Quem passa pela avenida Silvio Pedrosa em Areia Preta deve ter se deparado com uma capelinha ali existente encrustada entre dois grandes arranha-céus defronte para aquela aprazível praia urbana da capital potiguar. Alguém, assim como eu deve ter em algum momento se perguntado qual a origem daquele templo católico naquele pitoresco lugar. Eis pois, a seguir sua história.
Em 1937 o jornal A Ordem registrava que estava em exposição na casa Gondim uma imagem de Nossa Senhora do Bom Parto encomendada para a capela da Praia do Meio (A ORDEM,14/09/1937, p.4). Essa é a notícia mais antiga que aparece no referido jornal a respeito da capela da Praia do Meio, que na realidade se localiza em Areia Preta.
Mas foi somente em 1940 que se iniciou a arrecadação de auxílios para a construção da capela da Praia do Meio.
A ideia da construção da capela da Praia do Meio tinha a frente as moças Noelistas e segundo o jornal A Ordem estava despertando grande interesse no meio dos veranistas daquela praia natalense (A ORDEM, 14/12/1940, p.1).
De acordo com o citado jornal um dos campos de apostolado preferido pelas noelistas da capital potiguar era o ensino do catecismo as crianças da Praia do Meio, no bom ou mal tempo e mau grado a relativa deficiência de transportes, não falhava o catecismo aos domingos.
As noelistas tinham como diretor espiritual e protetor o Mons. Alves Landim. Para ele não havia fadigas, descansando de uma tarefa na execução de outra, por vezes mas que penosa.
Para o catecismo da Praia do Meio um dos grandes inconvenientes era a falta de uma capela, pois a aulas funcionavam num alpendre de uma casa residencial, que era cedida para a realização das aulas durante todo o ano letivo, sendo neste terraço também que se realizavam as festas de encerramento de fim de ano quando havia a realização da primeira comunhão das crianças.
O jornal A Ordem questionava por que não se construía uma capela ali na Praia do Meio, já que havia naqueles arrabaldes casas construídas com gosto e até se alugavam prédios para temporadas.
A população humilde, no entanto, possuíam choupanas e moravam ali o ano todo. Era, assim, um desejo antigo das noelistas dotar aquela praia de uma capelinha, para que os veranistas e moradores não precisassem subir a a ladeira tão fatigante, para assistirem a missa e seria mais um centro de religiosidade para a cidade do Natal.
De acordo com o jornal A Ordem, o padroeiro da Praia do Meio era São Francisco e seria igualmente o orago da capelinha que seria ali construída e lançando a ideia para a doação de ajuda dos fieis dando um prognóstico De acordo com o jornal A Ordem, o padroeiro da Praia do Meio era São Francisco e seria igualmente o orago da capelinha que seria ali construída e lançando a ideia para a doação de ajuda dos fieis dava um prognóstico otimista de que no Natal de 1941 a capela já estivesse pronta ( A ORDEM, 20/12/1940, p.1).
A ideia da construção da capela da Praia do Meio vinha assim despertando o interesse não só dos veranistas que frequentavam aquela praia urbana, assim como da população católica da capital potiguar.
As obras, de acordo com o jornal A Ordem, se iniciariam no dia 31/12/1940 com a benção da pedra fundamental, que seria realizada as 15h00 pelo mons. Alves Landim, prelado protetor do núcleo noelista de Natal. Depois da benção da pedra fundamental se iniciaria a arrecadação de auxílios para o prosseguimento da construção da capela (A ORDEM, 31/12/1940, p.1).
A Capela-Escola de Areia Preta e Praia do Meio
A construção da Capela-Escola de Areia Preta e Praia do Meio era, segundo o jornal A Ordem, de interesse público, não só pelo lado moral e religioso, mas também em face da alfabetização popular.
A localização da dita capela favorecia a essa dupla finalidade e por está entre e essas duas praias, onde a população pobre de pescadores que, sem tal recurso, continuava sem instrução, sem conhecimento se quer das primeiras letras.
A Capela-Escola aceitaria como alunos todos os analfabetos, sem distinção de classe e de idade. Os descalços e mal vestidos pobremente seriam acolhidos para a escola, como também acolhidos para o catecismo onde se tinham matriculado, todos os anos, mais de uma centena de alunos.
As aulas eram realizadas na casa do Sr. Rodrigo Costa que permiti que em sua residência de verão as noelistas realizassem o ensino religioso as crianças pobres daquela praia e até mesmo as missas eram ali realizadas.
