quinta-feira, 23 de maio de 2019

INAUGURAÇÃO DA 2ª SEÇÃO DA ESTRADA DE FERRO NATAL A NOVA CRUZ



         Em 31/10/1882 ocorreu a inauguração do tráfego da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz entre São José de Mipibu e as vilas de Goianinha, Penha e Nova Cruz.
Estiveram presentes aos atos solenes o então presidente da província, o general Antonio Tiburcio Ferreira e Souza, presidente da Assembleia Provincial, Euclides Deocleciano de Albuquerque, o engenheiro fiscal do governo, José de Cupertino Coelho  Cintra, o superintendente da ferrovia, Jason Rigby e demais convidados, que partiram de Natal as 07h00 e chegaram a Nova Cruz as 11h00.
         O advogado da companhia, Luiz Antonio Ferreira Souto, ofereceu um delicado almoço,no qual se trocaram diversos brindes,sendo:
-Ao progresso e ao brilhante futuro da província;
-Ao presidente da província, Francisco de Gouveia da Cunha Barreto/
-Ao general Tibúrcio;
-Ao presidente da Assembleia Provinicial;
-A Euclides Diocleciano de Albuquerque;
-Ao engenheiro fiscal, José de Cupertino Coelho Cintra.
-Ao superintendente da ferrovia, Jason Rigby.
E muitos outros que seria enfadonho enumerar.
Reinando a mais completa cordialidade entre os convidados que voltaram a capital potiguar as 20h00.
         Estava, pois inaugurada o trecho da 2ª seção da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz e aquele dia 31/10/1882 seria uma data imorredoura para a província, segundo se publicava nos  jornais da capital potiguar.
Fonte: Diário de Pernambuco, 04/11/1882, p.1.
        foram inauguradas neste dia as estações de Goianinha, Penha (Canguaretama), Piquiri Cuitezeiras (atual Pedro Velho) e Montanhas.Além das paradas intermediárias Balbum, Estivas.


quarta-feira, 22 de maio de 2019

SOBRE COMO FOI APAGADO O NOME DE NÍSIA FLORESTA NA CAPITAL POTIGUAR


      Demasiado seria dissertar sobre a importância de figura de Nísia Floresta, sobretudo nestes tempos onde está em voga o debate sobre o protagonismo feminino.Muitos já se debruçaram sobre esse tema.
       Hoje trataremos sobre a falta de memória (ou do apagamento dela) na capital potiguar da figura de Nísia Floresta.Muitos poderão argumentar que já não basta a mudança de nome do município de Papari para o de Nísia Floresta ocorrido em 1948 para homenageá-la? Sim é inegável esse gesto daquele município em homenagear sua filha mais ilustre, porém em Natal outras homenagens se fizeram antes dessa e que foram apagadas pelo tempo (no mínimo). Vejamos.

A herma a Nísia Floresta
         Em 1911 foi inaugurado em Natal a herma a Nísia Floresta na praça Augusto Severo, na Ribeira.Sobre esse acontecimento escreveu o jornal A Imprensa: “teve grande concorrência e solenidade a festa da inauguração do monumento a Nísia Floresta , no jardim público da Ribeira”.(A IMPRENSA, 22/03/1911,p.6).As mais graduadas pessoas de Natal assistiram a brilhante festividade”.
        Segundo a Revista da Semana (1939) a herma a Nísia Floresta havia sido um presente do governo francês ao povo brasileiro.
O monumento foi demolido naquele ano de 1939 para espanto do redator chefe da Revista da Semana, Vidal de Barros, que assinava uma matéria sobre o pioneirismo do feminismo da ilustre potiguar, e as fotos foram estampadas na referida revista, tendo sido as imagens captadas pelo fotografo natalense João Alves de Melo colaborador da citada revista.
Ao enviar as fotos para a revista João Alves escreveu em carta anexa:
         “É com desprazer que comunico ao prezado confrade que, em dias do ano passado, foi criminosamente retirada da praça pública, a herma de Nísia Floresta, depois de se achar em completo abandono, como provo com a fotografia junta, pelo prefeito da cidade dr. Gentil Ferreira de Souza, sem nenhum protesto do Instituto Histórico”. (REVISTA DA SEMANA, 1939, p.33).
         Eis a baixo a foto enviada por João Alves a Revista da Semana mostrando o abandono da herma a Nísia Floresta. 

