sábado, 8 de fevereiro de 2020

INAUGURAÇÃO DO FÓRUM DE TAIPU



Dando prosseguimento ao seu programa de terceiro ano de governo o mons. Walfredo Gurgel inaugurou o Fórum Desembargador José Gomes da Costa em Taipu.
         O prefeito de Taipu, Geraldo Lins de Oliveira, e a juíza da comarca, Gilka Farkat, expediram convites a várias autoridades civis e jurídicas do Estado, sendo grande o número de pessoas que começou na manhã do dia 31/01/1969, a se deslocar para Taipu. Foi a primeira comarca de primeira entrância a ser inaugurada naquele fórum judiciário. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 31/01/1969, p.7).
         Em 1984 o prédio do fórum passou por reformas até 2004 quando foi reformado novamente.
         A comarca de Taipu foi extinta em 2018.



Fórum de Taipu, década de 1970.

Fórum de Taipu, década de 1970.

Inauguração do fórum de Taipu,1969.

Fórum de Taipu,2015.


















sábado, 1 de fevereiro de 2020

A ENCHENTE DO RIO CURIMATAU QUE DESTRUIU AS CIDADES DE NOVA CRUZ E PEDRO VELHO EM 1901


A extraordinária enchente do rio Curimatau ocorreu no dia 13/05/1901 ocasionando grandes prejuízos em Nova Cruz e em Cuitezeiras (atual Pedro Velho).No dia 12/05/1901 a cheia do rio Curimatau atingiu Nova Cruz, onde cairam algumas casas da vila de Nova Cruz, inclusive a casa que servia de cadeia.Já no dia seguinte, desabaram diversos edifícios da Vila de Cuitezeiras que ficou quase submergida pelas águas que invadiram as ruas de modo a não dar tempo a fuga aos seus habitantes, tendo também a enchente destruído a ponte sobre o rio logo depois da passagem do trem horário. (RELATÓRIO GOVERNO, 1901, p.138).
       Para ilustrar o relato a cima e ter uma noção das enchentes do rio Curimatau a seguir imagens das enchentes nesse rio em 1964.






Em Cuitezeiras
De Cuitezeiras escreveram os habitantes no jornal A República e republicado no Diário de Pernambuco:
         Na manhã de 13 do corrente fui sacudido fora do leito pelos brados angustiosos da população desta vila, anunciando o transbordamento do indômito Curimatau, cujas águas em marche-marche vertiginoso, invadiam as ruas se dar tempo a fuga.
         É indescritível o pânico geral, a angustia que se lia em todos os semblantes.
         Tive apenas tempo de abrir todas as portas de minha casa e atravessar a rua em que moro, para a casa fronteira, mais elevada.
         Da rua da Cruz, principio da vila, até a casa do cidadão Jacó, seu termino, todas as famílias abandonaram os lares inundados com águas pelos joelhos, em busca da igrejinha da gloriosa Santa Rita, único asilo respeitado pela enchente.
         O pequeno templo não comportava a multidão, que enchia em brados de terror, em súplicas ferventes.
         Salvas as famílias com grandes dificuldades, porque a impetuosidade da corrente era enorme sendo necessários muitas vezes quatro homens para o transporte de uma senhora ou uma criança, cuidou-se então, de escolher as mercadorias e moveis que flutuavam, grande parte já arrastados pelas águas.
O trabalho durou todo o dia e a noite, mas o prejuízo, foi ainda assim, de uma terça parte dos haveres da população.
         A casaria,em geral, ficou arruinada, caindo totalmente alguns prédios.
         A lavoura alcançada pela enchente perdeu-se por completo.
         A noite,quando veio o escoamento das águas, ficamos patinando sobre uma camada de lama de mais de um palmo de espessura.
         Não posso entrar nos detalhes das cenas parciais, de dor e de perigo que ocorreram.
         Como specimem: uma menina corria para a igreja e de súbito sumiu-se num abismo aberto pelas águas, sendo heroicamente salva pelo bravo moço Francisco Trigueiro.
         Duas famílias,a do promotor Joaquim Scipião e do presidente da intendência, coronel Manoel Lopes, que no primeiro momento tentaram abrigar-se no sitio Retiro, sofreram torturas indizíveis, sendo esta obrigado a retroceder para o povoado e aquela somente por esforços extraordinários e louvável sangue frio dos coronéis Fabrício Maranhão e Enéas Medeiros e do valente nadador Francisco de Barros, logrado atingir a referida eminência tal era a profundidade da enchente e a velocidade da correnteza.
         Homens bravos [ilegível...] e arrancavam os cabelos.
         Para que dizer mais?
        Não se é consolação dizer que, a para de tantos males, vamos ter o solo inundado com um vigor novo e espantoso para o plantio, acrescendo que os canaviais pouco sofreram especialmente a usina ilha Maranhão, que vai ter safra aumentada pelo adubo que trouxe-lhe a enchente.
         A população unanime proclama e agradece a solicitude com que o governo, logo que teve o primeiro aviso da catástrofe, comunicado em telegrama do ilustre Homem de Siqueira, providenciou para o salvamento e amparo dos inundados. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 26/06/1901, p.1).
        A baixo as  ruínas da capela de Santa Rita em Pedro Velho





quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

SOBRE A BARRAGEM DE POÇO BRANCO




         Em janeiro de 2020 se comemora os 50 anos de inauguração da barragem de contenção sobre o rio Ceará-Mirim construída a época no distrito de Poço Branco no município de Taipu.
 Histórico da barragem
         A história da Barragem Taipu também é um dos capítulos especiais, no longo livro sobre o Nordeste que talvez jamais seja escrito.
A obra foi estudada e projetada inicialmente em 1935, pelo então IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas), destinava-se, principalmente, ao controle das cheias do fértil vale do rio Ceará-Mirim, onde existiam três usinas de açúcar, além da sua total irrigação.
Somente muito tempo depois, já sob a jurisdição do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas-DNOCS, novos e definitivos estudos foram levantados, adaptando-a melhor as reais condições hidrológicas.Uma área de aproximadamente 10.000 hectares poderia ser irrigada, por gravidade, podendo ser aumentada, consideravelmente, por bombeamento.
                Canteiro de obras da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.

O vale do Ceará-Mirim
         O vale do rio Ceará-Mirim era de uma produtividade enorme. O próprio DNOCS estava providenciando um estudo global dos recursos do grande vale, inclusive levantamentos sobre sua área cultivável, possibilitando, desta forma, uma programação racional e dirigida da futura irrigação.
Tais medidas valorizariam, ainda mais, os trabalhos da Barragem Taipu, proporcionalmente, maiores benefícios para as populações vizinhas.

Informações técnicas sobre a Barragem
         Os trabalhos estavam entregues desde 1963 a Construtora Nóbrega & Machado Ltda, firma genuinamente nordestina e dirigida pelos engenheiros Vauban Bezerra e Wilson e Milton Nóbrega, “com espírito empreendedor de trabalhar pela valorização e pelo progresso da terra comum” (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).
         O projeto constava de um maciço de terra compactada, com zoneamento bilateral, terminando os taludes, tanto de montante com de jusante, por enrocamento de proteção.
         O maciço divide-se em duas partes bem distintas: a barragem principal, com 640 metros de comprimento, correspondente ao fechamento do vale propriamente dito e a barragem auxiliar, com 280 metros, de onde a altura máxima de 10 metros, já estava inteiramente concluída.

                            Vista das obras da Barragem Taipu
                                        Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
                                       Ao fundo é possível vê o macico da barragem principal.

         O vertedouro, localizado na ombreira esquerda, entre a barragem auxiliar e o acampamento, tem o comprimento na crista de 177 metros, o que permitia com que permitia uma lâmina de 2 metros, uma descarga da ordem de 2.000m³ de água por segundo. Os principais serviços a serem concluídos davam a seguinte estimativa:
Escavações: 31.000 m³.
Maciço: 1.630m³.
Concreto e alvenaria: 8.700 m³.
Na cota de coroamento do vertedouro, o açude acumularia um volume de 135 milhões de m³ e cobriria uma área de 1.307 hectares.
         Ressalte-se que as terras banhadas pelo lago formado da barragem eram inteiramente áridas e despovoadas, sendo de pouca monta os prejuízos econômicos que seriam verificados após o enchimento do lago da barragem e inundação das terras circunvizinhas.
Para a conclusão de um projeto desta envergadura, a Construtora Nóbrega & Machado concentrava em Taipu o poderio técnico da sua organização.
Eram máquinas e homens que trabalhavam ininterruptamente, para cumprir fielmente os prazos estabelecidos nos contratos.

