sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A CAPELA DA PRAIA DE AREIA PRETA

      
     Quem passa pela avenida Silvio Pedrosa em Areia Preta deve ter se deparado com uma capelinha ali existente encrustada entre dois grandes arranha-céus defronte para aquela aprazível praia urbana da capital potiguar. Alguém, assim como eu deve ter em algum momento se perguntado qual a origem daquele templo católico naquele pitoresco lugar. Eis pois, a seguir sua história.
     Em 1937 o jornal A Ordem registrava que estava em exposição na casa Gondim uma imagem de Nossa Senhora do Bom Parto encomendada para a capela da Praia do Meio (A ORDEM,14/09/1937, p.4). Essa é a notícia mais antiga que aparece no referido jornal a respeito da capela da Praia do Meio, que na realidade se localiza em Areia Preta. Mas foi somente em 1940 que se iniciou a arrecadação de auxílios para a construção da capela da Praia do Meio. 
     A ideia da construção da capela da Praia do Meio tinha a frente as moças Noelistas e segundo o jornal A Ordem estava despertando grande interesse no meio dos veranistas daquela praia natalense (A ORDEM, 14/12/1940, p.1). De acordo com o citado jornal um dos campos de apostolado preferido pelas noelistas da capital potiguar era o ensino do catecismo as crianças da Praia do Meio, no bom ou mal tempo e mau grado a relativa deficiência de transportes, não falhava o catecismo aos domingos. 
     As noelistas tinham como diretor espiritual e protetor o Mons. Alves Landim. Para ele não havia fadigas, descansando de uma tarefa na execução de outra, por vezes mas que penosa. Para o catecismo da Praia do Meio um dos grandes inconvenientes era a falta de uma capela, pois a aulas funcionavam num alpendre de uma casa residencial, que era cedida para a realização das aulas durante todo o ano letivo, sendo neste terraço também que se realizavam as festas de encerramento de fim de ano quando havia a realização da primeira comunhão das crianças. 
      O jornal A Ordem questionava por que não se construía uma capela ali na Praia do Meio, já que havia naqueles arrabaldes casas construídas com gosto e até se alugavam prédios para temporadas. A população humilde, no entanto, possuíam choupanas e moravam ali o ano todo. Era, assim, um desejo antigo das noelistas dotar aquela praia de uma capelinha, para que os veranistas e moradores não precisassem subir a a ladeira tão fatigante, para assistirem a missa e seria mais um centro de religiosidade para a cidade do Natal. 
    De acordo com o jornal A Ordem, o padroeiro da Praia do Meio era São Francisco e seria igualmente o orago da capelinha que seria ali construída e lançando a ideia para a doação de ajuda dos fieis dando um prognóstico De acordo com o jornal A Ordem, o padroeiro da Praia do Meio era São Francisco e seria igualmente o orago da capelinha que seria ali construída e lançando a ideia para a doação de ajuda dos fieis dava um prognóstico otimista de que no Natal de 1941 a capela já estivesse pronta ( A ORDEM, 20/12/1940, p.1). 
    A ideia da construção da capela da Praia do Meio vinha assim despertando o interesse não só dos veranistas que frequentavam aquela praia urbana, assim como da população católica da capital potiguar. As obras, de acordo com o jornal A Ordem, se iniciariam no dia 31/12/1940 com a benção da pedra fundamental, que seria realizada as 15h00 pelo mons. Alves Landim, prelado protetor do núcleo noelista de Natal. Depois da benção da pedra fundamental se iniciaria a arrecadação de auxílios para o prosseguimento da construção da capela (A ORDEM, 31/12/1940, p.1). 

A Capela-Escola de Areia Preta e Praia do Meio 
     A construção da Capela-Escola de Areia Preta e Praia do Meio era, segundo o jornal A Ordem, de interesse público, não só pelo lado moral e religioso, mas também em face da alfabetização popular. A localização da dita capela favorecia a essa dupla finalidade e por está entre e essas duas praias, onde a população pobre de pescadores que, sem tal recurso, continuava sem instrução, sem conhecimento se quer das primeiras letras. 
     A Capela-Escola aceitaria como alunos todos os analfabetos, sem distinção de classe e de idade. Os descalços e mal vestidos pobremente seriam acolhidos para a escola, como também acolhidos para o catecismo onde se tinham matriculado, todos os anos, mais de uma centena de alunos. 
     As aulas eram realizadas na casa do Sr. Rodrigo Costa que permiti que em sua residência de verão as noelistas realizassem o ensino religioso as crianças pobres daquela praia e até mesmo as missas eram ali realizadas. Essa era a prova, segundo o jornal A Ordem de que a Praia do Meio necessitava de uma Capela-Escola. Acrescia ainda o referido jornal que aos veranistas não seria mais difícil a audição da missa aos domingos e dias santos (A ORDEM, 19/01/1941, p.1).

 A inauguração da Capela-Escola da Praia do Meio e Areia Preta
    A inauguração da Capela-Escola da Praia do Meio e Areia Preta no bairro de Petrópolis ocorreu no dia 16/12/1945 as 07h00. Na ocasião estiveram presentes o Des. Miguel Seabra Fagundes, Interventor Federal, Mário Eugênio Lira, prefeito de Natal, professor Severino Bezerra de Melo, Diretor do Departamento de Educação, noelistas e pessoas ali residentes (A ORDEM, 17/12/1945, p.4). 
   A solenidade foi presidida pelo Mons. Alves Landim, vigário da catedral e representante do Bispo Diocesano, que por motivo superior não pode comparecer. Dada a benção à nova capela foi oficiada a santa missa pelo mons. Landim que falou ao Evangelho, agradecendo a todos pela presença àquela cerimônia e os auxílios prestados para a construção daquele sagrado templo. Após a missa, o professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação, proferiu algumas palavras inaugurando a nova Escola que funcionaria na nave da Capela.

