terça-feira, 28 de julho de 2020

A IGREJA DE CRISTO REI DE GOIANINHA

A igreja, que na realidade é uma capela, de Cristo Rei em Goianinha foi o segundo templo religioso católico construído naquela cidade, situada que está no bairro da Estação.Eis a sua história.

A paróquia de Goianinha é em ordem de criação a terceira mais antiga do Rio Grande do Norte, a igreja matriz tem por padroeira Nossa Senhora dos Prazeres.

A estação ferroviária de Goianinha foi inaugurada em 1882, no entanto ficava distante da zona urbana “a rua” como era chamada a época a então vila.Esse edifício deu origem a uma povoação, que lhe tomou o nome, atualmente chamado bairro da Estação.

Ao assumir a paróquia em dezembro de 1943, o padre Nazareno Fernandes, percebeu a necessidade urgente de se construir uma igreja naquele local da cidade a qual serviria também aos católicos da povoação de Itaperubú.


Os primeiros passos para esse projeto foi conseguir a autorização do bispo diocesano de Nata.Foi depois de um encontro entre o padre de Goianinha e Dom Marcolino Dantas que resultou não só na autorização para o projeto do referido padre como também a planta da igreja que foi ofertada pelo engenheiro da Prefeitura de Natal, dr. Otávio Tavares.

.Coube ao vigário de Goianinha, a honra de escolher o patrono da nova igreja da cidade, tendo sido escolhido pelo padre Nazareno Fernandes a Cristo Rei como o orago da igreja.

Entretanto a construção da nova igreja não seria tarefa fácil e segundo o referido padre “estávamos esquecidos de que as obras de Deus [...] interceptadas pelas forças do demônio.Por isso [ilegivel] as dificuldades iniciais.Mas como depois das tempestades vem a bonança e quem persevera alcança, máxime na obras de Deus, ai estão prontos milhares de tijolos, alicerce iniciado, donativos de corações generosos afluem de todas as partes.Cremos na vitória  de Cristo Rei.Goianinha terá em breve sua segunda igreja”. (A ORDEM,22/09/1944, p.4).

Em 21/03/1945 escreveu o padre Nazareno Fernandes o jornal A Ordem “é com viva satisfação que  assistimos a construção da Igreja de Cristo Rei na progressista cidade de Goianinha” ( A ORDEM,21/03/1945, p.3).

Conforme publicado no jornal A Ordem “É deveras consolador o apostolado incessante dso nossos vigarios em suas paroquias, cada qual mais se esforçando para dar a seus paroquianos um mais amplo e eficiente meio de espiritualização. (A ORDEM,23/03/1945, p.3).

         Era assim o Pe. José Nazareno Fernandes, vigário de Goianinha, que se achava abraçado com um gigantesco empreendimento que era a construção de uma nova igreja sob a invocação de Cristo Rei, na imediações da estação ferroviária da cidade de Goianinha.

         Era, segundo o citado jornal, “mais um grande beneficio que será realizado naquela florescente paróquia da diocese de Natal, graças ao apostolado daquele jovem sacerdote, animado pelas bençãos de Dom Marcolino Dantas, e auxiliado pela cooperação sincera e eficiente dos seus paroquianos” (A ORDEM, 23/03/1945,p.3)..

         Para a construção do novo templo católico, cujos alicerces estavam concluidos, estava o vigário de Goianinha recebendo generosos auxilios de todos os bons católicos,o que asseguraria a breve benção inaugural da moderna igreja de Cristo Rei naquela cidade.



         Ainda de acordo com o citado padre de todos os católicos de boa vontade chegavam a ajuda necessária para amparar aquela nobre e arrojada iniciativa.

Eis os doadores e seus respectivos donativos a construção da Igreja de Cristo Rei:

Doador

Valor em Cr$

Juventude Feminica Católica (JFC)

