terça-feira, 1 de janeiro de 2019

SOBRE A HISTÓRIA DA FREGUESIA DE ANGICOS


A freguesia de Angicos, na região central do Rio Grande do Norte foi criada em 13/10/1836, havendo antes uma capela no lugar.
Sobre os primeiros indícios religiosos da terra angicana transcrevemos o que se segue publicado no jornal A Ordem em 1936, ano do centenário da referida paróquia, que por sua vez extraiu o texto das notas publicadas no jornal de Angicos “O Cabugy” (escrito a época com y).
Povoado. Edificação da Capela. Ereção da Freguesia
         A história da paróquia de Angicos está intimamente ligada com o surgimento do povoado e mais tarde vila de Angicos.Vejamos.
Quando o velho Lopes morreu, em 1805, o seu filho Francisco foi morar na fazenda Santa Cruz, Alexandre e Gulherme foram para o Saco e Antônio Lopes ficou no sítio dos Angicos com algumas irmãs, inclusive Damasia, a únic que morreu solteira.
         Antônio Lopes Filho  era, como o pai, homem trabalhador e bairrista.Não tardou, por isso, para estimular o crescimento do povoado de Angicos, em fundar uma capela.
Preliminarmente fez doação, na parte do sitio dos Angicos que lhe coube por herança, de 40 braças de terras, quadro, para edificação e patrimônio da capela, juntando ao dito patrimônio mais 6 vacas de criação.
         A escritura foi passada aos 30 de junho de 1813, em casa de morada do doador, então alferes Antônio Viegas, no lugar dos Angicos, termo da Vila Nova da Princesa (atual Assu).Era juiz ordinário distribuidor do juízo o alferes Leandro Bezerra Cavalcanti de Albuquerque, que distribuiu o feito ao tabelião Manoel de Melo Montenegro Pessoa, para fazer o instrumento de doação.
         Edificada a capela, que teve como orago o glorioso São José, o alferes Antônio Lopes promoveu os meios para a criação da freguesia, levado a inda pelo louvável bairrismo, aliado ao sentimento religioso.
         Valeu-se dos bons ofícios do tenente-coronel assuense José Correia de Araújo Furtado, que estando, em 1816, no Rio de Janeiro, requereu, ao ministro do Reino, em nome dos angicanos, a elevação da capela a categoria de Igreja matriz.
         A Câmara Municipal de Princesa, chamada a pronunciar-se sobre a pretensão de Angicos, informou favoravelmente, o mesmo não acontecendo com o vigário da freguesia, cuja  a opinião foi favorável a Santana do Matos.
         O alferes Lopes Viegas, de posse de ambos os pareceres seguiu par ao Rio de Janeiro, a fim de advogar, de perto, a sua causa. Ali chegando, foi acometido de séria doença menta, de que jamais se curou.Regressando a sua terra, sem nada conseguir, deixou os papeis aos cuidados do padre João Teotônio de Souza e Silva, que então se achava no Rio.
Atendidas as súplicas dos angicanos
Só em 1821, pelo Alvará de 13 de agosto, foi deferida a súplica, sendo nomeado vigário o Padre João Teotônio.
         Uma das cláusulas da Provisão autorizava o vigário a escolher, para sede da nova paróquia, um dos dois lugares, isto é, Angicos ou Santana, preferindo o padre Teotônio instalar-se neste último, do qual Angicos ficou sendo capela subalterna.
         Os angicanos ficaram desapontados, mas não esmoreceram.De novo trabalharam, e a 13 de outubro de 1836 obtiveram a criação da freguesia de São José dos Angicos, desmembrada da Matriz de Santana do Matos.Seu primeiro vigário foi o padre Manoel Antônio dos Santos Morais, que tomou posse a 22/05/19837.
          A baixo foto publicada no jornal A Ordem sobre o centenário da paróquia de Agnicos comemorado em 1936.

