Introdução
Os fenômenos dos
avistamentos de OVNIS (objetos voadores não identificados) popularmente
chamados de Discos voadores no Rio Grande do Norte têm sua gênese na década de
1940, precisamente no ano de 1947. Este trabalho se propõe a fazer um estudo
acerca dos relatos sobre objetos voadores não identificados ocorridos no Rio
Grande do Norte. Tais relatos foram obtidos por meio de pesquisa bibliográfica
realizada em jornais antigos de Natal.
Independentemente da
veracidade ou não dos fatos adiante relatados o que se espera com o referido
trabalho é fazer memória de fatos ocorridos no território potiguar de fenômenos
tidos como sobrenaturais em que alguns até hoje não foram definitivamente e satisfatoriamente explicados tanto por leigos como por autoridades oficiais.
O
principio dos avistamentos do ‘fenômenos sobrenaturais no Rio Grande do Norte
Os
fenômenos de avistamentos de objetos voadores não identificados no Rio Grande
do Norte começam a ocorrer em 1947, mesmo ano em que tais fenômenos surgem ao
redor do mundo e são publicados nas crônicas jornalísticas. Coincidência ou não
é o período que começa a corrida espacial americana que culminará com a chegada
do homem a Lua já em 1969.
Segundo o jornal A
Ordem de 17/07/1947 a aparição de estranhos objetos voadores em diversas partes
do mundo que foram batizados de ‘discos voadores’ vinha sendo assunto
obrigatório em Natal assim como no Brasil inteiro.
O tema tomava conta
dos debates e rodas de conversas. Uns achavam que se tratava de armas secretas,
outros de corpos celestes vindos de outros planetas ou de vulcões, porém, até
aquele momento ninguém sabia de fato explicar os tais discos voadores, o certo
era que os fenômenos continuavam a serem vistos pelos céus, deixando a todos
intrigados e preocupados com essas ocorrências.
Os
discos voadores começavam a aparecer pelos céus do território potiguar.
Na edição do dia
17/07/1947 o jornal A Ordem relatou o caso do aparecimento de um disco voador
em Angicos. Esse foi o relato mais antigo por nós encontrado sobre o tema.
Um telegrama enviado
por Antônio Pereira Dias a redação do jornal A Ordem anunciava a passagem de um
objeto misterioso no município de Angicos.Eis o teor do telegrama:
ANGICOS, 16,
Antônio Pereira Dias, Natal.-
Ontem , mais ou menos as 6 e meia foi visto por diversas pessoas a passagem de
um “Disco Voador” por esta cidade, vindo do norte e seguindo em direção ao
sul.Abraços.- a) Francisco Peres, prefeito de Angicos. A ordem, 17/07/1947,
p.1.
Como visto no final
do telegrama o documento foi enviado pelo prefeito de Angicos, portanto,
deveria corresponder a um fato verídico o fenômeno do avistamento do disco
voador naquela cidade visto inclusive por muitas pessoas.
Na edição do dia 18/07/1947
o jornal forneceu os nomes das pessoas que avistaram o objeto misterioso e
forneceu mais detalhes sobre o ocorrido em Angicos. Foram 10 pessoas que viram
o disco voador.
Segundo o relato
fornecido a redação do jornal por volta das 6h20 estas pessoas estavam sentadas
na calçada da pensão quando alguém disse ‘lá vai um avião’. Todos olharam,
então, para o céu, e de fato viram algo que voava a grande altura, não se
tratava, entretanto de avião e sim de um
objeto arredondado, muito brilhante, que encandecia quando os reflexos do sol
nele batiam. Era um ‘disco voador’. (A ORDEM, 18/07/1947, p.1, grifo nosso).
O relator disse ainda
que não se ouvia barulho e depois de uns 15 minutos o tal ‘disco’ desapareceu
no céu misteriosamente, pensando as pessoas que o avistaram que o objeto
misterioso tivesse caído em Natal. (A ORDEM, 18/07/1947, p.1).
Em
Currais Novos e Santana do Matos
Na mesma matéria o
desembargador Tomaz Salustino de Currais Novos disse por telegrama a redação do
referido jornal que não foi confirmada a noticia do aparecimento de um disco
voador em Currais Novos e que ele teria apenas avistado dois aviões de alumínio
que cruzaram o céu do município a uma altura elevada (A ORDEM, 18/07/1947, p.1).
Por sua vez, o Dr.
Alcebiades Fernandes havia enviado telegrama ao Diário de Natal relatando o aparecimento
de um disco voador visto por diversos moradores na fazenda Pixoré em Santana do
Matos.( A ORDEM, 18/07/1947, p.1).
