quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O NOVO RELÓGIO DA CATEDRAL DE NATAL



         Adquirido em São Paulo pela prefeitura de Natal o relógio marcava as horas a cada 30 minutos e tinha dois mostradores luminosos
         O relógio foi comprado pelo secretário da fazenda do município de Natal João Ferreira de Souza em viagem ao sul do Brasil. A encomenda chegou a capital e em breve seria instalado no alto da torre da catedral de Natal na Cidade Alta.
         O relógio foi adquirido aos fabricantes Vitalino Michelini & Filhos de São Paulo por Cr$ 12.914,20 e era dotado de mostradores luminosos, batendo as horas e meia horas.
        A baixo imagens da catedral de Natal na década de 1950 onde se vê o relógio instalado na torre.
                      A Catedral de Natal na década de 1950

         A firma Carlos Farache foi encarregada de fazer a instalação do relógio que seria no mesmo local do antigo, ficando os mostradores voltados para a praça André de Albuquerque e a rua Santo Antônio.
         A montagem do novo carrilhão teria inicio por aqueles dias já estando o Sr. Carlos Farache de posse dos esquemas respectivos para os estudos necessários à perfeita instalação do relógio segundo publicado no jornal A Ordem.
Fonte: a ordem, 23/01/1946, p.1.

Antiga catedral de Natal atual Matriz da Apresentação na Cidade Alta


O PAÇO EPISCOPAL QUE NATAL NUNCA TEVE



         O paço episcopal, também chamado de palácio episcopal, é a residência do bispo/arcebispo de uma diocese/arquidiocese.
         A diocese de Natal foi criada em 29/12/1909 e seu primeiro bispo tomou posse em 1911, tendo sido ele o potiguar natural de Goianinha Dom Antônio Joaquim de Almeida.
         Mesmo depois de criada a diocese as condições financeiras da circunscrição eclesiástica não permitia a construção de um palácio a altura da dignidade eclesiástica episcopal (para a Igreja Católica todo bispo tem a dignidade de Príncipe da Igreja).O bispo de Natal residia então num casarão situado a rua Santo Antônio, na Cidade Alta em frente a igreja Santo Antônio, a igreja do Galo, e ficou sendo desde então conhecida como paço episcopal.
         A sociedade natalense se ressentia da pobreza franciscana do casarão que servia de ‘palácio episcopal’ do bispo de Natal. Como ocorreu ao político e jornalista Elói de Souza a escrever artigos nesse sentido no jornal A República onde tinha uma coluna
Já o jornal A Ordem observou sobre as colunas de Elói de Souza:  “Parece ironia chamar-se Paço ao velho casarão em que mora o Bispo de Natal.O que o Dr. Elói de Souza escreveu há pouco nas colunas da A República sobre a residência do prelado natalense merece divulgação e pede uma providência.O ilustre homem público disse o que viu e o que sentiu.Realçou a pobreza da casa, a modéstia franciscana em que vive D. Marcolino Dantas - o bispo que cuidou dos outros e se esqueceu de si mesmo, que organizou dioceses para outros bispos e ficou na humildade do seu bispado contente pelo bem que fez e satisfeito com o nada que lhe restou”.
O constrangimento pela falta de uma palácio episcopal condigno ao tamanho da dignidade de Dom Marcolino Dantas perante seus relevantes serviços em prol do povo católico e da sociedade em geral era visível nos jornais e reclamava por isso a construção de uma paço episcopal.
         Se D. Marcolino sente-se bem com a modesta casa em que mora, nós, porém, não nos podemos sentir assim. A Diocese de Natal precisa de uma residência para o seu bispo dizia o jornal A Ordem.
         Nesse sentido o jornal também aderiu a campanha em prol da construção de um palácio episcopal: “As nossas colunas estão abertas para a campanha. Sentimo-nos bem em cumprir deste modo um dever de gratidão para como Exmo. Sr. Bispo D. Marcolino e uma obrigação de justiça para com a Diocese”.
         Foi criada uma comissão composta pelo Vigário Geral do Bispado, mons. João da Mata, os Vigários da Catedral, os provedores das Irmandades do SS. Sacramento, do Passos e de São João e os presidentes das associações religiosas da cidade para iniciar a campanha de construção do palácio episcopal. Vamos dar a Diocese um palácio para o Bispo, dizia o jornal A Ordem.
         Vale ressaltar que Dom Marcolino Dantas nunca fez questão pela construção de um novo palácio episcopal, tamanha era sua simplicidade, mais inclinada a promover o bem do povo do que a si próprio.A iniciativa foi das pessoas que queriam ver o prelado em uma residência condigna a suas merecedoras virtudes e estima do povo católico natalenses pela sua pessoa.
Morreu sem vê realizada a obra, pois até onde sabe o paço episcopal de Natal foi sempre o mesmo casarão habitado desde o primeiro bispo de Natal dom Joaquim de Almeida até os dias atuais onde reside arcebispo titular da arquidiocese Dom Jaime Vieira Rocha.
        
