção da ferrovia ficou então paralisada.
A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte
A lei 1.145, de 31 de dezembro de 1903, autorizou o governo a mandar proceder aos estudos duma estrada que, partindo do ponto mais conveniente do litoral do estado do Rio Grande do Norte, fosse ter aos sertões desse estado, penetrasse nos da Paraíba, Pernambuco e Ceará, e aí, ligando-se à Estrada de Ferro de Baturité, no ponto mais conveniente, completasse em parte o plano geral de viação férrea do Norte do Brasil.
         Feitos esses estudos, verificou o governo que a linha férrea de penetração que mais convinha aos interesses gerais era a que fosse construída em prolongamento da antiga Estrada de Ferro de Natal a Ceará-Mirim, já então estudada, não só por ser o porto de Natal o mais apropriado para centro de convergência da futura rede de estradas de ferro do Rio Grande do Norte, como também por ser esse traçado o que melhores condições técnicas apresentavam, como se verificou dos estudos de reconhecimento efetuados em diversos vales dos principais rios da região.
         Pelo decreto nº 5.703 de 4 de outubro de 1905, foram então aprovados o projeto geral da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e os estudos definitivos do primeiro trecho, cuja construção foi imediatamente iniciada pelo governo.
A intenção do governo federal  ao criar a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte era fornecer trabalho aos retirantes que se amontoavam em Natal fugidos da grande seca daquele ano.
Uma comissão chefiada pelo engenheiro Sampaio Correia chegou a Natal em 1904 para se iniciar a elaboração do projeto da ferrovia.
         A comissão achou que o traçado mais viável para a EFCRN seria o traçado que já havia sido iniciado pela Estrada de Ferro de Ceará-Mirim, ou seja, partindo da margem esquerda do rio Potengi passando por Igapó ou Aldeia Velha atingindo Extremoz e chegando ao vale do Ceará-Mirim na cidade homônima. O que a comissão de Sampaio Correia fez foi apenas acrescentar o traçado além de Ceará-Mirim projetando a ferrovia para alcançar a região do seridó tendo como ponto final a cidade de Caicó
         A comissão de construção da EFCRN havia executado até o mês de julho de 1905 obras importantes para o assentamento do leito da estrada de ferro de Ceará-Mirim.
        A construção da Coroa estava avançada e deveria em breve ficar pronta, foram concluídas as muralhas do aterro do Salgado, ficaram prontos bueiros na estaca 618x13 e o pontilhão do sangradouro do açude do Vilar na estaca 379x45 (A NOTICIA, 22/08/1905, p. 2).
      No km 4 foi construída uma caixa d’água com moinho de vento para acionamento da bomba de alimentação de fornecimento de agua. A ponte de Extremoz foi concluída e iniciada a colocação do estrado menor já bem adiantado. Do corte nº 1 foi extraído cerca de 4,5 toneladas de terras (A NOTICIA, 22/08/1905, p. 2).
 A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi oficialmente inaugurada em 13/06/1906 com a presença do então presidente da República Afonso Pena.
  Como visto a EFRCN aproveitou a estrutura já iniciada da Estrada de Ferro do Ceará-Mirim[1].

