sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A SANTA QUE CHORAVA NAS ROCAS EM 1956



         Em 1956 apareceu no jornal O Poti a noticia de uma santa que chorava no bairro das Rocas em Natal.
         Segundo o referido jornal a noticia correu célere pela cidade. A Santa que chorava havia aparecido no bairro das Rocas e logo se formou extensa multidão para ver a imagem que, segundo alguns já estaria fazendo milagres.
         De acordo com o jornal um enorme exército de homens, mulheres e crianças logo se formou em frente da casa onde se encontrava a imagem da santa, todos desejosos de tomar conhecimento do fenômeno que apaixonou, senão toda, pelo menos uma parte da população.
As historias envolvendo o acontecido começavam a desfilar num crescimento assustador.
Quase todos os presentes tinham a sua parte nas conversações; dava sua opinião sobre o acontecimento, e cada cez mais o cordão dos curiosos aumentava.

Crentes, críticos e céticos
Segundo o jornal de um lance de olho sobre as visitas a Santa via-se gente de todas as categorias sociais: uns crendo, piamente, que a Santa de fato possui lágrimas, enquanto outros, entre críticos e céticos acham que o liquido que escorre pela frente da imagem nada mais significa do que o brilho do gesso produzido pelo reflexo da luz de uma vela posta próxima ao altar.
         Segundo o jornal o bairro das Rocas viu-se de um momento para outro transformado em centro de atração para milhares de pessoas na casa de Antonio Farias, funcionário da prefeitura, onde se dava o fenômeno, dando a residência um aspecto festivo.

O fenômeno
         Antonio Farias, humilde servidor público, residente a rua São Sebastião, 47, declarou ao repórteres do jornal O Poti que precisamente as 07h00 da terça-feira de carnaval, dona Francisca Nunes da Silva, sua conhecida, residente na mesma rua, 49, notou que a imagem de Nossa Senhora de Fátima estava com os olhos molhados dando a nítida impressão que chorava.Olhada a imagem por Antonio Farias e outras pessoas, constatou-se o fenômeno.Espalhou-se a noticia e não parou mais de chegar pessoas para a Santa.

Pessoas se aglomerando na casa da Antônio Farias na rua São Sebastião nas Rocas para ver o fenômeno.
Fonte: O Poti.

        Paralelamente a esta historia, José Farias, morador na casa da aparição, ao ver  a imagem teve um ataque caindo ao solo,s em sentido.Ao tornar, o rapaz não pode falar, tendo permanecido até agora sem articular qualquer palavra.O mesmo rapaz,segundo informações, olhando pela segunda vez a Imagem teve outro ataque, novamente ficando em estado inconsciente.


José Farias, o jovem que supostamente ficou mudo após a Santa chorar.
Fonte: O Poti.


Um bilhete de afirmação
         Escrito em péssimo português, foi mostrado ao repórter um bilhete feito pelo jovem José Farias no qual dizia aquele rapaz que Nossa Senhora de Fátima o havia tirado a fala a fim de que ele não revelasse que tivera uma visão, dito o rapaz faz-se entender por gestos e segundo conseguiu saber o repórter, antes de o mesmo perder a fala mandou chamar uma senhorinha sua conhecida e residente a mesma rua e pediu para que ele não continuasse a dançar, atendendo assim a uma promessa feita a Santa...

Horário dos choros
       Escrito em péssimo português e que tem estado em contato com a Imagem afirmaram que a Santa sempre estar a chorar nos horários das duas, quatro e seis horas, momentos em que aumenta a turma interessada no desfecho desse interessante caso que vinha polarizando as atenções da maioria da população.




A vez da igreja
         Dadas as circunstancias em que apareceu a Imagem e o interesse que se avolumava em torno do assunto, o jornal dizia que a Igreja tinha por obrigação de tomar conhecimento do fato para em caso de não se constatar a veracidade do que se afirmava procurar cessar as explorações que se vinha a fazer, prevenindo desde logo os incautos para tomassem as suas precauções. O jornal ficou em atitude de expectativa aguardando o desenrolar dos acontecimentos.

Fonte: o Poti, 18/02/1956, p.3.


A rua São Sebastião nas Rocas atualmente.
A casa do meio é a de numero 47 onde supostamente teria ocorrido o fenômeno descrito a cima.
Fonte: Google Earth.

         Não encontramos maiores informações sobre o ocorrido e a posição da igreja sobre o tal fenômeno.Se não se confirmou o fenômeno, ao menos hoje serve como um pitoresco ocorrido naquele bairro da capital potiguar.
         Da nossa parte apenas dizemos como São Paulo “tudo conhecer, nada desdenhar”.