Fonte: João Alves, Revista da Semana, 1939, p.33
       Como a prefeitura deixou isso acontecer e por que o IHGRN não o impediu ou ao menos protestou com  tamanho desrespeito a figura de Nísia Floresta?
         Ao que tudo indica a repercussão da matéria publicada na Revista da Semana não foi positiva e a prefeitura tratou de reparar os danos cometidos contra o monumento, tanto que no nº 52 da referida revista de 02/12/1939 foram informações documentadas de que a herma de Nísia Floresta havia retornado ao seu antigo lugar.
       Segundo a citada revista o prefeito da bela capital norterigorandense do norte (potiguar é melhor) dr. Gentil Ferreira de Souza, que tem nítida compreensão do valor do nosso patrimônio histórico,lendo a sensacional reportagem, apressou-se em reparar o erro ou descaso que tinha levado mãos menos humanas a cometer esse atentado e mandou, sem demora, reerguer o monumento que perpetua, orgulho do Rio Grande do Norte.
        As imagens a baixo foram enviadas pelo fotógrafo João Alves de Melo que mostravam as fases do trabalho de levantamento da herma daquela que foi grande na sua época e que ficou na História com a gloria de ter sido a precursora do feminismo no Brasil.




Fonte: Revista da Semana, 13/01/1940,p.39,
         É desconhecido por nós como levou fim o monumento que havia na Praça Augusto Severo da Ribeira que homenageava Nísia Floresta.

A Avenida Nísia Floresta
         Havia já na década de 1930 em Natal a Avenida Nísia Floresta, importante artéria do bairro da Ribeira que fazia confluência com a Praça José da Penha (ex Leão XIII) e a Silva Jardim. Sabe-se lá por quais motivos o nome da avenida foi alterado para o atual Duque de Caxias.


Fonte: Revista Carioca, 1936,p.5

Fonte: Revista O  Malho, 1935,p.31.

O nome de Nísia Floresta permanece apenas numa pequena travessa que passa ao lado do prédio da Tribuna do Norte, menos vistosa e importante como seria a altura da homenageada.
A baixo aspectos atuais da Avenida Duque de Caxias onde fora outrora a Avenida Nísia Floresta. 





Fonte: Google  Earth, 2019.
Por fim e  menos gloriosa, a rua Nísia Floresta no bairro da Ribeira.Foi o que restou a ilustre potiguar em Natal.


Fonte: Google Earth, 2019.

Há atualmente debates, discursos, discussões, simpósios e mais simpósios, congressos, seminários, audiências públicas para se mudar o nome da Avenida Salgado Filho (que nada tem a ver com o RN) para Nísia Floresta.Pelo andar das coisas, ficará somente no campo das discussões.
Epilogo




Fonte: Revista da Semana, 1939.

SOBRE O EPISCOPADO DE DOM JOSÉ PEREIRA, O TERCEIRO BISPO DE NATAL


         Dom José Pereira Alves, pernambucano nascido em Palmares a 05/03/1885, foi o terceiro bispo a assumir bispado de Natal que a época compreendia todo o território do Rio Grande do Norte, foi uma das figuras mais brilhantes e sugestivas do episcopado brasileiro.
         Membro conspícuo da Academia Pernambucana de Letras, orador do Instituto Arqueológico e Instituto Histórico de Pernambuco, tribuno notável, jornalista, escritor seguro e elegante, polemista formidável, publicista  e critico de nota.Eram estes os elogios que se dizia do referido antiste na revista Brasil Social em 1928.
         Ainda segundo a mesma revista Dom José Pereira era um expoente da cultura católica, filosófica e literária do Brasil contemporâneo (até então).
Foi um homem de ciência e de letras, com erudição variada e brilhante, tendo sido um nome aclamado nas altas rodas intelectuais.
O episcopado de Dom José Pereira no então bispado de Natal foi breve, porém profícuo. O apostolado social foi sem dúvida, um dos mais brilhante e fecundo.
                                 Dom José Pereira Alves


