terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

QUEM FOI PEDRO AVELINO


      Pedro Avelino nasceu em 19/05/1861, na então povoação de Gaspar Lopes, atualmente município que lhe denomina, a época pertencente a Angicos,  filho do advogado provisionado Vicente Avelino e Ana Bezerra Avelino.
Foi empregado do comércio de Pernambuco desde jovem onde residiu entre 1879 e 1884 quando regressou a capital potiguar.

                                          Pedro Avelino
Fonte: Revista da semana,1903,p.5

Pedro Avelino iniciou sua carreira jornalística ainda no regime imperial do Brasil. Conquistou fama e respeito entre seus pares da imprensa, tanto pelos seus escritos bem construídos ou pelo seu temperamento ardente e combativo.
Em 1891 entrou para a redação do jornal O Caixeiro.
Como jornalista, foi fundador do Grêmio Polimático, associação de estudos literários proprietária da Revista do Rio Grande do Norte.
Declarou-se oposicionista ao senador Pedro Velho de quem antes era apoiador. A cisão entre os dois ‘Pedros’ causou um dos episódios mais conturbados da política potiguar no inicio da República. Pedro Velho e o genro Tavares de Lyra teriam sido os mandantes da invasão a sede do jornal Gazeta do Comércio de propriedade de Pedro Avelino, destruindo a tipografia completamente. O episódio rendeu muitas criticas nos meios jornalísticos de então. Depois desse ocorrido Pedro Avelino se mudou para o Recife.
Foi diretor da Gazeta do Comércio de Natal e redator chefe do jornal Comércio do Brasil e Correio do Brasil do Rio de Janeiro. No Recife em 01/07/1909 fundou ali o jornal vespertino A Pátria.
Mudou-se para o Amazonas em 1910 onde foi nomeado pelo governo federal como prefeito do Departamento do Alto Juruá cuja sede do município era em Cruzeiro do Sul no atual estado do Acre, exercendo o cargo entre  1911 e 1912 quando foi exonerado. Passou a residir no Rio de Janeiro em 1913.
Ainda escreveu sobre política nos jornais O Paíz, A Imprensa, Correio do Norte, A Tarde e A Razão, periódicos da imprensa carioca e em Pernambuco  no jornal A Evolução.
         Faleceu no Rio de Janeiro em 19/07/1923 em sua residência a Rua Jockey Club n 261.foi sepultado no cemitério São Francisco Xavier na capital fluminense.
Em 1916 foi nomeado ajudante de tesoureiro da Estrada de Ferro Central do Brasil, cargo que exercia quando veio a falecer.
Foi casado com Maria das Neves Alves Avelino cujo consórcio em 1886 deixou cinco filhos, Georgino, também jornalista e governador do estado, denomina também município do RN, Vicente, Maria Albertina, Isolina e Camilio.
         Foi genro do não menos polêmico capitão José da Penha, famoso líder político.

QUEM FOI AFONSO BEZERRA



         A personagem que homenageia a antiga localidade de Carapebas, atual município da região central do estado, foi acadêmico do curso de Direito do Recife, jornalista, escritor e professor.
Afonso Bezerra foi segundo o jornal A Ordem, uma bandeira de glória dentre a mocidade do seu tempo.
Quem foi Afonso Bezerra?
Afonso Ligório Bezerra era filho de João Batista Alves Bezerra e Maria Monteiro Bezerra. Nasceu em 09/06/1907, na antiga povoação de Carapebas, que atualmente tem seu nome no atual município da região central do estado.
         Aprendeu as primeiras letras com os professores Vicente Barbosa e João Correia. Fez o curso secundário a partir de 1923 no Colégio Santo Antonio em Natal, naquele tempo sob a direção diocesana, atualmente sob a direção dos Irmãos Maristas.
         Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1928 cursando o 2º ano. Figura no quadro de formatura como homenagem póstuma dos seus colegas de turma, que atenderam o seu desejo colocando a imagem de Cristo no mesmo quadro.
         Sempre estudioso e bom, as suas tendências literárias foram demonstradas dês a infância. Aos 12 anos enviou para uma revista carioca um conto sertanejo, que foi publicado, merecendo os melhores elogios. Colaborou assiduamente no jornal Diário de Natal, na A República, ambos da capital potiguar e no jornal A Tribuna do Recife, algumas vezes escondido sob o pseudônimo de Lauro e Alípio Serpa. Toda a sua obra literária, digna, alias, de ser enfeixada num volume, iniciativa tomada pelo seu conterrâneo Aluisio Alves. Escreveu sobre a defesa da        dos ideais cristãos e sobre a vida sertaneja. Foi aliado da corrente católica que Jackson Figueiredo despertou para os combates da Cruz.
                                                      