As Santas Missões realizadas na capela da Praia do Meio
      Entre 26/12/1945 e  01/01/1946 foram realizadas as Santas Missões realizadas na Capela-Escola da Praia do Meio, na capital potiguar, pregadas pelos mons. Alves Landim, cônego Luís Vanderlei, os padres Benedito Alves e Celestino Barros.
   Durante os dias de missões houveram batizados, casamentos, crismas e confissões, terminando com a missa e comunhão dos fiéis, que em avultado número vinha assistindo às pregações. No dia 30/12/1945 o Bispo Diocesano, dom Marcolino Dantas, esteve presidindo os atos religiosos crismando grande número de crianças. 
     No dia 01/01/1946 houve missa festiva as 07h00 e à noite, as 19h00, após a pregação, realizou-se uma procissão noturna percorrendo o bairro de Petrópolis (A ORDEM, 31/12/1945, p.1). A meia-noite do dia 31/12/1945 teve início, na dita capela, o piedoso exercício da Hora Santa, pregado pelo cônego Luiz Vanderlei que, no final, deu a benção do Santíssimo à grande multidão que transbordava nas calçadas da Capela.
    Durante as missões pregadas Capela-Escola da Praia do Meio houve o seguinte movimento religioso (A ORDEM, 03/01/1946, p.1.)
Pregações : 10. 
Missas:   11.
Batizados:  6.
Casamentos:  5.
Confissões:   212.
Comunhões:  356.
Crismas:   75.
Procissão: 1.   
Comunhão crianças:   85.   
Aulas de catecismo:   8. 
      Esta foi a primeira grande atividade religiosa realizada naquela capela da capital potiguar. 

Concerto em benefício da capela de Areia Preta
A violoncelista Nani Bezerra, que se achava em Natal, filha  do professor Severino Bezerra, iria realizar no dia 15/02/1946 no Teatro Carlos Gomes, um recital cuja a renda resultantes seria revertida em beneficio da capela de Areia Preta e do ambulatório São José, das Roca ( A ORDEM, 11/02/1946, p.4).
Foi organizado um grande repertório de músicas clássicas para este recital.

A pedra fundamental da escola de Areia Peta
Realizou-se em 24/11/1946 a benção da pedra fundamental da Escola Júlia Serive, a ser construída na Praia do Meio, ao lado da Capela São Francisco.
Estiveram presentes o professor Severino Bezerra e todas as pessoas que assistiram a missa no referido templo, e também os docentes e e discentes da Escola Júlia Serive, que funcionava provisoriamente na mesma Capela.
A benção da pedra fundamental foi dada pelo mons. Alves Landim, pároco da Catedral, em seguida discursaram a aluna Maria de Lourdes, que agradeceu ao professor Severino Bezerra a fundação da Escola e o inicio dos trabalhos do futuro prédio e em nome da população da Praia do Meio e sua cercanias, disse palavras de sincera e afetuosa homenagem a bondade do Diretor do Departamento de Educação, cujas medidas no desempenho de seu miser eram sempre acertadas e seguras como a que tomou sobre o aquele bairro praieiro de Natal.
Já o mons. Alves Landim fez votos para que, dentro em pouco tempo, pudesse avultar ao lado da capela o novo prédio escolar (A ORDEM, 27/11/1946, p.4).


O trabalho social da congregação mariana
A Congregação Mariana da Catedral havia assumido um campo de apostolado social na capela de Areia Preta. Na páscoa de 1947, segundo o jornal A Ordem seria uma oportunidade dos congregados marianos entrarem em contato com os adultos matriculados na Escola de Alfabetização que era uma das obras de apostolado social a cargo daqueles congregados ali em Areia Preta ( A ORDEM, 10/04/1947, p.4).

A profanação na capela de Areia Preta e o ato de desagravo
A capela-escola situada entre a Praia do Meio e Areia Preta foi assaltada e depreda por criminosos na noite de 18/08/1947.conforme o jornal A Ordem "os sacrílegos assaltantes não respeitaram a casa do Senhor e danificaram objetos sagrados ali existentes como sacristia, cálices, imagens, livros e paramentos".
O Mons. Alves Landim, vigário da Catedral, convocou toda a população católica de Natal para realizar um ato de desagravo para reparar a grande e criminosa afronta por qual passou a capela de Areia Preta, tendo sido o ato realizado no domingo dia 31/08/19947 com missa as 06h30 celebrada pelo referido vigário da Catedral, seguindo-se uma concentração  das forças católicas de Natal a qual ser faria ouvir o dr. Otto Guerra, presidente da Junta Diocesana da Ação Católica e diretor do jornal A Ordem.
Assim, para este movimento de desagravo foram convidados os católicos em geral, que deveriam "dar um testemunho de sua fé, reprovando publicamente o hediondo atentado à casa de Deus" (A ORDEM, 26/08/1947, p.6).
Ainda de acordo como jornal A Ordem os objetos sagrados foram jogados ao chão, pisados, alguns roubados, por isso tão grande sacrilégio não poderia ficar sem um ato de desagravo, ou seja, uma reparação pública.

