quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O PAÇO EPISCOPAL QUE NATAL NUNCA TEVE



         O paço episcopal, também chamado de palácio episcopal, é a residência do bispo/arcebispo de uma diocese/arquidiocese.
         A diocese de Natal foi criada em 29/12/1909 e seu primeiro bispo tomou posse em 1911, tendo sido ele o potiguar natural de Goianinha Dom Antônio Joaquim de Almeida.
         Mesmo depois de criada a diocese as condições financeiras da circunscrição eclesiástica não permitia a construção de um palácio a altura da dignidade eclesiástica episcopal (para a Igreja Católica todo bispo tem a dignidade de Príncipe da Igreja).O bispo de Natal residia então num casarão situado a rua Santo Antônio, na Cidade Alta em frente a igreja Santo Antônio, a igreja do Galo, e ficou sendo desde então conhecida como paço episcopal.
         A sociedade natalense se ressentia da pobreza franciscana do casarão que servia de ‘palácio episcopal’ do bispo de Natal. Como ocorreu ao político e jornalista Elói de Souza a escrever artigos nesse sentido no jornal A República onde tinha uma coluna
Já o jornal A Ordem observou sobre as colunas de Elói de Souza:  “Parece ironia chamar-se Paço ao velho casarão em que mora o Bispo de Natal.O que o Dr. Elói de Souza escreveu há pouco nas colunas da A República sobre a residência do prelado natalense merece divulgação e pede uma providência.O ilustre homem público disse o que viu e o que sentiu.Realçou a pobreza da casa, a modéstia franciscana em que vive D. Marcolino Dantas - o bispo que cuidou dos outros e se esqueceu de si mesmo, que organizou dioceses para outros bispos e ficou na humildade do seu bispado contente pelo bem que fez e satisfeito com o nada que lhe restou”.
O constrangimento pela falta de uma palácio episcopal condigno ao tamanho da dignidade de Dom Marcolino Dantas perante seus relevantes serviços em prol do povo católico e da sociedade em geral era visível nos jornais e reclamava por isso a construção de uma paço episcopal.
         Se D. Marcolino sente-se bem com a modesta casa em que mora, nós, porém, não nos podemos sentir assim. A Diocese de Natal precisa de uma residência para o seu bispo dizia o jornal A Ordem.
         Nesse sentido o jornal também aderiu a campanha em prol da construção de um palácio episcopal: “As nossas colunas estão abertas para a campanha. Sentimo-nos bem em cumprir deste modo um dever de gratidão para como Exmo. Sr. Bispo D. Marcolino e uma obrigação de justiça para com a Diocese”.
         Foi criada uma comissão composta pelo Vigário Geral do Bispado, mons. João da Mata, os Vigários da Catedral, os provedores das Irmandades do SS. Sacramento, do Passos e de São João e os presidentes das associações religiosas da cidade para iniciar a campanha de construção do palácio episcopal. Vamos dar a Diocese um palácio para o Bispo, dizia o jornal A Ordem.
         Vale ressaltar que Dom Marcolino Dantas nunca fez questão pela construção de um novo palácio episcopal, tamanha era sua simplicidade, mais inclinada a promover o bem do povo do que a si próprio.A iniciativa foi das pessoas que queriam ver o prelado em uma residência condigna a suas merecedoras virtudes e estima do povo católico natalenses pela sua pessoa.
Morreu sem vê realizada a obra, pois até onde sabe o paço episcopal de Natal foi sempre o mesmo casarão habitado desde o primeiro bispo de Natal dom Joaquim de Almeida até os dias atuais onde reside arcebispo titular da arquidiocese Dom Jaime Vieira Rocha.
        
                                      O "Paço Episcopal" de Natal
Fonte: google earth.

Fonte: A Ordem, 28/01/1944, p1.


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