                                                Afonso Bezerra
Foto: A Ordem, 1942.

          Foi membro da Congregação Mariana, entrando na Congregação de N. S. da Apresentação e São Luiz Gonzaga, ambas da Catedral de Natal em 06/09/1925, recebendo a fita da congregação em 01/11/1926 conferida por Dom José Pereira Alves, terceiro bispo de Natal e seu grande admirador.Toda sua atividade mariana refletiu a bela trajetória de sua vida, revelando a toda hora uma alma de gladiador valente e puro, formada na escola da Igreja.
         Adoeceu na sua terra no final de dezembro de 1929. Vindo para Natal em companhia de seus pais, em busca de melhoras, faleceu em 08/03/1930 na residência de seu cunhado Floriano Paulino Pinheiro a Rua Cel Bonifacio, 708, atualmente Rua Santo Antonio, sendo sepultado em catacumba da Irmandade do Senhor do Bom Jesus dos Passos. Contava apenas 22 anos quando morreu, estava cursando Direito em Recife onde algumas vezes foi distinguido com a sua colaboração literária.
          Em 09/06/1931 o prefeito de Angicos, Manoel Alves Filho, anuindo a um abaixo assinado, decretou a mudança de Carapebas para Afonso Bezerra. Foi uma justa homenagem a um jovem norteriograndense que soube ser em vida um modelo de virtudes morais e cívicas. Na então povoação de Afonso Bezerra, hoje cidade, foi erguido um monumento em sua honra.
          Os restos mortais de Afonso Bezerra foram depositados em uma urna na capela da primeira seção de catacumbas da Irmandade dos Passos no Cemitério do Alecrim. (A ORDEM, 07/03/1942, p.4).
 a  morte de Afonso Bezerra causou comoção não só na terra potiguar como também na cidade do Recife onde ele estudava quando veio a adoecer.
         Segundo a revista Maria o jovem Afonso Bezerra era uma das mais vigorosas inteligências de moços brasileiros e cuja pena tantas vezes havia honrado a referida revista.
         Sobre Afonso Bezerra escreveu Câmara Cascudo: “ Afonso era antes de tudo um valor moral, um coeficiente eugênico no ponto de higiene de inteligência e no asseio das ideais.Altivo, meigo, simples, ingênuo, dedicado, acendia-lhe a curiosidade intelectual o vivo desejo de conhecer as razões da nacionalidade.Agora era o domínio puro do espírito que os seduzia.Morre quando principiava a vencer.Jesus Cristo ensinou a morrer, como sabem aqueles que lhe dedicam as forças espirituais da existência”. (MARIA, 1930,p.33).
         Ainda de acordo com a revista Maria o jovem potiguar foi um dos elementos de maior destaque no movimento da reação católica do Recife.A pungente participação penalizou a quantos conheciam aquele imperterrito e desassombrado batalhador e teve uma repercussão ainda mais dolorosa nos meios da Congregação Mariana que possuía a Afonso Bezerra muito estreitamente dadas as qualidades ilibadas do seu coração.(MARIA, 1930, p.27).
         São exemplos assim que nos enchem de orgulho.Bom saber que existiram jovens dedicados aos estudos e exemplos de virtudes cívicas e morais por onde passava.Que o jovens potiguares se inspirem em pessoas assim, não em quem não tem nada a oferecer como os venerados pela esquerda comunista.Dentre os inúmeros municípios potiguares que tem nomes de pessoas, na sua maior parte por bajulação politica, Afonso Bezerra figura como um dos que não é politico, foi um jovem comum.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO COLÉGIO PADRE FÉLIX DE ANGICOS




        O Colégio Paroquial Padre Félix de Angicos foi inaugurado em 02/03/1942, atualmente denominado Instituto Padre Félix.
         A instituição escolar foi criada pelo então padre Manoel Tavares de Araújo, mais tarde bispo de Caicó com a colaboração das autoridades municipais e o povo em geral sob as bênçãos do bispo dom Marcolino Dantas.
         Por decreto do prefeito Baltazar Pereira, foi doado ao Colégio um extenso terreno onde foi construído o prédio da referida instituição.
         O prédio do Colégio Padre Félix foi construído com amplos espaços de recreio e aprendizado agrícola, constava ainda de cursos profissionalizantes que seriam instalados ainda naquele ano de 1942.

                                   Fachada do Colégio Padre Félix
Fonte: A Ordem, 1942.
         A prefeitura fez a desapropriação de uma casa situada no local do terreno e estudava a possibilidade de conceder uma subvenção anual fixa capaz de auxiliar eficazmente a manutenção do Colégio Padre Félix.
       Segundo o jornal A Ordem  era preciso ressaltar o concurso generoso e pronto por parte da população dos municípios daquela região especialmente Angicos e Santana do Matos.
         Foi compreendido pela população que o Colégio Padre Félix fundado sob a orientação do padre Tavares, com corpo docente a altura das necessidades locais estava apto a prestar inestimáveis benefícios a juventude sertaneja da extensa zona central do estado do Rio Grande do Norte.
         Ainda de acordo com o citado jornal foi justo o júbilo da população pela inauguração do primeiro pavilhão do prédio do Colégio Padre Félix.A obra completa do estabelecimento de ensino compreenderia 3 pavilhões, o primeiro onde estava funcionando o Colégio naquele ano de 1942, dispunha de entrada, recepção de visitantes, secretaria, 4 salas de aula, construídas todas sob as exigências técnicas.Com o prosseguimento dos trabalhos, as salas de aula se estenderiam pelos outros compartimentos e ficariam otimamente instalados os dormitórios e refeitórios.
         A inauguração do Colégio Padre Félix contou com a presença de autoridades municipais, alunos e numeras pessoas, o padre Manoel Tavares explicou em rápidas palavras o que estava sendo feito e por fazer, revelando animação para continuidade vitoriosa da iniciativa, apesar da crise que se estava atravessando aquela época (a Segunda Guerra Mundial, por exemplo).
         O sr Gregório Taumaturgo, representante do prefeito de Angicos, ausente por motivo  de saúde, declarou inaugurado o Colégio Padre Félix sob demorados aplausos.
         Naquele ano já estava funcionando o internato e externato do Colégio para os cursos primário e admissão.
         Na semana seguinte a inauguração do Colégio Padre Félix seria dada continuidade as obras que quando concluídas dariam a Angicos e a toda região sertaneja um estabelecimento do qual poderiam justamente se orgulhar.

                                                                     
Fonte: A  Ordem,05/03/1942,p.1.


                           Aspectos atuais do Instituto Padre Félix



Fonte: Google Earth,2020.





quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A LOCOMOTIVA GELSA DA ESTRADA DE FERRO DE MOSSORÓ




         Segundo o jornal O Poti em 23/08/1955 continuavam os trabalhos em Porto Franco (Grossos) para o desembarque da locomotiva Gelsa, destinada a Estrada de Ferro de Mossoró, trazida até ali pelo navio Mirna.
         O  desembarque seria realizado no período  da maré baixa, pois ainda naquele dia estaria concluída a ponte férrea que estava sendo construída entre o cais e o condutor daquele porto.
         A baixo exemplares de uma locomotiva Gelsa igual a que foi destinada a Estrada de Ferro de Mossoró.







