sábado, 29 de outubro de 2022

A INSTALAÇÃO DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO DE CEARÁ-MIRIM E A CONCLUSÃO DA MATRIZ


“Uma nova era de bênçãos e felicidades acaba de descortinar-se para a vasta paróquia”.Assim iniciou o artigo publicado no jornal A Imprensa a respeito da instalação do Apostolado da Oração em Ceará-Mirim.

         De acordo com o referido jornal a providencial obra do Apostolado da Oração que tantos benefícios vinham já derramando em muitas paróquias para a gloria de Deus e salvação das almas, e que há algum tempo constituía o mais suspirado desideratum (desejo) do povo católico do Ceará-Mirim, foi instalada naquela cidade no dia 01/01/1900 por entre as mais genuínas expressões de uma santo contentamento.

         Celebrava-se pela mesma ocasião a festa do Orago, a excelsa Virgem da Conceição, que fora transferida para aquele dia por causa dos trabalhos da matriz.

Os trabalhos da matriz

         De há muito os cearamirinenses se esforçavam correspondendo ao apelo de seu zeloso e ativo pároco, por preparar de um modo condigno da majestade do culto divino a sua matriz, e apesar da crise que naqueles anos vinha atravessando, conseguiram fazer, se não todo o trabalho complementar, ao menos uma grande parte de serviços que muito melhorariam as condições do majestoso templo, aquele ano já reconhecido como um dos primeiros do norte do Brasil.

         O jornal tecia elogios a comissão encarregada das obras da matriz, que não tinha poupado sacrifícios no intuito de bem desempenhar sua tarefa, assim como a todos que concorreram com seu generoso óbolo para a decoração da daquela igreja.

         Os trabalhos realizados na igreja matriz de Ceará-Mirim  necessários a celebração da festa da padroeira  e instalação do Apostolado da Oração terminaram no dia 30/12/1899 e no dia seguinte, a tarde teve lugar a novena cantada em honra da Imaculada Conceição, encerrando-se o ato com a benção do S.S.Sacramento.

A festa da padroeira

         Raiando a aurora do dia 01/01/1900 muitos eram os trabalhos a vencer nesse dia.

     Pelas 06h30 da manhã chegou o cônego  Fernando Lopes e Silva, vice-diretor diocesano do Apostolado da Oração, que celebrou,as 07h00, a missa no altar do Sagrado Coração de Jesus,magnificamente decorado e iluminado, e distribuiu a comunhão a cerca de 100 pessoas. Durante a missa foram entoados ao som do órgão, maviosos hinos sacros.

         As 08h00 o vigário de Touros, o Pe. Frederico Câmara, celebrou no altar-mor, distribuindo ainda a sagrada comunhão a diversas pessoas.As 09h00, no patamar da igreja matriz procedeu-se a benção dos 2 novos e grandes sinos que haviam chegados recentemente do Recife, assistido por 3 seminaristas e muitas pessoas que formavam uma grande e compacta multidão de povo.

A  instalação do Apostolado da Oração

         As 10h30 começou a cerimônia da instalação do Apostolado da Oração.O Diretor local, o vigário Paulino Duarte, paramentado para a missa solene, subiu ao altar-mor juntamente com os padres Frederico Câmara, servindo como Diácono, e o Diácono Agnelo Fernando de subdiácono, dirigiu a cerimônia o cônego Lopes.Em seguida, este em nome do diretor local, declarou instalado na paróquia o Apostolado da Oração e fez a chamada das pessoas nomeadas para os cargos de zeladores, que foram as seguintes: Maria da Purificação Pereira Wanderley, presidente das zeladoras, Bernadina Carolina Cavalcante Maracajá, secretária, Maria Carolina de Arruda Maracajá, tesoureira; Josefa Maria Cavalcante Rocha, Antonia Emilia Pereira Sobral, Francisca Lidia Pereira Lago; Joaquina Bernadina da Silva, Francisca Senhorinha Barbalho Bezerra; Águeda Ferreira; zeladoras.Francisco das Chagas Fernandes, Leão Fernandes, Manoel do Nascimento Silva, zeladores.