                                      O "Paço Episcopal" de Natal
Fonte: google earth.

Fonte: A Ordem, 28/01/1944, p1.


SOBRE A HISTÓRIA DO GINÁSIO SANTA LUZIA DE MOSSORÓ



         O Ginásio Diocesano Santa Luzia de Mossoró é um tradicional estabelecimento de ensino secundário da cidade de Mossoró e região oeste do estado.
Fundado em 02/03/1901 pelo Bispo da Paraíba Dom Adauto de Miranda Henriques naquela data em visita pastoral aquela circunscrição (a época todo o estado do Rio Grande do Norte pertencia eclesiasticamente ao então bispado da Paraíba).
         Segundo o jornal A Ordem o funcionamento do Ginásio Santa Luzia era uma necessidade premente, tendo-se em vista o grande desenvolvimento do município de Mossoró e a facilidade de comunicações com os outros centros de real importância na vida econômico-social do Rio Grande do  Norte.
         Recebendo o nome de Santa Luzia, excelsa padroeira dos mossoroense, o utilíssimo educandário teve como seu primeiro diretor o Cônego Estevam Dantas que, durante 5 anos exerceu aquelas funções, conseguindo colocar o novo estabelecimento da zona oeste do Estado em condições de poder cumprir as altas finalidades que determinaram a sua criação.
                               Colégio Santa Luzia de Mossoró
Font: A Ordem, 1943.

        
Nos 2 anos seguintes, ou seja, em 1907, já com outros diretores, surgiram dificuldade que se agravaram ao extremo de provocar o fechamento do estabelecimento.
         Criada a Diocese de Natal, em 1909; seu primeiro Bispo, D. Joaquim Antônio de Almeida estudou a situação e, em 1912, providenciou a reabertura do estabelecimento, confiando a direção do mesmo aos franciscanos  Frei André de Araújo e Frei João Batista de Morais.
         Nesse período o Ginásio Santa Luzia passou por períodos de grandes prosperidades e períodos difíceis, sendo de justiça salientar os frutíferos 8 anos que esteve o  estabelecimento sob a direção do Cônego Amâncio Ramalho, que deixou perduráveis sinais de sua operosa passagem, como a construção do andar superior do edifício, dando-lhe a ampla e elegante fachada que ostentava na década de 1940.Com o auxilio do
Estado, aquele sacerdote dotou o Ginásio de laboratório de ciências físico-naturais, condição indispensável para obter inspeção federal.
         O Ginásio mereceu sempre a solicitude dos preclaros antistites D.  Antônio Cabral, D. José Pereira Alves e D. Marcolino Dantas, até a elevação de Mossoró a Diocese.
         Criado o bispado de Mossoró, estava na direção do Ginásio o padre Jorge O’Grady de Paiva, na qual ainda hoje permanece, pondo em beneficio daquela benemérita e sólida obra educacional toda a sua vasta cultura, aureoladas das virtudes que o sacerdócio lhe confere.Graças a sua sábia orientação o Ginásio recebeu a inspeção federal.
A inspeção federal
         O decreto nº 11. 930 de 17 de março de 1943 concedeu reconhecimento sob regime de inspeção permanente aos curso ginasial do Ginásio Santa Luzia com sedo em Mossoró, estado do Rio Grande do Norte.A baixo o teor do decreto.
DECRETO Nº 11.930 DE 17 DE MARÇO DE 1943
         Concede reconhecimento sob, regime de inspeção permanente , ao curso ginasial do Ginásio Santa Luzia, com sede em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte.
O presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 74, letra “a” da Constituição, e nos termos do artigo 72, da lei orgânica do ensino secundário decreta:
         Artigo 1º- É concedido, reconhecimento, sob regime de inspeção permanente, ao curós ginasial do Ginásio Diocesano Santa Luzia com sede em Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte.
         Artigo 2º- revogam-se as disposições em contrário.
         Rio de Janeiro, 17 de março de 1943, 122º da Independência e 55º da República.
GETÚLIO VARGAS
Gustavo Capanema
Fonte: a ordem, 27/04/1943, p.1.

                A baixo as imagens do inspetor federal junto ao Colégio Santa Luzia e o diretor do Ginásio em 1943, respectivamente.

Fonte: A Ordem,1943.