Fonte: A Ordem, 14/10/1936,p.1

         Por esse tempo houve em Angicos grande festa pela chegada da imagem do orago da freguesia, adquirida em Recife, por Joaquim da Silveira Borges, que entrou triunfalmente na Vila acompanhado do glorioso santo sob aplausos da população.
         A 22/10/1847 foi transferida a sede da freguesia para Macau, voltando Angicos a ser capela filial até 27/06/1850 quando, definitivamente, foi elevada a igreja paroquial.
         Naquele ano de 1936 foram celebradas solenes festas pelo centenário da criação da paróquia de Angicos tendo a frente seu vigário a época o padre Julio Bezerra.
         Assim a paróquia de Angicos existe há a 172 anos.
A resolução que criou a freguesia de Angicos
         João José Ferreira de Aguiar, Presidente da Provincia do Rio Grande do Norte.
Faço saber a todos os seus habitantes, que a Assembleia Legislativa Provincial Decretou, e eu sancionei a Resolução seguinte:
Art. 1- fica desmembrada da matriz de Santana do Matos e elevada a Igreja Paroquial a filia Capela de São José dos Angicos, conservando os mesmos benesses, e emolumentos paroquiais que a Freguesia de que é desmembrada, enquanto por Lei nãofor determinado o contrário.
         Art. 2- Os seus limites principiarão na quebrada das águas para o rio Potengi, e Salgado, na fazenda denominada Santa Rosa, daí pela Malhada Funda às fazendas Conceição e São João exclusive, dessa pelo Serrote Jaburú à Fazenda Barra inclusive, não compreendendo todo o Riacho Canivete e rio das Forquilhas; daí ao rio Assú não compreendendo o  sítio Picada, Catú, Fazenda Capivara no rio Pata-Choca, e todo este daí para baixo até a sua foz, daí descendo pela margem oriental do mesmo rio Assú até sua embocadura no mar, e daí ao ponto donde partiu a divisão, compreendendo a Serra Bonfim, ou dos fuzis, Quintipruá, Poço Valentim, Serra da Maniçobas pela ponta de baixo, Tapias, Serra do Lombo, à embocadura do Rio Camorupim, e todas as mais praias e lugares, que eram da freguesia de Santana do Matos.
Art. 3- Fica desmembrada de município da Vila do Assú e instaurada a Vila de Angicos, suprimida pela Lei Provincial de 18 de março do ano passado, sendo os seus limites os mesmos marcados no artigo antecedente para a Freguesia.
         Art. 4.- fica igualmente desmembrada do Município da Vila do Assú, e elevada a Vila, a Povoação de Santana do Matos e os seus limites serão os mesmos da Freguesia.
         Art. 5- estas duas Vilas ficão sujeitas a Disposição da Lei Provincial de 28 de março do ano passado, que manda fazer Cadeias, Casa de Câmara, e Patrimônio dente de quatro anos, sob pena de serem suprimidas e incorporados aquelas donde farão desmembradas.
         Art. 6- Ficão revogadas todas as Leis e Disposições em contrário.
         Mando, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Resolução pertencer, que cumpram a faça imprirmir, publicar e correr. Palácio do Geverno na Cidade do Natal, aos treze de outubro de mil oitocentos e trinta e seis, décimo quinto da independência e do império.
João José Ferreira de Aguiar
         Foi publicada, e selada a presente resolução na Secretaria deste Provincia do Rio Grande do Norte, aos 14 de outubro de  1836.
Joao Carlos Wanderley
         Registrada a folhas 18 do Livro 1 de semelhantes.Secretaria do Governo na Cidade do Natal, em 14 de outubro de 1836.
Luiz Pedro Alvares França.
Fonte: A ordem, 14/10/1936, p.1-4.
         Assim, tanto a paróquia como o município foram criados no mesmo dia, assim como o município de Santa do Matos, ambos desmembrados do de Assú.