Em
Baixa Verde
No mesmo ano de 1947
o fenômeno do avistamento de um disco voador foi visto no município de Baixa
Verde. Em telegrama enviado a redação do jornal A Ordem foi relatado que foi
visto um disco voador por volta das 16h20 que foi visto por diversas pessoas as
quais se encontravam na Pensão Popular, dentre elas a professora Maria
Guimarães, índio Gualcuru Umbarahé, Manoel Soares, Leonor Teixeira e Cícero
Câmara.
O objeto, segundo o
telegrama publicado no jornal, tinha
grandes dimensões e vinha da direção da capital se dirigindo para o norte e se
movimentava em grande velocidade. (A ORDEM, 28/07/1947, p.1).
Em
Macau
Em Macau o disco
voador também foi visto no dia 03/09/1947 conforme registrou a edição do jornal
A Ordem.
No relato do
motorista e proprietário de uma automóvel, o Sr. Francisco das Chagas, residente
na rua Amaro Cavalcanti, nº58, naquela cidade, afirmava ele:
Com absoluta
segurança, que na noite de 30 de julho, cerca de 19,40 horas, viajando em meu
automóvel entre Francisco Martins e Barreiras, vi a pequena altura uma bola de
cor azulada refletindo sobre a terra grande clarão.Sua direção era vertical e
desapareceu moementos depois, sem que se visse o rumo tomado” ( A Ordem, 03/09/1947/p.2).
Para atestar que seu
relato era verdadeiro Francisco das Chagas apresentou como testemunhas do
ocorrido em Macau os funcionários da prefeitura José Dias e o seu ajudante que
o acompanhava na viagem, não nomeado no relato do jornal.
Disse ainda Francisco
das Chagas concluindo seu relato que “todos ficamos certos de se tratava de um
disco voador que perdeu o seu raio de ação naquela localidade” (op. Cit). Francisco
das Chagas alegava que por se tratar de uma informação que julgavam
absolutamente exata pedia para que fosse publicada no referido jornal.
Os
ovnis continuam aparecendo
Os relatos de objetos
voadores misteriosos só voltam a serem relatados em 1952. Neste ano foram
vistos em Cerro Corá, Areia Branca e Mossoró.
Em Cerro Corá o disco
voador foi visto em 25/08/1952 tendo sido avistado a baixa altura tendo sido
descrito por uma pessoa da cidade como uma bacia com margens vermelhas. (A
ORDEM, 27/08/1952, p.1). Entre Tibau e Areia Branca um disco voador foi visto
em 26/08/1952 sendo o objeto se movimentando em direção ao mar. O jornal a
ordem diz que o fenômeno foi visto por pessoa qualificada do lugar, dentre elas
o Sr. José Couto, industrial e político em Areia Branca segundo o jornal “as
noticias que a respeito nos foram transmitidas merecem todo crédito e são absolutamente
seguras” (A ORDEM, 27/08/1952, p.1), diante disso o caso deveria ser
investigado pelas autoridades competentes visto que tais fenômenos vinham se
repetindo cm frequência pelo interior do estado.
Em Mossoró os
ocorridos com o avistamento de objetos voadores misteriosos haviam sido visto
recentemente sendo vários discos voadores avistados e segundo o jornal A Ordem “em
face disso, não há lugar para humorismo: é aceitar a realidade e verificá-la” (
A ORDEM, 27/08/1952, p.1).
Os relatos dos discos
voadores visto em Mossoró foram também publicados pelo jornal local O
Mossoroense, de onde o jornal a Ordem extraiu o relato ali ocorrido.
Segundo foi publicado
no Mossoroense por volta das 22h30 quando a turma da Pan Air do Brasil S.A se
aproximava da pista para apagar as piraeas de iluminação, após a decolagem de
uma aeronave daquela empresa, foram vistos dois discos voadores sobrevoando o
aeroporto.
Inicialmente dois funcionários
observaram o fenômeno luminoso que embora em silencio, pensou que se tratasse
de um avião retornando ao aeroporto, os funcionários estranharam que o objeto
voador se aproximava cada vez mais da pista numa altura de aproximadamente 500
metros deixando os funcionários sobressaltados e percebendo então que não se
tratava de um avião, mas sim de algo que eles não conseguiam identificar. (A
Ordem, 28/08/1952, p.4).
Com medo os dois
funcionários correram para a estação de passageiros onde estavam mais três
funcionários, todos eles avistaram outros objetos voadores se aproximarem do aeroporto.
