Demasiado seria dissertar sobre a importância
de figura de Nísia Floresta, sobretudo nestes tempos onde está em voga o debate
sobre o protagonismo feminino.Muitos já se debruçaram sobre esse tema.
Hoje trataremos sobre a falta de
memória (ou do apagamento dela) na capital potiguar da figura de Nísia
Floresta.Muitos poderão argumentar que já não basta a mudança de nome do município
de Papari para o de Nísia Floresta ocorrido em 1948 para homenageá-la? Sim é inegável
esse gesto daquele município em homenagear sua filha mais ilustre, porém em
Natal outras homenagens se fizeram antes dessa e que foram apagadas pelo tempo
(no mínimo). Vejamos.
A herma a Nísia Floresta
Em 1911
foi inaugurado em Natal a herma a Nísia Floresta na praça Augusto Severo, na
Ribeira.Sobre esse acontecimento escreveu o jornal A Imprensa: “teve grande concorrência
e solenidade a festa da inauguração do monumento a Nísia Floresta , no jardim
público da Ribeira”.(A IMPRENSA, 22/03/1911,p.6).As mais graduadas pessoas de
Natal assistiram a brilhante festividade”.
Segundo a Revista da Semana (1939) a
herma a Nísia Floresta havia sido um presente do governo francês ao povo brasileiro.
O
monumento foi demolido naquele ano de 1939 para espanto do redator chefe da
Revista da Semana, Vidal de Barros, que assinava uma matéria sobre o pioneirismo
do feminismo da ilustre potiguar, e as fotos foram estampadas na referida
revista, tendo sido as imagens captadas pelo fotografo natalense João Alves de
Melo colaborador da citada revista.
Ao
enviar as fotos para a revista João Alves escreveu em carta anexa:
“É com desprazer que comunico ao
prezado confrade que, em dias do ano passado, foi criminosamente retirada da
praça pública, a herma de Nísia Floresta, depois de se achar em completo
abandono, como provo com a fotografia junta, pelo prefeito da cidade dr. Gentil
Ferreira de Souza, sem nenhum protesto do Instituto Histórico”. (REVISTA DA
SEMANA, 1939, p.33).
Eis a baixo a foto enviada por João Alves
a Revista da Semana mostrando o abandono da herma a Nísia Floresta.
Como a prefeitura deixou isso acontecer e por que o IHGRN não o impediu ou ao menos protestou com tamanho desrespeito a figura de Nísia Floresta?
Ao que tudo indica a repercussão da
matéria publicada na Revista da Semana não foi positiva e a prefeitura tratou
de reparar os danos cometidos contra o monumento, tanto que no nº 52 da
referida revista de 02/12/1939 foram informações documentadas de que a herma de
Nísia Floresta havia retornado ao seu antigo lugar.
Segundo a citada revista o prefeito da
bela capital norterigorandense do norte (potiguar é melhor) dr. Gentil Ferreira
de Souza, que tem nítida compreensão do valor do nosso patrimônio histórico,lendo
a sensacional reportagem, apressou-se em reparar o erro ou descaso que tinha
levado mãos menos humanas a cometer esse atentado e mandou, sem demora,
reerguer o monumento que perpetua, orgulho do Rio Grande do Norte.
As imagens a baixo foram enviadas pelo
fotógrafo João Alves de Melo que mostravam as fases do trabalho de levantamento
da herma daquela que foi grande na sua época e que ficou na História com a
gloria de ter sido a precursora do feminismo no Brasil.
Fonte: Revista da Semana, 13/01/1940,p.39, |
É desconhecido por nós como levou fim o
monumento que havia na Praça Augusto Severo da Ribeira que homenageava Nísia
Floresta.
A Avenida Nísia Floresta
Havia
já na década de 1930 em Natal a Avenida Nísia Floresta, importante artéria do
bairro da Ribeira que fazia confluência com a Praça José da Penha (ex Leão
XIII) e a Silva Jardim. Sabe-se lá por quais motivos o nome da avenida foi
alterado para o atual Duque de Caxias.
Fonte: Revista Carioca, 1936,p.5 |
Fonte: Revista O Malho, 1935,p.31. |
O
nome de Nísia Floresta permanece apenas numa pequena travessa que passa ao lado
do prédio da Tribuna do Norte, menos vistosa e importante como seria a altura
da homenageada.
A baixo aspectos atuais da Avenida Duque de Caxias onde fora outrora a Avenida Nísia Floresta.
Por fim e menos gloriosa, a rua Nísia Floresta no bairro da Ribeira.Foi o que restou a ilustre potiguar em Natal.
Há atualmente debates, discursos, discussões, simpósios e mais simpósios, congressos, seminários, audiências públicas para se mudar o nome da Avenida Salgado Filho (que nada tem a ver com o RN) para Nísia Floresta.Pelo andar das coisas, ficará somente no campo das discussões.
Epilogo
A baixo aspectos atuais da Avenida Duque de Caxias onde fora outrora a Avenida Nísia Floresta.
Fonte: Google Earth, 2019. |
Fonte: Google Earth, 2019. |
Há atualmente debates, discursos, discussões, simpósios e mais simpósios, congressos, seminários, audiências públicas para se mudar o nome da Avenida Salgado Filho (que nada tem a ver com o RN) para Nísia Floresta.Pelo andar das coisas, ficará somente no campo das discussões.
Epilogo
Fonte: Revista da Semana, 1939. |
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