quarta-feira, 22 de maio de 2019

SOBRE COMO FOI APAGADO O NOME DE NÍSIA FLORESTA NA CAPITAL POTIGUAR


      Demasiado seria dissertar sobre a importância de figura de Nísia Floresta, sobretudo nestes tempos onde está em voga o debate sobre o protagonismo feminino.Muitos já se debruçaram sobre esse tema.
       Hoje trataremos sobre a falta de memória (ou do apagamento dela) na capital potiguar da figura de Nísia Floresta.Muitos poderão argumentar que já não basta a mudança de nome do município de Papari para o de Nísia Floresta ocorrido em 1948 para homenageá-la? Sim é inegável esse gesto daquele município em homenagear sua filha mais ilustre, porém em Natal outras homenagens se fizeram antes dessa e que foram apagadas pelo tempo (no mínimo). Vejamos.

A herma a Nísia Floresta
         Em 1911 foi inaugurado em Natal a herma a Nísia Floresta na praça Augusto Severo, na Ribeira.Sobre esse acontecimento escreveu o jornal A Imprensa: “teve grande concorrência e solenidade a festa da inauguração do monumento a Nísia Floresta , no jardim público da Ribeira”.(A IMPRENSA, 22/03/1911,p.6).As mais graduadas pessoas de Natal assistiram a brilhante festividade”.
        Segundo a Revista da Semana (1939) a herma a Nísia Floresta havia sido um presente do governo francês ao povo brasileiro.
O monumento foi demolido naquele ano de 1939 para espanto do redator chefe da Revista da Semana, Vidal de Barros, que assinava uma matéria sobre o pioneirismo do feminismo da ilustre potiguar, e as fotos foram estampadas na referida revista, tendo sido as imagens captadas pelo fotografo natalense João Alves de Melo colaborador da citada revista.
Ao enviar as fotos para a revista João Alves escreveu em carta anexa:
         “É com desprazer que comunico ao prezado confrade que, em dias do ano passado, foi criminosamente retirada da praça pública, a herma de Nísia Floresta, depois de se achar em completo abandono, como provo com a fotografia junta, pelo prefeito da cidade dr. Gentil Ferreira de Souza, sem nenhum protesto do Instituto Histórico”. (REVISTA DA SEMANA, 1939, p.33).
         Eis a baixo a foto enviada por João Alves a Revista da Semana mostrando o abandono da herma a Nísia Floresta. 

Fonte: João Alves, Revista da Semana, 1939, p.33
       Como a prefeitura deixou isso acontecer e por que o IHGRN não o impediu ou ao menos protestou com  tamanho desrespeito a figura de Nísia Floresta?
         Ao que tudo indica a repercussão da matéria publicada na Revista da Semana não foi positiva e a prefeitura tratou de reparar os danos cometidos contra o monumento, tanto que no nº 52 da referida revista de 02/12/1939 foram informações documentadas de que a herma de Nísia Floresta havia retornado ao seu antigo lugar.
       Segundo a citada revista o prefeito da bela capital norterigorandense do norte (potiguar é melhor) dr. Gentil Ferreira de Souza, que tem nítida compreensão do valor do nosso patrimônio histórico,lendo a sensacional reportagem, apressou-se em reparar o erro ou descaso que tinha levado mãos menos humanas a cometer esse atentado e mandou, sem demora, reerguer o monumento que perpetua, orgulho do Rio Grande do Norte.
        As imagens a baixo foram enviadas pelo fotógrafo João Alves de Melo que mostravam as fases do trabalho de levantamento da herma daquela que foi grande na sua época e que ficou na História com a gloria de ter sido a precursora do feminismo no Brasil.




Fonte: Revista da Semana, 13/01/1940,p.39,
         É desconhecido por nós como levou fim o monumento que havia na Praça Augusto Severo da Ribeira que homenageava Nísia Floresta.

A Avenida Nísia Floresta
         Havia já na década de 1930 em Natal a Avenida Nísia Floresta, importante artéria do bairro da Ribeira que fazia confluência com a Praça José da Penha (ex Leão XIII) e a Silva Jardim. Sabe-se lá por quais motivos o nome da avenida foi alterado para o atual Duque de Caxias.


Fonte: Revista Carioca, 1936,p.5

Fonte: Revista O  Malho, 1935,p.31.

O nome de Nísia Floresta permanece apenas numa pequena travessa que passa ao lado do prédio da Tribuna do Norte, menos vistosa e importante como seria a altura da homenageada.
A baixo aspectos atuais da Avenida Duque de Caxias onde fora outrora a Avenida Nísia Floresta. 





Fonte: Google  Earth, 2019.
Por fim e  menos gloriosa, a rua Nísia Floresta no bairro da Ribeira.Foi o que restou a ilustre potiguar em Natal.


Fonte: Google Earth, 2019.

Há atualmente debates, discursos, discussões, simpósios e mais simpósios, congressos, seminários, audiências públicas para se mudar o nome da Avenida Salgado Filho (que nada tem a ver com o RN) para Nísia Floresta.Pelo andar das coisas, ficará somente no campo das discussões.
Epilogo




Fonte: Revista da Semana, 1939.

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