sexta-feira, 17 de maio de 2019

CATHERINE (KAY) KAUFFMAN, A AMERICANA QUE SERVIU EM PARNAMIRIM RETORNA A NATAL PARA REVER AMIGOS


Catherine (Kay) Kauffman era uma jovem professora americana de Detroit, Michigan, simpática, inteligente, corajosa. Durante a II Guerra foi das primeiras moças americanas a oferecer-se a prestar serviços ao seu país.
         Alistou-se na Cruz Vermelha tendo sido enviada a mais de um teatro da guerra.Esteve algum tempo na Inglaterra, vindo depois para a América do Sul.
         O término do conflito encontrou-a prestando serviços no 140h Station Hospital, em Parnamirim Field, Natal-RN como encarregada do Recreation Departament da American Red Cross.
         Desmobilizada nos EUA, depois de ter vivido 18 meses em Natal, sentiu saudades do Brasil, especialmente da terra potiguar, do nosso povo, do nosso clima. E antes de decidir voltar ás atividades no magistério, resolveu retornar a passeio a Natal. Essa visita ocorreu em 1948, três anos após o fim da II Guerra Mundial e quatro após miss Kay ter servido na Base Aérea de Parnamirim.
         A professora americana passou um mês na capital potiguar tendo sido hospede da Sra. Clô Pedrosa, esposa do prefeito Silvio Pedrosa, casal que conhecera quando esteve em serviço durante a II Guerra servindo na Cruz Vermelha americana.

Em contato com Miss Kay
         Num domingo pela manhã o jornal Diário de Natal esteve em companhia de Miss Kay  Kauffman para entrevistá-la, quando ela se preparava após o café para um banho de mar em Areia Preta,em companhia de amigas brasileiras.
         Ao citado jornal disse que depois da Guerra muitos dos seus compatriotas que estiveram oportunidade de servir no Brasil gostariam de voltar ao nosso país, ao menos para uma visita.Especialmente os que viviam na parte norte dos EUA, zona muito fria durante o inverno, gostariam de voltar e passar longo tempo em Natal, cujo clima consideravam dos melhores do mundo.Alguns deles tinham procurando estabelecer-se na Califórnia, cujas condições metereologicas se assemelhavam as do nordeste brasileiro.
         Em Natal, durante a Guera, os americanos em Parnamirim se queixavam de não terem permissão para percorrer parte maior da cidade.Permaneciam confinados a Parnamirim, vivendo exclusivamente entre seus compatriotas, com rápidas e esporádicos contatos com brasileiros.
         Da cidade pouco conheceram, além das reuniões no USO Club.e apenas 1% de cada esquadrão tinha permissão de vir a cidade nos dias  de folga.Se maior tivesse sido o contato entre americanos e brasileiros maior teria sido a camaradagem existente os dois povos.
         Os americanos teriam tido oportunidade, por exemplo, de ter aprendido o português. O conhecimento da nossa língua teria alargado a compreensão entre ambos.

Natal cresceu
         Continuou miss Kay dizendo que naquela estadia na capital potiguar a cidade de Natal lhe estava sendo melhor revelada.Estava ela percorrendo todos os bairros.Acreditava que Natal tinha crescido em tamanho e progredido muito, desde que os seus compatriotas regressaram aos Estados Unidos.Um dos aspectos que mais lhe chamou atenção foi o enorme número de construções no perímetro urbano de Natal. Acreditava que sem construía na capital potiguar residências em maior proporção que nos EUA.
             Abaixo aspectos de Natal em 1954, tais aspectos foram vistos por Catherine Kauffman  ao retornar a capital potiguar.



Fotos: Revista Fon fon, 1954,p.22-23.

         Miss Kay ficou vivamente interessada quando o repórter lhe explicou que algumas dessas construções vinham sendo financiada pelos institutos de previdência especialmente o dos Comerciários para liquidação em 80 anos. A seu pedido, o repórter teve que entrar em maiores detalhes sobre a previdência social no Brasil (DIÁRIO DE NATAL, 18/02/1948, p.6). (qualquer coincidência não é mera semelhança com o presente ).
         Miss Kay  disse que nessa visita a Natal teve a oportunidade de travar relações com muitas famílias brasileiras.Estava conhecendo melhor o temperamento do povo brasileiro.Dona de grande vivacidade mental, nos 30 dias já estava em condições de entender quase tudo que se lhe dissesse em português, embora não pudesse ainda expressar-se em nosso idioma.Essa capacidade de entender o que escutava dizia ela, tinha ajudado  compreender melhor o povo brasileiro, sobretudo o natalense.