RETALHOS HISTÓRICOS DA PARÓQUIA DE SANTO ANTÔNIO DO SALTO DA ONÇA



         A proprietária das terras em que hoje se assenta a cidade de Santo Antônio, d. Ana Joaquina de Ponte, em 1867, deu o necessário para o patrimônio e construção de uma Capela a Nossa Senhora da Conceição, a qual esteve por muito anos sob a jurisdição eclesiástica da Paróquia de Goianinha.
         Em 1908 a capela da então Vila de Santo Antônio, passou a jurisdição da paróquia de Nova Cruz e anexada a esta, permaneceu até 16/08/1915, quando por decreto do Exmo. Sr. D. Adauto de Mirando Henrique, arcebispo da Paraíba e Administrador Apostólico da Diocese de Natal, erigiu canonicamente em paróquia, sob o patrocínio da SSma. Virgem da Conceição.
         Foi seu primeiro Vigário, o padre José Alves Cavalcanti de Albuquerque, que tomou posse em 12/09/1915.
A matriz
         A primitiva Igreja da Paróquia, dedica a Nossa Senhora da Conceição, que servira de Capela e depois Matriz, foi demolida em 1924, tendo antes, em 1911, o Mons. José Paulino Duarte, dado inicio a atual Matriz, cuja Capela-mor, recebeu a benção litúrgica em 15/08/1927 pelo Cônego Luis Adolfo.
Matriz de Santo Antônio na década de 1970

         A Matriz de Santo Antônio, ainda não estava de todo concluída em 1940, quando se comemorava os 25 anos de criação da paróquia.Estava naquela data terminada na parte interna, graças aos esforços e trabalhos do ex-Vigário padre Bianor Aranha.
Os primeiros vigários
         No decorrer dos 25 anos da paróquia de Santo Antônio em 1940, a paróquia teve a sua frente 14 sacerdotes,dos quais, 11 vigários e 3 encarregados.
Por ordem de nomeação foram Vigários os seguintes: padre José Alves Cavalcanti, José Barbalho, Antônio Vicente, João Felipe, MSF, Josino Gomes, José Adelino Dantas, Antônio Chacon, Carlos Frannik, MSF, João VErberk, MSF, Bianor Aranha.Em 1940 era o atual vigário o padre Severino Bezerra.
         Foram vigários encarregados: Cônego Luis Adolfo, padres Severino Ramalho e Ambrósio Silva.

Fonte: a ordem 16/08/1940, p.1.


A matriz de Santo Antônio atualmente



A INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA PRAÇA DO ALECRIM



         Conforme foi publicado no jornal A Ordem em 24/06/1939 foi inaugurada a Praça e o Jardim do Alecrim sendo esta a primeira praça do famoso bairro da capital potiguar.
         Segundo o referido jornal “inaugura-se, hoje, as 16 horas, oficialmente, com a presença do Sr. Interventor Federal, autoridades civis e militares, representantes da imprensa, a primeira praça e jardim, construída no bairro do Alecrim”.
         Após a inauguração da praça foi levado a efeito interessante festividade que constou do seguinte: inauguração de um alto-falante do Indicador da Agência Pernambucana, retreta, fogos de artifício, barracas, etc. acrescido de uma homenagem ao Dr. Gentil Ferreira, prefeito da capital.
Fonte: A Ordem, 24/06/1939, p.1.
Aspecto da praça Gentil Ferreira na década de 1940

         Trata-se da Praça Gentil Ferreira tradicional recanto do bairro do Alecrim.

Aspectos da praça Gentil Ferreira atualmente





A INAUGURAÇÃO DO NOVO PRÉDIO DA DIRETORIA REGIONAL DOS CORREIOS EM NATAL



Apesar da decadência atual e futuro incerto ameaçando ser privatizado os Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos já foi uma, senão a maior empresa pública prestadora de serviços de qualidade ao povo brasileiro com agências presente em todos os municípios do território nacional.Sim, era uma empresa pública que funcionava e tinha respeito!
         Na década de 1930 os correios passava por uma fase de modernização de suas agências centrais, notadamente nas capitais, como ocorreu em Natal.Vejamos a seguir como ocorreu.
         Foi inaugurado definitivamente a 03/01/1936 o novo prédio da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte cuja sede ficava em Natal.
                          Prédio da Diretoria Regional dos Correios em Natal
Fonte: A Ordem, 05/01/1936,p.1.

