A capela do bairro das Quintas em Natal
tem seu inicio em 06/06/1947 quando se reuniu a Sociedade Recreativa
Progressiva das Quintas para tratar da construção da capela de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, a qual segundo o jornal A Ordem: “ compareceu grande número
de sócios, senhoras e senhoritas daquele próspero subúrbio da Capital”.
A comissão central estava constituída pelo
Pe. Luis Klur, assistente eclesiástico, Raimundo de França, presidente e Arthur
Vilar, tesoureiro.
A sessão foi aberta pelo Sr. João Francisco
Filho, presidente da SRPQ, que em seguida concedeu a palavra ao Sr. Luis Dutra,
orador oficial da solenidade, que pronunciou vibrante discurso concitando todos
a trabalharem por aquela velha aspiração dos habitantes das Quintas, de possuírem
a sua igreja e que segundo ele, graças aos esforços do Sr. Raimundo de França,
grande incentivador do progresso das Quintas, coadjuvado pelos companheiros da
comissão central, ia ser concretizada.
Facultada a palavra, fez uso da mesma o
Sr. Sebastião Maaquias, também se externando sobre o assunto.Em seguida o Pe.
Luis Klur, coadjutor da paróquia do Alecrim e encarregado pelo Bispo Diocesano,
Dom Marcolino Dantas, para dirigir os trabalhos da construção da capela, fez ampla
exposição sobre os planos da construção, meios de adquirir donativos em
dinheiro e materiais, demorando-se ainda nas vantagens advindas aos habitantes
do lugar em possuírem a sua igreja com tão bela e significativa invocação de
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que haveria de abençoar os promotores desta
tão útil iniciativa.
Logo depois foram combinadas várias
medidas a fim de no menor prazo possível serem iniciados os trabalhos, ficando
organizada 10 sub-comissões locais presididas pelas seguintes pessoas: João
Francisco Filho, professora Maria das Dores, Luis Dutra, Eugenia Salvador,
Valda dos Santos Souza, Amélia Rodrigues, Maria Silva, Maria Pereira, Joaquim
Avelino e Alberto Pinheiro.
Encerrando a sessão usou da
palavra Raimundo de França, que se
congratulou com os presentes por mais este grande melhoramento para o povo católico
das Quintas, para o que esperava o
concurso de todos, afirmando já haver escolhida uma lista de paraninfos e
madrinhas da construção, e que já havia obtido valioso auxilio de Roberto Sinay
e Nola Volfson, respectivamente engenheiros chefe e auxiliar do 5º Distrito de
Portos, Rios e Canais (A ORDEM, 14/06/1947, p.2).
Sobre
as Quintas
Sobre
as Quintas escreveu Fernando de Oliveira em artigo para o jornal A Ordem: “As
Quintas é um dos bairros mais habitados de Natal. Lá reside toda uma população constituída,
em geral, de famílias pobres que ganham a vida vendendo produtos caseiros aqui
na cidade ou lavam a roupa dos mais afortunados. As ruas – por ser um bairro
muito distante, não tem calçamento e a poeira levantada pelos veículos que vão
e que vem tinge a cara das casas de uma cor cinzenta ou amarelo de barro”.
Ainda de acordo com o citado autor havia muitas deficiências
naquele pedaço vivo de Natal.Entretanto, alguma coisa já se fazia para melhorar
a habitação daquela gente boa, tanto assim que a prefeitura já estava mandando
encostar material para a construção de casas populares naquele bairro.
Observou Fernando de Oliveira que os habitantes das Quintas
não tinham assistência religiosa, tanto que uma comissão de senhoras católicas
tendo a frente o Pe. Luis Klur, da paróquia do Alecrim, estava empenhada na
construção de uma vistosa capela que teria por padroeira Nossa Senhora do
Perpetuo Socorro. ”O local é magnífico! já os alicerces estão
prontos.Entretanto, como é doloroso constatar que os trabalhos estejam parados
por falta de recursos – mal hajam atingido os alicerces da pequena obra! Tanto
dinheiro gasto por ai a fora sem muita necessidade”, escreveu Fernando de
Oliveira.
