sábado, 1 de fevereiro de 2020

A ENCHENTE DO RIO CURIMATAU QUE DESTRUIU AS CIDADES DE NOVA CRUZ E PEDRO VELHO EM 1901


A extraordinária enchente do rio Curimatau ocorreu no dia 13/05/1901 ocasionando grandes prejuízos em Nova Cruz e em Cuitezeiras (atual Pedro Velho).No dia 12/05/1901 a cheia do rio Curimatau atingiu Nova Cruz, onde cairam algumas casas da vila de Nova Cruz, inclusive a casa que servia de cadeia.Já no dia seguinte, desabaram diversos edifícios da Vila de Cuitezeiras que ficou quase submergida pelas águas que invadiram as ruas de modo a não dar tempo a fuga aos seus habitantes, tendo também a enchente destruído a ponte sobre o rio logo depois da passagem do trem horário. (RELATÓRIO GOVERNO, 1901, p.138).
       Para ilustrar o relato a cima e ter uma noção das enchentes do rio Curimatau a seguir imagens das enchentes nesse rio em 1964.






Em Cuitezeiras
De Cuitezeiras escreveram os habitantes no jornal A República e republicado no Diário de Pernambuco:
         Na manhã de 13 do corrente fui sacudido fora do leito pelos brados angustiosos da população desta vila, anunciando o transbordamento do indômito Curimatau, cujas águas em marche-marche vertiginoso, invadiam as ruas se dar tempo a fuga.
         É indescritível o pânico geral, a angustia que se lia em todos os semblantes.
         Tive apenas tempo de abrir todas as portas de minha casa e atravessar a rua em que moro, para a casa fronteira, mais elevada.
         Da rua da Cruz, principio da vila, até a casa do cidadão Jacó, seu termino, todas as famílias abandonaram os lares inundados com águas pelos joelhos, em busca da igrejinha da gloriosa Santa Rita, único asilo respeitado pela enchente.
         O pequeno templo não comportava a multidão, que enchia em brados de terror, em súplicas ferventes.
         Salvas as famílias com grandes dificuldades, porque a impetuosidade da corrente era enorme sendo necessários muitas vezes quatro homens para o transporte de uma senhora ou uma criança, cuidou-se então, de escolher as mercadorias e moveis que flutuavam, grande parte já arrastados pelas águas.
O trabalho durou todo o dia e a noite, mas o prejuízo, foi ainda assim, de uma terça parte dos haveres da população.
         A casaria,em geral, ficou arruinada, caindo totalmente alguns prédios.
         A lavoura alcançada pela enchente perdeu-se por completo.
         A noite,quando veio o escoamento das águas, ficamos patinando sobre uma camada de lama de mais de um palmo de espessura.
         Não posso entrar nos detalhes das cenas parciais, de dor e de perigo que ocorreram.
         Como specimem: uma menina corria para a igreja e de súbito sumiu-se num abismo aberto pelas águas, sendo heroicamente salva pelo bravo moço Francisco Trigueiro.
         Duas famílias,a do promotor Joaquim Scipião e do presidente da intendência, coronel Manoel Lopes, que no primeiro momento tentaram abrigar-se no sitio Retiro, sofreram torturas indizíveis, sendo esta obrigado a retroceder para o povoado e aquela somente por esforços extraordinários e louvável sangue frio dos coronéis Fabrício Maranhão e Enéas Medeiros e do valente nadador Francisco de Barros, logrado atingir a referida eminência tal era a profundidade da enchente e a velocidade da correnteza.
         Homens bravos [ilegível...] e arrancavam os cabelos.
         Para que dizer mais?
        Não se é consolação dizer que, a para de tantos males, vamos ter o solo inundado com um vigor novo e espantoso para o plantio, acrescendo que os canaviais pouco sofreram especialmente a usina ilha Maranhão, que vai ter safra aumentada pelo adubo que trouxe-lhe a enchente.
         A população unanime proclama e agradece a solicitude com que o governo, logo que teve o primeiro aviso da catástrofe, comunicado em telegrama do ilustre Homem de Siqueira, providenciou para o salvamento e amparo dos inundados. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 26/06/1901, p.1).
        A baixo as  ruínas da capela de Santa Rita em Pedro Velho





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