          A cerimônia realizou-se as 14h00 do dia 03/01/1936 estando presentes o Mons. João da Mata, então Governador do Estado, D. Marcolino Dantas, Bispo Diocesano, Dr. Gentil Ferreira, prefeito da Capital, comandante Josué Freire, dr. Enock Garcia, chefe de policia interino, Comandante Barroso Magno, Dr. Bruno Pereira, procurador geral do Estado, Mons. Alfredo Pegado, vigário geral da diocese, Irmãos Maristas, desembargadores Luiz Lyra e Benicio Filho, Raul Potengi, inspetor da Alfândega,professores Flodoaldo de Goés e Ulisses de Goés, Dr. Odilon Garcia, diretor da Agência do Lloyd, Amaro Andrade, representante da Panair, Carlito Veloso, representante da Condor, Macel Girard, representante da Air France, Dr. Edgar Chermont, chefe da fiscalização do Porto, Manoel SEABRA, diretor do Banco do Rio Grande do Norte, mister Brown, gerente da força e Luz, Tte coronel Luiz Júlio, majores Genésio Lopes e  Jacinto Tavares, capitão José Bezerra, Tte Vicente Euclides, representante do Comte da Circunscrição do recrutamento militar, além de outras autoridades e cavalheiros, representantes da imprensa, funcionários postais e telegráficos.
Por solicitação do Sr. José Lucas Garcia, Diretor Regional, o Governador interino do Estado, Mons. João da Mata considerou inaugurado o edifício, proferindo algumas palavras alusivas ao ato.
         A seguir a senhorinha Judith Landim, funcionária dos Correios, passou a ler a seguinte portaria assinada pelo Diretor Regional:
         Meus caros colegas:
         Convoquei esta reunião em que vedes a presença honrosa do Exmo Sr. Governador do Estado, de magistrados, de outras distintas autoridades e de representantes da imprensa, de todas as classes sociais enfim, para nela solenizarmos embora de maneira não suntuosa como se fazia mister, a inauguração do novo edifício, sede da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte e de suas moderníssimas instalações, edifício esse mandado construir pelo eminente Sr. Presidente Getúlio Vargas, nos termos do Decreto nº 22.193, de 8 de dezembro de 1932.
         E assim depois de tantos e tão longos anos, em que alegamos com carinho de quem vela por um  ideal esse desejo de termos uma sede própria, condigna com a nossa Repartição, vemos afinal isso realizado com a inauguração desse edifício amplo, moderno e bem localizado,onde dentro de alguns dias a esta parte vimos exercitando nossa atividade profissional.
         Na inauguração que ora solenizamos justo é que esta diretoria regional ponha em destaque o modo digno dos melhores elogios com se houve o Delegado da Diretoria do Material de, inspetor técnico, Dr. Jovino da Silva Ramos, engenheiro civil, ilustrado, honesto e modelismo, que foi digno de uma dedicação  e operosidade inexcedíveis na fiscalização da construção do prédio e como executante de todas as suas instalações.
         Para bem guiarmos Dora em diante e correspondermos ao carinhoso interesse do Sr. Diretor Geral em beneficio do serviço postal telegráfico desta Região carecemos e careceremos muito da união, de fraternidade, de amor ao trabalho e da porfia sincera e espontânea no cumprimento exato dos nossos deveres de burocratas postais telegráficas e de cidadãos.
         O momento é de exortações em bem do engrandecimento da pátria e da República e por isto eu vos concito, meus caros colegas a realização individual estrita das nossas obrigações, em prol do público, para que nossa repartição possa assim, preencher sua elevada finalidade.
         Esqueçamos, lealmente, quaisquer ressentimentos passados e afastemos de nossos cérebros e de nossos corações, quaisquer ideias de vinganças, para nos preocuparmos exclusivamente com o bom nome de nossa repartição. O ódio é um sentimento aviltante, inadequado aos caracteres bem formados e por isto não deveis deixar levar pelos que porventura se queiram tornar semeadores de intrigas e de vinganças.
         Hosanas aos companheiros de valor, aos companheiros que trabalham, aos companheiros que produzem!
         Hosanas aos bem intencionados, aos bons!.
José Lucas Garcia Filho
Diretor Regional dos Correios e Telégrafos.
         Percorridos os vários compartimentos do prédio e servidas champagne e cerveja aos presentes, foi encerrada a solenidade.
         Durante a inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos estava a serviço na sala de aparelhos, a Turma chefiada pelo telegrafista Dr. Raimundo França e composta pelos funcionários Oswaldo Moura, Arthur Vilar, Murilo da Cunha Melo e João Leite Cordeiro, morsistas, João Alves Correia, Baudautista, José Alecrim, colante, mensageiros José Felismino da Silva, Manoel Gomes, Luiz França Morais e Reinaldo Galhardo e na intervenção o telegrafista José de França Coelho.
Fonte: A Ordem, 05/01/1936, p.1-4.
O prédio da Diretoria Regional dos Correios foi construído  na avenida Eng. Hildebrando de Góis, na Ribeira, na capital potiguar.