De seu episcopado em terras potiguares destaca-se o que se segue.
A organização das forças católicas, a semana da imprensa, a fundação e manutenção do jornal “Diário de Natal”, a semana pedagógica católica, a fundação das caixas rurais, a Confederação Católica do Rio Grande do Norte, os grandes sermões quaresmais, a festa triunfal de Cristo Rei, as páscoas dos intelectuais, dos jornalistas e dos militares, o trabalho para a organização do patrimônio da diocese, o cuidado dispensado a mocidade católica, o carinho e a dedicação para com o Seminário são Pedro e os outros institutos diocesanos, o curso superior de religião, a fundação do Colégio Santa Teresinha do Menino Jesus, em Caicó, as visitas pastorais por todas as paróquias da diocese, a aproximação de muitos homens a mesa eucarística, o desenvolvimento das associações religiosas, o espírito de fé e a disciplina no seio da congregação Mariana de Moços.
         Eis em rápidos traços, a ação apostólica e o trabalho fecundo de dom José Pereira Alves, admirável condutor de homens e espírito verdadeiramente organizador.
Dom José Pereira era de uma simplicidade e bondade encantadoras.
         Ricos e pobres, letrados e ignorantes, grandes e pequenos, velho e moços, jornalistas, estudantes, professores, todos enfim que se aproximavam do então bispo de Natal saiam encantados do seu trato afável e de suas maneiras delicadas. Na capital potiguar, habitou na modesta residência episcopal, onde o acordavam muitas vezes, numerosas almas a procura de uma palavra amiga e de um conselho sábio e prudente.
         Foi um prelado segundo o coração de Deus. Pregava diariamente.tinha um riso franco e acolhedor, recebia sempre com alegria e afeto os deserdados da sorte, os infelizes e os pobres.todos ficavam emocionados.
         O matutos, em sua linguagem rude e sincera, comentavam “um pasto dilicado, um pádi santo, amigo dos pobri í que insina a nois o caminho do céo”.
O cônego Melo Lula, que acompanhou Dom José Pereira Alves em inúmeras visitas pastorais pelos sertões adustos do Rio Grande do Norte, disse que o vira palestrando, inúmeras vezes, com o povo simples dos sertões, ensinando-lhes em linguagem simples, as grandes e eternas verdades da  fé e as belezas empolgantes do Evangelho.
Era um prazer espiritual, e dos mais puros e santos, ver o grande prelado e orador magnífico na intimidade com o rebanho cristão. Pelo exposto a cima, fica evidente que não se fazem mais bispos como antigamente.
Segundo publicou o cônego Melo Lula “o nome querido e glorioso de dom José Pereira Alves não se apagará jamais do coração generoso do povo e do clero do Rio Grande do Norte”, ao contrário do que previu o cônego Melo Lula, o nome do referido prelado foi esquecido pelo povo e pelo clero potiguar.

Dom José Pereira Alves foi transferido da Diocese de Natal para a Diocese de Niterói no estado do Rio de Janeiro em 1928. Niterói, Rio de Janeiro 21/12/1947 aos 62 anos.
Foi um bispo modelo.Era um encanto vê-lo em companhia dos pobres e dos humildes.De sua pobreza socorria como podia aos necessitados.Nos púlpitos das grandes cidades e nas tribuna cívica sua palavra fascinante precedia os horizontes com os fulgores do seu talento e cultura.dominava e empolgava os auditórios.Na intimidade com os seus sacerdotes era o amigo fiel e o pai estremecido.
Morreu como um justo, confortado com os sacramentos da Igreja e assistido por numerosos sacerdotes.
               Dom José Pereira Alves na diocese de Niterói


Fonte: Revista Cruzeiro,1944,p.30-31.

                                      Dom José Pereira Alves 

Fonte: A ordem, 1943,p.6



terça-feira, 21 de maio de 2019

O PRIMEIRO NORTE RIOGRANDENSE COM O TITULO DE BISPO?