         Ao final foram benzidas pelo Pe. Paulino Duarte as cruzes e medalhas e respectivos diplomas e distribuídas a cada um dos zeladores segundo as formalidades do Manual do Apostolado da Oração.

         Seguiu-se a missa solene, dirigindo a orquestra o hábil e conhecido maestro Luiz Monteiro.

    Ao evangelho fez a pregação o cônego Lopes um substancioso sermão sobre a Virgem Imaculada,sendo ouvido como religioso silencio pelo numeroso auditório que enchia o vasto templo.

         Após a missa solene abriu-se a inscrição para os Associados do Apostolado da Oração, alistando-se no momento 85 pessoas.

A benção da pia batismal

        As  16h00 houve a benção da fonte batismal em uma pia nova de mármore, ofertada a matriz pela Sra. Vitória Duarte, mãe do vigário de Ceará-Mirim.

A procissão 

         As 17h00 desfilou a procissão percorrendo as ruas da cidade as imagens do Sagrado Coração de Jesus, conduzida esta pelas associadas, seguindo-se o Santo Lenho, levado sob pálio.Acompanhava o préstito a filarmônica Cearamirinense, executando diversas peças de seu repertório, e grande concurso de povo que não obstante o mau estado sanitário da cidade por causa da varíola, compareceu em considerável número.

         Ao recolher-se a procissão houve ainda sermão pelo cônego Lopes que dissertou vantajosamente sobre a origem do Apostolado da Oração e convidando todos os católicos a abrigarem-se debaixo da bandeira do Sagrado Coração de Jesus,incitou de modo especial aos zeladores a trabalhar com zelo e denodo na grande obra de salvação das almas.Depois do sermão foram cantadas as ladainhas de Nossa Senhora e o Tantum Ergo.Foi dada a benção com o S.S. Sacramento, exposto na custódia, como término de tão significativa festa que gratas impressões deixou nos corações do povo cearamirinense, produzindo abundantes frutos espirituais.

Elogios a comissão e ao vigário

Não deviam ser olvidados os serviços generosamente prestados pela comissão de festejos nomeada pelo Pe. Paulino Duarte a qual envidou todos os meios para o maior brilhantismo da solenidade.Mostrou-se como sempre incansável o vigário daquela freguesia quer na direção dos trabalhos, quer no confessionário ou em todos os atos da festa.

  A primeira sexta-feira do mês

       No dia 05/01/1900, primeira sexta-feira do mês, houve missa celebrada pelo Pe. Paulino Duarte, diretor local do Apostolado da Oração, no altar do Sagrado Coração de Jesus, acompanhada a hinos sacros, recebendo a sagrada comunhão os zeladores e mais de 50 associados.

         Finda a missa, o vigário fez uma breve prática sobre o amor do Coração de Jesus e deu a benção do S. S. Sacramento.

         Neste dia inscreveram-se ainda muitos associados, elevando-se o número a 131. A tarde teve lugar a primeira reunião do conselho de zeladores, presidida pelo diretor local.

         O jornal referido terminava a narração dizendo: “ queira o admirável Coração de Jesus abençoar e fazer frutificar para sua maior glória a semente plantada nos corações dos cearamirinenses. Laus Deos et Marie”.(A Imprensa, 21/01/1900,p.3).

         Assim, esta associação religiosa existe há 120 anos na paróquia de Ceará-Mirim.

      Naquele ano como visto a cima foram realizados serviços importantes na matriz que se não a deixaram terminada ao menos ao ponto de serem realizadas as celebrações.A matriz de Ceará-Mirim começou a ser erguida em 1865.Naquele ano também foi adquirida a pia batismal de mármore.Não sei se ainda é a mesma, pois há alguns anos recente a matriz passou por uma restauração.



segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A INAUGURAÇÃO DO TRECHO OSCAR NELSON - SÃO RAFAEL

  

         O coronel Rodrigo Otávio Jordão Ramos, comandante do 1º Grupamento de Engenharia do Exército, sediado em Natal, comunicou ao ministro da viação o engenheiro Lucas Lopes, em 18/01/1956, a inauguração do 1º trecho ferroviário construído por aquela unidade recém-criada, ligando as localidades de Oscar Nelson e São Rafael numa extensão de 21 km.

