O matadouro público de Natal é citado em 1878 como um dos
locais onde não se tinha asseio na capital potiguar: “no matadouro público não
há também o escrúpulo que era para desejar, e assim é tudo mais” (CORREIO DO
NATAL, 26/10/1878, 3).
Foi destinado a quantia de 4:500$000 a comissão formada pelo
Capitão do porto Lisboa, o tenente-coronel José Domingues de Oliveira e o
presidente da Intendência Odilon Garcia para as obras do matadouro público da
capital (GAZETA DO NATAL, 15/11/1890, p.2).
Em 1891 havia um terreno já destinado a construção do
matadouro público de Natal e suas dependências, porém o mesmo terreno foi alvo
de reclamações por está situado próximo a casas residenciais, sendo recomendado
que a Intendência escolhesse outro local (RIO GRANDE DO NORTE 20/08/1891, p.1).
De acordo com o jornal Rio Grande do Norte foi marcado para
o dia 27/08/1891 o recebimento de propostas em cartas fechadas, a fim de serem
contratadas as obras necessárias ao matadouro público da capital potiguar de
acordo com o respectivo orçamento (RIO GRANDE DO NORTE, 26/08/1891, p.3).
Em 05/09/1891 um artigo do jornal A República criticava a atitude do Sr. Gurgel que havia mandado
construir o matadouro público na Cidade Alta, o qual não havia consultado os
interesses da população, nem atendeu as exigências da saúde pública.
De
acordo com o referido jornal: “o matadouro, dizem as regras mais comesinhas da
higiene, dizem todas as conveniências da população, não pode ser no meio da
cidade, antes se deve procurar um lugar a distância, a beira do rio onde haja
água em abundância para as lavagens necessárias a um estabelecimento de
semelhante natureza.O contrário disto, é de todo injustificável[...] (A
REPÚBLICA, 05/09/1891, p.2).
Mesmo
diante da escolha inadequada do matadouro a Intendência manteve a construção
dentro do orçamento da municipalidade e acrescentou ainda a construção de um
curral para o mesmo em 1892.
Em 1894 o jornal O Estado publicou nova critica a
localização e situação do matadouro da capital potiguar: “também merece a
vista e a atenção do digno Inspetor de
higiene – o matadouro publico da
capital, que está situado, por assim dizer, dentro da cidade, e onde não há o
devido asseio.É o caso de representar-se imediatamente ao governo municipal
sobre a necessidade urgente da escolha de outro local para matadouro público”.
(O ESTADO, 16/12/1894, p.3).
De
acordo com o relatório do governo do Estado de 1895 o estado sanitário da
capital era o mais agradável, achando-se a mesma asseada e os estabelecimentos
públicos nas melhores condições higiênicas, a exceção do matadouro e o mercado,
cujos reparos e melhoramentos já havia feito sentir a autoridade competente (RELATORIOS
DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1895, p.109).
Já o relatório do Governo de 1896 apontava que dentro dos
quatro melhoramentos julgados de grande alcance sanitário e indispensáveis à
capital potiguar o primeiro dizia respeito a remoção do matadouro público para
ponto mais compatível com as conveniências da higiene (RELATÓRIO...,1896, p.220).
Entretanto, mesmo as autoridades sabendo da inadequação que
era a localização do matadouro na Cidade Alta o mesmo permaneceu no mesmo
estado de coisas e falta de higiene por longos anos, até ser ventilada a
possibilidade de sua remoção para outro lugar.
O
prefeito Gentil Ferreira havia determinado em 1936 à Diretoria de Obras da
Prefeitura de Natal, o levantamento da planta para a construção d e um edifício
para o matadouro público da Capital potiguar, pois o que já havia não
satisfazia as exigências de higiene tão necessário a departamento dessa
natureza.
A cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo
matadouro público de Natal ocorreu em maio de 1938.
A prefeitura de Natal adquiriu um terreno a margem do rio
Potengi no bairro das Quintas. O novo equipamento público de Natal teria
capacidade de abatimento de mais de 200 animais por dia.
De
acordo com o jornal A Ordem na segunda semana de março de 1938 seriam iniciadas
as obras de construção do novo matadouro público de Natal nas Quintas, em
terrenos que foram desapropriados e pertenceram a Alfredo Edeltrudes de Souza (A
ORDEM, 10/03/1938, p.4).
A obra foi orçada em mais de 300 contos de réis, sendo a planta confeccionada pelo engenheiro George Munier. Os trabalhos foram confiados a Diretoria de Obras da Prefeitura.
Somente em 1947 foi adotada pela prefeitura de Natal a providência de transferir a matança de gado para o novo matadouro público construído na administração de Gentil Ferreira, nas Quintas, e foi medida que se fazia necessária desde o término daquele prédio.