A festa do padroeiro de 1949
A festa de São Francisco de Assis, padroeiro da capela de Areia Preta foi realizada em 24/12/ 1949.
De acordo com o jornal A Ordem, além da parte religiosa haveria um festejos populares, com a finalidade de angariar auxílios em benefício daquela capela (A ORDEM, 15/12/1949, p.4).
A comissão organizadora da festa estava composta pelo Mons. Alves Landim, Con. Luis Vanderlei, Pe. Emerson Negreiros, capitão Rolindino Manso Maciel, Eunice Monteiro, Francisco Albertino e Sinval Câmara.
Para as festas externas foi organizado o seguinte programa:
1.Organização de uma festa ao ar livre, a ser realizada no dia 24/12/1949 na Praia de Areia Preta.
2.Coleta no meio comercial e civil de donativos.
3.Pedido de colaboração de autoridades e repartições.
O programa da festa ao ar livre constaria de barracas de prendas, , pescarias, telegramas, etc., serviço de buffet, realização de um sorteio na noite da festa, concurso da "Rainha da Festa", sorteio de um balaio de Natal, leilão de um carneiro oferecido por Luis Barros e outros objetos.
A missa seria celebrada as 02h00 da manhã.

 A festa em benefício da capela da Praia do Meio 
      Por iniciativa das famílias católicas que estavam veraneando nas praias do Meio e Areia Preta foi realizada uma festa em benefício da capela de São Francisco da Praia do Meio que havia sido recentemente inaugurada. 
     A festividade contou com barracas de prendas, serviço de bar e restaurante, além de outras atrações, estando a comissão promotora empenhada pelo bom êxito daquela festa. De acordo com o jornal A Ordem, o serviço de ônibus seria melhorado para atender aqueles que desejassem participar da festa (A ORDEM, 11/01/1946, p.4).
    A festa foi realizada em frente a capela de São Francisco na Praia do Meio. Reforma A Capela-Escola da Praia do Meio passou por reformas em 1949 onde foram realizadas a limpeza externa e limpeza e reparos das portas e janelas ( A ORDEM, 31/12/1949, p.4).

Reforma                  

      A Capela-Escola da Praia do Meio passou por reformas em 1949 onde foram realizadas a limpeza externa e limpeza e reparos das portas e janelas ( A ORDEM, 31/12/1949, p.4). 


Situação atual

      A capela de São Francisco de Assis está situada na Av. Gov. Silvio Pedrosa, 211,na praia de Areia Preta e faz parte da paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Petrópolis.







quarta-feira, 30 de junho de 2021

OS IRMÃOS FOTÓGRAFOS MAX E BRUNO BOUGARD


         Os irmãos de origem alemã, Max e Bruno Bourgard, foram os primeiros fotógrafos a fazer imagens da cidade de Natal, sendo considerados os pioneiros neste ramo em terra potiguares.

         De inicio aviso que esta não é uma biografia a respeito dos irmãos Bourgard, não é este o meu foco de trabalho, apenas tento mostrar alguns recortes históricos a respeito dos mesmos.

         Sobre Max Bourgard escreveu o jornal O Estado em 02/202/1894: “Sr. Max Bourgard e inegavelmente um homem dum gênio incansável e trabalhador. E, dias desta semana fizemos-lhe uma visita em seu sitio, a leste da Ribeira, e que fica na bifurcação de dois grandes morros. O Sr. Bourgard mostrou-nos o curtume, há pouco estabelecido ali e dirigido por seu velho pai, um afamado curtidor de peles, ultimamente vindo da Alemanha, onde em exposições regionais foi mais de uma vez condecorado pela excelência dos seus trabalhos. Tivemos, então, de admirar o asseio que se nota na casa do curtume, e a qualidade das peles curtidas, que nada deixam a desejar às que são importadas do estrangeiro, tal é a perfeição do trabalho. Desejamos que o Sr. Bourgard alargue mais as proporções do seu estabelecimento industrial, em seu interesse próprio e a bem do progresso desta terra, onde o distinto artista e intrépido industrial exercem a sua atividade” (O ESTADO, 02/02/1894, p.2).

          Max Bourgard foi proprietário da empresa Fotografia Alemã Bourgard & Cia sucessora de Frederico Ramos.

          Em 12/05/1892 Max Bourgard começou a anunciar nos jornais de Natal que iria se mudar para o Recife, onde instalaria sua loja na rua 15 de Novembro, na capital pernambucana, onde lá iria exercer sua profissão. Ainda de acordo com os anúncios nos jornais Max Bourgard ficaria em natal por mais um mês oferecendo seus préstimos em fotografias garantindo a maior perfeição e nitidez nos seus trabalhos (RIO GRANDE DO NORTE, 02/06/1892, p.4).


Bruno Bourgard

         Em 06/10/1897 um anúncio no jornal A República dizia: “Retirando-me, no costeiro do meado deste mês, de Natal deixo a fotografia sob a direção do meu mano Bruno Bourgard, pedindo aos meus fregueses e amigos dispensar-lhe a mesma confiança e favores, com que me tem honrado e pelo quais me confesso sinceramente grato. B. Max Bourgard. Natal, 5 de outubro de 97” (A REPUBLICA,06/10/1897,p.3).