     De acordo com o jornal A Noite a noticia era jubilosa sob diversos aspectos e singularmente expressiva quando se sabia que aquele Grupamento tinha apenas cerca de um ano de criação. (A NOITE, 18/01/1956, p.13).

Já para o jornal O Poti a inauguração do trecho entre Oscar Nelson  e São Rafael estava em prosseguimento ao plano de melhoramentos para as ferrovias brasileiras por meio do Departamento Nacional de Estradas de Ferro que na Estrada de Ferro Sampaio Correia havia inaugurado mais um trecho ferroviário que “com mais esse trecho fica o interior do Rio Grande do Norte melhor servido pela E. F. ‘Sampaio Correia’,que no seu plano de ampliação de sua rede rodoviária, visando estender até a cidade de Caicó a linha da Central”.(O POTI, 13/01/1956, p.8).

       De acordo com o jornal O Poti as 16h00 do dia 12/01/1956 seria oficialmente inaugurado o trecho da Estrada de Ferro Sampaio Correia entre Oscar Nelson e São Rafael. (O POTI, 12/01/1956, p.8).

         O ato inaugural contaria com a presença do diretor geral do Departamento Nacional de Estradas de Ferro-DNEF, o engenheiro Othon de Araújo Lima que desde o dia 09/01/1956 se encontrava no nordeste realizando visitas de inspeções aos serviços do DNEF.

         O programa da inauguração incluía um almoço em São Rafael as 12h00 com a presença de autoridades do município, diretores da EFSC e membros da comitiva do diretor geral do DNEF e a inauguração dos serviços as 16h00.

         O trem com a comitiva do diretor do DNEF, diretores e funcionários da EFSC bem como os demais convidados partiu de Natal as 04h00 da manhã em um trem automotriz até a cidade de São Rafael que passaria a ser a partir daquela data a nova estação terminal da EFSC em sua penetração até o município de Caicó.

         No dia 14/01/1956 o diretor do DNEF faria inspeção nas linhas da EFSC almoçando em Lajes. Na tarde desse mesmo dia o engenheiro Othon de Araújo Lima prosseguiria viagem até Natal onde seria convidado de honra a um jantar no Grupamento de Engenheiros, oferecido pelo Coronel Rodrigo Otávio. No dia 14/01/1956 o engenheiro Othon de Araújo Lima faria ainda inspeção nos serviços da EFSC em Natal e no dia seguinte prosseguiria em viagem de trem até Nova Cruz quando seguiria também de trem até a capital pernambucana.

A abertura do trecho

         Ao que tudo indica parece que a inauguração do trecho entre Oscar Nelson e São Rafael foi “coisa só para inglês vê”, porque ainda em 1957, ou seja, um ano após a inauguração daquele trecho o mesmo não havia sido aberto ao tráfego.

De acordo com O Poti “quarta-feira última realizando experiência no novo trecho da Estrada de Ferro Sampaio Correia, entre as estações de Oscar Nelson - São Rafael, partiu desta capital o trem horário em viagem normal conduzindo anexo um carro especial”.

Como convidados viajaram no mesmo carro o Cel. Júlio Pinheiro, ajudante de ordens e representante do Governador, o engenheiro Carlos Cabral, diretor do 5º Distrito do DNOCS, o deputado Genésio Cabral, o major Osório de Paulo, representando o Cel. Comandante do Batalhão Ferroviário executor dos trabalhos no referido trecho, altos funcionários da EFSC, representantes do Prefeito e da Câmara de Vereadores e jornalistas.

Segundo O Poti primeiro trem a chegar a estação de São Rafael deu entrada ali as 13h00, recebido por grande número de pessoas de todas as classes sociais.