A estação de Extremoz
A estação de Extremoz foi construída no km 21 da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte tendo sido inaugurada em 13/06/1906.
A época Extremoz era um distrito de Ceará-Mirim, embora sua edificação remontasse ao século XVII, quando ali foi criada uma aldeia missionária pelos padres da Companhia de Jesus, os jesuítas, com o intuito de catequizar os índios que tinha ali suas tabas.
 Extremoz alcançou autonomia política e administrativa somente em 1963, de modo que a estação passa a ser efetivamente deste município a partir desse ano, antes disso era pertencente ao município de Ceará-Mirim. 
     Os seus habitantes mantinham-se de pequenas lavouras cultivadas a margem da lagoa que lhe dava nome. Já havia alcançado a condição de vila e sede do município, na época da chegada da ferrovia, achava-se em decadência.
       A lagoa de Extremoz era o principal atrativo do então distrito de mesmo nome, com seus 18 km de extensão. As construções antigas do século XVII, como  a igreja e o antigo convento dos jesuítas estavam em ruínas, causado pelo a abandono, fruto da transferência da sede municipal e da paróquia.
 O distrito de Extremoz tinha em 1906 cerca de 60 casas e 300 habitantes.
Sobre a inauguração da estação ferroviária de Extremoz
A estação de Extremoz fazia parte da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRN, posteriormente Estrada de Ferro Sampaio Correia-EFSC, e está situada no km 21 da ferrovia. A inauguração ocorreu em 13/06/1906, na época Extremoz ainda era distrito de Ceará-Mirim.
A solenidade de inauguração do trecho entre Natal e Ceará-Mirim na qual foi inaugurada a estação de Extremoz teve início as 09h30min do dia 13/06/1906, ao ato esteve presente o então Presidente Afonso Pena e assistido pelo governador, chefes de repartições públicas e grande número de convidados.
Do relato da inauguração de Extremoz nos jornais locais tem-se o seguinte “O ato teve lugar na parada de Extremoz, onde serviu-se uma mesa de finas massas, doces, vinhos, champanhe, café etc” (DIÁRIO DO NATAL, 14/06/1906, p. 1). O engenheiro Carneiro da Rocha proferiu importante discurso findo o qual declarou inaugurada a estrada.
Depois de inaugurada a estação e Extremoz partiu o trem para a cidade de Ceará-Mirim e de lá a comitiva retornou a Natal as 16h30min.
A estação de Ceará-Mirim
        A estação da cidade de Ceará-Mirim foi inaugurada em 13 no km 39 da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
O município compreendia os distritos de Ceará-Mirim, Extremoz, Capela, Genipabu, Carnaubal e Muriú. A paróquia dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Sede comarca. Cultivava-se extraordinariamente a cana de açúcar. A população era de 26.000 habitantes e 796 eleitores.
       A cidade sede do município, se situa a margem direita do rio com o mesmo nome, foi elevada a esta categoria em 09/07/1882, tinha 680 casas, 2.720 habitantes.
    Os distritos tinham a seguinte demografia: Extremoz: 60 casas e 300 habitantes; Genipabu: 30 casas e 180 habitantes aproximadamente; Jacumã: 42 casas e 220 habitantes; Muriú: 55 casas e 330 moradores; Queri: 31 casas e 150 moradores; Capela: 40 casas e 26 moradores e Jacoca: 35 casas e 180 moradores.
     O município possuía 2.800 km² de extensão. Limitava-se a época com Touros ao norte, a leste com Oceano Atlântico, São Gonçalo a sul e Taipu a oeste.
Economia
O município era considerado o mais fértil do estado, onde se cultiva em grande escala além da cana de açúcar, feijão, milho e algodão.
O grande vale do Ceará-Mirim devidamente cultivado seria uma fonte perene de recursos para os sertanejos nos tempos de calamidade, porém, havia grande falta de investimentos, sobretudo de capitais, onde a lavoura se achava em verdadeira penúria de longo tempos.
  No vale havia 51 engenhos onde se fabricavam açúcar, rapadura, mel e aguardente, destes, 34 eram movidos a vapor e 17 por tração animal. Havia 100 casas de farinha e uma fabrica de descaroçar algodão movido a vapor. O plantio de cereais e outras culturas era feito em cerca de 400 roçados que em épocas de invernos regulares a safra atingia a marca de 200 mil sacos, a de algodão 2.000 sacos, 2.000 de milho e feijão.
 Com relação ao comércio havia a importação de fazendas, ferragens e gêneros de estivas, com movimentação em torno de 300 contos. Existiam 35 estabelecimentos comerciais e uma fundição.