200,00

Ubaldo Bezerra

200,00

Pedro Barbosa

100,00

Pedro Varela Oliveira

100,00

Antenor Brandão

100,00

Uma devota

100,00

Antonio Tavares

100,00

Hélio Galvão

100,00

Carlos Silva

61,00

Mário Gurgel

50,00

Antonio Arruda Câmara

50,00

Manuel Tavares

50,00

Anibal Barbalho

50,00

Inácio Ribeiro

50,00

Alberto Dantas

50,00

Gabriel Câmara

50,00

Manuel Tavares

50,00

Paulo Forquilha

50,00

Pe. A. Barros

50,00

Carlos Barbalho

40,00

Arthur Ferrnandes

40,00

Fraterno Bahia

40,00

Antonio Balbino

30,00

Dr. Abilio Xavier

30,00

Genuina Barbalho

30,00

Viúva Leonidas de Paula

20,00

Agenor Delgado

20,00

Aderito Carvalho Távora

20,00

Oscar Martins

20,00

Antonio Fereira

20,00

João Arruda

20,00

Gentil Garcia

20,00

Glória Chaves

20,00

Euclides Viegas

20,00

Dr. Nilto Paiva

20,00

Avelino Paz

20,00

Estela Duarte

20,00

Florentino Luciano

20,00

Manoel Afonso

20,00

Ovidio Dantas

20,00

Pedro Felinto Trindade

20,00

José Floripe Ginane

20,00

Floriano Pinheiro

20,00

Joaquim Teixeira

20,00

Bianor Brandão

20,00

Justiniando Souza

20,00

José Candido

20,00

João Lopes

15,00

José Geronimo

15,00

Herotildes Xavier

15,00

José Augusto Bezerril

15,00

Manuel Aprigio

10,00

Manuel Faustino

10,00

José Jeronimo

10,00

Heroltindes Martins

10,00

Francisco Atanasio

10,00

Emiliano Andrade

10,00

Luiz Gonzaga Araújo

10,00

Alcides Silveira Tavora

10,00

Manuel Simas

10,00

Antonio Balduino

10,00

Joaquina de Sá

10,00

Lidia Pereira

10,00

Ursulina Pereira

10,00

Chateaubriand Câmara

10,00

Nair Bezerra

10,00

Joaõ Manoel Santos

10,00

Joaquim Virgilio

10,00

Anotnio Lopes

10,00

Francisco Honório

10,00

João batista de Souza

10,00

Rita leocádio

5,00

Severino Martins

5,00

João Vaqueiro

5,00

João Pereira

5,00

Lindolfo Pessoa

5,00

José Severino Amaral

5,00

Joaquim Luz

5,00

Pedro Figueiredo

5,00

Manuel Guabiraba

2,00

Maria de Sá

2,00

 

         O total arrecado até 14/03/1945 foi de Cr$ 2.495,00 conforme prestação de contas dos padre Nazareno Fernandes. (A ORDEM,21/03/1945,p.3).

         A  construção da capela era uma aspiração da população que habitava a povoação da Estação em Goianinha.

         Foi confiando em Deus e na generosidade dos paroquianos que o padre Nazareno Fernades se lançou na luta para tornar concreto a aspiração do povo da Estação para ter a sua capela.

         Em  outubro de 1945 já assinalava o primeiro aniversário em prol da construção da capela de Cristo Rei em Goianinha



         Conforme publicado no jornal A Ordem a igreja em construção media 20 metros de comprimento por 7,5 metros de largura e achava-se em 19/10/1945 já coberta e preparada para receber as portas e janelas (A ORDEM 19/10/1945, p.1).Era assim, segundo o padre Nazareno Fernandes, uma magnifica vitória e suadava aos paroquianos com vivas e parabéns empenhados agora para a realização da festa de Cristo Rei a qual marcaria a inauguração da igreja.

A  festa do Sagrado Coração de Jesus

         De 21/05 a 03/06/1945 foi realizada a festa do Sagrado Coração de Jesus constando a mesma de duas partes, uma piedosa e outra social, cuja renda seria destinada em beneficio das obras da construção da nova igreja que estava sendo construída em Goianinha estando a mesma quase pronta para receber a cobertura.

         No dia 02/06/1945 houve uma corrida organizada pelo sr. José Lúcio Ribeiro.Durante essa “corrida” funcionaria um serviço de restaurante no Instituo Santa Teresinha, onde tocaria a banda de jazz dirigida pelo professor José Martins, diretor da Rádio Educadora de Natal-REN. (ORDEM,30/05/1945,p.6).

A grande vaquejada

         Segundo o jornal A Ordem o povo de Goianinha aguardava ansioso o dia 27/08/1945 para assistir a grande vaquejada organizada por José Lúcio (A ORDEM,18/08/1945, p.4).Largamente estimado dentro e fora do município, ele atrairia para Goianinha naquele dia uma verdadeira multidão, sendo esperado que a vaquejada se realizasse com pleno exito.No Istituto Santa Teresinha funcionaria um serviço de restaurante que seri animado pela orquestra de José Martins de Natal.

         Toda a renda seria destinada a construção da igreja de Cristo Rei que graças a generosidade do povo já se achava coberta (A ORDEM,18/08/1945,p.4).