Uma volta pela Base
         Miss Kay manifestou desejo de visitar detidamente a Base de Parnamirim e rever os edifícios onde por tanto tempo trabalhou e que lhe trariam sem dúvida, tantas recordações do período movimentado de sua vida.Acredita ela que muitos dos seus compatriotas dariam tudo para rever também Parnamirim, de onde tinha sentido saudades.Lamentável eles que durante a Guerra, preocupados em vencer o inimigo,não tenham podido realizar o quanto estavam perdendo e não aproveitar a permanência em Natal para conhecer melhor os usos e costumes potiguares.
         A conversa com miss Kay incluiu também política, comércio, saúde publica educação e outros assuntos. Em todos eles a ilustre hospede tinha opinião própria. Falou-se ligeiramente sobre a mulher no Brasil. Notou miss Kay que a mulher em Natal ainda não tinha o grau de emancipação que de alguma forma já existia em Belém-PA- e Fortaleza-CE.

Gostaria de viver no Brasil
Miss Kay concluiu  a entrevista dizendo que Natal com o  magnífico  e permanente clima que tinha e a bonitinha cidade que era, poderia prestar-se a local ideal para um “resort place”. Disse ainda que gostaria de viver no Brasil  e ponto preferido de residência seria Natal.
         Disse que tinha um parente residindo no Rio de Janeiro a quem visitaria depois de Natal antes de regressar aos EUA.
         Não conseguimos encontrar algo a respeito de Catherine Kauffman no presente, possivelmente já deve ter falecido, caso alguém encontre algo teremos o maior prazer em acrescentar a essa história que remete a Natal na II Guerra Mundial.
            Seria Catherine Kauffman nessa foto na estação central da Ribeira?



quinta-feira, 16 de maio de 2019

TRAFEGO DA EFCRGN INTERROMPIDO EM TAIPU Em 1950



         Em 1950 ocorreu um desabamento de um barreira no km 57 (1 km após a estação de Taipu) que deixou completamente interrompido o trafego ferroviário , havendo o comboio da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN que se destinava a Angicos-Oscar Nelson, no dia 26/04/1950 regressado depois de haver atingido a estação de Itapassaroca.
         Juntamente com a barreira rolou um bloco de pedra de cerca de 4 toneladas, ficando sobre os trilhos, dificultando bastante os trabalhos de desobstrução, que somente no dia seguinte foi removida e finalizada a desobstrução do trecho.
         O tráfego já estava completamente restabelecido e trafegando os trens normalmente logo a após os serviços de remoção dos entulhos que causaram a interrupção do trafego em Taipu.

Fonte: Diário de Natal, 30/04/1950,p.4.

          A baixo um dos cortes da estrada de ferro em Taipu com queda de rochas após chuvas como deve ter ocorrido no episódio citado a cima.
                                Corte da estrada de ferro  em Taipu

Fotos: do autor do blog, 2015.



O PROLONGAMENTO DA EFCRGN ATÉ OSCAR NELSON



         A administração da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte tornava público em 21/06/1949 que se encontrava aberto ao tráfego de passageiros e mercadorias o prolongamento ferroviário de 25 km além de Angicos, na direção de São Rafael, tendo instalado no km 13 daquele prolongamento a Parada José Martins e como terminal a Estação Oscar Nelson.











Fotos: Bruno Johnson.


Fonte: Diário de natal, 21/06/1949, p.6.


SOBRE A PONTE DO UMARI





Em 01/07/1907 o engenheiro Cândido César do Couto Cartaxo seguia para a terceira residência  de construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte  a fim de iniciar ali os serviços da mesma.
         A terceira residência da EFCRGRN abrangia os km 56 a 60, além do Taipu ( da Vila até o Umari as margens do rio Ceará-Mirim) e nela se achava compreendida a grande ponte sobre o rio Ceará-Mirim.
         Esta ponte metálica, de treliças, sistema Pratt, teria 4 vãos, de 35 metros cada um e custaria pouco menos de 200 contos de réis.
         Sua estrutura metálica foi adquirida em Londres pelo governo brasileiro e enviada para a alfândega do Recife e dali para o porto de Natal.
         A ponte do Umari só seria inaugurada em agosto de 1909 já com a EFCRGN arrendada a firma Proença & Gouveia.