Prédio da Diretoria Regional dos Correios em Natal atualmente

Fonte: Alisson Mathews.

MEMÓRIA DA DIOCESE DE NATAL



O dia 25 de dezembro não relembra apenas o nascimento de Jesus Cristo, mas também a fundação da nossa capital, em 1599, e ainda a execução em 1910, do decreto pontifício que criara a diocese de Natal, no ano anterior.
         Segundo o jornal A Ordem em 25/12/1910 D. Adauto de Miranda Henriques publicou uma Carta Pastoral e um Mandamento “dando-nos a suspirada autonomia com a execução da bula apostólica in singularis (em particular), pela qual Pio X criava a nossa cátedra episcopal”.
          A baixo alguns dados históricos cujo conhecimento interessa a todos os católicos potiguares.

Criação da Diocese de Natal
         O Papa Pio X (atualmente São Pio X) atendendo a grandes dificuldades espirituais dos habitantes do Rio Grande do Norte, pela demasiada extensão territorial da Diocese da Paraíba, criou por letras apostólicas de 29 de dezembro de 1909 a Diocese de Natal, que ficou pertencendo, como a da Paraíba ao Arcebispado de São Salvador da Bahia.

Decreto executório da nunciatura apostólica sobre a Diocese de Natal
         D. Alexandre Bavona, Arcebispo de Farsália e Núncio Apostólico na então República dos Estados Unidos do Brasil (atualmente o nome oficial é República Federativa do Brasil), em data de 10 de outubro de 1910, do Palácio da Nunciatura, em Petrópolis, executou as referidas Letras Apostólicas.

Decreto de nomeação do Administrador Apostólico
         Em data de 12 de outubro do mesmo ano o referido Núncio Apostólico nomeou D. Adauto de Miranda Henriques, então bispo da Paraíba, como Administrador Apostólico da Diocese de Natal.O Administrador Apostólico, geralmente um bispo, é designado pelo Vaticano até a posse do bispo titular nomeado para a diocese que na nova diocese de Natal ocorreu em 1911 com a posse do primeiro bispo Dom Joaquim Antônio de Almeida.

A carta Pastoral de D. Adauto de Miranda Henrique
         Com data de 25 de dezembro de 1910, D. Adauto de Miranda Henrique publicou uma pastoral transmitindo solenemente aos filhos deste Estado o decreto promulgado da Diocese de Natal, criada pela Bula Apostólica in Singularis de 29 de dezembro de 1909 do Santo Padre Pio X.
         Segundo o jornal A Ordem Dom Adauto mostrava “o grande fato da paternal solicitude do Santo e todo Providencial Pontífice, dando-nos uma Cátedra Episcopal”.
A Carta Pastoral declarava ainda que, como penhor de sua eterna afeição para com os fiéis da nova igreja natalense, conservaria nas suas suas armas episcopais a estrela do santo Natal, que não só indicaria sempre  o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora das Neves, mas também  a data de fundação  da nova cidade episcopal e abençoava a todos os fiéis da nova diocese para quem, dizia, Dom Adauto, “terá sempre a mesma ternura de  sincera estima” e finalmente ordenava que na cidade de Natal fosse cantado solene Te Deum (música em forma de salmo do antigo hino latino Te Deum  laudamus, que exalta Deus; hino ambrosiano) em ação de graças pela criação da Diocese, observadas as disposições litúrgicas,o que se executou no meio do mais intenso júbilo.
A baixo o brasão de armas da Arquidiocese da Paraíba cuja a estrela se conservou em alusão a nova diocese de Natal conforme mencionado anteriormente a cima na Carta Pastoral de Dom Adauto.