              Máquinas e trabalhadores da Barragem Taipu




                                                 Fonte: Revista Manchete, 1965,p.102-103.
Segundo a revista Manchete eram mais de 200 operários que se encontravam nos canteiros de obra da barragem, onde a construtora mantinha uma escola, serviço médico-dentário, em funcionamento permanente (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).Além disso cinco engenheiros residiam na obra, em tempo integral, acompanhando assim, a cada momento, o desenrolar da atividades o campo.
Para o andamento das obras existiam 50 caminhões basculantes de 7 m³, 4 motoniveladores, 8 carregadeiras de 2 e ¾ jardas cúbica, 6 tratores D7, 6 tratores de pneus (CBT) e 5 rolos vibratórios, que represetavam parte do grande equipamento concentrado na Barragem Taipu, para melhor rendiemnto da tarefa. (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).

A visita do ministro Juarez Tavora
Em 1965 o ministro Juarez Távora acompanhado do General Nelso Felício dos Santos, diretor geral do DNOS, visitaram as obras da Barragem Taipu acompanhados de técnicos e segundo o a revista Manchete “teve um significado todo especial para aquela região nordestina”.
Ainda de acordo com a referida revista a Barragem era de importância socioeconômica das maiores, localizada numa das mais férteis e ricas regiões do Rio Grande do Norte.
         A construção da Barragem se arrastava década após décadas, sem que pudesse oferecer a concretização do seu planejamento, sofrendo toda sorte de problemas e atrasos.
          Segundo a revista Manchete o ministro Juarez Távora e os diretores do DNOS se mostraram vivamente impressionados como andamento dos trabalhos na barragem, que estava definitivamente incorporada ao desenvolvimento e a integração de grande área do Rio Grande do Norte.
    Ministro Juarez Távora (centro) em visita as obras da barragem
   Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
     
         Os dados e informações técnicas sobre o projeto foram explicados,como todos os detalhes ao Marechal Juarez Távora, que ficou inteirado do andamento das tarefas e das diversas etapas do empreendimento.
         Com a liberação dos recursos federais para a conclusão das obras esperava-se em breve inaugurar a barragem que “representará a concretização de um sonho de trintas anos, constituindo mais um marco do governo Castelo Branco na formação de um novo Nordeste”.
                A barragem já concluída e inaugurada em 1970

Fonte: Revista Manchete, 1970, p.192.

PS: embora Poço Branco já fosse município á época da publicação da matéria na referida revista, a obra era tida pelo Governo Federal como Barragem Taipu, optamos por deixar assim.Evitando os proselitismo, bairrismo e paixões topográficas, deve-se dá a Cesár o que é de Cesar, a barragem historicamente pertence mais ao município de Taipu do que ao de Poço Branco, mesmo tendo este levado consigo a obra toda quando de sua emancipação política em 1963.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A EPOPEIA DE JEAN MERMOZ



Jean Mermoz foi um aviador francês que fazia a travessia do Oceano Atlântico a serviço da empresa Aeropostale que mantinha um escritório as margens do rio Potengi em Natal como base para distribuição de correspondências que eram expedidas para América do Sul.
Jean Mermoz foi um personagem bastante conhecido da capital potiguar na década de 1930 e em Natal há uma escola no bairro do Bom Pastor que lhe homenageia.
O relato a seguir é sobre a travessia feita por Jean Mermoz e seu dois companheiros de voo entre São Luis do Senegal e Natal em 1930.
                                    Jean Mermoz