Essa era a prova, segundo o jornal A Ordem de que a Praia do Meio necessitava de uma Capela-Escola.
Acrescia ainda o referido jornal que aos veranistas não seria mais difícil a audição da missa aos domingos e dias santos (A ORDEM, 19/01/1941, p.1).
A inauguração da Capela-Escola da Praia do Meio e Areia Preta
A inauguração da Capela-Escola da Praia do Meio e Areia Preta no bairro de Petrópolis ocorreu no dia 16/12/1945 as 07h00.
Na ocasião estiveram presentes o Des. Miguel Seabra Fagundes, Interventor Federal, Mário Eugênio Lira, prefeito de Natal, professor Severino Bezerra de Melo, Diretor do Departamento de Educação, noelistas e pessoas ali residentes (A ORDEM, 17/12/1945, p.4).
A solenidade foi presidida pelo Mons. Alves Landim, vigário da catedral e representante do Bispo Diocesano, que por motivo superior não pode comparecer. Dada a benção à nova capela foi oficiada a santa missa pelo mons. Landim que falou ao Evangelho, agradecendo a todos pela presença àquela cerimônia e os auxílios prestados para a construção daquele sagrado templo.
Após a missa, o professor Severino Bezerra, diretor do Departamento de Educação, proferiu algumas palavras inaugurando a nova Escola que funcionaria na nave da Capela.
As Santas Missões realizadas na capela da Praia do Meio
Entre 26/12/1945 e 01/01/1946 foram realizadas as Santas Missões realizadas na Capela-Escola da Praia do Meio, na capital potiguar, pregadas pelos mons. Alves Landim, cônego Luís Vanderlei, os padres Benedito Alves e Celestino Barros.
Durante os dias de missões houveram batizados, casamentos, crismas e confissões, terminando com a missa e comunhão dos fiéis, que em avultado número vinha assistindo às pregações.
No dia 30/12/1945 o Bispo Diocesano, dom Marcolino Dantas, esteve presidindo os atos religiosos crismando grande número de crianças.
No dia 01/01/1946 houve missa festiva as 07h00 e à noite, as 19h00, após a pregação, realizou-se uma procissão noturna percorrendo o bairro de Petrópolis (A ORDEM, 31/12/1945, p.1).
A meia-noite do dia 31/12/1945 teve início, na dita capela, o piedoso exercício da Hora Santa, pregado pelo cônego Luiz Vanderlei que, no final, deu a benção do Santíssimo à grande multidão que transbordava nas calçadas da Capela.
Durante as missões pregadas Capela-Escola da Praia do Meio houve o seguinte movimento religioso (A ORDEM, 03/01/1946, p.1.):
Pregações : 10.
Missas: 11.
Batizados: 6.
Casamentos: 5.
Confissões: 212.
Comunhões: 356.
Crismas: 75.
Procissão: 1.
Comunhão crianças: 85.
Aulas de catecismo: 8.
Esta foi a primeira grande atividade religiosa realizada naquela capela da capital potiguar.
Concerto em benefício da capela de Areia Preta
A violoncelista Nani Bezerra, que se achava em Natal, filha do professor Severino Bezerra, iria realizar no dia 15/02/1946 no Teatro Carlos Gomes, um recital cuja a renda resultantes seria revertida em beneficio da capela de Areia Preta e do ambulatório São José, das Roca ( A ORDEM, 11/02/1946, p.4).
Foi organizado um grande repertório de músicas clássicas para este recital.
A pedra fundamental da escola de Areia Peta
Realizou-se em 24/11/1946 a benção da pedra fundamental da Escola Júlia Serive, a ser construída na Praia do Meio, ao lado da Capela São Francisco.
Estiveram presentes o professor Severino Bezerra e todas as pessoas que assistiram a missa no referido templo, e também os docentes e e discentes da Escola Júlia Serive, que funcionava provisoriamente na mesma Capela.
A benção da pedra fundamental foi dada pelo mons. Alves Landim, pároco da Catedral, em seguida discursaram a aluna Maria de Lourdes, que agradeceu ao professor Severino Bezerra a fundação da Escola e o inicio dos trabalhos do futuro prédio e em nome da população da Praia do Meio e sua cercanias, disse palavras de sincera e afetuosa homenagem a bondade do Diretor do Departamento de Educação, cujas medidas no desempenho de seu miser eram sempre acertadas e seguras como a que tomou sobre o aquele bairro praieiro de Natal.
