A
Estrada de Ferro de Mossoró desde sua concepção se pretendia alcançar as
franjas do rio São Francisco em Cabrobó-PE, porém o Maximo que os trilhos
conseguiram alcançar foi a cidade de Souza no sertão paraibano onde se
conectava com os trilhos da Rede de Viação Cearense.
Esse
acontecimento ocorreu em 1951 depois de um longo período de construção da EFM
até alcançar a cidade de Souza.Vejamos como ocorreu a chegada em Souza.
Quem
faz a descrição da viagem inaugural é João B.Cascudo membro da comitiva jornalística
da imprensa potiguar em artigo publicado no jornal A Ordem em 03/11/1951.
Segundo
ele a viagem a principio monótona foi aos poucos quebrando a insipidez ante o
ambiente de camaradagem e cordialidade reinantes.
As
05h30 o trem chegou a vila de Dix Sept Rosado vencendo a primeira etapa da
viagem.As 06h45 o trem chegou a Caraubas onde foi servido um lauto café servido
pelo agente da estação .As 07h25 partiu
trem em direção a Jordão chegando ali as 07h50 fazendo um ligeira
parada.As 08h15 o trem já alcançava Patu, as 08h40 Almino Afonso, as 09h00
Mombaça, 09h25 Demétrio Lemos, as 09h45 Baixa Verde e as 10h20 o trem chegava a
Alexandria.
Segundo
o relato de João B. Cascudo “nesta cidade, ultima estação potiguar, revigoramos
as forças com uma xícara da preciosa Rubiacea”Em Alexandria a automotriz foi
abastecida de água.Partindo o trem de Alexandria na altura do km 236 o trem já
estava em território paraibano.
As
10h50 chegou a estação da Santa Cruz, as 11h05 em São Pedro no km 249, as 11h20
em São Paulo no km 255.Nesta estação “nos foi dado contemplar o retrato do
saudoso governador Dix Sept Rosado, revelando desta forma o prestigio e a
simpatia populares do nosso ilustre conterrâneo desaparecido desta feita, além
fronteiras”.
As
11h35 foi realizada ligeira parada no km 237, ponto histórico onde se deu a
ligação das duas turmas. “era o primeiro veiculo ferroviário conduzindo
passageiros que transpunha tão expressivo local”.No local havia um pequeno
açude cortado por uma ponte.Ali foram tiradas fotografias.
Feita
essas parada prosseguiu a automotriz histórica, em marcha mais vagorosa devido
ao desconhecimento do trecho.
Em
território paraibano foi notada pelos viajantes a paisagem diversa da do
território potiguar com açudes, açudecos, campinas verdejantes em profusão “coisa
que não vimos no Rio Grande do Norte”.Foi notada ainda trabalhadores em
andaimes na construção de pontes que ficaram abismados com a passagem do trem.
Segundo
João B. Cascudo constituía sem duvida o trabalho notável e eficaz da nossa engenharia algo
extraordinário vencendo toda a sorte de dificuldades, terreno íngreme de
difícil acesso e grandes aterros.
Na
altura do km 268 em Fortuna ocorreu um imprevisto e graças a pericia do
maquinista foi evitada maiores gravidades e retardada a chegada da comitiva a
Souza o que impediu de a automotriz chegar aquela cidade.Os pasageiros ficaram
abrigados em casas próximas esperando que os automóveis viessem buscá-los para
os conduzir até a Souza.
A
comitiva chegou a Souza as 14h00 depois de uma viagem agradável segundo João B.
Cascudo.Segundo ele a “bonita e alegre Souza estava regorgitandode júbilo com a
chegada dos embaixadores da civilização, os propulsores do progresso”.
Na
residência do cel. Tiburtino de Sá já estava aguardando a comitiva potiguar uma
comissão de souzenses composta pelo prefeito Emidio Sarmento de Sá, cônego José
Viana, padre Oriel Antonio Fernandes.Dr. Walter Sarmento de Sá, deputado
Lindolfo Pires, cel. Diocleciano
Pires,Srs. Tomé Pires.Lindolfo Junior, diversas famílias e “prendadas e
glamourosas senhorinhas da elite social
local’ que manifestaram os votos de boas vindas oferecendo a comitiva potiguar
uma lauta , mesa de frios, quitutes dos mais deliciosos, bebidas finas e nímias
gentilezas, “deixando patenteado a mais
fidalga hospitalidade daquela gente educada e ordeira”.
A
comitiva jornalística percorreu a cidade a fim de colher informações sobre a
realização daquele sonho semissecular.
“minha
impressão é a melhor possível. Só poderá trazer grande melhoramento a Souza, é
o que esperamos” disse o prefeito Emidio Sarmento.
Para
o advogado Walter Sarmento era “um acontecimento de grande importância social, econômica e
sobretudo histórica para a vida administrativa dos dois estados nordestinos”.
Do
cônego José Viana, ex aluno do Ginásio Santa Luzia de Mossoró, era “um grande
melhoramento, mais motivos de união entre
os dois estados, das fmailias souzenses e mossoroenses”.
Para
o padre Oriel Fernandes, viagrio coadjutor de Souza a época o acontecimento era
“de uma altíssima significação fazendo viver com esta ligação um passado que da há muito nos haveria
proporcionado ocnforto, trazido intercambio entre a Paraiba e Rio Grande do Norte”.
O
depoimento do ex deputado Lindolfo Junior
foi de que “a ligação Mossoró-Souza trará um grande intercambio
comercial entre as duas cidades”.
Do
coletor federal João de Almeida Figueiredo “a melhor impressão, representando
um grande impulso para a nossa terra a ligação via férrea dos dois estados”.
Fonte: A Ordem, 03/11/1951, p.4.
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