Jean Dabry, o único sobrevivente relembra as horas dramáticas no inferno de Pot-Au-Noir
Quando, as 8 horas da manhã de 13 de maio de 1930, pusemos os pés em Natal, vindos de São Luiz do Senegal, de onde partimos as 11 horas do dia 12, havíamos realizados uma dupla façanha que nos enchia de orgulho: a primeira travessia postal do Atlântico Sul e o recorde mundial, por hidroavião, de distancias em linha reta, até então em poder dos americanos.
Finalidade da travessia
Mermoz, Dabry e Gimié trabalhavam para a Compagnie Generale Aéropostale que desde 1 de março de 1928, mantinha serviços postais entre Tolosa e Buenos Aires.
         A travessia do Atlântico, porém, era feita em pequenos navios.Mermoz resolveu realizar todo o trajeto por via área , atendendo, assim com grande destemor, aos desejos da empresa.Os 3.137 km de distancia entre São Luiz (Senegal) e Natal foram cobertos em 21 horas e 10 minutos.Nesse voo o “comte  De La Vauix” trouxe 130 kg de correspondências.
Horas dramáticas no ‘pot–au-noir’
Dabry disse ao repórter que um dos momentos mais emocionantes da travessia foi transpor o ‘pot-au-noir’, a grande muralha de nuvens negras e espessas que impede todas a visibilidade em pleno voo.
-Quando nos aproximamos do ‘pot-au-noir’, disse Dabry, avisei Mermoz.Lembro-me de que , momentos depois, o rádio de bordo recebia uma mensagem no limiar da misteriosa parede negra do pot-au-noir.Mermoz, por alguns instantes, largou o comando e o vi com os olhos marejados de lágrimas.Mas logo as lagrimas se dissiparam e Mermoz se preparou para transpor o grande obstáculo.Foram horas dramáticas.Quando em criança imaginava cavernas malditas de feiticeros, não passava pela mente imagem mais funesta do que a linha sob as vistas.Tinhamos a impressão de estar navegando no caos primitivo.No seio desse universo obscuro, distiguiamos grossas counas de chuva e vultos gigantescos que ora nos pareciam castelos, ora nos pareciam animais pré-históricos turbilhando a nossa frente num movimento atordoante.Em dado momento, Mermoz, meio sufocado pôs a cabeça par afora da cabine a procura de ar ouro.Um jato de vapor atingiu-lhe os olhos, deixando-o de sustentar com firmeza o comando.Depois de mais de três horas,vimos um prodígio.a lua cheia, em todo seu resplendor, banhava com a sua luz o céu e o mar.Passara o perigo.
O fim do “Comte de La Vauix”
Dabry ressaltou também a bravura de Mermoz no naufrágio do Comte de La Vauix.Na volta do aparelho, foi tal o mau tempo que se fez necessária uma amerissagem forçada de Mermos. Quando tocou na superfície do oceano,uma baleeira do Phocée já estava perto.Toda a correspondência foi salva.E já nos estávamos afastando do loca, prosseguiu, quando Mermoz de um salto voltou, ao avião.fora desligar o motor.Só então é que voltou para a baleeira, contemplando pesarosamente o fim do Comte de La Vauix, que afundava docemente.
O avião monoplano de flutuadores Latecoere 28, pesava mais de 50 toneladas e era movido por um motor de 50 cv.Havia deixado Sanit Louis do Senegal as 11 horas e pela madrugada do dia 13 sobrevoava as ilhas São Paulo e Fernando de Noronha.A chegada a costa brasileira, a 13 de maio, de manhã cedo, é uma pagina clássica de Mermoz.
         - Diante de mim- escreveu ele em “Mês Vols”- na linha do horizonte, destacou-se lentamente um rochedo.Reconheci a ponta de São Roque.Fiquei pasmado, o estomago se contraiu e senti uma pancada no coração. Julguei que o meu espírito se desprendia do corpo e não tive mais controle dos meus movimentos. O aparecimento de terra depois de ter sulcado o oceano me deslumbrou. Foi um minuto emocionante, o grnade minuto de nossa viagem.Soltei um grito e Dabry e Gimie acorreram.Não abri a boca.Dabry exclamou: São  Roque.Num mesmo ímpeto, estritamente solidários, sentimos a força da nossa colaboração e experimentamos a mesmo embriaguez, a da vitória.Natal estava sob nós e fiz uma curva ao cabo de um instante e ‘piquei’ para a base da Aeropostale instalada as margens do rio Potengui [sic].
                                 Avião Latecoere 28 Comte de La Vauix
Foi num avião desse modelo que Jean Mermoz fez a travessia do Oceano  Atlântico em 1930

        
Mermoz desapareceu no Atlantico a 7 de dezembro de 1936.O radio-operador Gimie, que o acompanhava na travessia com  o navegador Jean Dabry, caiu em serviço aéreo na África do Norte, a 13 de janeiro de 1949.
Fonte: Revista Motor, Rio de Janeiro, 1957, p.6.



                               Escola Estadual Jean Mermoz em Natal
                  

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR DE APODI




         Segundo o que foi publicado no jornal do Comércio de Manaus-AM em 28/04/1912 “no município de Apodi foi inaugurado com extraordinária solenidade o Grupo Escolar Ferreira Pintor”.(JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3)
Ainda de acordo com o referido jornal à festa compareceram as autoridades locais e o representante do diretor da Instrução Pública.
O novo estabelecimento de ensino, “que muito concorre para o melhoramento do município” (JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3), ficou sob a direção da professora  Ursulina Moura.
Atualmente denomina-se Escola Estadual Professor Ferreira Pinto sendo o prédio atual situado a Padre João da Cunha em Apodi.
              Grupo Escolar Ferreira Pintor em 1927