A inauguração da capela

         Entre os dias 27 e 30/10/1945  foi realizada a festa de Cristo  Rei, padroeiro da igreja em construção nas imediações da estação ferroviária de Goianinha.

a nova igreja representava uma grande vitória do esforço do padre Nazareno Fernandes, vigário da paróquia, e do franco auxilio que vinha recebendo dos paroquianos.


         Pelo programa da festa e pelo entusiamo do povo esperava-se que fosse uma magnifica festa de Cristo Rei

         Da zona rural de Goianinha e do municípios vizinhos afluiriam inúmeras pessoas.De Natal, viria uma excelente orquestra sob a direção do professor José Martins, partindo da capital no dia 29/11/1945 pela manhã para abrilhantar os festejos.

         Eis o programa da festa de Cristo  Rei:

Dia

Horário

Atividade

27/10

19h00

Solene trasladação imagem de Santa Teresinha para a igreja de Cristo Rei.

Novena, pregação e bençaõ do Santissimo Sacramento

28/10

19h00

Novena, pregação e benção do Santíssimo Sacramento.

Barraca na praça da Estação.



29/10

10h00

 

 A tarde


 19h00

Brilhante chegada da orquestra do afamado saxofonista José Martins.

 Atras da matriz grande leilão de garrotes ofertados por generoso fazendeiros a Nossa Senhora dos Prazeres.

Novena pregação, benção da igreja Cristo Rei.Barraca na praça da Estação.



30/10

08h00

 

 A tarde

 

 

A noite

Missa festiva de Cristo Rei.

Vaquejada organizada pelo coronel José Lúcio, funcionando um serviço de restaurante.

 Trasladação da imagem de Santa Teresinha para a matriz.Novena, pregação e benção do Santíssimo Sacramento.

Continuação durante a noite , na praça da matriz o serviço de barraca


A orquestra de José Martins retornaria a Natal na manhã do dia 31/10/1945 (A ORDEM,16/10/1945,  p.4).

Portanto, a inauguração da capela de Cristo  Rei no bairro da Estação em Goianinha ocorreu no dia 29/10/1945 durante os festejos da festa de Cristo  Rei.

A  entrada do Santissimo Sacramento da capela Cristo Rei

         No dia 15/08/1946 realizou-se em Goianinha grandes festividades que assinalaram de maneira brilhante a entrada triunfal do Santíssimo Sacramento na nova igreja de Cristo Rei, que havia sido construída recentemente naquela cidade, graças aos esforços do vigário da paroquia, padre Nazareno Fernandes, contando com as bençãos do bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas e com a cooperação dos seus paroquianos.A solenidade foi precedida de po rum tríduo preparatório realizado entre 12 e 14/08/1946.

         O programa realizado naquela solenidade do dia 15/08/1946 foi o seguinte:

         As 09h00 ocorreu o desfile dos alunos do Educandário Divino Mestre  e do Instituto Santa Teresinha, com as bandeiras do Brasil e do Vaticano, precedidos de toques de tambores.

         As 10h00 houve missa cantada, com a presença da representação da Congregação Mariana da cidade de Pedro Velho, tendo a frente o professor Hélio Galvão, das senhoras católicas de Nova Cruz, a frente d. Taciana Arruda Câmara, além dos fiéis em geral.

         As 12h00 realizou-se um banquete na Vila Betânia (residência paroquial), no qual compareceu entre outras pessoas as seguinte:  prefeito Benjamin Simonetti, srs. Odilon Barbalho,dr. José Barbalho,, delegações de Natal, Nova cruz e Pedro Velho, drs. Túlio Fernandes e Teodulo Avelino, respectivamente diretores da LBA e do SERAS, demais convidados.Antes do banquete foi realizada uma visita as obras de assistência subvencionada pela Legião da Boa Assistência, que eram o Instituto Santa Teresinha, Lactário Nazaré Duarte, Ambulatório São Vicente de Paulo, educandário Divino Mestre, Abrigo e Dispensário São José, este mantido pela paróquia.Durante o ágape, falaram o Pe. Nazareno Fernandes que saudou os presentes, o dr. Tulio Fernandes e José Barbalho e por fim o prof. Helio Galvão, que fez um relato histórico sobre a formação do município de Goianinha.

         As 15h00 no Grupo Escolar Moreira Brandão, houve a sessão magna,comemorativa do 2 aniversário de instalação da Juventude Feminina Católica, estando presente grande número de pessoas.Aberta a sessão pelo vigário, este passou a presidência dos trabalhos ao dr. Túlio Fernandes,q ue estava ladeado das autoridades presentes.