O GRANDE FAROL DE NATAL



         Como no aspecto demográfico a cidade do Natal encontrava-se numa fase de intenso desenvolvimento urbano que a colocava em posição de relevo confrontando-se com muitas outras capitais nordestinas.
         Vez por outra surgiam empreendimentos públicos e particulares que iam possibilitando expansão e beleza com rapidez.
Focalizaremos hoje a visita feita pelo jornal Diário de Natal ao Farol de Natal construído pela Diretoria de Hidrografia e navegação do Ministério da Marinha, nas dunas de Areia Preta.
         O acesso ao local dava-se pelo prosseguimento da Rua Potengi indo até as antigas instalações do Exercito na praia de Mãe Luiza.Disse o repórter do Diário de Natal sobre o local de acesso ao farol: “além da falta absoluta de conservação, pudemos observar o espetáculo desolador do desmoronamento das dunas, estas transformadas em propriedades particulares e cercadas para a ‘solta’ do gado”. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
         O repórter confessou que ficou extenuado para chegar ao local de acesso ao farol para realizar a reportagem onde o automóvel ficou encalhado e teve que caminhar boa distancia para cumprir as ordens do diretor do jornal.
O que é o farol
         Tratava-se de um formidável bloco de cimento armado medindo 38 metros de altura, estando situado a 88 metros do nível do mar.
         Na sua construção que durou pouco mais de um ano foram empregados 35.000 sacos de cimento e 150 toneladas de ferro de diversas bitolas.Internamente foi construído de poderosas colunas e de uma interminável escada tipo aspiral, com nove lances e 157 degraus.É para que não disponha de um elevador para facilitar o vai e vem dos esforçados servidores de permanência.Tanto o hall do pedestal, como as escadarias receberam piso de ladrilho vermelho.
Especificações técnicas
         O faroleiro não estava autorizado a falar sobre as especificações técnicas do farol, no entanto, apurou que o bojo luminoso do farol era da marca BBT Anciones Etablissements Barbier Bernard Et Turrere de Paris, França.
O manual sobre hidrografia e navegação esclarecia que o farol elétrico com lâmpadas de 1500 velas, produzindo 5 lampejos brancos a cada 12 segundos e períodos de ocultação.Dispunha de um bico de emergência circular com 65mm alimentado a querosene.
         É um conjunto bonito todo de metal amarelo dotado de fortes lentes seccionadas.Foi instalado por uma comissão de técnicos do Serviço Especializado do Ministério da Marinha. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
A inauguração
         Em imponente solenidade pública presidida pelo Almirante de Esquadra Raul de Santiago Dantas, Chefe do Estado Maior da Armada o farol de Natal foi inaugurado as 17h00 do dia 15/08/1951.
         O farol havia sido construído recentemente na capital potiguar em Mãe Luiza pela firma Gentil F. de Souza, sob a fiscalização da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte.
         No palanque oficial instalado em frente ao majestoso farol estavam presentes o governador Silvio Pedroza, o Contra-Almirante Harold Reuben Cox, Comandante do 3º Distrito Naval, os chefes dos poderes judiciários e legislativo, outras autoridades federais, estaduais e municipais.
         O Almirante descerrou a bandeira azul e branca expondo a placa de bronze comemorativa com um circulo contendo as seguintes palavras:
Marinha do Brasil-Hidrografia, tendo ao centro o Cruzeiro do Sul e acrescida dos seguintes dizeres: Farol de Natal-Lat. 05º,47´41,6 ´´S.Long. 35º-11´,08,8´´ WCW.Inaugurado e aceso aos 15 de agosto de 1951.
         O grande farol que a partir de da inauguração prestaria relevantes serviços a navegação seria mantido pela Diretoria de Hidrografia e Navegação  com a assistência da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte e sob a vigilância de três servidores, tendo a frente o faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça,o decano dos faroleiros do Brasil, cidadão simples e modesto que embora contando 43 anos de serviço neste setor da Marinha continua disposto para trabalhar mais algum tempo no exercício da profissão (DIÁRIO DE NATAL, 16/08/1951, p.1).
         Após a leitura do termo de inauguração por um oficial da Capitania dos Portos, discursou de improviso o Almirante de Esquadra Raul de Santiago Dantas em nome do ministro da Marinha dizendo que tinha a honra de entregar ao Estado do Rio Grande do Norte o moderno farol que proporcionaria navegação cada vez mais segura no Brasil.
         Em breves palavras o Governador Silvio Pedroza agradeceu a entrega feita com palavras patrióticas do eminente chefe militar e felicitou a Hidrografia do Brasil e a Capitania dos Portos pela construção do gigantesco farol que asseguraria sem dúvida a confiança absoluta a navegação na Costa do Nordeste brasileiro.
         Após a visitação ao farol e as residências dos faroleiros as autoridades deixaram o local.Tocou durante a solenidade a banda de música da 3ª Cia Regional de Fuzileiros Navais.(DIÁRIO DE  NATAL,16/08/1951,P.1).
Residências do pessoal
         Para o completo conforto dos funcionários, foram construídas ao lado do grande farol, três casas modernas e bem acabadas. São unidade residenciais compostas de sala única, 3 quartos, hall, banheiro completo, cozinha, terraço de fundo e de frente, caixa d´água, rede própria de água e esgoto.São forradas com placas de cimento armado e dotadas de armários embutidos nos quartos e na cozinha.O abastecimento de água é fornecido por um poço de 42 metros de profundidade.Todas as casas são decentemente mobiliadas com moveis de estilo colonial.

