Catherine
(Kay) Kauffman era uma jovem professora americana de Detroit, Michigan, simpática,
inteligente, corajosa. Durante a II Guerra foi das primeiras moças americanas a
oferecer-se a prestar serviços ao seu país.
Alistou-se na Cruz Vermelha tendo sido
enviada a mais de um teatro da guerra.Esteve algum tempo na Inglaterra, vindo
depois para a América do Sul.
O término do conflito encontrou-a
prestando serviços no 140h Station Hospital, em Parnamirim Field, Natal-RN como
encarregada do Recreation Departament da American Red Cross.
Desmobilizada nos EUA, depois de ter
vivido 18 meses em Natal, sentiu saudades do Brasil, especialmente da terra
potiguar, do nosso povo, do nosso clima. E antes de decidir voltar ás
atividades no magistério, resolveu retornar a passeio a Natal. Essa visita
ocorreu em 1948, três anos após o fim da II Guerra Mundial e quatro após miss
Kay ter servido na Base Aérea de Parnamirim.
A professora americana passou um mês na
capital potiguar tendo sido hospede da Sra. Clô Pedrosa, esposa do prefeito
Silvio Pedrosa, casal que conhecera quando esteve em serviço durante a II
Guerra servindo na Cruz Vermelha americana.
Em contato com Miss Kay
Num domingo pela manhã o jornal Diário
de Natal esteve em companhia de Miss Kay Kauffman para entrevistá-la, quando ela se
preparava após o café para um banho de mar em Areia Preta,em companhia de
amigas brasileiras.
Ao citado jornal disse que depois da
Guerra muitos dos seus compatriotas que estiveram oportunidade de servir no
Brasil gostariam de voltar ao nosso país, ao menos para uma
visita.Especialmente os que viviam na parte norte dos EUA, zona muito fria
durante o inverno, gostariam de voltar e passar longo tempo em Natal, cujo
clima consideravam dos melhores do mundo.Alguns deles tinham procurando estabelecer-se
na Califórnia, cujas condições metereologicas se assemelhavam as do nordeste
brasileiro.
Em Natal, durante a Guera, os
americanos em Parnamirim se queixavam de não terem permissão para percorrer
parte maior da cidade.Permaneciam confinados a Parnamirim, vivendo
exclusivamente entre seus compatriotas, com rápidas e esporádicos contatos com
brasileiros.
Da cidade pouco conheceram, além das
reuniões no USO Club.e apenas 1% de cada esquadrão tinha permissão de vir a
cidade nos dias de folga.Se maior
tivesse sido o contato entre americanos e brasileiros maior teria sido a
camaradagem existente os dois povos.
Os americanos teriam tido oportunidade,
por exemplo, de ter aprendido o português. O conhecimento da nossa língua teria
alargado a compreensão entre ambos.
Natal cresceu
Continuou miss Kay dizendo que naquela estadia
na capital potiguar a cidade de Natal lhe estava sendo melhor revelada.Estava
ela percorrendo todos os bairros.Acreditava que Natal tinha crescido em tamanho
e progredido muito, desde que os seus compatriotas regressaram aos Estados
Unidos.Um dos aspectos que mais lhe chamou atenção foi o enorme número de
construções no perímetro urbano de Natal. Acreditava que sem construía na
capital potiguar residências em maior proporção que nos EUA.
Abaixo aspectos de Natal em 1954, tais aspectos foram vistos por Catherine Kauffman ao retornar a capital potiguar.
Fotos: Revista Fon fon, 1954,p.22-23. |
Miss Kay ficou vivamente interessada
quando o repórter lhe explicou que algumas dessas construções vinham sendo
financiada pelos institutos de previdência especialmente o dos Comerciários
para liquidação em 80 anos. A seu pedido, o repórter teve que entrar em maiores
detalhes sobre a previdência social no Brasil (DIÁRIO DE NATAL, 18/02/1948, p.6).
(qualquer coincidência não é mera semelhança com o presente ).
Miss Kay disse que nessa visita a Natal teve a
oportunidade de travar relações com muitas famílias brasileiras.Estava
conhecendo melhor o temperamento do povo brasileiro.Dona de grande vivacidade
mental, nos 30 dias já estava em condições de entender quase tudo que se lhe
dissesse em português, embora não pudesse ainda expressar-se em nosso
idioma.Essa capacidade de entender o que escutava dizia ela, tinha ajudado compreender melhor o povo brasileiro,
sobretudo o natalense.
Uma volta pela Base
Miss Kay manifestou desejo de visitar
detidamente a Base de Parnamirim e rever os edifícios onde por tanto tempo
trabalhou e que lhe trariam sem dúvida, tantas recordações do período movimentado
de sua vida.Acredita ela que muitos dos seus compatriotas dariam tudo para
rever também Parnamirim, de onde tinha sentido saudades.Lamentável eles que
durante a Guerra, preocupados em vencer o inimigo,não tenham podido realizar o
quanto estavam perdendo e não aproveitar a permanência em Natal para conhecer
melhor os usos e costumes potiguares.
A
conversa com miss Kay incluiu também política, comércio, saúde publica educação
e outros assuntos. Em todos eles a ilustre hospede tinha opinião própria. Falou-se
ligeiramente sobre a mulher no Brasil. Notou miss Kay que a mulher em Natal ainda
não tinha o grau de emancipação que de alguma forma já existia em Belém-PA- e
Fortaleza-CE.
Gostaria de viver no Brasil
Miss
Kay concluiu a entrevista dizendo que
Natal com o magnífico e permanente clima que tinha e a bonitinha
cidade que era, poderia prestar-se a local ideal para um “resort place”. Disse
ainda que gostaria de viver no Brasil e
ponto preferido de residência seria Natal.
Disse que tinha um parente residindo no
Rio de Janeiro a quem visitaria depois de Natal antes de regressar aos EUA.
Não conseguimos encontrar algo a
respeito de Catherine Kauffman no presente, possivelmente já deve ter falecido,
caso alguém encontre algo teremos o maior prazer em acrescentar a essa história
que remete a Natal na II Guerra Mundial.
Seria Catherine Kauffman nessa foto na estação central da Ribeira?
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