                                          Estação Natal
Imagem original da estação Natal

Imagem editada para mostrar melhor os detalhes da estação

imagem original da estação Natal
imagem editada da estação Natal


   
        A estação Natal era a estação inicial da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, localizada na margem esquerda do rio Potengi, como visto nas imagens ela ficava sobre um aterro que foi feito no mangue de onde partia o leito da ferrovia em direção a então vila de Igapó ou Aldeia Velha como também era conhecida Igapó. A estação Natal também era conhecida como estação da Pedra Preta, do Padre ou Coroa.
        A estação Natal foi inaugurada em 08.12.1890 conforme indica o jornal Gazeta de Natal, segundo o qual no ato da inauguração da Estrada de Ferro de Ceará-Mirim "a concorrência de povo e de cidadãos importantes à estação da Coroa foi enorme ou antes foi esplendida"( GAZETA DO NATAL, 1890,p.2), ainda segundo o mesmo jornal ali foi servido um "lauto almoço oferecido a todos os convivas que se dignaram assistir aquela ruidosa festa do trabalho, progresso e civilização"( GAZETA DO NATAL, 1890,p.2)
Para fazer a travessia da margem esquerda para a margem direita (cais da Tavares de Lira na Ribeira) a EFCRN adquiriu um balsa onde eram feitos os traslados dos passageiros de uma margem a outra, assim como as mercadorias.Essa situação vigorou até a inauguração da ponte de Igapó em 1916.


                                         Estação Igapó
Imagem original da estação Igapó
                                                     
Imagem editada da estação Igapó.


        Segundo o site http://www.estacoesferroviarias.com.br a  estação de Igapó foi inaugurada em 1915 localizada em terra firme no alto de uma colina na zona norte de Natal, no entanto, o jornal A República já cita a estação da Aldeia Velha em 1907 como parada da EFCRN (A REPÚBLICA, 1907, p.1), ou seja já havia uma estação no Igapó anterior a 1915.

                                                       Ponte sobre o rio Salgado
Imagem original

imagem editada

         O rio Salgado é um braço de rio do Potengi e para se prosseguir a ferrovia teve que ser feito um aterro e uma ponte sobre o rio em direção a Extremoz.



                                                             Estação Extremoz
Imagem original
Imagem editada.
         Como visto a cima na inauguração da estação de Extremoz serviu-se uma mesa de finas massas, doces, vinhos, champanhe, café etc” (DIÁRIO DO NATAL, 14/06/1906, p. 1).Na imagem a cima vê-se que há apenas uma estrutura de cobertura em madeira sobre uma plataforma onde se indica que não seria adequado servir um banquete no ato da inauguração que contaria com a presença do presidente da República.
        A conclusão que se chega é que se trata de uma estação ‘provisória’, em construção anterior a inauguração de 13.06.1906.

                                           Viaduto de Extremoz
Imagem original
Imagem editada.
              O viaduto da EFCRN em Extremoz foi erguido no sangradouro da lagoa de Extremoz.Notem ao lado a caixa d'água onde eram abastecidos os trens de locomotiva a vapor e mais tarde com vagões que levavam água para o ser~toa em períodos de secas.A caixa d'água da EFCRN também a tendia a população de Extremoz que foi uma das primeiras localidades do interior do RN a ter um sistema de abastecimento de água feito pelo engenheiro Sampaio Correia da EFCRN com a intenção de se candidatar a deputado federal como de fato o foi e se elegeu.


Imagem original
Imagem editada.



         Igualmente com a de Extremoz a estação de Ceará-Mirim foi inaugurada em 13.06.1906.Notem que os trilhos e os dormentes ainda estavam sendo colocados, de onde podemos concluir que se trata de uma imagem anterior a inauguração.



[1] “do Ceará-Mirim” porque se refere ao vale e não só a cidade, ou seja, a ferrovia seria para todo o vale do rio Ceará-Mirim.