Curiosidades
       A seguir algumas curiosidades sobre o farol de Natal.

As cores do ABC      
      Segundo o repórter do Diário de Natal um popular que estava também em visita as obras do farol disse que o Dr. Gentil Ferreira de Souza, dono da construtora do farol, mandou pintar o farol com as cores alvinegras para dar sorte ao ABC no campeonato daquele ano de 1951. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).
            A baixo o farol de Natal com suas cores originais alvinegra e o conjunto de residenciais dos funcionários.
Fonte: Biblioteca IBGE.
          Atualmente o farol é totalmente na cor branca como visto na foto seguinte.



O faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça
O faroleiro Alfredo Selfes de Mendonça, que a época já contava 43 anos de serviço no setor de farol da Marinha disse ao repórter que durante a fase de construção ele e outros companheiros subiam de 8 a 10 vezes por dia até o topo do farol e que depois da inauguração cada um deles teria que exercer vigilância em quartos de serviços de 4 em 4 horas. (DIÁRIO DE NATAL, 08/01/1951, p.6).

Gigantesco bloco de cimento armado
O farol de Natal foi denominado de “gigantesco bloco de cimento armado”. Atualmente é conhecido por Farol de Mãe Luiza por está situado no bairro desse nome.

Gastos e alcance
Foram gastos em sua construção 35.000 sacos de cimento e 150 toneladas de ferro. O alcance da luminosidade refletida pelo farol é de 300 milhas.
A baixo vista aérea do conjunto arquitetônico do farol de Natal composto pelo farol propriamente dito, as três casas originais de funcionários e uma acrescida posteriomente.




SOBRE A GESTÃO DO PREFEITO TAMIRES MIRANDA EM TAIPU


Ainda sobre a gestão do prefeito Tamires Miranda a frente da prefeitura de Taipu o jornal o Poti publicou o seguinte:
Limpeza pública
Pelo atual prefeito do município foi instituído um serviço de coleta de lixo domiciliar na cidade que é feita duas vezes por semana com a caminhonete.A limpeza pública  vem mantendo dentro das normas higiênicas a cidade, com suas ruas varridas e capinadas.Este beneficio se estende aos povoados de Poço Branco,  Contador e Barreto.Com a limpeza foi gasta a quantia de Cr$ 7.270,00.
   Aspectos da rua principal de Taipu na década de 1950

Próprios públicos
         Com outros setores administrativos os próprios públicos municipais também estavam abandonados.O mercado Municipal,obra de construção recente, ameaçava ruir.O atual prefeito teve que substituir diversas tesouras e reformar todo o teto e os portais.todos os prédios públicos foram reparados, caiados e pintados.A despesa do exercício foi de Cr$ 31.238,00,sendo a despesa total com serviços de utilidade pública de Cr$ 171,616,00.
                                          Mercado Público de Taipu

Água
Graças aos esforços e a boa vontade do Dr. João Galvão de Medeiros, diretor da Estrada de Ferro Sampaio Correia, a população foi abastecida de água potável durante o ano, conduzido o precioso liquido de Extremoz em carros tanques, sendo fornecidos semanalmente 45.000 litros.Providenciei, também, a abertura  de duas cacimbas no rio que fornecendo água para o gasto e até para beber, pois uma deixa fornecer um liquido bem tolerável.
Igreja matriz
Para a construção do adro da Matriz de Nossa Senhora do Livramento foi fornecida ao Vigário Paroquial José Severino a importância de Cr$ 10.000,00 autorizada pela Lei nº 30 de 20 de dezembro de 1953.
       Aspectos da igreja matriz de Taipu na década de 1950


Patrimônio municipal
      O prefeito municipal fez o levantamento dos bens do Município cujo balanço acusou o patrimônio liquido de Cr$ 1.101.234.