Na
noite de Natal daquele ano de 1948, Fernando de Oliveira foi assistir a missa
do galo que iria ser celebrada nos alicerces da capela das Quintas, o qual
escreveu o mesmo: “meu coração de católico comoveu-se ao observar uma grande
multidão, religiosamente em silêncio, ouvindo a pregação do sacerdote. Como
aquele povo pobre sentiu-se orgulhoso e satisfeito por aquela primeira missa na
futura Capela”. Ainda de acordo com Fernando de Oliveira foram abençoados
naquele dia os alicerces da capela, tendo ele ouvido muitos dizerem ao
sacerdote: -Ah padre.Se Deus quiser, brevemente teremos a nossa Capela”, ao que
constataou Fernando de Oliveira:- Pobre povo das Quintas! Tanta vontade de
possuir uma capela! E já se contenta com os alicerces...Aquela pequena
construção em começo parece uma vergonta nova brotando nos galhos da grande
árvore da Igreja!...”. (A ORDEM, 08/01/1948, p.4).
Em 17/08/1951 o jornal A Ordem registrou que estava sentada
a última porta da capela das Quintas, obra que o Pe. Eimar Monteiro, Arthur
Vilar e outros resolveram levar a peito e estavam concluindo.
De acordo com o referido jornal o terreno para a construção
da capela das Quintas foi doado por Alfredo Edeltrudes, onde ali se foi
erguendo a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro que muito bem faria
aquela região das Quintas e Carrasco (atual Dix Sept Rosado).
Os empreendedores da construção da capela das Quintas
começaram então a levar adiante a campanha do mosaico para o piso da igrejinha
que assim começaria brevemente a funcionar em caráter público (A ORDEM, 17/08/1951,
p.1).
Em 1958 já estava listada no rol das igrejas da capital
potiguar, sinal de que já havia sido inaugurada anteriormente.
A paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, segundo
consta no site da Arquidiocese de Natal,
foi criada em 12/09/1969, tendo sido por muitos anos administrada pelo Pe.
Thiago Theisen, sacerdote de origem belga, que desenvolveu intensa e duradoura
atividade social nos subúrbios de Natal entre os anos de 1960/1980.
Em 1982 com a criação da paróquia entre o rio Potengi e a
lagoa de Estremoz cuja sede seria o Conjunto Santa Catarina, esta passou a ser
administrada pelo Pe. Thiago Theisen, a paróquia das Quintas foi nomeado o Pe.
Antonio Cassiano para ser administrador.
A foto a baixo foi publicada originalmente no Diário de
Natal em 1971, há exatos 50 anos. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro do bairro das Quintas em Natal, cuja paróquia foi criada em 12/09/1969
onde a antiga capela foi elevada a categoria e dignidade de igreja matriz. Em
1975 a igreja passou por uma grande reforma e ampliação da qual perdeu suas
feições originais.
A
época havia uma mentalidade vinda do Concilio Vaticano II onde se pretendia “modernizar”
a Igreja Católica para que ela se abrisse ao mundo moderno e isso se refletiu
nas construções de igrejas que passaram a preferir a concepção de simplicidade
nas construções de igrejas ao invés do estético, como espaços celebrativo
simples onde se pudesse acolher o maior número de pessoas possíveis no interior
das igrejas, as fachadas por sua vez perderam o gosto estético e característico
de igrejas, sendo até mesmo o termo ‘templo’ mais usado adequadamente para
definir as construções modernas da igreja católica a partir do Concílio
Vaticano II.
A
igreja das Quintas foi uma das igrejas que sofreram a ação equivocada dessa
mentalidade, o qual em sua ampliação perdeu-se a feição da fachada original que
possuía gosto e característica típica de igreja com seu frontão triangular
encimado por uma cruz, os janelões e portão central arqueados e o esboço das
duas torres que seriam erguidas caso fossem num futuro ampliada a igreja. Natal
tem uma carência de igreja bonitas e as que pouco tinha foram aos poucos dando
espaço a igrejas de gosto duvidoso como esta das Quintas.
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