Fonte: O POTI, 23/08/1955, p.3.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

MULHERES NAS FERROVIAS DO RN




Quando se fala no tema ferrovia sempre se remete a um trabalho masculino, mas houve um tempo em que as mulheres exerceram protagonismo exercendo trabalhos manuais e intelectuais no setor ferroviário.No Rio Grande do Norte encontramos os seguinte nomes de mulheres que foram funcionárias da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
Segundo o jornal A Ordem com a declaração de guerra entre o Brasil, Alemanha e Itália, o governo tratou de mobilizar as forças vivas do país, a fim de fazer frente a qualquer eventualidade. E uma das partes mais importantes nessa mobilização era o aproveitamento do trabalho da mulher brasileira nos diversos setores de atividades manuais e intelectuais.
         Foi compreendendo a necessidade das circunstancias vividas aquela época que os diretores da Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro, tomaram a iniciativa de instituir na capital potiguar e em outras cidades do Brasil, cursos para senhoras e senhorinhas, para prepará-las em substituição dos funcionários que estavam no serviço ativo do Exército.Tais mulheres assumiriam os cargos de  telegrafistas, agentes de estação, condutores de trem e telefonistas.
         Em Natal as interessadas em realizar algum curso na EFCRGN tinha que se dirigir ao escritório da ferrovia na Esplanada Silva Jardim.Para se inscrever era preciso ser maior de 21 anos, saber ler e escrever e sendo menor de 14 a 18 anos era exigida a autorização dos responsáveis. (A ORDEM, 03/09/1942, p.2).
        Não encontramos maiores informações sobre esses cursos, mas encontramos algumas mulheres que exerceram funções na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
      Em 11/12/1939 o jornal A Ordem cita Isabel Machado Tinoco como funcionária da EFCRGN (A ORDEM, 11/12/1939, p.4), o jornal não menciona a função pois era apenas a menção ao seu aniversário ocorrido naquele dia.Em 20/02/1942 é citada Zuleika Vasconcelos como funcionária da EFCRGN (A ORDEM,20/02/1942,p.4), já em 26/08/1948 foi a vez de Olga Trindade ser citada no pelo jornal Diário de Natal como funcionária da EFCRGN (DIÁRIO DE NATAL,26/08/1948,p.5).
Em  22/05/1951 Teresinha Cordeiro foi mencionada como contadora diplomada e funcionária da EFCRGN, já denominada Estrada de Ferro Sampaio Correia. (DIÁRIO DE NATAL, 22/05/1951, p.5). Isabel Machado Tinoco volta a ser citada como funcionária da EFSC (DIÁRIO DE NATAL, 11/12/1951, p.5) e Maria de Lourdes Marinho foi citada em 29/11/1952 como funcionária da EFSC. (DIÁRIO DE NATAL, 29/11/1952, p.4).
Em 23/08/1955 foi inaugurado o serviço ambulatorial e dentário da EFSC, com uma composição que percorria as estações, paradas e casa de turma da ferrovia levando no carro hospital um médico, um dentista e três enfermeiras, sendo duas pertencentes ao serviço social da EFSC.
         Segundo o jornal O Poti as enfermeiras que faziam parte desse serviço de assistência aos ferroviários eram as senhoritas Luíza Arruda de Aquino e Iracema Peregrino, ambas as enfermeiras diplomadas pela Maternidade Januário Cicco, sendo a primeira parteira. (O POTI, 23/08/1955, p.3). Pelo tratamento dado pelo jornal as enfermeiras se tratavam de moças solteiras.
        Certamente deve ter ocorrido mais atividades femininas nas ferrovias do RN. A pesquisa não está finalizada. Contribuições serão bem-vindas.
        Na imagem a baixo vê-se uma mulher vestida de enfermeira num carro da EFCRGN no pátio da estação central de Natal.