Fonte: A República, 01/07/1907, p.1.

                                   A ponte do Umari em 2015










Fotos: do autor do blog,2015.



NOSSA SENHORA DO INHANDÚ



         Dificilmente alguém já ouviu falar nessa invocação a Virgem Maria por isso vamos explicá-la para o leitor. Fazendo minhas pesquisas encontrei essa singular devoção que a revista Brasil Social publicou em 1927.
                   As múltiplas invocações da Santíssima Virgem tem sua razão de ser em algum fato da vida da mesma Senhora ou em acontecimentos humanos em que é invocada: é assim que a chamamos dos Prazeres ou dos Aflitos.
         Inhandú era em 1927 uma fazenda situada 3 léguas ao sul da Vila do Taipu, no Rio Grande do Norte, pertencente a dona Josefa Maria Cavalcanti (atualmente o Inhandú faz parte do território do município de Poço Branco).
         A piedade desta senhora idealizou um meio de perpetuar em sua fazenda a devoção a Santíssima Virgem.
         A distância de 300 metros mais ou menos, da casa de morada, em um afloramento rochoso, em meio da caatinga  plana e avarzeada, veem-se grandes massas de granito, superpostas umas as outras.Foi este lugar escolhido para a gruta da Imagem da Virgem de Lourdes, cavada a golpes de cinzel do hábil artista Delfino Martins.
         No dia 29/03/1925, o padre Manuel da Costa, sobrinho e filho adotivo da proprietária coma devida licença do Bispo Diocesano, benzeu a Imagem e celebrou o santo sacrifício da missa em um altar improvisado para aquela cerimônia, ao pé da gruta.
         Ao terminar, o padre Costa usou da palavra, profundamente comovido, salientando a competência do artista que ajudara ao santo sacrifício e a devoção de sua tia, cujo documento estava ali perpetuado naquela mesma pedra em que ele passara tantos dias felizes de sua infância.
         Fez ver a piedosa assistência quanto aquele sitio pela solidão que o envolvia, pelo encanto da vista que dele se descortina, pela poesia que trescalava o contraste dos musgos da rocha que a diziam velha e dos imbés que a apresentavam sempre nova, quanto aquele sitio convidava à oração; que a Virgem tão meiga, tão compassiva, ali estava sempre para receber as suas preces,quer nos momentos fugaces de alegria, que nas horas intérminas de amargura; e que daquela hora em diante para aquele povo aquela Imagem deixaria de ser chamada Nossa Senhora de Lourdes, porque ele a consagrava e proclamava: Nossa Senhora do Inhandú! E de muitos peitos se ouviu a súplica: Nossa Senhora do Inhandú ragai por nós!
         Quem passava por aquela fazenda naquela época, as horas caladas da noite, havia de ver a luz silenciosa de um farol que em nome daquele povo dizia enquanto ele dorme o sono pacato de quem trabalhava: Nossa Senhora do Inhandú: rogai por nós! (BRASIL SOCIAL, 1927, p.22). 
             A baixo imagens da Inhandú.
A gruta onde foi colocada a imagem de Nossa Senhora de Lourdes em 1925
                               
Foto: Davi Pinheiro.

                                             Aspectos do Inhnadú

                                                                          Foto: Davi Pinheiro.


                                                          Foto: Davi Pinheiro.



                                                                         Foto: Davi Pinheiro.


                                                                         Foto: Davi Pinheiro.

         Atualmente se fazem romarias até os lajedos do Inhandú onde o povo alimenta aquela antiga devoção da Virgem Maria sobre as rochas vigiando a vida e a fé do povo que lhe devota orações.
         Como dito o Innhadú é presentemente um distrito do município de Poço Branco. Já como paróquia o mesmo está dentro do território da paróquia Nossa Senhora do Livramento que é formada pelos municípios de Taipu e Poço Branco.