Cessando as primeiras aclamações fizeram uso da palavra o Cel Júlio Pinheiro, o deputado Genésio Cabral, o Pe. Bianor Aranha, o Dr. Carlos Cabral, o major Osório de Paulo, o Sr. Arlindo Varela em nome do engenheiro José Bittencourt, o dr. Rômulo Vanderley, o Pe. Luiz Lucena, vigário de São Rafael, o dr. José Canuto pelos operários da EFSC e o jornalista  Cristalino R. Costa.

Encerrando os discursos falou ainda o Pe. Pedro Luiz, chefe do Serviço de Assistência Social da EFSC que em meio a enorme vibração enalteceu o melhoramento que em breve seria inaugurado atendendo aos  reclamos de uma região do Estado.

Após, os visitantes foram homenageados com um banquete na residência do prefeito de São Rafael, João Soares, constituindo o ágape um acontecimento destacado na vida da cidade.Vários brindes foram erguidos homenageando-se a sociedade local na pessoa do prefeito.

As 18h00 regressou o trem especial chegando à estação da EFSC na capital as 05h00 da manhã do dia ...

Ainda de acordo com o jornal O Poti o diretor da EFSC, José Bittencourt, foi homenageado pelos funcionários pelo seu primeiro ano a frente da ferrovia, na qual foi destacado o empenho daquele engenheiro na inauguração do trecho entre Oscar Nelson e São Rafael, “uma das obras do dr. José Bittencourt, a frente da Estrada de Ferro ‘Sampaio Correia’, que repercutiu favoravelmente foi a da inauguração anteontem do novo trecho da ferrovia ligando Oscar Nelson a São Rafael”. (O POTI, 01/03/1957, p.8).

O tráfego ficou interrompido logo depois devido ao inverno daquele ano quando a partir de 24/06/1957 seria restabelecido conforme aviso publicado no jornal O Poti a pedido da administração da Estrada de Ferro Sampaio Correia. (O POTI, 25/06/1957, p.8).

Segundo os horários publicados nos jornais da capital os trens partiam de Natal com destino a São Rafael aos domingos, terças quintas-feiras as 05h00 e chegando as 14h30, num total de 9 horas de viagem.Já o percurso inverso era feito as segundas, quartas e sábados, saindo o trem de São Rafael em 04h00 e chegando a Natal as 12h47.

De fato a estação de São Rafael só é citada nos horários de trens publicados nos jornais de Natal a partir de 1957.

 


O primeiro acidente

          O primeiro acidente no trecho recém inaugurado de São Rafael ocorreu em abril de 1957, onde três pessoas morreram tragicamente e outras dez ficaram gravemente feridas quando um trem da EFSC na altura do km 221, entre as estações de São Rafael e Oscar Nelson, tombou sobre o rio Açu ao passar sobre o pontilhão ali existente.

       O sinistro ocorreu devido as fortes chuvas que caíram em todo o Estado, tendo provocado a queda da cabeceira do aterro do pontilhão destruindo a sua base. No próprio local da tragédia morreram o maquinista Manoel Crescêncio e o foguista José Pedro da Silva. A terceira vitima foi Manoel Teixeira que veio a falecer horas depois quando recebia os primeiros socorros. (O JORNAL, 23/04/1957, p.7).

        As pesadas chuvas levaram consigo o aterro deixando sem apoio os trilhos e dormentes. Um pequeno comboio partiu de São Rafael para prestar socorro ao trem de passageiros, ao passar pelo pontilhão fatídico, outro caminho não encontrou se não o do descarrilhamento, resultando naquele grave desastre que acometeu a vida das três pessoas a cima citadas.

       A baixo uma raríssima imagem da inauguração do trecho Oscar Nelson -São Rafael vendo-se aglomeração de pessoa na estação de São Rafael, igualmente inaugurada naquele dia 12/01/1956 e que passaria a ser a estação terminal da Estrada de Ferro Sampaio Correia na sua linha tronco.

    Como se vê na imagem o trem inaugural foi composto uma automotriz, a qual popularmente era conhecido como "o motriz".Essa automotriz foi uma das duas destinada pelo Governo Federal para as ferrovias potiguares em 1949, sendo esta destinada a EFSC e a outra a Estrada de Ferro de Mossoró.