Havia mais de 50 anos que se abatia o gado e o fornecimento de carne verde à população natalense num prédio antiquado construído na rua da Salgadeira perto da linha férrea no Passo da Pátria, cujo local não se prestava mais para atender as necessidades do corte de gado, além do péssimo estado em que se encontrava o velho matadouro.
Mesmo com a transferência da atividade de corte do gado para o novo matadouro das Quintas o prédio ainda precisava de algumas adaptações a fim de ser definitivamente instalado o matadouro modelo de Natal.
A
Ampliação do matadouro de Natal
Por decreto de 15/02/1948 o prefeito da capital potiguar
desapropriou, por ter sido considerado de utilidade pública, uma faixa de
terreno no bairro das Quintas, de propriedade de Alfredo Edeltrudes de Souza
com 3 metros de largura e 305 de comprimento, a fim de no mesmo ser construído
o coletor do matadouro público ali existente (A ORDEM, 26/09/1947, p.2).
De acordo com o jornal A Ordem seriam inauguradas em
21/02/1948 as novas instalações do matadouro público de Natal.Para assistir as
solenidades foram convidadas autoridades civis e militares e o povo em geral (A
ORDEM, 21/02/1948, p.6).
Em 08/07/1948 uma comissão de vereadores esteve no matadouro
público, além do prefeito e um representante do Diário de Natal.A finalidade da
visita foi em decorrência de um requerimento apresentado a Câmara de
Vereadores, de autoria do vereador Antonio Gouveia de que o matadouro
necessitava melhorias urgentes da parte do prefeito, tendo citado entre outras
coisas, que o fornecimento de água ali
era insuficiente, sua iluminação precária, que uma de suas dependências se
encontrava ocupada por inflamáveis e outros materiais considerados perigosos.
Segundo o repórter do Diário de Natal realmente foram feitas
pelo prefeito Silvio Pedrosa as melhorias sugeridas pela Câmara Municipal comoo
fornecimento de água de forma abundante que provinha de um poço tubular ali
perfurado com capacidade para 75.000 litros cúbicos de água e movido por um motor a gasolina, com o auxilio de um
moinho de vento.
A sala onde eram abatidas as rezes estava completamente
higienizada, notando porém a reportagem, nuvens de moscas sabido mais tarde que
eram comuns em todos os matadouros a estes insetos.
Todas as dependências do moderno matadouro da capital foram
percorridas pela comissão de vereadores acompanhados do prefeito Silvio
Pedrosa, que dava as informações solicitadas. Na parte que foi apontada como
deposito de inflamáveis constatou o
repórter do Diário de Natal pilhas de pneumáticos, tambores de óleo lubrificantes,
graxas e outros acessórios.Esta dependência era alugada a uma empresa, o local
não tinha piso, as paredes em parte eram rebocadas, não tendo porém,
comunicação com as salas de operação do matadouro propriamente ditos,
funcionando ali um pequeno escritório daquela empresa.
As águas servidas corriam em sentido contrário, indo
desaguar em pequeno esgoto interno daí tomando a direção de um grande deposito
instalado em um dos lados, indo ter o seu fim no Potengi através de
canalizações (DIÁRIO DE NATAL, 09/07/1948, p.6).
Em
27/02/1958 a situação do matadouro público da capital potiguar voltava a ser
matéria do jornal Diário de Natal, cujo estado de higiene, que vinha sendo
constantemente reclamadas pelo povo ao referido jornal, não eram das
melhores.Segundo o jornal citado efetivamente o mau cheiro exalado dos resíduos
que escapavam daquele local para a via pública não nada agradável.
Ainda de acordo com o mesmo jornal já ia longe o tempo em
que se precisava de um matadouro moderno, dentro dos foros de uma cidade que
crescia a cada dia como era Natal (DIÁRIO DE NATAL, 27/02/1958, p.2).
Já em 1964 foi incluído no plano administrativo do prefeito de Natal o matadouro público. De acordo com o Diário de Natal naquele ano: “em matéria de matadouro somos uns criminosos. Aquele próprio municipal, legalmente não existe” (DIÁRIO DE NATAL, 04/05/1964, p.8).O povo seguia o velho ditado que dizia que “o que os olhos não veem o coração não sente”, tal era a situação de falta de higiene do matadouro público de Natal nas Quintas.
Em 1965
a solução do problema da falta de condições de higiene do matadouro de Natal
continuavam sem solução por parte da prefeitura.
A situação seria posta ao fim com a construção do FRIGONORTE, que é matéria para próximas postagens.
Presentemente o prédio do antigo matadouro de Natal é a sede da Urbana, autarquia que cuida da limpeza pública da capital potiguar.
Sede da Urbana, antigo matadouro de Natal. |
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