         Um anúncio do jornal A República demonstrava que a Fotografia Alemã já era uma sociedade dos irmãos Bruno e Max Bourgard, estando a mesma situada na rua 13 de Maio, nº 26, onde: “os seus proprietários garantem perfeição e nitidez nos seus trabalhos, os quais executam das 10 horas da manhã até as três da tarde, seja com tempo bom ou mau nouvado. Preços cômodos”, dizia o citado anúncio (A REPUBLICA,06 /02/1891,p.4).

        Uma das fotos mais antigas de autoria de Bruno Bourgard é esta a baixo de uma procissão no Seridó, possivelmente a de Santaana em Caicó.

Foto: Museu do Seridó

         Em 1902 Bruno Bourgard (que aparece no jornal com a grafia Bruno Burkhardt, possivelmente a grafia original em alemão do sobrenome) chamava a atenção dos seus fregueses e amigos para os trabalhos de ampliação em fotografia até tamanho natural, colorido, entre outros, para os quais se achava bastante habilitado, garantindo toda a perfeição nos mesmos e, além disso, encarregava-se das respectivas molduras. Os preços eram por ajustes (A REPUBLICA, 13/10/1902, p.2). Por esse tempo a loja da Fotografia Alemã estava situada na Rua José Bonifácio, antiga ruas das Virgens.

          Bruno Bourgard registrava os eventos importantes da capital potiguar como o da  foto a baixo de autoria de Bruno Bourgard publicada em 14/02/1902 na Revista da Semana mostra um grupo de pessoas no almoço oferecido aos oficiais do navio a vapor Planeta da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro por ocasião do inicio das suas entradas no Porto de Natal em 01/10/1902. 

Foto: Revista da Semana, 14/02/1902.Ed. 405, N.135. p.5
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       Esta outra foto mostra a caída ao mar da lancha 16 de Julho ao serviço de praticagem na barra do Porto de Natal

Foto: Revista da Semana,22/02/1903, ed. 490, nº 145.

Registro de um jantar oferecido pelo coronel Joaquim Manuel de Carvalho e Silva a seu irmão, o padre Miguel de Carvalho, por ocasião deste cantar sua primeira missa, em 8 de dezembro 1902.Fotografia Bruno Bourgard..

 


Rua da Conceição em Macaiba em 1898.Foto: Bruno Bourgard.


          Na edição 474, nº 143 da Revista da Semana há uma foto em que Bruno Bourgard é citado com a patente de major (REVISTA DA SEMANA, 22/02/1903, p.8).A foto não tem boa resolução, mas mesmo assim a publicamos.

Foto: Revista da Semana, 22/02/1903,p.8, ed. 474, n.143.

         Em 08/03/1903 a Revista da Semana exibia uma foto de uma missa campal em frente a matriz de Natal cuja a legenda dizia: “ESTADO DO RIOGRANDE DO NORTE. Missa celebrada em honra do 4º Centenário da descoberta do Brasil, na Praça André de Albuquerque em frente da matriz, na cidade do Natal (phot. de Bruno Bourgard)” (REVISTA DA SEMENA, 08/03/1903,p.4 ed. 502, n.147). 


Foto: Revista da Semana,08/03/1903,p.4, ed.502, n.147.



         Ora, se a missa em questão foi em honra do 4º Centenário do descobrimento do Brasil, obviamente ela foi realizada entre 22/04/1900, dia da chegada dos portugueses em terra e 01/05/1900, portanto a foto foi publicada três anos após aquele evento realizado em Natal.

         O atelier fotográfico  a Fotografia Alemã, de Bruno Bourgard, era, ao que tudo indica, o único estabelecimento do gênero em Natal, pois o Almanaque Laemert só cita ele em 1905 ( ALMANAQUE LAEMERT,1905, p.1730)

         Em 1907 o jornal A República exibe anúncio em que Bruno Bourgard (grafado Bruno Burkhardt novamente) em que o mesmo dizia está residindo na Paraiba: “Da Paraíba, onde reside atualmente, é esperado nesta capital o conhecido artista fotografo Bruno Burkhardt, que pretende demorar-se alguns meses” (A REPUBLICA, 03/08/1907, p.1).

         Noutro anúncio do mesmo jornal Bruno Bourgard avisava a seus amigos e fregueses da capital potiguar e do interior do Estado que daria inicio aos trabalhos concernentes a sua arte, no dia 29/11/1907, com duração de apenas um mês e meio, no máximo dois meses, em Natal.


Fonte: a republica,29/08/1907,p.3.


         Foi neste ano também que por meio das verbas eventuais do orçamento do Estado vigente, mandou o governador pagar ao fotografo Bruno Bourgard (Burkhardt) a quantia de 300$000 réis, importância de diversas vistas (fotos panorâmicas e postais) da capital potiguar fornecidas ao gabinete do governo do Estado, para propaganda (A REPÚBLICA, 22/11/1907, p.1).Algumas das imagens que foram pagas a Bruno Bourgard pelo governo do Estado são possivelmente as que se seguem.











        A última noticia a respeito de Bruno Bourgard por nós encontrada data de 1918, quando o jornal O Norte registrou o batizado de Neuza, filha de Bruno Burkhardt e sua esposa Enedina Toscano Burkhardt, tendo sido padrinhos da menina o Cel. Daniel Toscano Coelho e sua esposa Ana Uchoa de Andrade Coelho (O NORTE, 10/08/1918, p.1).