Fonte: o Poti, 17/09/1954,p.3

     Caso o leito tenha percebi em algum trecho do texto a cima a presença do verbo em primeira pessoa o mesmo demonstra que o referido relatório foi escrito e mandato publicar pelo próprio prefeito de Taipu Tamires Miranda, tratava-se pois, de uma propaganda de sua atuação a frente da referida prefeitura.


domingo, 14 de julho de 2019

O PRIMEIRO BISPO DE SERGIPE FOI UM POTIGUAR



A diocese de Aracaju, no estado de Sergipe, foi criada pela Bula “Divina disponente elementia” do Papa Pio X em 03/01/1910.Abrangia todo o estado de Sergipe e era sufragânea da Arquidiocese de Salvador-BA.

Biografia
         Dom José Gomes da Silva nasceu em 04/08/1873 na povoação de Alexandria, então pertencente ao município de Martins na região oeste potiguar, sendo filho do casal Tomás Gomes da Silva. Transferindo-se para a Paraíba fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano, matriculou-se no Seminário da Paraíba, onde recebeu todas as ordens sacerdotais, inclusive o presbiterato em 15/11/1896.
Mesmo antes de Dom Adauto Henrique de Miranda conferir-lhe a derradeira ordem sacra o diácono José Tomás Gomes da Silva fazia parte do corpo docente do Seminário da Paraiba.
Quando seminarista, dom José Tomás teve apenas um companheiro de turma que foi Dom Manuel Antonio de Paiva, ex-bispo de ilhéus-BA e Garanhuns-PE.No entanto, naquela manhã clara de novembro, conferia também Dom Adauto na veneranda Catedral de Nossa Senhora das Neves, outras ordens sagradas a antigos seminaristas paraibanos.
                             Dom José Tomás Gomes da Silva

Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

O sacerdote
Toda a carreira sacerdotal de Dom Tomás foi exercida na Paraiba, terra a quem votava especial afeto.Exerceu os cargos mais destacados naquele Estado brasileiro, sendo secretário do bispado, escrivão da Câmara Eclesiástica, mestre de cerimônias do Sólio Episcopal, lente catedrático de direito canônico e diretor espiritual do Seminário da Paraíba, diretor do Boletim Eclesiástico e do jornal A Imprensa, visitador apostólico da Paraíba e Rio Grande do Norte.Foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
         Quando foi iniciada a campanha pela fundação da Diocese de Natal, houve por bem Dom Adauto nomear o já cônego José Tomás para visitador apostólico, havendo o digno sacerdote percorrido todo o território do estado potiguar e grande parte do da Paraiba, angariando meios para ser convertida em realidade os desejo do povo norteriograndense.
         Sem exageros, se não tivesse sido a dedicação e dinamismo do aludido sacerdote que não tinha canseiras e nem indagava o meio de locomoção, sendo que naquela época o mais comum era montado no lombo de animais, tão cedo não seria instalada a diocese de Natal.
         Em 12/03/1907 foi o monsenhor José Tomás distinguido com o titulo de Camareiro de honra do Santo Padre.

O episcopado
Em 03/03/1910 foi eleito e preconizado bispo diocesano o Monsenhor José Tomás Gomes da Silva.Em 19/11/1910 ocorreu a sua sagração episcopal celebrada na catedral de Nossa Senhora das Neves na então cidade da Paraíba, atual João Pessoa, capital paraibana, tendo sido  o bispo sagrante dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, bispo da PAraiba, e consagrantes dom Joaquim Antonio de Almeida, bispo de Natal e do Augusto Álvaro da Silva, bispo de Floresta.
Representando a diocese recém-criada de Sergipe, esteve o então padre Antonio dos Santos Cabral, vigário de Propriá, que viria a ser o segundo bispo de Natal e posteriormente Arcebispo de Belo Horizonte-MG.

Empossado
Empossado na direção da diocese sergipana em 04/12/1911, Dom José Tomás tornou-se cedo um espírito trabalhador e cheio das mais vivas intenções de fé e espírito de piedade.Fundou o Seminário de Sergipe, amparou e dirigiu obras de caráter social em toda a diocese, realizando durante 37 anos um episcopado fecundo e cheio das mais belas iniciativas ramificações em todas as camadas daquele Estado.
A obra mais brilhante que dom José Tomás  firmou a frente da Diocese de Aracaju  foi a formação de um clero culto e respeitado em todo o Brasil.Basta citar que da Diocese de Aracaju, durante o episcopado de Dom Tomás  saíram prelados do porte moral e intelectual de dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo de Natal e posteriormente transferido para Belo Horizonte, dom Mario de Miranda Villas-Boas, arcebispo de Belém do Pará, dom Adalberto Sobral, arcebispo do Maranhão, dom Juvencio de Brito, bispo de Garanhuns, dom Avelar Vilela Brandão, bispo de Petrolina e dom Manuel Raimundo de Brito de Caitité-BA.
Uma das marcas de sua administração episcopal foi a realização de um baquete de 100  talheres oferecido a 100 mendigos em 1919 no salão de honra do Instituto Bento XV  pelas Damas de Caridade.

