terça-feira, 29 de junho de 2021

A CAPELA DAS QUINTAS

 

         A capela do bairro das Quintas em Natal tem seu inicio em 06/06/1947 quando se reuniu a Sociedade Recreativa Progressiva das Quintas para tratar da construção da capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a qual segundo o jornal A Ordem: “ compareceu grande número de sócios, senhoras e senhoritas daquele próspero subúrbio da Capital”.

         A comissão central estava constituída pelo Pe. Luis Klur, assistente eclesiástico, Raimundo de França, presidente e Arthur Vilar, tesoureiro.

         A sessão foi aberta pelo Sr. João Francisco Filho, presidente da SRPQ, que em seguida concedeu a palavra ao Sr. Luis Dutra, orador oficial da solenidade, que pronunciou vibrante discurso concitando todos a trabalharem por aquela velha aspiração dos habitantes das Quintas, de possuírem a sua igreja e que segundo ele, graças aos esforços do Sr. Raimundo de França, grande incentivador do progresso das Quintas, coadjuvado pelos companheiros da comissão central, ia ser concretizada.

         Facultada a palavra, fez uso da mesma o Sr. Sebastião Maaquias, também se externando sobre o assunto.Em seguida o Pe. Luis Klur, coadjutor da paróquia do Alecrim e encarregado pelo Bispo Diocesano, Dom Marcolino Dantas, para dirigir os trabalhos da construção da capela, fez ampla exposição sobre os planos da construção, meios de adquirir donativos em dinheiro e materiais, demorando-se ainda nas vantagens advindas aos habitantes do lugar em possuírem a sua igreja com tão bela e significativa invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que haveria de abençoar os promotores desta tão útil iniciativa.

         Logo depois foram combinadas várias medidas a fim de no menor prazo possível serem iniciados os trabalhos, ficando organizada 10 sub-comissões locais presididas pelas seguintes pessoas: João Francisco Filho, professora Maria das Dores, Luis Dutra, Eugenia Salvador, Valda dos Santos Souza, Amélia Rodrigues, Maria Silva, Maria Pereira, Joaquim Avelino e Alberto Pinheiro.

         Encerrando a sessão usou da palavra  Raimundo de França, que se congratulou com os presentes por mais este grande melhoramento para o povo católico das Quintas, para o que       esperava o concurso de todos, afirmando já haver escolhida uma lista de paraninfos e madrinhas da construção, e que já havia obtido valioso auxilio de Roberto Sinay e Nola Volfson, respectivamente engenheiros chefe e auxiliar do 5º Distrito de Portos, Rios e Canais (A ORDEM, 14/06/1947, p.2).

Sobre as Quintas

Sobre as Quintas escreveu Fernando de Oliveira em artigo para o jornal A Ordem: “As Quintas é um dos bairros mais habitados de Natal. Lá reside toda uma população constituída, em geral, de famílias pobres que ganham a vida vendendo produtos caseiros aqui na cidade ou lavam a roupa dos mais afortunados. As ruas – por ser um bairro muito distante, não tem calçamento e a poeira levantada pelos veículos que vão e que vem tinge a cara das casas de uma cor cinzenta ou amarelo de barro”.

         Ainda de acordo com o citado autor havia muitas deficiências naquele pedaço vivo de Natal.Entretanto, alguma coisa já se fazia para melhorar a habitação daquela gente boa, tanto assim que a prefeitura já estava mandando encostar material para a construção de casas populares naquele bairro.

         Observou Fernando de Oliveira que os habitantes das Quintas não tinham assistência religiosa, tanto que uma comissão de senhoras católicas tendo a frente o Pe. Luis Klur, da paróquia do Alecrim, estava empenhada na construção de uma vistosa capela que teria por padroeira Nossa Senhora do Perpetuo Socorro. ”O local é magnífico! já os alicerces estão prontos.Entretanto, como é doloroso constatar que os trabalhos estejam parados por falta de recursos – mal hajam atingido os alicerces da pequena obra! Tanto dinheiro gasto por ai a fora sem muita necessidade”, escreveu Fernando de Oliveira.

Na noite de Natal daquele ano de 1948, Fernando de Oliveira foi assistir a missa do galo que iria ser celebrada nos alicerces da capela das Quintas, o qual escreveu o mesmo: “meu coração de católico comoveu-se ao observar uma grande multidão, religiosamente em silêncio, ouvindo a pregação do sacerdote. Como aquele povo pobre sentiu-se orgulhoso e satisfeito por aquela primeira missa na futura Capela”. Ainda de acordo com Fernando de Oliveira foram abençoados naquele dia os alicerces da capela, tendo ele ouvido muitos dizerem ao sacerdote: -Ah padre.Se Deus quiser, brevemente teremos a nossa Capela”, ao que constataou Fernando de Oliveira:- Pobre povo das Quintas! Tanta vontade de possuir uma capela! E já se contenta com os alicerces...Aquela pequena construção em começo parece uma vergonta nova brotando nos galhos da grande árvore da Igreja!...”. (A ORDEM, 08/01/1948, p.4).

         Em 17/08/1951 o jornal A Ordem registrou que estava sentada a última porta da capela das Quintas, obra que o Pe. Eimar Monteiro, Arthur Vilar e outros resolveram levar a peito e estavam concluindo.

         De acordo com o referido jornal o terreno para a construção da capela das Quintas foi doado por Alfredo Edeltrudes, onde ali se foi erguendo a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro que muito bem faria aquela região das Quintas e Carrasco (atual Dix Sept Rosado).

         Os empreendedores da construção da capela das Quintas começaram então a levar adiante a campanha do mosaico para o piso da igrejinha que assim começaria brevemente a funcionar em caráter público (A ORDEM, 17/08/1951, p.1).

         Em 1958 já estava listada no rol das igrejas da capital potiguar, sinal de que já havia sido inaugurada anteriormente.

       A paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, segundo consta no site  da Arquidiocese de Natal, foi criada em 12/09/1969, tendo sido por muitos anos administrada pelo Pe. Thiago Theisen, sacerdote de origem belga, que desenvolveu intensa e duradoura atividade social nos subúrbios de Natal entre os anos de 1960/1980.

         Em 1982 com a criação da paróquia entre o rio Potengi e a lagoa de Estremoz cuja sede seria o Conjunto Santa Catarina, esta passou a ser administrada pelo Pe. Thiago Theisen, a paróquia das Quintas foi nomeado o Pe. Antonio Cassiano para ser administrador.

         A foto a baixo foi publicada originalmente no Diário de Natal em 1971, há exatos 50 anos. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do bairro das Quintas em Natal, cuja paróquia foi criada em 12/09/1969 onde a antiga capela foi elevada a categoria e dignidade de igreja matriz. Em 1975 a igreja passou por uma grande reforma e ampliação da qual perdeu suas feições originais.


A época havia uma mentalidade vinda do Concilio Vaticano II onde se pretendia “modernizar” a Igreja Católica para que ela se abrisse ao mundo moderno e isso se refletiu nas construções de igrejas que passaram a preferir a concepção de simplicidade nas construções de igrejas ao invés do estético, como espaços celebrativo simples onde se pudesse acolher o maior número de pessoas possíveis no interior das igrejas, as fachadas por sua vez perderam o gosto estético e característico de igrejas, sendo até mesmo o termo ‘templo’ mais usado adequadamente para definir as construções modernas da igreja católica a partir do Concílio Vaticano II.

A igreja das Quintas foi uma das igrejas que sofreram a ação equivocada dessa mentalidade, o qual em sua ampliação perdeu-se a feição da fachada original que possuía gosto e característica típica de igreja com seu frontão triangular encimado por uma cruz, os janelões e portão central arqueados e o esboço das duas torres que seriam erguidas caso fossem num futuro ampliada a igreja. Natal tem uma carência de igreja bonitas e as que pouco tinha foram aos poucos dando espaço a igrejas de gosto duvidoso como esta das Quintas.




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