         De 1894, data da primeira menção a Bruno Bourgard em jornal de Natal, até 1918, data em que o jornal O Norte registrou o batizado de sua filha transcorrem 24 anos, considerando que Bruno já era adulto em 1894, presumimos que ele já era um senhor de mais de 40 anos na época do batizado de sua filha.

         Na capital paraibana o atelier da Fotografia Alemã de Bruno Bourgard funcionava na rua Maciel Pinheiro nº 67 e na Viração nº 1 e de acordo com o anúncio publicado no jornal O Norte: “este atelier funciona regularmente, tanto nos dias claros, como nos de chuvosos, desde as 9 horas da manhã, até as 4 da tarde, com entrada pelas ruas M. Pinheiro 67 e Viração n.1” (O NORTE, 04/11/1908, p.3).

         Sobre Max Bourgard os jornais silenciam completamente sobre sua vida, não o citando mais que somente como fotografo em Recife.


terça-feira, 29 de junho de 2021

A CAPELA DAS QUINTAS

 

         A capela do bairro das Quintas em Natal tem seu inicio em 06/06/1947 quando se reuniu a Sociedade Recreativa Progressiva das Quintas para tratar da construção da capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a qual segundo o jornal A Ordem: “ compareceu grande número de sócios, senhoras e senhoritas daquele próspero subúrbio da Capital”.

         A comissão central estava constituída pelo Pe. Luis Klur, assistente eclesiástico, Raimundo de França, presidente e Arthur Vilar, tesoureiro.

         A sessão foi aberta pelo Sr. João Francisco Filho, presidente da SRPQ, que em seguida concedeu a palavra ao Sr. Luis Dutra, orador oficial da solenidade, que pronunciou vibrante discurso concitando todos a trabalharem por aquela velha aspiração dos habitantes das Quintas, de possuírem a sua igreja e que segundo ele, graças aos esforços do Sr. Raimundo de França, grande incentivador do progresso das Quintas, coadjuvado pelos companheiros da comissão central, ia ser concretizada.

         Facultada a palavra, fez uso da mesma o Sr. Sebastião Maaquias, também se externando sobre o assunto.Em seguida o Pe. Luis Klur, coadjutor da paróquia do Alecrim e encarregado pelo Bispo Diocesano, Dom Marcolino Dantas, para dirigir os trabalhos da construção da capela, fez ampla exposição sobre os planos da construção, meios de adquirir donativos em dinheiro e materiais, demorando-se ainda nas vantagens advindas aos habitantes do lugar em possuírem a sua igreja com tão bela e significativa invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que haveria de abençoar os promotores desta tão útil iniciativa.

         Logo depois foram combinadas várias medidas a fim de no menor prazo possível serem iniciados os trabalhos, ficando organizada 10 sub-comissões locais presididas pelas seguintes pessoas: João Francisco Filho, professora Maria das Dores, Luis Dutra, Eugenia Salvador, Valda dos Santos Souza, Amélia Rodrigues, Maria Silva, Maria Pereira, Joaquim Avelino e Alberto Pinheiro.

         Encerrando a sessão usou da palavra  Raimundo de França, que se congratulou com os presentes por mais este grande melhoramento para o povo católico das Quintas, para o que       esperava o concurso de todos, afirmando já haver escolhida uma lista de paraninfos e madrinhas da construção, e que já havia obtido valioso auxilio de Roberto Sinay e Nola Volfson, respectivamente engenheiros chefe e auxiliar do 5º Distrito de Portos, Rios e Canais (A ORDEM, 14/06/1947, p.2).

Sobre as Quintas

Sobre as Quintas escreveu Fernando de Oliveira em artigo para o jornal A Ordem: “As Quintas é um dos bairros mais habitados de Natal. Lá reside toda uma população constituída, em geral, de famílias pobres que ganham a vida vendendo produtos caseiros aqui na cidade ou lavam a roupa dos mais afortunados. As ruas – por ser um bairro muito distante, não tem calçamento e a poeira levantada pelos veículos que vão e que vem tinge a cara das casas de uma cor cinzenta ou amarelo de barro”.

         Ainda de acordo com o citado autor havia muitas deficiências naquele pedaço vivo de Natal.Entretanto, alguma coisa já se fazia para melhorar a habitação daquela gente boa, tanto assim que a prefeitura já estava mandando encostar material para a construção de casas populares naquele bairro.

         Observou Fernando de Oliveira que os habitantes das Quintas não tinham assistência religiosa, tanto que uma comissão de senhoras católicas tendo a frente o Pe. Luis Klur, da paróquia do Alecrim, estava empenhada na construção de uma vistosa capela que teria por padroeira Nossa Senhora do Perpetuo Socorro. ”O local é magnífico! já os alicerces estão prontos.Entretanto, como é doloroso constatar que os trabalhos estejam parados por falta de recursos – mal hajam atingido os alicerces da pequena obra! Tanto dinheiro gasto por ai a fora sem muita necessidade”, escreveu Fernando de Oliveira.

Na noite de Natal daquele ano de 1948, Fernando de Oliveira foi assistir a missa do galo que iria ser celebrada nos alicerces da capela das Quintas, o qual escreveu o mesmo: “meu coração de católico comoveu-se ao observar uma grande multidão, religiosamente em silêncio, ouvindo a pregação do sacerdote. Como aquele povo pobre sentiu-se orgulhoso e satisfeito por aquela primeira missa na futura Capela”. Ainda de acordo com Fernando de Oliveira foram abençoados naquele dia os alicerces da capela, tendo ele ouvido muitos dizerem ao sacerdote: -Ah padre.Se Deus quiser, brevemente teremos a nossa Capela”, ao que constataou Fernando de Oliveira:- Pobre povo das Quintas! Tanta vontade de possuir uma capela! E já se contenta com os alicerces...Aquela pequena construção em começo parece uma vergonta nova brotando nos galhos da grande árvore da Igreja!...”. (A ORDEM, 08/01/1948, p.4).

