terça-feira, 30 de outubro de 2018

QUANDO A ESTRADA DE FERRO DE MOSSORÓ CHEGOU A SOUZA-PB


A Estrada de Ferro de Mossoró desde sua concepção se pretendia alcançar as franjas do rio São Francisco em Cabrobó-PE, porém o Maximo que os trilhos conseguiram alcançar foi a cidade de Souza no sertão paraibano onde se conectava com os trilhos da Rede de Viação Cearense.
Esse acontecimento ocorreu em 1951 depois de um longo período de construção da EFM até alcançar a cidade de Souza.Vejamos como ocorreu a chegada em Souza.
Quem faz a descrição da viagem inaugural é João B.Cascudo membro da comitiva jornalística da imprensa potiguar em artigo publicado no jornal A Ordem em 03/11/1951.
Segundo ele a viagem a principio monótona foi aos poucos quebrando a insipidez ante o ambiente de camaradagem e cordialidade reinantes.
As 05h30 o trem chegou a vila de Dix Sept Rosado vencendo a primeira etapa da viagem.As 06h45 o trem chegou a Caraubas onde foi servido um lauto café servido pelo agente da estação .As 07h25 partiu  trem em direção a Jordão chegando ali as 07h50 fazendo um ligeira parada.As 08h15 o trem já alcançava Patu, as 08h40 Almino Afonso, as 09h00 Mombaça, 09h25 Demétrio Lemos, as 09h45 Baixa Verde e as 10h20 o trem chegava a Alexandria.
Segundo o relato de João B. Cascudo “nesta cidade, ultima estação potiguar, revigoramos as forças com uma xícara da preciosa Rubiacea”Em Alexandria a automotriz foi abastecida de água.Partindo o trem de Alexandria na altura do km 236 o trem já estava em território paraibano.
As 10h50 chegou a estação da Santa Cruz, as 11h05 em São Pedro no km 249, as 11h20 em São Paulo no km 255.Nesta estação “nos foi dado contemplar o retrato do saudoso governador Dix Sept Rosado, revelando desta forma o prestigio e a simpatia populares do nosso ilustre conterrâneo desaparecido desta feita, além fronteiras”.
As 11h35 foi realizada ligeira parada no km 237, ponto histórico onde se deu a ligação das duas turmas. “era o primeiro veiculo ferroviário conduzindo passageiros que transpunha tão expressivo local”.No local havia um pequeno açude cortado por uma ponte.Ali foram tiradas fotografias.
Feita essas parada prosseguiu a automotriz histórica, em marcha mais vagorosa devido ao desconhecimento do trecho.
Em território paraibano foi notada pelos viajantes a paisagem diversa da do território potiguar com açudes, açudecos, campinas verdejantes em profusão “coisa que não vimos no Rio Grande do Norte”.Foi notada ainda trabalhadores em andaimes na construção de pontes que ficaram abismados com a passagem do trem.
Segundo João B. Cascudo constituía sem duvida o trabalho notável  e eficaz da nossa engenharia algo extraordinário vencendo toda a sorte de dificuldades, terreno íngreme de difícil acesso e grandes aterros.
Na altura do km 268 em Fortuna ocorreu um imprevisto e graças a pericia do maquinista foi evitada maiores gravidades e retardada a chegada da comitiva a Souza o que impediu de a automotriz chegar aquela cidade.Os pasageiros ficaram abrigados em casas próximas esperando que os automóveis viessem buscá-los para os conduzir até a Souza.
A comitiva chegou a Souza as 14h00 depois de uma viagem agradável segundo João B. Cascudo.Segundo ele a “bonita e alegre Souza estava regorgitandode júbilo com a chegada dos embaixadores da civilização, os propulsores do progresso”.
Na residência do cel. Tiburtino de Sá já estava aguardando a comitiva potiguar uma comissão de souzenses composta pelo prefeito Emidio Sarmento de Sá, cônego José Viana, padre Oriel Antonio Fernandes.Dr. Walter Sarmento de Sá, deputado Lindolfo Pires, cel. Diocleciano  Pires,Srs. Tomé Pires.Lindolfo Junior, diversas famílias e “prendadas e glamourosas senhorinhas da elite  social local’ que manifestaram os votos de boas vindas oferecendo a comitiva potiguar uma lauta , mesa de frios, quitutes dos mais deliciosos, bebidas finas e nímias gentilezas, “deixando patenteado  a mais fidalga hospitalidade daquela gente educada e ordeira”.
A comitiva jornalística percorreu a cidade a fim de colher informações sobre a realização daquele sonho semissecular.
“minha impressão é a melhor possível. Só poderá trazer grande melhoramento a Souza, é o que esperamos” disse o prefeito Emidio Sarmento.
Para o advogado Walter Sarmento era “um acontecimento  de grande importância social, econômica e sobretudo histórica para a vida administrativa dos dois estados nordestinos”.
Do cônego José Viana, ex aluno do Ginásio Santa Luzia de Mossoró, era “um grande melhoramento, mais motivos de união entre  os dois estados, das fmailias souzenses e mossoroenses”.
Para o padre Oriel Fernandes, viagrio coadjutor de Souza a época o acontecimento era “de uma altíssima significação fazendo viver com esta ligação  um passado que da há muito nos haveria proporcionado ocnforto, trazido intercambio entre  a Paraiba e Rio Grande do Norte”.
O depoimento do ex deputado Lindolfo Junior  foi de que “a ligação Mossoró-Souza trará um grande intercambio comercial entre as duas cidades”.
Do coletor federal João de Almeida Figueiredo “a melhor impressão, representando um grande impulso para a nossa terra a ligação via férrea dos dois estados”.

Fonte: A Ordem, 03/11/1951, p.4.

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