A POLÊMICA COM A CONSTRUÇÃO DO MERCADO DE TOUROS EM 1941



         Em 1941 criou-se uma celeuma na cidade de Touros entre a prefeitura e o povo católico devido a construção do mercado na praça em frente a  igreja matriz da cidade que prejudicaria  a realização da tradicional festa do padroeiro Bom Jesus dos Navegantes, visto que o dito mercado ocuparia boa parte do terreno e ficando a apenas 6 metros da igreja matriz.
         O mercado chegou a ser iniciado, mas diante de tantas polêmicas teve as obras paralisadas e em seguida tendo sido aprovados pelo Departamento das Municipalidades o Decreto Executivo e Créditos necessários para a demolição e construção de um novo Mercado em Touros.
         Segundo o jornal A Ordem foi um gesto digno dos aplausos de todos os católicos de Touros e das pessoas que conheceram o fato do Mercado ter sido construído a 6 metros da Matriz, ocupando a praça da mesma, onde há 140 anos, se celebram as festas religiosas e populares do Padroeiro Bom Jesus dos Navegantes e que “o ato teve e terá os aplausos do povo e veio satisfazer aos seus justos desejos, basta considerar que pessoas da cidade de Touros já estão pagando promessas feitas para quando fosse retirado do local junto a Matriz o tal Mercado”.


         O jornal citado parabenizava ao povo de Touros a ao governo que “soube satisfazer as suas aspirações numa demonstração cabal de que respeita e acata os sentimentos religiosos dos seus conterrâneos”.
         A construção do Mercado junto a Matriz foi um erro, mas a reparação veio a tempo dizia o referido jornal.
o que disse o vigário local ao Secretário Geral do Estado sobre o caso do Mercado de Touros
         o padre Biano Aranha, então Vigário da Paróquia de Touros escreveu ao Secretário do Governo para explicar os motivos pelos quais a construção do mercado em frente a igreja matriz daquela cidade seria um erro gravíssimo.Eis o teor do oficio enviado pelo Padre ao Secretário:
Representante legítimo do povo católico do Município de Touros, venho respeitosamente a presença de V. Excia. Esclarecer, tuta conscientia, o caso do Mercado desta cidade.
         Ao se iniciar a construção da malfadada obra, atentatória aos sentimentos religiosos do povo, por ser escolhido o local onde, há 140 anos se celebram as festas do Orago da Paróquia, houve protestos, tendo o Sr. Anisio Furtado promovido tenaz campanha para impedir o Sr. Prefeito de então, de levar a cabo a sua nefasta obra.
         Fotografias foram tiradas, entedimentos com aas altas autoridades civis e eclesiásticas que sempre se manifestaram a favor das aspirações do povo e das suas justas reclamações, não lograram demover o Sr. Prefeito do propósito da construção do aludido mercado, com o apoio do Juiz Severino Rodrigues Santiago, único comerciante beneficiado com a construção, que dista 6 a 7 metros da sua casa comercial e outro tanto da Matriz do Bom Jesus.
         Exmo Sr. Secretário Geral do Estado venho provar a V. Excia que o Mercado da rua ou pequena praça do Bom Jesus, é um atentado tríplice ou um tríplice atentado.
         1º.- Ao urbanismo- porque intercepta uma rua e obstrui uma pequena praça ou largo.
         2º- Ao sentimento religioso e a consciência católico do povo, impedindo  a realização das suas festividades religiosas.
         3º- Ao interesse comercial, porque, na praça Bom Jesus, o mercado dista a pouco metros do estabelecimento comercial do Sr. Severino Rodrigues e mais de 300 metros dos outros dois estabelecimentos comerciais da cidade.
         O mercado na Praça do Centenário, fica no centro da cidade, distando de 90 a 100 metros das 3 casas comerciais existentes em Touros. O mercado na praça Bom Jesus, fica no extremo sul, difícil para os habitantes do norte, zona urbana, chegarem até o mesmo para as suas compras diárias, percorrendo em terreno excessivamente arenoso mais de 500 metros.
         Na praça Centenário fica, no centro urbano de fácil acesso as famílias fazerem as suas compras sem longas caminhadas.Na praça Bom Jesus o mercado é utilíssimo ao juiz comerciante Severino Rodrigues, satisfaz aos seus sórdidos interesses, é prejudicial aos interesses da comunidade.
         Eis Sr. Secretário do Governo, o que me cumpria dizer a V. Exc., o que já disse aos membros dos Departamentos Administrativos e das Municipalidades.
         Com os protestos de elevada consideração e alta estima.
Em 30/09/1941.
Pe. Bianor Aranha, Vigário de Touros.
Fonte: A Ordem, 04/10/1941, p.1-4.

                                                               Mercado atual de Touros



PRIMEIRAS ELEITORAS DO BRASIL EM NATAL




A baixo a foto das primeiras eleitoras do Brasil.A fotografia foi tirada em 1928 na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.
          As primeiras mulheres no Brasil a se alistarem como eleitoras foram:
Júlia Alves Barbosa.
Concita Câmara.
Júlia Augusta de Medeiros (1896-1972).
Maria de Lourdes Lamartine Varela Santiago (1906-1992).
Maria Carolina Vanderley ( 1891-1975).


Fonte: Arquivo Nacional.