Em 1941 criou-se uma celeuma na cidade
de Touros entre a prefeitura e o povo católico devido a construção do mercado
na praça em frente a igreja matriz da
cidade que prejudicaria a realização da
tradicional festa do padroeiro Bom Jesus dos Navegantes, visto que o dito
mercado ocuparia boa parte do terreno e ficando a apenas 6 metros da igreja
matriz.
O mercado chegou a ser iniciado, mas diante
de tantas polêmicas teve as obras paralisadas e em seguida tendo sido aprovados
pelo Departamento das Municipalidades o Decreto Executivo e Créditos
necessários para a demolição e construção de um novo Mercado em Touros.
Segundo o jornal A Ordem foi um gesto
digno dos aplausos de todos os católicos de Touros e das pessoas que conheceram
o fato do Mercado ter sido construído a 6 metros da Matriz, ocupando a praça da
mesma, onde há 140 anos, se celebram as festas religiosas e populares do
Padroeiro Bom Jesus dos Navegantes e que “o ato teve e terá os aplausos do povo
e veio satisfazer aos seus justos desejos, basta considerar que pessoas da
cidade de Touros já estão pagando promessas feitas para quando fosse retirado
do local junto a Matriz o tal Mercado”.
O jornal citado parabenizava ao povo de
Touros a ao governo que “soube satisfazer as suas aspirações numa demonstração
cabal de que respeita e acata os sentimentos religiosos dos seus conterrâneos”.
A construção do Mercado junto a Matriz
foi um erro, mas a reparação veio a tempo dizia o referido jornal.
o que disse o vigário local
ao Secretário Geral do Estado sobre o caso do Mercado de Touros
o padre Biano Aranha, então Vigário da
Paróquia de Touros escreveu ao Secretário do Governo para explicar os motivos
pelos quais a construção do mercado em frente a igreja matriz daquela cidade
seria um erro gravíssimo.Eis o teor do oficio enviado pelo Padre ao Secretário:
Representante legítimo do povo católico do Município
de Touros, venho respeitosamente a presença de V. Excia. Esclarecer, tuta conscientia, o caso do Mercado
desta cidade.
Ao se iniciar a construção da malfadada
obra, atentatória aos sentimentos religiosos do povo, por ser escolhido o local
onde, há 140 anos se celebram as festas do Orago da Paróquia, houve protestos,
tendo o Sr. Anisio Furtado promovido tenaz campanha para impedir o Sr. Prefeito
de então, de levar a cabo a sua nefasta obra.
Fotografias foram tiradas, entedimentos
com aas altas autoridades civis e eclesiásticas que sempre se manifestaram a
favor das aspirações do povo e das suas justas reclamações, não lograram
demover o Sr. Prefeito do propósito da construção do aludido mercado, com o
apoio do Juiz Severino Rodrigues Santiago, único comerciante beneficiado com a
construção, que dista 6 a 7 metros da sua casa comercial e outro tanto da
Matriz do Bom Jesus.
Exmo Sr. Secretário Geral do Estado
venho provar a V. Excia que o Mercado da rua ou pequena praça do Bom Jesus, é
um atentado tríplice ou um tríplice atentado.
1º.- Ao urbanismo- porque intercepta
uma rua e obstrui uma pequena praça ou largo.
2º- Ao sentimento religioso e a
consciência católico do povo, impedindo
a realização das suas festividades religiosas.
3º- Ao interesse comercial, porque, na
praça Bom Jesus, o mercado dista a pouco metros do estabelecimento comercial do
Sr. Severino Rodrigues e mais de 300 metros dos outros dois estabelecimentos
comerciais da cidade.
O mercado na Praça do Centenário, fica
no centro da cidade, distando de 90 a 100 metros das 3 casas comerciais
existentes em Touros. O mercado na praça Bom Jesus, fica no extremo sul,
difícil para os habitantes do norte, zona urbana, chegarem até o mesmo para as
suas compras diárias, percorrendo em terreno excessivamente arenoso mais de 500
metros.
Na praça Centenário fica, no centro
urbano de fácil acesso as famílias fazerem as suas compras sem longas
caminhadas.Na praça Bom Jesus o mercado é utilíssimo ao juiz comerciante
Severino Rodrigues, satisfaz aos seus sórdidos interesses, é prejudicial aos interesses
da comunidade.
Eis Sr. Secretário do Governo, o que me
cumpria dizer a V. Exc., o que já disse aos membros dos Departamentos
Administrativos e das Municipalidades.
Com os protestos de elevada
consideração e alta estima.
Em 30/09/1941.
Pe. Bianor Aranha, Vigário de Touros.
Fonte: A
Ordem, 04/10/1941, p.1-4.
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