Inauguração do trecho Oscar Nelson - São Rafael

                A seguir imagens da construção do trecho em tela.As legendas se encontram nas próprias imagens.Convém dizer somente que as siglas ON=Oscar Nelson, Ju=Jucurutu e Cc= Caicó a qual deveria ser o destino final da EFSC.A sigla Fv, salvo engano deve se tratar do termo ferrovia.









Todas as imagens são do acervo de Neto Bernardo, São Rafael - RN
..

sábado, 27 de agosto de 2022

O MERCADO DA AV 4 OU O QUE SERIA A FEIRA PERMANENTE DO ALECRIM

 

         O mercado da Av. 4 no Alecrim foi inaugurado em 31/03/1972 pelo prefeito Jorge Ivan Cascudo Rodrigues o qual deveria funcionar ali a feira permanente do Alecrim.

         Construído com 408 boxes padronizados e modernos, para dar condições de higiene e resolver definitivamente o problema das feiras livres do bairro do Alecrim. A obra foi concluídas 25 dias antes do prazo de 90 dias custando a Prefeitura cerca de Cr$ 450.000,00.A cerimônia de inauguração teria a presença do Governador Cortez Pereira e estava prevista para ocorrer as 11h00 daquele dia.

Fonte: Diário de Natal, 30/03/1972, p.2.




COMO E PORQUE A BR-101 FOI PARAR EM TOUROS

 

         Em 1975 muito se vinha discutindo, principalmente no âmbito e ao nível da Assembleia Legislativa sobre as rodovias contempladas desde o ano anterior com a sua integração ao Plano Nacional de Viação.

Isto significava em principio, a responsabilidade do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, embora houvesse ainda outras prioridades no referido plano.De qualquer forma a incorporação destas estradas no âmbito de rodovias oficiais federais foi uma luta ingente,obstinada, de muitos dos parlamentares federais potiguares e que se tornou realidade através da participação e  das emendas do senador Dinarte Mariz que no senado foi inclusive o relator da parte referente as rodovias deste Plano Nacional de Viação em vigor até 1979.

         Assim foi que transferiu-se o inicio da BR 101 de Natal para Touros,dando-se a seguinte justificativa:”Este prolongamento – dizia a emenda do senador Dinarte Mariz que tomou o nº 7 no Senado Federal – visa a satisfação de três aspectos básicos.1º Turistico – eis que atenderá a um conjunto de praias das mais lindas de todo o Nordeste: Rio do Fogo, Pititinga, Maracajaú, Caraúbas, Maxaranguape,Muriú, Pitangui, Jenipabu e Redinha.2º econômico – porque benificiará aos vales úmidos mais importantes e produtivos do Rio Grande do Norte – Ceará-Mirim, Maxaranguape,Fonseca,Punaú, Santa Luzia e Touros, ademais de ser essa a região mais piscosa do Estado, sobretudo lagosta, sendo ainda que está atualmente cogitada a implantação de uma indústria de “peixe voador” que somente naquela região encontra o seu habitat, 3º segurança – em Touros estão localizados os faróis que orientam a navegação marítima e aérea.Toda a orla marítima já descrita foi durante a II Guerra Mundial guardada militarmente tornando-se assim alvo de significativa importância para a Segurança Nacional”.

 

Fonte: Diário de Natal, 02/09/1975, p.5.


Monumento que marca o inicio da BR 101 em Touros.









SÃO GONÇALO DO AMARANTE HÁ 50 ANOS

 

         Em São Gonçalo do Amarante, a 18 km de Natal, haviam 19.966 habitantes.A época o município era administrado pela prefeita Élia de Barros a qual havia assumido a gestão daquele município em 31/01/1972 e que segundo o Diário de Natal ela estava convencida dos desafios que a esperavam na administração municipal.

         Naquele ano de 1972 foram surgindo novas escolas, poços para o abastecimento básico iam sendo abertos, uma maternidade já estava funcionando e gente para movimentar tudo isso estava sendo preparada. Uma nova mentalidade ia sendo implantada naquele município.

De acordo com os universitários do Projeto Rondo que atuaram no município em 1971 chegaram a conclusão de que a água consumida pelo povo era o principal problema a ser enfrentado.Foram firmados convênios com a Fundação SESP, possibilitando a abertura de poços de abastecimento básico em São Gonçalo, Uruaçu e Guanduba, além de outro com a CASOL garantindo água saudável para o distrito de Santo Antonio do Potengi.

         Dois mini-posto de saúde foram instalados e postos em funcionamentos em convenio com a ANCAR-RN nos distritos de Igreja Nova e Santo Antonio.De acordo com o Diário de Natal essas ações diminuíram sensivelmente o número de pessoas que precisavam vir a Natal para receber atendimento médico.Os mini-posto prestavam assistência a infância e parturientes e garantiam também serviços de emergência, curativos, etc.

         Ainda no setor de saúde havia um problema a resolver.As parturientes ou eram assistidas em suas casas por parteiras leigas ou trazidas para a Capital.Faltava uma maternidade que foi criada pela prefeitura em 1971 e que em um ano de funcionamento já havia realizado 218 partos.

         A maternidade Josefa Barros no distrito de Santo Antonio do Potengi era superviosionada pelo médico Vanildo Pereira Brasil que tinha como auxiliares a parteira Maria Nazaré Monção e a enfermeira Maria José de Freitas. Além de assistência as mães contava ainda com ambulatório, consultório médico e mini-posto de saúde.

         No setor educacional São Gonçalo do Amarante padecia um mal que ainda era de todo o país,o professorado leigo.A prefeita Elia de Barros promoveu a capacitação profissional das professoras municipais com a realização de semanas pedagógicas além de uma semana de merenda escolar, tudo em regime de internato.

         As escolas existentes foram reequpadas com carteira, filtros e materiais para merenda e três delas pasaram por modificações garantindo-lhes mais uma sala: Poço de Pedras, Santo Antonio,Bela Vista e Guanduba.Outros três prédios foram construídos garantindo educação primária para os povoados de Rego Moleiro, Pajuçara e Massaranduba, e até julho de 1972 estariam prontos mais três em Jacaraú, Oiteiros e Alagadiço Grande, tudo as expensas dos cofres municipais segundo o Diário de Natal.

         Foi criado o Ginásio Comercial de São Gonçalo que começou a funcionar no inicio de 1972 sob a direção do professor José Frazão de Oliveira e com 37 alunos matriculados na 1ª série.As suas instalações próprias começaram a ser construídas ainda naquele ano de 1972.

         O Mobral de São Gonçalo do Amarante merecia um capitulo a parte na analise sobre o movimento educacional daquele município de acordo com o Diário de Natal. Em março de 1972 foi concluído o 3º convênio com a entrega de certificados de alfabetização a 1.092 adultos e adolescentes e 31 distribuidos por 61 postos espalhados pela cidade. Nos dois convênios anteriores já haviam sido entregues 753 certificados de alfabetizados.

         Na cidade foram implantados 3.200 metros de calçamento e restaurados os prédios do mercado e da Câmara Municipal.As estradas municipais receberam a necessária conservação. “O processo desenvolvimentista implantado pelo Revolução , dentro das limitações do meu município, chegou a S.Gonçalo.Meu povo já pode olhar para o futuro com mais fé e com muito mais confiança”,escreveu a prefeita de São Gonçalo do Amarante, Élia Barros no Diário de Natal.A Revolução a qual se referia a prefeita foi a de 31/03/1964 feita pelas Forças Armadas.

             





Aspectos da maternidade Josefa Barros.


Escola Municipal de Rego Moleiro que seria inaugurada em 01/04/1972.


Poço instalado na cidade de São Gonçalo.


Escola Municipal de Massaranduba.


Construção do poço de Santo Antonio do Potengi.


Élia Barros, prefeita de São Gonçalo do Amarante em 1972.


Fonte: Diário de Natal, 31/03/1972, p.9.