Houve algum norteriongrandense que houvesse titulo de bispo antes de dom Joaquim Antônio de Almeida em 1906?
A indagação foi feita por Luis da Câmara Cascudo em sua coluna Acta Diurna no jornal Diário de Natal em 1948. A resposta ele mesmo nos fornece. Vejamos.
         Não tenho documentos para informar. Há, porém, uma tradição oral de que Mons. José Paulino de Andrade tivera o titulo de BISPO URBANO. Nada sei sobre esse titulo e prerrogativas. Um irmão do monsenhor, o professor Antonio Paulino de Andrade, disse-me: - Foi Bispo Urbano, o primeiro e até hoje o único no Brasil!
         José Paulino de Andrade nasceu em São José de Mipibu, a 16 de março de 1861 e faleceu no Recife a 24 de setembro de 1907. Estudava Medicina no Rio e Janeiro quando Dom José Pereira da Silva Barros, sagrado Bispo de Olinda, convidou-o para cursar o Seminário de Olinda e ordernar-se Padre em março de 1886, pároco numa das paróquias do Recife, tornou-se tribuno sacro aclamado, um dos mais poderosos na força original da argumentação e beleza do vocabulário.
Em 1888 foi Vigário Colado de Macaíba, no Rio Grande do Norte, conquistada por concurso. Ganhou a todos os seus paroquianos pela inteligência viva e pronta, a cultura atual, a bondade sorridente, a palavra fácil colorida e brilhantes.
Quando Pedro Velho fundou o Partido Republicano, a 27 de janeiro de 1889, o Vigário José Paulino veio ao Natal assistir a sessão solidarizar-se, assinando a ata.Era o primeiro vigário republicano no província.Proclamada a República, veterano na propaganda, polemista vitorioso, o padre sofreu as primeiras preterições da serie que acompanha na existência inteira.Divergindo de Pedro Velho onipotente orientador estadual, deixou em agosto de 1895, o Rio Grande do Norte, indo para o sul.Fixou-se em Pouso Alto, freguesia de Mariana, em Minas Gerais.

                      Monsenhor José Paulino Andrade

         Inquieto, envolvente, com o hábito do trabalho e da organização, sonhou transformar a paróquia num Bispado. Fundou um seminário, [o jornal] A PÁTRIA, e a 7 de fevereiro de 1897, começou a campanha. Venceu as resistências e os desânimos, animou, entusiasmou, conquistando a simpatia do Bispo de Mariana e do de São Paulo.Construiu a Catedral, o Seminário, o Colégio, o Paço Episcopal.Conseguiu o patrimônio.Só faltava ao Bispo.Ninguém discutia que a Santa Sé nomearia para o ninho quem o fizera.O Papa Leão XIII, a 4 de agosto de 1900, criou a Diocese de Pouso Alto.E a transferiu para  ela a dom João Batista Correia Neri, que estava no bispado do Espírito Santo.
         Com amargura, José Paulino deixou Pouso Alegre em outubro de 1901, voltando doente, esgotado, exausto pelo esforço ininterrupto de três anos, à sua terra.
De 1902 a março de 1903 paroquial em Papari e Touros. Em março de 1902, acendendo aos pedidos dos seus velhos paroquianos de Pouso Alto.Era tudo? Regressou lado Doméstico de sua Santidade. Era tudo? Regressou em janeiro de 1904, à Pouso Alegre[1] para despedir-se dos amigos.
Voltou a cidade do Natal, para a rua da Conceição, definitivamente.Pregava sempre, escrevia, ensinava, sempre alerta, vivo, poderoso.Na Semana Santa de 1906 emocionou a todos, no sermão do Encontro  e na Coroação de Nossa Senhora.
Adoecendo, viajou para o Recife onde morreu, meses depois.Os jornais diziam que “seus funerais tiveram a altura de uma apoteose”.

A Diocese de Pouso Alegre
Segundo o site da Arquidiocese de Pouso Alegre o primeiro passo para a criação da diocese de Pouso Alegre foi dado no dia 10 de maio de 1899, quando padre José Paulino foi nomeado visitador diocesano da porção sul-mineira do Bispado de São Paulo. No dia 08 de setembro do mesmo ano, padre José Paulino instalou o Seminário Menor e o Ginásio Diocesano São José.
Em 04 de agosto de 1900, a Sagrada Congregação Consistorial expediu o decreto pontifício Regio Latissime patens, por meio do qual nasceu a Diocese de Pouso Alegre, sufragânea do Arcebispado de São Sebastião do Rio de Janeiro. Isto significou que o território sul mineiro desmembrou das dioceses de São Paulo e Mariana. À época, aproximadamente 200 mil pessoas habitavam as 107 paróquias da nova Igreja episcopal, ocupando uma área de 49,4 mil quilômetros quadrados.
Como pastor da nova Diocese, a Santa Sé nomeou o então bispo de Vitória, Dom João Batista Corrêa Nery. A nomeação se deu no dia 17 de fevereiro de 1901.