                            Catedral de Aracaju em 1935
Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

A morte
Em 31/10/1948 os campanários do velho Sergipe Del rei amanheceram badalando funebremente para anunciar a população católica daquele Estado o falecimento do seu primeiro bispo diocesano.
Dom Tomás Gomes da Silva possuía excelentes qualidades intelectuais, sendo conhecido orador sacro. Deixou várias cartas pastorais, que são páginas notáveis de fé e de brasilidade, nas quais o referido Ordinário sergipano estudava com fidelidade histórica a hora que estava passando. Entre as suas melhores produções foi a Oração Fúnebre pronunciada em 15/09/1935 por ocasião das solenes exéquias do arcebispo da Paraiba, dom Adauto de Miranda Henriques.
         A morte do fundador da diocese de Sergipe, ilustre bispo e portador de excelentes qualidades, causou o mais profundo pesar no seio do episcopado nacional e de todas as classes sociais daquele estado nordestino. Foi um bispo bondoso e culto.
         Nas páginas da história sergipana o nome de Dom José Tomás Gomes da Silva ficará definitivamente escrita pela imensa soma de benefícios que pronunciou aquela terra e gente. Foi um grande brasileiro e nobre prelado. Ilustre potiguar que muito honra a terra de Felipe Camarão.
Fonte: A união, 21/11/1948, p.5.


                                     Catedral de Aracaju em 2013
                                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
Apêndice I
         Coincidentemente o primeiro bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju também foi um potiguar. Foi Dom Nivaldo Monte (☼ 1918 † 2006) que exerceu a função de 1963 a 1966 quando foi então nomeado arcebispo da Arquidiocese de Natal.

                                        Dom Nivaldo Monte
                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
        
Apêndice II

       O site da Arquidiocese de Aracaju assim definiu o episcopado de Dom Tomás Gomes da Silva:
Eleito no dia 12 de maio do ano de 1911. D. José Thomas Gomes da Silva, foi recebido com todas as honrarias, não só pelo clero mais pelos políticos locais e membros da sociedade. Uma explicita demonstração de como seria a estadia do bispo no Estado.
Passada as comemorações, dois dias depois, o bispo D. José Thomas Gomes da Silva deu início ao trabalho de reestruturação da Igreja local, participando, dessa forma, do projeto nacional de reforma do clero. D. José começou seu oficio fazendo as devidas nomeações para composição de sua diocese. Depois, fundou um boletim, meio pelo qual ele informava aos padres e paroquianos tudo que estava acontecendo com a igreja em nível mundial e nacional, além de informações acerca de sua administração, pois era nessa publicação que D. José Thomas fazia as devidas cobranças, tanto financeiras como espirituais e morais.
Visitas pastorais e criação de paróquias também foram atitudes importantes no tocante à ampliação dos domínios da Igreja, sem contar com a relação desenvolvida por D. José com os governantes do Estado e com os representantes da elite econômica e intelectual local. O bispo agiu como um estrategista, inseminando os preceitos da igreja em toda a sua circunscrição.
       Dentre os fatos que marcaram o seu bispado está o auxilio material e espiritual dado aos estabelecimentos escolares e assistenciais, a exemplo do Instituto Bento XV, do Ginásio Nossa Senhora das Graças, da cidade de Propriá, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, do Ginásio Patrocínio de São José em Aracaju, do Orfanato da Imaculada Conceição, do Oratório Festivo São João Bosco, fundado por Genésia Fontes, a D. Bebé, e da Associação Santa Zita, destinado a menores carentes.
Outro aspecto a ser considerado na atuação de D. José Thomaz, está relacionado à obtenção de patrimônio para a Diocese. Com a falta de subsídios do Estado, a Igreja teve que dispor de seus próprios recursos para sua manutenção. Como cada diocese tinha por obrigação se manter, a aquisição de patrimônio, era algo necessário. Daí a construção de uma Comissão composta de várias personalidades sergipanas, pessoas de posse e de cargos importantes no Estado, membros de uma elite econômica, a começar pelo presidente do Estado, o general José de Siqueira Menezes, a quem o bispo designou presidente de honra; o desembargador Zacarias Horácio dos Reis foi nomeado vice-presidente; o primeiro secretário era o coronel Antonio Gomes da Cunha Júnior; o segundo secretário, o major Luiz José da Costa Filho; e, como tesoureiro, fora designado Manoel Teixeira Chaves de Carvalho. Como procurador geral, o bispo escolheu o desembargador Antonio Teixeira Fontes. Nomes como os de Alexandre Lobão, Amintas Guaraná, major rsênio Araújo, o médico Augusto Leite, Augusto Mattos, Aurélio do Prado Vieira, Benjamin Mendonça, coronel Félix Pereira de Azevedo, Francisco C. Nobre de Lacerda, o cônego Francisco Gonçalves Lima, Guilherme Nabuco, o médico Helvécio de Andrade, Euvidio Velbo, João Antonio de Oliveira, o desembargador João Maynard, padre João Victor de Mattos, José de Araújo Cardoso, o coronel José da Silva Ribeiro, José Moreira de Magalhães, o desembargador Manoel Caldas Barreto, o professor Manoel Francisco A. de Oliveira, Nelson Vieira, o desembargador Simeão Sobral e Silvio Motta compunham o quadro de membros da referida comissão. Mas o presidente efetivo desta, era o padre Manuel Raymundo de Melo, que também fora nomeado o primeiro reitor do Seminário criado por D. José Thomas. (LIVRO DE REGISTRO DO SEMINÁRIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 1913-1948, p.2).
O fato, porém, que mais marcou o bispado de D. José Thomaz, foi à criação do Seminário Sagrado Coração de Jesus. Foi através dele que o bispo, efetivamente, cumpriu com a missão de ampliação dos domínios da Igreja e de reforma do clero. Através do Seminário, a Igreja local ganhou repercussão nacional e a Igreja nacional pôde contar, muitas vezes, com muitos dos seus quadros.
A criação da Diocese e a implantação de seu Seminário significaram, além da restrição do campo de atuação dos protestantes e dos espíritas, a retomada de uma certa estabilidade que parecia estar se perdendo. O Seminário, por sua vez, implantado em 1913, representou não só a manutenção e a ampliação do número de clérigos, mas uma escola que educou e “formou” muitos sergipanos.

