segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O MUNICÍPIO DE TAIPU EM 1943 (PARTE I)





Em 1943 Anfilóquio Câmara compilou os dados do Censo do IBGE referente ao ano de 1940 em sua obra Cenários Municipais onde fazia um panorama dos municípios potiguares.
Este opúsculo é a extração do perfil do município de Taipu na referida obra de Anfilóquio Câmara.
Os dados aqui contidos nos mostram muito do que era o município de Taipu no inicio da década de 1940.A leitura desse perfil de Taipu hoje se torna importante por compreender seu passado em vista de se preservar a memória histórica do município. 
                                    
                                SITUAÇÃO FÍSICA 

Limites:
Situado na zona do litoral do Estado, limita-se ao norte com os municípios de Baixa Verde e Touros, a leste com o de Ceará-Mirim; ao sul com o de São Gonçalo e a oeste com o de Lajes[1].
Coordenadas geográficas:
 a) latitude sul: 5º, 35’, 30’’; b) longitude W de Gr. 35º,32’,30’’.
Posição relativamente a capital:
a) rumo ONO; b) distância em linha reta 43 km[2].
Altitude: 41 metros[3].
Área: 858 km².[4]
Climatologia:
Clima seco e muito saudável em todo o município.
Açudes públicos e particulares:
A Inspetoria Federal de Obras Contras as Secas[5], em 1920, projetou a construção do açude “Tupi” com capacidade de 2.728,640m³ e em 1936 procedeu a estudos complementares em um outro, denominado “Taipu” com capacidade de 158.000,000 de m³, mas não levou a efeito, até hoje a construção de qualquer dos dois.Em relação  a açudes particulares, existem alguns, mas todos pequenos[6].

SITUAÇÃO DEMOGRÁFICA 
População:
Atingiu a 12.359 habitantes a população do município em setembro de 1940. Deles, 912 residiam na cidade, sendo 754 na área urbana e 158 na suburbana e 11.447 na zona rural[7]. A densidade era naquela época, de 14,39 pessoas por km².
         No recenseamento de 1920 o município apresentou-se com 12.651 almas, havendo assim, agora, uma diferença de 292 para menos, o que justifica por ter perdido Taipu em 1928, em favor do município de Baixa Verde, então criado, uma boa porção de seu território, inclusive o povoado que é hoje a cidade sede daquele município[8].
Movimento registro civil em 1941
         Em 1941 verificou-se o seguinte movimento no cartório público: a) nascimentos: 30; sendo 24 crianças nascidas nesse ano, dos quais 15 do sexo masculino, inclusive um natimorto, e 9 do sexo feminino, e 6 de pessoas nascidas nos anos anteriores (3 homens e 3 mulheres); b) Casamentos: 26, e c) óbitos: 39, sou sejam 18 homens e 21 mulheres, figurando no total 16 crianças da idade de 0 a 1 ano, das quais 6 homens e 10 mulheres.

SITUAÇÃO ECONÔMICA
Atividades agropecuárias:
O município de Taipu é possuidor de ricas várzeas, que, bem cultivadas, o tornariam um dos celeiros de cereais do Estado. Entretanto, vez por outra são inundadas pelas enchentes do rio Ceará-Mirim, que destroem por completamente lavouras já de todo seguras. Eis porque tantos preconizam a construção do importante açude “Taipu” como único meio de corrigir excessos e deficiências[9].
         A região oeste do município ressente-se da falta de água, não permitindo a agricultura, tome ai, o desenvolvimento que seria de desejar. Nas épocas de estiagem, tem seus habitantes de procurar o liquido precioso a grande distâncias, até para animais.
         A perfuração de poços tubulares, o que, aliás, não foi feito em Taipu, minoraria sensivelmente a situação, podendo ao menos, um deles ser localizado  nas imediações do povoado  de Barreto e outro próximo a Belo Horizonte, zonas essas de população relativamente densa  e muito  agrícolas[10].
         Apesar de tudo o município produz em quantidade, mandioca, calculada numa média de 2.000 toneladas por ano e algodão cuja produção anual pode ser estimada em 1.000.000 (algodão em caroço), seguindo-se-lhes esta, batata doce, feijão, milho e fava, com as colheitas anuais aproximada de 300.000 kg, 500.000 kg, 150.000 kg e 60.000 kg, respectivamente. Entre as frutas avultam abacaxis e bananas.
         Os principais agricultores do município são os Srs. João Gomes da Costa, Joaquim Vitorino de Andrade e Manuel Jacó de Morais.
         A criação de gado se faz em caráter meramente extensivo, sendo o município dotado de bons campos de engorda, sobretudo durante o inverno. Em setembro de 1940 a pecuária apresentava-se do seguinte modo:
Tipo
Quantidade
Bovinos
6.710
Equinos
1.191
Asininos e muares
794
Suínos
663
ovinos
2.509
caprinos
2.190
aves
9.987
Total
24.044 cabeças