Já o mons. Alves Landim fez votos para que, dentro em pouco tempo, pudesse avultar ao lado da capela o novo prédio escolar (A ORDEM, 27/11/1946, p.4).
O trabalho social da congregação mariana
A Congregação Mariana da Catedral havia assumido um campo de apostolado social na capela de Areia Preta. Na páscoa de 1947, segundo o jornal A Ordem seria uma oportunidade dos congregados marianos entrarem em contato com os adultos matriculados na Escola de Alfabetização que era uma das obras de apostolado social a cargo daqueles congregados ali em Areia Preta ( A ORDEM, 10/04/1947, p.4).
A profanação na capela de Areia Preta e o ato de desagravo
A capela-escola situada entre a Praia do Meio e Areia Preta foi assaltada e depreda por criminosos na noite de 18/08/1947.conforme o jornal A Ordem "os sacrílegos assaltantes não respeitaram a casa do Senhor e danificaram objetos sagrados ali existentes como sacristia, cálices, imagens, livros e paramentos".
O Mons. Alves Landim, vigário da Catedral, convocou toda a população católica de Natal para realizar um ato de desagravo para reparar a grande e criminosa afronta por qual passou a capela de Areia Preta, tendo sido o ato realizado no domingo dia 31/08/19947 com missa as 06h30 celebrada pelo referido vigário da Catedral, seguindo-se uma concentração das forças católicas de Natal a qual ser faria ouvir o dr. Otto Guerra, presidente da Junta Diocesana da Ação Católica e diretor do jornal A Ordem.
Assim, para este movimento de desagravo foram convidados os católicos em geral, que deveriam "dar um testemunho de sua fé, reprovando publicamente o hediondo atentado à casa de Deus" (A ORDEM, 26/08/1947, p.6).
Ainda de acordo como jornal A Ordem os objetos sagrados foram jogados ao chão, pisados, alguns roubados, por isso tão grande sacrilégio não poderia ficar sem um ato de desagravo, ou seja, uma reparação pública.
A festa do padroeiro de 1949
A festa de São Francisco de Assis, padroeiro da capela de Areia Preta foi realizada em 24/12/ 1949.
De acordo com o jornal A Ordem, além da parte religiosa haveria um festejos populares, com a finalidade de angariar auxílios em benefício daquela capela (A ORDEM, 15/12/1949, p.4).
A comissão organizadora da festa estava composta pelo Mons. Alves Landim, Con. Luis Vanderlei, Pe. Emerson Negreiros, capitão Rolindino Manso Maciel, Eunice Monteiro, Francisco Albertino e Sinval Câmara.
Para as festas externas foi organizado o seguinte programa:
1.Organização de uma festa ao ar livre, a ser realizada no dia 24/12/1949 na Praia de Areia Preta.
2.Coleta no meio comercial e civil de donativos.
3.Pedido de colaboração de autoridades e repartições.
O programa da festa ao ar livre constaria de barracas de prendas, , pescarias, telegramas, etc., serviço de buffet, realização de um sorteio na noite da festa, concurso da "Rainha da Festa", sorteio de um balaio de Natal, leilão de um carneiro oferecido por Luis Barros e outros objetos.
A missa seria celebrada as 02h00 da manhã.
A festa em benefício da capela da Praia do Meio
Por iniciativa das famílias católicas que estavam veraneando nas praias do Meio e Areia Preta foi realizada uma festa em benefício da capela de São Francisco da Praia do Meio que havia sido recentemente inaugurada.
A festividade contou com barracas de prendas, serviço de bar e restaurante, além de outras atrações, estando a comissão promotora empenhada pelo bom êxito daquela festa. De acordo com o jornal A Ordem, o serviço de ônibus seria melhorado para atender aqueles que desejassem participar da festa (A ORDEM, 11/01/1946, p.4).
A festa foi realizada em frente a capela de São Francisco na Praia do Meio.
Reforma
A Capela-Escola da Praia do Meio passou por reformas em 1949 onde foram realizadas a limpeza externa e limpeza e reparos das portas e janelas ( A ORDEM, 31/12/1949, p.4).
Reforma
A Capela-Escola da Praia do Meio passou por reformas em 1949 onde foram realizadas a limpeza externa e limpeza e reparos das portas e janelas ( A ORDEM, 31/12/1949, p.4).
Situação atual
A capela de São Francisco de Assis está situada na Av. Gov. Silvio Pedrosa, 211,na praia de Areia Preta e faz parte da paróquia Nossa Senhora de Lourdes de Petrópolis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário