Em
janeiro de 2020 se comemora os 50 anos de inauguração da barragem de contenção
sobre o rio Ceará-Mirim construída a época no distrito de Poço Branco no município
de Taipu.
Histórico da barragem
A
história da Barragem Taipu também é um dos capítulos especiais, no longo livro
sobre o Nordeste que talvez jamais seja escrito.
A obra foi estudada e
projetada inicialmente em 1935, pelo então IFOCS (Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas), destinava-se, principalmente, ao controle das cheias do
fértil vale do rio Ceará-Mirim, onde existiam três usinas de açúcar, além da
sua total irrigação.
Somente muito tempo depois,
já sob a jurisdição do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas-DNOCS,
novos e definitivos estudos foram levantados, adaptando-a melhor as reais
condições hidrológicas.Uma área de aproximadamente 10.000 hectares poderia ser
irrigada, por gravidade, podendo ser aumentada, consideravelmente, por
bombeamento.
Canteiro de obras da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103. |
O
vale do Ceará-Mirim
O
vale do rio Ceará-Mirim era de uma produtividade enorme. O próprio DNOCS estava
providenciando um estudo global dos recursos do grande vale, inclusive levantamentos
sobre sua área cultivável, possibilitando, desta forma, uma programação
racional e dirigida da futura irrigação.
Tais medidas valorizariam,
ainda mais, os trabalhos da Barragem Taipu, proporcionalmente, maiores benefícios
para as populações vizinhas.
Informações
técnicas sobre a Barragem
Os trabalhos estavam entregues desde 1963
a Construtora Nóbrega & Machado Ltda, firma genuinamente nordestina e dirigida
pelos engenheiros Vauban Bezerra e Wilson e Milton Nóbrega, “com espírito empreendedor
de trabalhar pela valorização e pelo progresso da terra comum” (REVISTA
MANCHETE, 1965, p.102).
O
projeto constava de um maciço de terra compactada, com zoneamento bilateral,
terminando os taludes, tanto de montante com de jusante, por enrocamento de
proteção.
O
maciço divide-se em duas partes bem distintas: a barragem principal, com 640
metros de comprimento, correspondente ao fechamento do vale propriamente dito e
a barragem auxiliar, com 280 metros, de onde a altura máxima de 10 metros, já estava
inteiramente concluída.
Vista das obras da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
Ao fundo é possível vê o macico da barragem principal.
Ao fundo é possível vê o macico da barragem principal.
O
vertedouro, localizado na ombreira esquerda, entre a barragem auxiliar e o
acampamento, tem o comprimento na crista de 177 metros, o que permitia com que permitia
uma lâmina de 2 metros, uma descarga da ordem de 2.000m³ de água por segundo. Os
principais serviços a serem concluídos davam a seguinte estimativa:
Escavações: 31.000 m³.
Maciço: 1.630m³.
Concreto e alvenaria: 8.700
m³.
Na cota de coroamento do
vertedouro, o açude acumularia um volume de 135 milhões de m³ e cobriria uma área
de 1.307 hectares.
Ressalte-se
que as terras banhadas pelo lago formado da barragem eram inteiramente áridas e
despovoadas, sendo de pouca monta os prejuízos econômicos que seriam
verificados após o enchimento do lago da barragem e inundação das terras circunvizinhas.
Para a conclusão de um projeto desta envergadura, a Construtora Nóbrega & Machado concentrava em Taipu o poderio técnico da sua
organização.
Eram máquinas e homens que trabalhavam ininterruptamente,
para cumprir fielmente os prazos estabelecidos nos contratos.
Máquinas e trabalhadores da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.102-103.
Segundo a revista Manchete eram mais de 200 operários que se
encontravam nos canteiros de obra da barragem, onde a construtora mantinha uma
escola, serviço médico-dentário, em funcionamento permanente (REVISTA
MANCHETE, 1965, p.102).Além
disso cinco engenheiros residiam na obra, em tempo integral, acompanhando
assim, a cada momento, o desenrolar da atividades o campo.
Para o andamento das obras existiam 50 caminhões basculantes
de 7 m³, 4 motoniveladores, 8 carregadeiras de 2 e ¾ jardas cúbica, 6 tratores
D7, 6 tratores de pneus (CBT) e 5 rolos vibratórios, que represetavam parte do
grande equipamento concentrado na Barragem Taipu, para melhor rendiemnto da
tarefa. (REVISTA
MANCHETE, 1965, p.102).
A visita
do ministro Juarez Tavora
Em 1965 o ministro Juarez Távora
acompanhado do General Nelso Felício dos Santos, diretor geral do DNOS,
visitaram as obras da Barragem Taipu acompanhados de técnicos e segundo o a
revista Manchete “teve um significado todo especial para aquela região
nordestina”.
Ainda de acordo com a
referida revista a Barragem era de importância socioeconômica das maiores,
localizada numa das mais férteis e ricas regiões do Rio Grande do Norte.
A
construção da Barragem se arrastava década após décadas, sem que pudesse
oferecer a concretização do seu planejamento, sofrendo toda sorte de problemas
e atrasos.
Segundo
a revista Manchete o ministro Juarez Távora e os diretores do DNOS se mostraram
vivamente impressionados como andamento dos trabalhos na barragem, que estava
definitivamente incorporada ao desenvolvimento e a integração de grande área do
Rio Grande do Norte.
Ministro Juarez Távora (centro) em visita as obras da barragem
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103. |
Os
dados e informações técnicas sobre o projeto foram explicados,como todos os
detalhes ao Marechal Juarez Távora, que ficou inteirado do andamento das
tarefas e das diversas etapas do empreendimento.
Com
a liberação dos recursos federais para a conclusão das obras esperava-se em
breve inaugurar a barragem que “representará a concretização de um sonho de
trintas anos, constituindo mais um marco do governo Castelo Branco na formação
de um novo Nordeste”.
A barragem já concluída e inaugurada em 1970
Fonte: Revista Manchete, 1970, p.192. |
PS: embora Poço Branco já fosse município á época da publicação da
matéria na referida revista, a obra era tida pelo Governo Federal como Barragem
Taipu, optamos por deixar assim.Evitando os proselitismo, bairrismo e paixões
topográficas, deve-se dá a Cesár o que é de Cesar, a barragem historicamente
pertence mais ao município de Taipu do que ao de Poço Branco, mesmo tendo este
levado consigo a obra toda quando de sua emancipação política em 1963.
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