Ainda sobre José Paulino de Andrade
O Monsenhor Severino Bezerra (Levitas do Senhor, p. 106) escreveu sobre o monsenhor José Paulino de Andrade:
Nasceu em São José do Mipibu a 16/03/1861, filho de José Paulino de Andrade e d. Rita Bernardina da Silva. Iniciou os estudos em sua cidade, depois veio para Natal cursar o secundário no Atheneu.
Foi para o Rio de Janeiro cursar medicina, mas afastou-se da universidade nos primeiros anos, retornando ao Nordeste. Ingressou no Seminário de Olinda e ordenou-se sacerdote em 14 de março de 1886, logo sendo designado para coadjutor de uma paróquia em Recife.
Dois anos mais tarde fez concurso para a Paróquia de Macaíba, sendo aprovado e logo nomeado vigário colado. Republicano (aliás, único padre desta Província a declarar-se publicamente contra a monarquia), tornou-se secretário e membro do Diretório, tendo ativa participação no movimento, ao lado de Pedro.
Em 1895 assumiu a Paróquia de Pouso Alegre-MG, onde fundou um colégio e um seminário, e lutou para a criação de um bispado. Ali também fundou um jornal, “A Pátria” (1897), e finalmente viu concretizar-se sua idéia: A diocese de Pouso Alegre foi criada em 1900 pelo Santo Padre Leão XIII.
Àquela época José Paulino foi agraciado com o título de Monsenhor Prelado Doméstico. Ainda foi Vigário em Papari (atual Nísia Floresta) e em Touros, no início deste século, mas teve que se afastar das suas funções para tratar da saúde. Não conseguindo resistir, veio a falecer em Recife a 23 de setembro de 1907.

A precedência episcopal potiguar

Ao que tudo indica o monsenhor José Paulino de Andrade morreu sem receber a pretensa dignidade episcopal e a precedência desta honraria que de fato coube a dom Joaquim Antonio de Almeida, natural de Goianinha, duas vezes agraciado com a dignidade de precedência, a primeira no Bispado do Piauí, atual arquidiocese de Teresina, como seu primeiro bispo diocesano de 12/03/1906 a 02/11/1910 no Bispado de Natal, atual arquidiocese de Natal, igualmente seu primeiro bispo diocesano de 15/06/1911, onde permaneceu até 1915.

                       Dom Joaquim Antonio de Almeida


Dom Joaquim Antônio de Almeida morreu em Macaíba em março de 1947 na condição de bispo emérito de Natal.



Fonte: Diário de Natal, 1948,16/03/1948, p.2.
Mons. Severino Bezerra, Levitas do Senhor, p. 106.
http://www.arquidiocese-pa.org.br/posts/viewpage/14.




[1] Câmara Cascudo alterna entre Pouso Alto e Pouso Alegre, no entanto trata-se da atual sede arquiepiscopal de Pouso Alegre-MG.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

SOBRE A PRIMEIRA PROCISSÃO AÉREA REALIZADA NO RIO GRANDE DO NORTE


Padroeira dos aviadores e da aviação
A casa onde viveu a Sagrada Família em Nazaré era uma relíquia conservada pelos católicos na Terra Santa. Era uma casinha pequena, feita de pedras à maneira que os nazarenos construíam. Sob aquele teto sagrado, "O anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo". Ali, São José ensinou Jesus o ofício da carpintaria. Ali, eles viveram em amor e felicidade. Ali, Jesus "crescia em estatura, em graça e em sabedoria diante do Senhor". Esta casa era um grande centro de peregrinações dos cristãos em Nazaré.
                                 Nossa Senhora do Loreto

Padroeira dos aviadores
Por acreditarem que a casa da Sagrada Família foi transportada de Nazaré até Loreto pelos ares, sendo levada pelas mãos dos anjos, a Igreja atribuiu a Nossa Senhora de Loreto a proteção aos aviadores, que transportam pessoas, materiais e progresso também pelos ares. Por isso, o Papa Paulo VI pediu para que se fizesse uma oração especial para a proteção dos aviadores. Desde então, a imagem de Nossa Senhora de Loreto se encontra em vários aeroportos do mundo.