         Em 17/08/1951 o jornal A Ordem registrou que estava sentada a última porta da capela das Quintas, obra que o Pe. Eimar Monteiro, Arthur Vilar e outros resolveram levar a peito e estavam concluindo.

         De acordo com o referido jornal o terreno para a construção da capela das Quintas foi doado por Alfredo Edeltrudes, onde ali se foi erguendo a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro que muito bem faria aquela região das Quintas e Carrasco (atual Dix Sept Rosado).

         Os empreendedores da construção da capela das Quintas começaram então a levar adiante a campanha do mosaico para o piso da igrejinha que assim começaria brevemente a funcionar em caráter público (A ORDEM, 17/08/1951, p.1).

         Em 1958 já estava listada no rol das igrejas da capital potiguar, sinal de que já havia sido inaugurada anteriormente.

       A paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, segundo consta no site  da Arquidiocese de Natal, foi criada em 12/09/1969, tendo sido por muitos anos administrada pelo Pe. Thiago Theisen, sacerdote de origem belga, que desenvolveu intensa e duradoura atividade social nos subúrbios de Natal entre os anos de 1960/1980.

         Em 1982 com a criação da paróquia entre o rio Potengi e a lagoa de Estremoz cuja sede seria o Conjunto Santa Catarina, esta passou a ser administrada pelo Pe. Thiago Theisen, a paróquia das Quintas foi nomeado o Pe. Antonio Cassiano para ser administrador.

         A foto a baixo foi publicada originalmente no Diário de Natal em 1971, há exatos 50 anos. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do bairro das Quintas em Natal, cuja paróquia foi criada em 12/09/1969 onde a antiga capela foi elevada a categoria e dignidade de igreja matriz. Em 1975 a igreja passou por uma grande reforma e ampliação da qual perdeu suas feições originais.


A época havia uma mentalidade vinda do Concilio Vaticano II onde se pretendia “modernizar” a Igreja Católica para que ela se abrisse ao mundo moderno e isso se refletiu nas construções de igrejas que passaram a preferir a concepção de simplicidade nas construções de igrejas ao invés do estético, como espaços celebrativo simples onde se pudesse acolher o maior número de pessoas possíveis no interior das igrejas, as fachadas por sua vez perderam o gosto estético e característico de igrejas, sendo até mesmo o termo ‘templo’ mais usado adequadamente para definir as construções modernas da igreja católica a partir do Concílio Vaticano II.

A igreja das Quintas foi uma das igrejas que sofreram a ação equivocada dessa mentalidade, o qual em sua ampliação perdeu-se a feição da fachada original que possuía gosto e característica típica de igreja com seu frontão triangular encimado por uma cruz, os janelões e portão central arqueados e o esboço das duas torres que seriam erguidas caso fossem num futuro ampliada a igreja. Natal tem uma carência de igreja bonitas e as que pouco tinha foram aos poucos dando espaço a igrejas de gosto duvidoso como esta das Quintas.




domingo, 27 de junho de 2021

O MERCADO DE NOVA DESCOBERTA


E encerramos nossa série de postagens sobre os mercados públicos de Natal com essa a cerca do mercado do bairro de Nova Descoberta.

Em 11/01/1960 o jornal Diário de Natal publicou que finalmente seria construído o Mercado Modelo do bairro Nova Descoberta, o qual viria a sanar velho problema dos seus habitantes.

Em entendimento com o proprietário do terreno naquele subúrbio da capital potiguar, o prefeito José Pinto Freire conseguiu adquiri-lo sendo que o mesmo estava localizado na rua principal de Nova Descoberta.

O Mercado Modelo que obedeceria as novas linhas arquitetônicas, deveria ser construído ainda no primeiro semestre daquele ano de 1960 (DIÁRIO DE NATAL, 11/01/1960, p.6).

De acordo com o jornal Diário de Natal em 01/04/1960 seria realizada a cerimônia solene de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta, o qual seria, segundo o mesmo jornal, um dos mais modernos do Nordeste, querendo o prefeito inaugurá-lo ainda em sua administração.

Conforme havia anunciado a prefeitura o prédio desse mercado seria construído dentro dos mais modernos requisitos constituindo-se um dos melhores do Nordeste depois de concluído.

A sua construção deveria ter andamento por todo aquele ano de 1960, esperando o prefeito José Pinto Freire inaugurá-lo antes do término do seu mandato.

O jornal Diário de Natal recordava que o bairro de Nova Descoberta era um dos mais novos da capital potiguar e até bem pouco tempo era apenas um abrigo de refugiados das secas, que ali se instalaram em virtude de não terem onde pousar.

Nos últimos 3 anos a fisionomia do bairro havia se transformado de tal modo que exigiu as atenções dos poderes públicos, o que vinha se verificando de maneira progressiva aquela época (DIÁRIO DE NATAL, 18/03/1960, p.8).

A solenidade de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta foi antecipada para 20/03/1960 as 09h00, o prefeito José Pinto Freire resolveu antecipar a solenidade a fim de providenciar o inicio dos serviços o mais breve possível.