Fonte: http://iaracaju.infonet.com.br/serigysite/



A ESTRADA DE FERRO SAMPAIO CORREIA EM 1950



         Em 1950 a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN passou a denominar-se Estrada de Ferro Sampaio Correia-EFSC.Esta ferrovia surgiu pela lei nº 1145 de 31 de dezembro de 1903 que partindo do ponto mais conveniente do litoral atingisse a região assolada pela seca.
         Em 23/02/1904 uma comissão do Governo Federal sob a chefia do engenheiro José Matoso Sampaio Correia, conhecido pelos dois últimos sobrenomes, iniciou os estudos das causas e efeitos das secas no Rio Grande do Norte.
         Esta comissão realizou o estudo e projetou uma ferrovia que partindo de Natal, se dirigia ao alto sertão do Estado, até Caicó, passando por Ceará-Mirim, Lajes, Angicos, São Rafael e São Miguel de Jucurutu.
         O decreto 5703 de 04 de outubro criou a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.Em 15/11/1907 foi inaugurada a primeira estação no km 57, a estação de Taipu.Esta ferrovia continuava a ser regida por uma portaria ministerial de 03/07/1920 sendo subordinada ao Depártamento Nacional de Estradas de Ferro-DNEF e sua administração compreendia 4 divisões, cujo desdobrametos de serviços eram o seguinte:
1ª divisão: administração, diretoria, secretaria, seção do pessoal, seção do material, tesouraria, arquivo e biblioteca.
2ª divisão: tráfego, escritório central, inspetoria do movimento, inspetoria de telegrafo e iluminação e estações.
3ª divisão: locomoção, escritório central, inspetoria de tração, oficinas de locomotivas, oficinas de carros e vagões, depósitos de tração e conservação de veículos.
4ª divisão: linha e edifícios, escritório central, conservação de via permanente, conservação de obras de artes.
        





         Segundo o engenheiro Helio Lobo, industrialmente era uma ferrovia deficitária, sua despesa ultrapassava a receita, como as demais ferrovias administradas pela Uniao.
         Acreditava o referido engenheiro ser isto, dentre outros fatores, a falta de liberdade administrativa dos seus dirigentes.
         Ainda de acordo com Helio Lobo o pessoal era deficitário, ora em quantidade, ora em qualidade, promoções obrigatórias quando apenas respeitado o necessário interstício da anterior, salários demasiadamente excessivos para uns e baixo para outros,não havendo possibilidade para um reajustamento porquanto os seus quadros eram rígidos acarretando falta de estimulo.
         As linhas da EFSC serviam apenas ao Rio Grande do norte e mantinham um serviço de tráfego mutuo com a Great Western of Brazil Railway Co Ltd com intercambio de vagões  na estação de Nova Cruz a 2 km dos limites com o estado da Paraiba.
Ela possuía três linhas: a linha sul: Natal-Nova Cruz, na extensão de 121 km, a linha oeste: Natal-Oscar Nelson, na extensão de 219 km e a linha norte: Itaretama (Lajes)-Pedro Avelino, na extensão de 149 km, partindo da estação de Itaretama.
O total de suas linha em tráfego naquele ano de 1950 eram portanto 389 km, incluindo 21 km de linhas acessórias de serviço.Em 1950 os trilhos da EFSC estavam sendo prolongados na direção oeste para São Rafael, demando Caicó e na direção norte para Afonso Bezerra, demandando o porto de Macau.
Na linha oeste em junho de 1949 foi entregue ao tráfego o trecho de 25 km de Angicos a Oscar Nelson, restando 21 km para São Rafael; este percurso já apresentava pronto todo o serviço de terraplanagem em cortes e aterros, bem como a maioria das obras de artes , nas quais estavam faltando as vigas de pontes e pontilhões.
Na linha norte, esperava-se entregar o trafego em 30/11/1950, o trecho de 15 km entre Pedro Avelino e Afonso Bezerra, tendo aquela época concretada as vigas das principais pontes, já estando toda a linha assentada e quase concluído o edifício da estação de Afonso Bezerra.
Na linha sul estava sedo realizadas variações para a melhoria da circulação dos trens, esperava-se entregar ao tráfego em dezembro daquele ano a variante do Barro Branco entre Estivas e Baldum, na extensão de 3 km com enormes serviços de corte e aterro.Este era o ponto critico da linha, onde se contavam 12 curvas reversas de 110 metros de raio em rampas de elevadas taxas, inclusive a de 3,755 %.
Entre Natal e Nova Cruz contava-se 2.980 fraturas de trilhos, havendo trilhos partidos em 3,4 e 5 pedaços, trilhos tipo 25 que chegavam a apresentar 17,4 kg/m dado o uso em mais de 50 anos.
Naquele ano estavam sendo socorridas as curvas mais importantes, com o emprego de trilhos novos, para atender a segurança do tráfego.Esta última durante a II Guerra sofreu muito com o seu tráfego acrescido em 5 vezes o tempo normal, não fora ela, disse o engenheiro Helio Lobo, Natal dificilmente teria sido o “Trampolim da Vitória” porquanto não havia caminhão, não havia movimento marítimo, tendo Natal sido mantida unicamente pelo abastecimento ferroviário procedente do Recife via Nova Cruz.
Houve ainda o transporte em trens especiais de tropas americanas e nacional, trens especiais de tanques de guerra, viaturas, canhões, bombas, espoletas, aviões encaixotados, etc e toda a alimentação para a cidade.
Trens especiais de gasolina, consecutivos, contribuíram para a cifra média de 350 aviões diários que partiam de Natal para cruzar o Atlântico.
         A linha Natal Nova Cruz numa extensão de 121 km apresentava o comprimento virtual de 522 km, apresentando o coeficiente de 4,32, ela estava lançada sobre terrenos ondulados.
A linha Natal –Oscar Nelson, tinha as melhores condições técnicas, na extensão de 219 km apresentava o comprimento virtual de 498 km, dando o coeficiente de 2,25.
O ramal Itaretama-Pedro Avelino com extensão de 28 km e o comprimento virtual de 58 km, dava o coeficiente de 2,19.
A EFSC percorria duas regiões distintas entre si.
A linha oeste chamada de sertão, atravessava regiões assoladas pela seca,sobre terrenos pedregosos, difícil a agricultura, medrando todas as variedades de cactus e onde apenas era plantado o algodão.Servia a ferrovia a uma extensa região que se diferenciava em zonas fisiograficas, parte úmida no extenso vale do rio Ceará-Mirim ao característico sertão nordestino.
As populações aproveitavam as vazantes dos açudes, margens e leitos dos rios, para o plantio e cultivo de feijão, milho, batata e mandioca.
Os leitos dos rios, por sua vez estavam quase sempre secos, onde eram abertas cacimbas de onde se extraiam a água para todos os fins.
A EFSC transportava água para consumo em suas locomotivas e abastecia também várias localidades.