A  primeira procissão aérea do Brasil
A primeira procissão aérea do Brasil realizou-se no Rio de Janeiro em 1947, composta por 13 aviões, tendo o cardeal dom Jaime Câmara laçado a benção a duas imagens de Nossa Senhora do Loreto, protetora dos aviadores. Durante 25 minutos, a procissão aérea sobrevoou a cidade, fazendo no momento da aterrissagem a entrega da imagem que foi em seguida levada para o altar armado no campo de pouso. Após a cerimônia foi realizada uma demonstração de planadores.

No Rio Grande do Norte
         Segundo o jornal A Cruz, constituiu inédito espetáculo na história do rio Grande do Norte a procissão aérea promovida no dia 13/05/1948, pela Base Aérea de Natal, por ocasião da Páscoa dos Militares da Força Aérea Brasileira ali sediada.Tendo sido a missa celebrada pelo bispo diocesano Dom Marcolino Dantas, com a presença de Dom Henrique Galain, bispo de Cajazeiras.
         Pela manhã, após a celebração da missa e comunhão dos oficiais, sargentos e soldados, benção da nova capela da Base de Parnamirim, estava programado uma imponente procissão aérea, a bordo dos novos aviões B-25, recém adquiridos pelo Brasil, com o intuito de reforçar a FAB.
         Em virtude das fortes chuvas caídas durante os preparativos para o maravilhoso propósito, foram suspensas as homenagens a Nossa Senhora do Loreto, padroeira dos aviadores.
         As 13h20, aproximadamente, partiram da Base Aérea de Parnamirim os 6 aviões B-25, conduzindo grande número de oficiais da FAB, autoridades civis e militares, diversos sacerdotes, entre os quais padre Neves Gurgel, capelão da Base Aérea.
         No aivão B-25-81 Capitania da Esquadrilha, foi conduzida a imagem de Nossa Senhora do Loreto, a excelsa padroeira dos aviadores.
         Inicialmente a esquadrilha percorreu toda a cidade, a procissão sobrevou as cidades de Natal, Baixa Verde, Padre Miguelinho, Nova  Cruz, Santa Cruz, Pedro Velho, Canguaretama, Goianinha,  Macaíba, Ceará-Mirim, Lajes (a época Itaretama), são Tomé, Santa Cruz, indo até as fronteiras do estado.De regresso, a esquadrilha do B-25 sobrevoou mais alguns municípios entre os quais São José de Mipibu.Nesta cidade os aviões da Base de Natal evoluíram por diversas vezes.
Na medida em que os aviões evoluíam sobre os municípios do Estado, o padre Neves Gurgel lançava uma saudação aos párocos de cada freguesia.
Esta grandiosa realização deveu-se em grande parte ao dinâmico e estimado major José Vaz da Silva, comandante da Base Aérea de Parnamirim, aos capelãs militares de Natal e de estados vizinhos, que vieram a convite da FA, dos oficiais, sargentos e praças da FAB.
A belíssima e comovente procissão foi transmitida em seus mínimos detalhes pela Rádio Poti de Natal.A transmissão alcançou grande êxito com exceção de algumas falhas perfeitamente explicáveis.”A Rádio Poti conseguiu, está é a verdade, oferecer ao mundo católico brasileiro uma reportagem radiofônica de grande envergadura”.
A tripulação do avião capitania da festa estava assim formada: piloto: tenente Campos; co-piloto: aspirante Brasil, mecânico: sargento Jamal, radio-operador: sargento Bulcão, fotógrafo: sargento Fonseca. (A CRUZ, 13/06/1948,p.3).Estavam presentes 610 soldados do ar, pertencentes a Base Aérea de Natal.
Do programa constou ainda um tríduo preparatório, nos dias 10, 11,12/05/1948, benção da imagem de Nossa Senhora do Loreto, benção dos novos aviões, decolagem da esquadrilha que sobrevoou a catedral e as principais paróquias da Diocese de Natal, conduzindo a bordo a imagem da padroeira dos aviadores, café para os comungantes, procissão terrestre conduzindo a imagem de Nossa Senhora do Loreto do hangar para  capela, benção do altar recentemente construído e benção do S.S Sacramento.
Foi a primeira vez que houve uma transmissão radiofônica dessa natureza no Rio Grande do Norte.
A baixo o poema da poetisa potiguar Palmira Wanderley dedicado a Nossa Senhora do Loreto


Fonte: A Ordem,15/05/1948,p.17 .