Brasão da Arquidiocese da Paraíba



O mandamento
         Além da pastoral publicou D. Adauto de Miranda Henrique o seguinte mandamento:
         Dando cumprimento ao decreto da Nunciatura Apostólica, executando a ereção da nova Diocese de Natal desmembrada da desta Diocese da Paraíba, visum est Espiritui Sancto  Et Nobis, fazer as seguinte determinações:
1)- Esta nossa Carta Pastoral e os documentos que a acompanham serão lidos na Catedral de Paraíba e de Natal e em todas as matrizes das duas dioceses na primeira dominga após a recepção;
2)- Na Catedral de Natal será cantado solenemente o Te Deum em ação de graças,observadas as disposições litúrgicas;
3) No nosso Seminário, colégios, diocesanos, capelas, curados,, igrejas e oratórios públicos ,onde habitualmente se celebra o santo sacrifício da Missa, far-se-á, do mesmo modo, a leitura desta nossa carta pastoral, seguida de breve explicação  dos documentos que a acompanham.
4)-Durante trinta e três dias os Revdos. Sacerdotes da nova diocese darão  na missa,quando permitirem as rubricas, a coleta pro gratiarum actione;
5)- A todos  os que lerem ou ouvirem ler esta nossa carta pastoral concedendo trinta dias de verdadeira indulgência, na forma costumada da Igreja.
Paraíba 25 de dezembro de 1910, 4 + S.+ - Adauto, Bispo da Paraíba, Administrador Apostólico da Diocese de Natal.
Fonte: A ordem, 25 de dezembro de 1935, p. 1 e  4.

A ligação de dom Adauto com o Rio Grande do Norte
         Antes de 1894 o Rio Grande do Norte pertencia eclesiasticamente ao bispado de Olinda, juntamente com a Paraíba. Com a criação da Diocese da Paraíba erigida em 27/04/1892 (atualmente Arquidiocese da Paraíba, apesar da mudança de nome da capital a circunscrição eclesiástica conservou o antigo nome da capital paraibana), ficou nosso estado dentro dos limites do novo Bispado.
         Estando em Roma em janeiro daquele ano de 1894, foi nomeado e sagrado Bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques (*Areia, 30/08/  1855 +João Pessoa, 15/081935), que solenemente se empossou no cargo a 04 de março, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques
         Pouco mais de um ano depois D. Adauto veio ao Rio Grande do Norte.Chegou a Natal no paquete São Francisco, da Companhia de Navegação Costeira Pernambucana.No mesmo dia de chegada, a 17/11/1895, iniciou sua visita pastoral, sendo sua recepção dirigida pelo saudoso padre João Maria, então vigário da matriz de Natal.
         Segundo o jornal A Ordem tinha o estado 30 freguesias e 300.000 almas. Urgia conhecê-las e visitá-las e D. Adauto seguiu para o interior a cavalo e durante dois meses a fio entra em contato com os seus diocesanos.
         Ainda segundo o citado jornal outras muitas visitas fez D. Adauto ao nosso sertão, ”que conhecia palmo a palmo, em oportunidades várias, quando a condução a cavalo era a única entre nós”.
         Durante 15 anos, de 1894 a 1909 Dom Adauto foi o bispo dos potiguares e mesmo com a criação da Diocese de Natal, separada em 1909 da Paraíba, continuou D. Adauto até 1911, ligado ao Rio Grande do Norte diretamente, na qualidade de Administrador Apostólico, nomeado pela Nunciatura.
         Ainda de 1915 a 1918, na vacância determinada pela renúncia de D. Joaquim de Almeida, desempenhou as funções de Administrador Apostólico, até a posse do segundo Bispo da Diocese autônoma, D. Antônio dos Santos Cabral.
         Deve-lhe o nosso estado três educandários modelares, o Colégio Santa Luzia de Mossoró, fundado em 1901, o Colégio da Imaculada Conceição, em 1902 e o Colégio Santo Antônio, em 1903, estes dois últimos na capital.
Fonte: A ordem, 17/08/1935, p.1