Tendo o ato contado com a presença de autoridades e moradores do bairro. Inicialmente lançou as bênçãos da igreja católica sobre o local do futuro mercado, o monsenhor Alair Vilar, capelão do bairro, que em seguida proferiu palavras enaltecendo o acontecimento.Falaram sem eguida o prefeito, José Pinto Freire, os vereadores Severino Galvão e Raimundo Barreto, e representando o povo do bairro, o Sr. Claudionor de Figueiredo.

Na ocasião foi instalado o curso primário a ser mantido pela Secretaria de Educação naquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 21/03/1960, p.8).

Francisco Horácio Pereira Pinto fez um relato das obras de responsabilidade da prefeitura no bairro de Nova Descoberta, elogiando o prefeito José Pinto Freire principalmente o seu trabalho em prol da construção do mercado daquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 03/04/1960, p.6).

Não encontramos informações a cerca da inauguração do Mercado Modelo de Nova Descoberta, porém, em entrevista 13 anos depois, o ex-prefeito de Natal, José Pinto Freire disse em entrevista ao jornal O Poti que uma das suas realizações a frente da administração da prefeitura de Natal foi a construção do referido mercado (O POTI, 12/08/1973, p.9), de onde se presume que tenha sido inaugurado, e se chegou a funcionar como tal é por nós desconhecido, assim como a sua localização naquele bairro.



sábado, 26 de junho de 2021

O MATADOURO DE NATAL

 

         O matadouro público de Natal é citado em 1878 como um dos locais onde não se tinha asseio na capital potiguar: “no matadouro público não há também o escrúpulo que era para desejar, e assim é tudo mais” (CORREIO DO NATAL, 26/10/1878, 3).

        Foi destinado a quantia de 4:500$000 a comissão formada pelo Capitão do porto Lisboa, o tenente-coronel José Domingues de Oliveira e o presidente da Intendência Odilon Garcia para as obras do matadouro público da capital (GAZETA DO NATAL, 15/11/1890, p.2).

         Em 1891 havia um terreno já destinado a construção do matadouro público de Natal e suas dependências, porém o mesmo terreno foi alvo de reclamações por está situado próximo a casas residenciais, sendo recomendado que a Intendência escolhesse outro local (RIO GRANDE DO NORTE 20/08/1891, p.1).

         De acordo com o jornal Rio Grande do Norte foi marcado para o dia 27/08/1891 o recebimento de propostas em cartas fechadas, a fim de serem contratadas as obras necessárias ao matadouro público da capital potiguar de acordo com o respectivo orçamento (RIO GRANDE DO NORTE, 26/08/1891, p.3).

         Em 05/09/1891 um artigo do jornal A República criticava  a atitude do Sr. Gurgel que havia mandado construir o matadouro público na Cidade Alta, o qual não havia consultado os interesses da população, nem atendeu as exigências da saúde pública.

De acordo com o referido jornal: “o matadouro, dizem as regras mais comesinhas da higiene, dizem todas as conveniências da população, não pode ser no meio da cidade, antes se deve procurar um lugar a distância, a beira do rio onde haja água em abundância para as lavagens necessárias a um estabelecimento de semelhante natureza.O contrário disto, é de todo injustificável[...] (A REPÚBLICA, 05/09/1891, p.2).

Mesmo diante da escolha inadequada do matadouro a Intendência manteve a construção dentro do orçamento da municipalidade e acrescentou ainda a construção de um curral para o mesmo em 1892.

         Em 1894 o jornal O Estado publicou nova critica a localização e situação do matadouro da capital potiguar: “também merece a vista  e a atenção do digno Inspetor de higiene – o  matadouro publico da capital, que está situado, por assim dizer, dentro da cidade, e onde não há o devido asseio.É o caso de representar-se imediatamente ao governo municipal sobre a necessidade urgente da escolha de outro local para matadouro público”. (O ESTADO, 16/12/1894, p.3).

         De acordo com o relatório do governo do Estado de 1895 o estado sanitário da capital era o mais agradável, achando-se a mesma asseada e os estabelecimentos públicos nas melhores condições higiênicas, a exceção do matadouro e o mercado, cujos reparos e melhoramentos já havia feito sentir a autoridade competente (RELATORIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1895, p.109).

         Já o relatório do Governo de 1896 apontava que dentro dos quatro melhoramentos julgados de grande alcance sanitário e indispensáveis à capital potiguar o primeiro dizia respeito a remoção do matadouro público para ponto mais compatível com as conveniências da higiene (RELATÓRIO...,1896, p.220).

         Entretanto, mesmo as autoridades sabendo da inadequação que era a localização do matadouro na Cidade Alta o mesmo permaneceu no mesmo estado de coisas e falta de higiene por longos anos, até ser ventilada a possibilidade de sua remoção para outro lugar.

O prefeito Gentil Ferreira havia determinado em 1936 à Diretoria de Obras da Prefeitura de Natal, o levantamento da planta para a construção d e um edifício para o matadouro público da Capital potiguar, pois o que já havia não satisfazia as exigências de higiene tão necessário a departamento dessa natureza.

         A cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo matadouro público de Natal ocorreu em maio de 1938.

         A prefeitura de Natal adquiriu um terreno a margem do rio Potengi no bairro das Quintas. O novo equipamento público de Natal teria capacidade de abatimento de mais de 200 animais por dia.