A linha sul, denominada ‘linha do agreste” atravessava uma região onde predominavam os terrenos arenosos, linha do litoral, porém,sempre mais úmida apresentando grande número de lagoas, alagadiços e rios que perduravam por mais tempo, apenas secando quando nas grandes estiagens.
Nesta região a agricultura era menos difícil, havia o cultivo da cana de açúcar, todos os cereais, arvores frutíferas e o gado alimentava-se sozinho.
A EFSC transportava água diariamente para Nova Cruz, atendendo o abastecimento de suas locomotivas e fornecendo o liquido precioso àquela cidade.
Em relação ao material rodante e de tração a EFSC estava necessitando de grande auxilio.Naquele ano de 1950 tinha 11 locomotivas em tráfego, 4 em reparos e 8 aguardando reparação e reconstrução.
As locomotivas tinha entre 36 e 67 anos de serviço ativo e seu número era dificiente para o volume de transporte que precisava atender, há muito vinha exigindo a aquisição de novas unidades de tração.
Segundo Hélio Lobo era pensamento do DNEF suprir a EFSC com 6 locomotivas diesel-elétrica o que era segundo o mesmo engenheiro uma decisão acertada dada a dificuldade de água e certa escassez de lenha, porém tal providencia esperava os recursos necessários que ainda não havia aparecidos.
O material rodante da EFSC compreendia 26 carros e 174 vagões.Existia 9 carros de passageiros de 1ª classe e 8 carros de 2ª classe, quantidade que era insuficiente pois diariamente eram feitas 4 viagens com trens de passageiros, cada um composto de 2 carros de 1ª classe e 2 carros de 2ª classe e 1 de correio-bagagem.Segundo Hélio Lobo, lutava-se com dificuldades para atender as repartições públicas sem prejuízo dos trens.
A EFSC estava providenciando com a empresa Material Ferroviário S.A-Mafersa, o necessário para a construção de 6 carros metálicos, sendo 2 de 1ª classe, 2 de 2ª e 1 correio onde a referida empresa cuidaria da instalação de freios a vácuo nas  composições dos trens de passageiros.
No tocante ao tráfego da EFSC a ferrovia transportou 350,765 passageiros, 12.637 animais, 992,985 toneladas de encomendas, 42.257,594 toneladas de mercadorias em tráfego próprio e 24.710,197 toneladas de mercadorias em tráfego mutuo com a GWBR.
As principais mercadorias transportadas pela EFSC eram: algodão, farinha de mandioca, açúcar, torta de farelo de algodão, caroço de algodão, milho, tijolos, feijão, madeiras, cal, sal, óleo de caroço de algodão, etc, todas em exportação caracterizava esta o principal movimento da EFSC.
Para a manutenção dos seus serviços a EFSc possuía o seguinte quadro de pessoal: 44 funcionários titulados, 187 extranumerários mensalistas e 598 extranumerários diaristas, dando um total de 829 servidores sem contar com o pessoal que trabalhava nos serviços de novas obras.
Quanto ao pessoal técnico a EFSC estava inteiramente desprovida, pois nos seus serviços, naquele ano de 1950 não existiam engenheiros, nem topógrafos, nem auxiliares técnicos.
Na EFSC o seu único engenheiro era o próprio Diretor, que era responsável pela ferrovia, nela tudo tinha que examinar e providenciar, não obstante existirem vagas no quadro permanente cujo preenchimento não era autorizado.
Deste modo, o seu Diretor inspecionava, fiscalizava  e respondia diretamente pelos principais serviços da EFSC.O que era exaustivo e contraproducente, disse Hélio Lobo.
Em relação a questão social, os servidores da EFSC eram atendidos com o máximo interesse da administração.No ambulatório da EFSC os ferroviários e suas famílias tinham acesso a exames médicos, dentários e recebido medicamentos, tratamento odontológico e pequenas intervenções cirúrgicas tais como amputações de dedos, extrações de amígdalas, adenoides, etc.Quando se tornava necessário eram hospitalizados sob as expensas da EFSC.
Em junho de 1949 foi iniciado o Serviço de Assistencia Social, orientado pela Escola de Serviço Social de Natal, tendo sido procedido inquérito dentre todos os operários sob seus modos de vida, sua família, suas necessidades, condições de higiene e de alimentação e o operário exteriorizava se estava satisfeito ou não na função e seção em que trabalhava, bem como se preocupações de ordem particular ou familiar lhe dificultavam o cumprimento de suas obrigações.
A assistente social visitava as residências dos operários e instruía suas famílias em conselhos e orientações por vezes anotava deficiências encontradas na habitação e junto a administração  da EFSC era atendida a necessidade para um melhor conforto e higiene.
Numa das dependências da EFSC era mantida uma Escola Primária para os filhos dos ferroviários.
Junto as oficinas de locomotivas foi organizado um clube de esporte e entretenimento, em local apropriado para o congraçamento dos operários na horas de folgas e a noite. (diário de natal,16/11/1950,p.2-3).