Detêm dos maiores rebanhos do município os Srs. João Gomes da Costa, Rosendo Leite da Fonseca e Felipe Soares da Câmara.
Meios de transporte
         O município é servido pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, que tem nele, uma estação na cidade, inaugurada em 15 de novembro de 1907, e 2 paradas, nos lugares Pitombeira e Melancias, inauguradas em 15 de novembro de 1907 e 8 de setembro de 1909, respectivamente e por outras estradas carroçáveis, com as quais se põe em ligação não só com as cidades vizinhas, mas igualmente, com todos os núcleos populosos e de atividades agrícola do seu âmbito territorial.
         Discriminando distâncias temos: 
Percurso
EFCRGN
Estrada carroçável
A Ceará-Mirim
21 km
24 km
A Baixa Verde
29 km
28 km
 A Lajes
89 km
88 km
(via Baixa Verde)
A Touros
--------
55 km (via Pureza)

A Natal

59 km
75 km
(via Ceará-Mirim, S. Gonçalo e Macaíba)

Correios e telégrafos
         No município existem duas agências postais-telefônicas, estando localizada na cidade, onde os serviços de correios datam de 19 de fevereiro de 1891 e os de telefone, de 16 de outubro de 1918, e a outra, no povoado de Barreto, instalada a 13 de fevereiro de 1934, como posto de verificação de linhas.
         A expedição de malas, desta capital, para a agência de Taipu, se  faz as segundas, quartas e sextas-feiras pelo trem-horário da Estrada de Ferro Central,fechando as malas nas vésperas, as daquela procedência aqui chegam nos dias de terça, quinta e sábados.Para a agência de Barreto não há serviço postal direto,sendo a correspondência destinada aquele povoado distribuída pela agência de Jardim de Angicos.
Propriedades imobiliárias
         Havia no município de Taipu em setembro de 1940, 2.930 prédios, dos quais, 266 na cidade, sendo 222 no perímetro urbano e 44 no suburbano, e 2.664 na zona rural.
         No biênio de 1940-1941, não se registrou em cartório nenhuma inscrição hipotecária. As transcrição efetuadas de transmissão de imóveis foram 9, em 1940, no valor de Cr$ 30.000,00, e de 19, em 1941, no valor de Cr$ 61.324,00.
Estabelecimento bancários
         Não funciona no município, nenhum estabelecimento dessa categoria. As agências, nesta capital, do Banco do Brasil e do Banco do Povo e o Banco do Rio Grande do Norte mantêm correspondentes, na cidade para o trato de seus negócios.
Comércio
         O comércio local não apresenta nenhum desenvolvimento, limitando-se ao varejista. Como produtos vendidos fora do município citam-se algodão, peles e couros, sendo Natal seu melhor mercado.
Indústria
         Existe apenas a pequena indústria do fabrico de farinha de mandioca, em aviamentos antiquados do tipo manual, que se contam no número de 79 no município. Fora disso, registra-se o funcionamento irregular de uma caieira e de um curtume.Como indústria de natureza doméstica, pode ser citado o fabrico de telhas e tijolos, para o que, aliás,tem o município excelente matéria prima, e de artefatos de couro e palha.
Riquezas naturais
         São poucas as riquezas naturais existentes no município, além da própria capacidade produtiva de suas terras, até hoje trabalhadas somente pelos métodos rotineiros. Há, todavia, alguma madeira de construção, reduzida, aliás, a bem pouca espécies. No reino mineral, constatam-se ocorrências de calcário dolomita.
A fauna é quase desconhecida e nenhum valor econômico oferece.


[1] Atualmente o município integra a Região Imediata... e tem por limites Pureza a norte, Ielmo Marinho a sul, Ceará-Mirim a leste e Poço Branco a oeste.Integra a ainda a região do Mato Grande.
[2] Distância até a capital atualizada é de 50 km.
[3] Corresponde a altitude da sede municipal, no geral a altitude do município corresponde a 100 metros que é a altitude da Serra Pelada o ponto mais alto do município.
[4] Em 1918 o município tinha 2.160 km² tendo cedido, portanto no desmembramento do distrito de Baixa Verde 1.302 km².
[5] IFOCS que é o atual DNOCS- Departamento Nacional de Obras Contras as Secas.
[6] O açude “Taipu’ na verdade seria a barragem no rio Ceará-Mirim que atualmente se situa em Poço Branco, já o açude “Tupi” não foi por nós localizado.
[7] O quadro urbano a época era o equivalente ao que atualmente se conhece por centro histórico de Taipu, ou seja, o perímetro entre o final da Rua Antonio Alves da Rocha próximo a casa paroquial e a rua por trás da igreja matriz. Já o quadro suburbano começava da subida da Rua Antônio Alves da Rocha indo até a estação Ferroviária.
[8] Em 1930 não houve o Censo geral do Brasil, de forma que a comparação entre o censo anterior e o vigente em 1940 foi feito pelo último de 1920.
[9] A barragem já citada anteriormente.
[10] Barreto é atualmente a cidade de Bento Fernandes, sede do município de mesmo nome,   já Belo Horizonte é distrito deste município atualmente.

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