De acordo com o jornal A Ordem na segunda semana de março de 1938 seriam iniciadas as obras de construção do novo matadouro público de Natal nas Quintas, em terrenos que foram desapropriados e pertenceram a Alfredo Edeltrudes de Souza (A ORDEM, 10/03/1938, p.4).

         A obra foi orçada em mais de 300 contos de réis, sendo a planta confeccionada pelo engenheiro George Munier. Os trabalhos foram confiados a Diretoria de Obras da Prefeitura.


Matadouro de Natal.

       Somente em 1947 foi adotada pela prefeitura de Natal a providência de transferir a matança de gado para o novo matadouro público construído na administração de Gentil Ferreira, nas Quintas, e foi medida que se fazia necessária desde o término daquele prédio.

      Havia mais de 50 anos que se abatia o gado e o fornecimento de carne verde à população natalense num prédio antiquado construído na rua da Salgadeira perto da linha férrea no Passo da Pátria, cujo local não se prestava mais para atender as necessidades do corte de gado, além do péssimo estado em que se encontrava o velho matadouro.

          Mesmo com a transferência da atividade de corte do gado para o novo matadouro das Quintas o prédio ainda precisava de algumas  adaptações a fim de ser definitivamente instalado o matadouro modelo de Natal.

A Ampliação do matadouro de Natal

         Por decreto de 15/02/1948 o prefeito da capital potiguar desapropriou, por ter sido considerado de utilidade pública, uma faixa de terreno no bairro das Quintas, de propriedade de Alfredo Edeltrudes de Souza com 3 metros de largura e 305 de comprimento, a fim de no mesmo ser construído o coletor do matadouro público ali existente (A ORDEM, 26/09/1947, p.2).

         De acordo com o jornal A Ordem seriam inauguradas em 21/02/1948 as novas instalações do matadouro público de Natal.Para assistir as solenidades foram convidadas autoridades civis e militares e o povo em geral (A ORDEM, 21/02/1948, p.6).

         Em 08/07/1948 uma comissão de vereadores esteve no matadouro público, além do prefeito e um representante do Diário de Natal.A finalidade da visita foi em decorrência de um requerimento apresentado a Câmara de Vereadores, de autoria do vereador Antonio Gouveia de que o matadouro necessitava melhorias urgentes da parte do prefeito, tendo citado entre outras coisas, que  o fornecimento de água ali era insuficiente, sua iluminação precária, que uma de suas dependências se encontrava ocupada por inflamáveis e outros materiais considerados perigosos.

         Segundo o repórter do Diário de Natal realmente foram feitas pelo prefeito Silvio Pedrosa as melhorias sugeridas pela Câmara Municipal comoo fornecimento de água de forma abundante que provinha de um poço tubular ali perfurado com capacidade para 75.000 litros cúbicos de água e movido  por um motor a gasolina, com o auxilio de um moinho de vento.

         A sala onde eram abatidas as rezes estava completamente higienizada, notando porém a reportagem, nuvens de moscas sabido mais tarde que eram comuns em todos os matadouros a estes insetos.

         Todas as dependências do moderno matadouro da capital foram percorridas pela comissão de vereadores acompanhados do prefeito Silvio Pedrosa, que dava as informações solicitadas. Na parte que foi apontada como deposito de inflamáveis  constatou o repórter do Diário de Natal pilhas de pneumáticos, tambores de óleo lubrificantes, graxas e outros acessórios.Esta dependência era alugada a uma empresa, o local não tinha piso, as paredes em parte eram rebocadas, não tendo porém, comunicação com as salas de operação do matadouro propriamente ditos, funcionando ali um pequeno escritório daquela empresa.

         As águas servidas corriam em sentido contrário, indo desaguar em pequeno esgoto interno daí tomando a direção de um grande deposito instalado em um dos lados, indo ter o seu fim no Potengi através de canalizações (DIÁRIO DE NATAL, 09/07/1948, p.6).

Em 27/02/1958 a situação do matadouro público da capital potiguar voltava a ser matéria do jornal Diário de Natal, cujo estado de higiene, que vinha sendo constantemente reclamadas pelo povo ao referido jornal, não eram das melhores.Segundo o jornal citado efetivamente o mau cheiro exalado dos resíduos que escapavam daquele local para a via pública não nada agradável.

         Ainda de acordo com o mesmo jornal já ia longe o tempo em que se precisava de um matadouro moderno, dentro dos foros de uma cidade que crescia a cada dia como era Natal (DIÁRIO DE NATAL, 27/02/1958, p.2).

       Já em 1964 foi incluído no plano administrativo do prefeito de Natal o matadouro público. De acordo com o Diário de Natal naquele ano: “em matéria de matadouro somos uns criminosos. Aquele próprio municipal, legalmente não existe” (DIÁRIO DE NATAL, 04/05/1964, p.8).O povo seguia o velho ditado que dizia que “o que os olhos não veem o coração não sente”, tal era a situação de falta de higiene do matadouro público de Natal nas Quintas.

Em 1965 a solução do problema da falta de condições de higiene do matadouro de Natal continuavam sem solução por parte da prefeitura.

A situação seria posta ao fim com a construção do FRIGONORTE, que é matéria para próximas postagens.

Presentemente o prédio do antigo matadouro de Natal é a sede da Urbana, autarquia que cuida da limpeza pública da capital potiguar.

Sede da Urbana, antigo matadouro de Natal.