Uns se movimentavam rapidamente, outros mais lentos e em zigue-zague.Os objetos
voadores se dirigiram em sentido a então vila de Dix Sept Rosado desparecendo
da vista deles.
Os funcionários da
Pan Air relataram ainda que os objetos apresentavam iluminação em seu interior
que irradiava para as extremidades em varias cores e quando a luz desaprecia
era vista uma nuvem de fumaça se desprendendo do objeto ficando esta fumaça
pouco tempo no espaço.
As pessoas que
observaram o fenômeno ficaram apavoradas e pensavam se tratar de coisas do além
ou coisas sobrenaturais.
Na vila de Governador
Dix Sept Rosado no dia 25/08/1952 o Sr. Manoel Crispi em companhia de outras
pessoas avistaram um disco voador entre 08h00 e 09h00 no sitio Pitombas.
O objeto passou em
alta velocidade na direção sul-norte e mais tarde o objeto também foi visto na
fazenda Mulungu a pouca distância de Apodi. (A Ordem, 28/08/1952, p.4).Segundo
o jornal não restava mais dúvidas da ocorrência dos discos voadores em
território potiguar e sendo bem possível que outros discos voadores tornassem a
serem vistos pelos céus do estado.
Em 1952 outro disco
voador foi visto em Angicos e dessa vez o relato foi bem mais interessante,
pois o objeto teria caído ali.
Segundo o jornal a
ordem a noticia “verdadeiramente atômica” era que teria caído um disco voador
em Angicos, as primeiras informações colhidas as pressas pelo jornal inclusive
ouvindo os funcionários da Estrada de Ferro Sampaio Correia e passageiros do
trem horário procedente dali.
Foram feitas várias
expedições de curiosos ao local do ocorrido, inclusive o prefeito da cidade. O
Sr. Pedro Moura, proprietário do local onde teria caído o estranho objeto confirmou
ao jornal que um vaqueiro, homem sério, havia dado a notícia de ter encontrado
um corpo estranho grande, de cor branca e que o cobrira com ramos. Mas ele,
proprietário, não deu maior importância e veio para Natal. O sr. Pedro Moura
soube então que foi uma caravana ao local para vê o objeto. A notícia causou
sensação na cidade de Angicos.
O jornal procurou
explicações do exército mais não recebeu nenhuma informação a respeito do fato
sendo a notícia olhada com reservas. Ao meio dia o comandante da guarnição que
as notícias que chegavam eram meras suposições e nada tendo recebido de
positivo vindo de Angicos.
O mesmo disse o
agente da estação Arlindo Varela da Estrada de Ferro Sampaio Correia que
afirmou que qualquer notícia sobre a queda de um disco voador no município era
destituída de fundamento e que a notícia fora dada por pessoas sem
responsabilidades (A Ordem, 17/09/1952, p.1.).
Em Natal, o professor
Aureliano Medeiros Filhos havia fotografado um disco voador no Tirol quando
vinha de uma viagem de Parnamirim quando subitamente viu um troço brilhando no
céu e voando com grande velocidade. Pegou a sua máquina fotográfica,mirou o
objeto e disparou.Havia gravado pela primeira vez, em Natal, a fotografia de um
disco voador.Foi uma sensação na cidade e houve muita gente que não queira acreditar
no que viu. (O POTI, 29/10/1954,p.7).
Em Assu várias
pessoas disseram presenciar a passagem de corpos luminosos pelos céus da cidade
(O POTI, 07/11/1954, p.3).
Era a época de naves interplanetárias.Não se sabe se
por ironia ou por convicção mesmo, mas o jornal terminou a nota dizendo “é possível
que os objetos incandescentes que voavam a grande altura e com enorme velocidade,
venha a ser um transporte dos venusianos ou dos habitante de Marte” (op. Cit).
Em Mossoró várias
pessoas haviam presenciado a passagem de um disco voador por volta das 10h30 no
dia 20/12/1954.Dentre estas pessoas estavam Gabriel Fernandes Negreiros e
Wilson Guerra Mendes do alto comércio da cidade e o jornalista Rafael Negreiros.
(O POTI, 21/12/1954, p.8).
Os relatos de
avistamentos de discos voadores pelos céus do Rio Grande do Norte escasseiam
por volta do final da década de 1950 e por toda a década seguinte não se vê
nenhum relato de aparição de tais fenômenos nos jornais da capital potiguar, como
o Diário de Natal e o Poti.
Nas
próximas postagens continuaremos no assunto nas décadas seguintes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário