quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

SOBRE A BARRAGEM DE POÇO BRANCO




         Em janeiro de 2020 se comemora os 50 anos de inauguração da barragem de contenção sobre o rio Ceará-Mirim construída a época no distrito de Poço Branco no município de Taipu.
 Histórico da barragem
         A história da Barragem Taipu também é um dos capítulos especiais, no longo livro sobre o Nordeste que talvez jamais seja escrito.
A obra foi estudada e projetada inicialmente em 1935, pelo então IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas), destinava-se, principalmente, ao controle das cheias do fértil vale do rio Ceará-Mirim, onde existiam três usinas de açúcar, além da sua total irrigação.
Somente muito tempo depois, já sob a jurisdição do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas-DNOCS, novos e definitivos estudos foram levantados, adaptando-a melhor as reais condições hidrológicas.Uma área de aproximadamente 10.000 hectares poderia ser irrigada, por gravidade, podendo ser aumentada, consideravelmente, por bombeamento.
                Canteiro de obras da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.

O vale do Ceará-Mirim
         O vale do rio Ceará-Mirim era de uma produtividade enorme. O próprio DNOCS estava providenciando um estudo global dos recursos do grande vale, inclusive levantamentos sobre sua área cultivável, possibilitando, desta forma, uma programação racional e dirigida da futura irrigação.
Tais medidas valorizariam, ainda mais, os trabalhos da Barragem Taipu, proporcionalmente, maiores benefícios para as populações vizinhas.

Informações técnicas sobre a Barragem
         Os trabalhos estavam entregues desde 1963 a Construtora Nóbrega & Machado Ltda, firma genuinamente nordestina e dirigida pelos engenheiros Vauban Bezerra e Wilson e Milton Nóbrega, “com espírito empreendedor de trabalhar pela valorização e pelo progresso da terra comum” (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).
         O projeto constava de um maciço de terra compactada, com zoneamento bilateral, terminando os taludes, tanto de montante com de jusante, por enrocamento de proteção.
         O maciço divide-se em duas partes bem distintas: a barragem principal, com 640 metros de comprimento, correspondente ao fechamento do vale propriamente dito e a barragem auxiliar, com 280 metros, de onde a altura máxima de 10 metros, já estava inteiramente concluída.

                            Vista das obras da Barragem Taipu
                                        Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
                                       Ao fundo é possível vê o macico da barragem principal.

         O vertedouro, localizado na ombreira esquerda, entre a barragem auxiliar e o acampamento, tem o comprimento na crista de 177 metros, o que permitia com que permitia uma lâmina de 2 metros, uma descarga da ordem de 2.000m³ de água por segundo. Os principais serviços a serem concluídos davam a seguinte estimativa:
Escavações: 31.000 m³.
Maciço: 1.630m³.
Concreto e alvenaria: 8.700 m³.
Na cota de coroamento do vertedouro, o açude acumularia um volume de 135 milhões de m³ e cobriria uma área de 1.307 hectares.
         Ressalte-se que as terras banhadas pelo lago formado da barragem eram inteiramente áridas e despovoadas, sendo de pouca monta os prejuízos econômicos que seriam verificados após o enchimento do lago da barragem e inundação das terras circunvizinhas.
Para a conclusão de um projeto desta envergadura, a Construtora Nóbrega & Machado concentrava em Taipu o poderio técnico da sua organização.
Eram máquinas e homens que trabalhavam ininterruptamente, para cumprir fielmente os prazos estabelecidos nos contratos.

              Máquinas e trabalhadores da Barragem Taipu




                                                 Fonte: Revista Manchete, 1965,p.102-103.
Segundo a revista Manchete eram mais de 200 operários que se encontravam nos canteiros de obra da barragem, onde a construtora mantinha uma escola, serviço médico-dentário, em funcionamento permanente (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).Além disso cinco engenheiros residiam na obra, em tempo integral, acompanhando assim, a cada momento, o desenrolar da atividades o campo.
Para o andamento das obras existiam 50 caminhões basculantes de 7 m³, 4 motoniveladores, 8 carregadeiras de 2 e ¾ jardas cúbica, 6 tratores D7, 6 tratores de pneus (CBT) e 5 rolos vibratórios, que represetavam parte do grande equipamento concentrado na Barragem Taipu, para melhor rendiemnto da tarefa. (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).

A visita do ministro Juarez Tavora
Em 1965 o ministro Juarez Távora acompanhado do General Nelso Felício dos Santos, diretor geral do DNOS, visitaram as obras da Barragem Taipu acompanhados de técnicos e segundo o a revista Manchete “teve um significado todo especial para aquela região nordestina”.
Ainda de acordo com a referida revista a Barragem era de importância socioeconômica das maiores, localizada numa das mais férteis e ricas regiões do Rio Grande do Norte.
         A construção da Barragem se arrastava década após décadas, sem que pudesse oferecer a concretização do seu planejamento, sofrendo toda sorte de problemas e atrasos.
          Segundo a revista Manchete o ministro Juarez Távora e os diretores do DNOS se mostraram vivamente impressionados como andamento dos trabalhos na barragem, que estava definitivamente incorporada ao desenvolvimento e a integração de grande área do Rio Grande do Norte.
    Ministro Juarez Távora (centro) em visita as obras da barragem
   Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
     
         Os dados e informações técnicas sobre o projeto foram explicados,como todos os detalhes ao Marechal Juarez Távora, que ficou inteirado do andamento das tarefas e das diversas etapas do empreendimento.
         Com a liberação dos recursos federais para a conclusão das obras esperava-se em breve inaugurar a barragem que “representará a concretização de um sonho de trintas anos, constituindo mais um marco do governo Castelo Branco na formação de um novo Nordeste”.
                A barragem já concluída e inaugurada em 1970

Fonte: Revista Manchete, 1970, p.192.

PS: embora Poço Branco já fosse município á época da publicação da matéria na referida revista, a obra era tida pelo Governo Federal como Barragem Taipu, optamos por deixar assim.Evitando os proselitismo, bairrismo e paixões topográficas, deve-se dá a Cesár o que é de Cesar, a barragem historicamente pertence mais ao município de Taipu do que ao de Poço Branco, mesmo tendo este levado consigo a obra toda quando de sua emancipação política em 1963.

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