         Além da parte musical, a cargo das jefecistas, as sras. Professora Maria Gadelha Simonetti e Zilda Simonetti apresentaram dois trabalhos substanciosos, tendo também feito uso da palavra o professor Hélio Galvão, o pe. Nazareno Fernandes e os drs. Túlio Fernandes e Teodulo Avelino, que se congratularam pelas realizações que os católicos vinham desenvolvendo em Goianinha.

         As 16h00 encerrando as festividades do dia, houve a solene procissão do Santíssimo Sacramento, que foi trasladado da matriz de Nossa Senhora dos Prazeres para a nova igreja de Cristo Rei.Grande multidão, entoando hinos sacros acompanhou o imponente préstito, vendo-se pelas ruas embandeiradas expressivos dísticos.

         Ao chegar à nova igreja, o povo irrompeu em entusiásticas aclamações a Jesus-Hóstia, tendo falado ainda, em vibrantes palavras o vigário da paróquia, pe. Nazareno Fernandes, que por fim deu a benção solene do Santíssimo Sacramento. ( A ORDEM,22/08/1946, p.1).

Já o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel escreveu sobre a capela de Cristo Rei “ ergue-se na Estação de trem a bela igreja de Cristo Rei, edificação sólida e grandiosa, que a capacidade de trabalho do ex-vigário Nazareno Fernandes elevou em poucos meses, auxilado pelos católicos da paróquia” (A ORDEM,13/11/1948, p.15).

A construção da capela causou admiração a todos posto que a maior parte da população de Goianinha à época era pobre e foi com pequenos recursos e modestas festividades que se conseguiu elevar em tão pouco tempo, “um simpático templo, onde o culto sagrado tem seu lugar e onde a criançada aprende a doutrina de Jesus Cristo”, escreveu o padre Francisco da Chagas Neves Gurgel.



A cidade de Goianinha a época da construção da capela de Cristo Rei

É o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel que nos fornece um panorama da cidade de Goianinha a época da construção da capela de Cristo Rei.

Segundo ele a cidade de Goianinha não tinha médico, não havia posto médico, a não ser um esforço da Legião Brasileira de Assistência, sob a dedicada orientação da sra. Nazaré Duarte e a senhorita professora Maria Gadelha, que tudo faziam para dar eficiência ao trabalho de bem-estar do povo que necessitava de tudo. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

Havia além do Grupo Escolar Moreira Brandão, um Instituto denominado Santa Teresinha, onde as professoras ganhavam apenas 100 cruzeiros cada uma, tendo o instituto 125 crianças matriculadas “onde aprendem no templo do saber a instrução primária, o canto orfeônico, a religião verdadeira e um ensino de artes e prendas domésticas, obra muito bem pensada sob orientação de d. Nazaré Duarte, da Juventude Feminina Católica, com o auxilio da Reeducação estadual e da LBA, que muito tem feito por aquela terra” (A ORDEM,13/11/1948,p.15). escreveu o citado padre.

Havia, segundo o padre Francisco da Chagas Neves Gurgel, uma multidão de capelas espalhadas pelo território da paróquia e “um sem número de almas nobres, que coadjuvavm a ação do Vigário,que se dispõe a trabalhar pelo bem do povo”. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

Para o padre Francisco da Chagas Neve Gurgel eram almas amigas, compreensivas e distintas, do quilate de Manoel e Milton Duarte, figuras que auxiliavam e impetravam com sacrifício. Como Agenor Lima e João Barbalho, que viviam nos solares de seus ancestrais e esperavam onde esperavam o dia nascer para fazer outras somas de bem, para seguir o dia que passou. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

Goianinha tinha o que ver.Era cidade aristocrática, cidade da inteligência e quem a visitava tinha sempre boa impressão do espirito de religiosidade do seu povo, na sua maioria pobre, mas honrado e amigo dos seus verdadeiros protetores, escreveu o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

Lá estava a  linda igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Por fora, faltava ainda muito a se fazer, pois, não dava a conhecer o que em verdade é por dentro, segundo escreveu o já citado padre.A igreja matriz estava internamente bem pintada, forrada,ornamentada, impressionando muito no seu conjunto de cores, que se articulavam numa realeza de perspectivas que agradavam ao mais sisudo visitante.

         Segundo o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel a sobriedade de sua linhas arquitetônicas falavam bem alto, obedecendo ao sentido da arquitetura do barroco português, aguçando-se o estilo numa promessa de romano pesado, distanciado da longínqua renascença. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

         As capelas e distritos da freguesia e município agradavam pelo tom citadino que apresentavam, com um povo que sabia conversar,atender bem a quem chegavam e discernir ao que propunha.

         Para o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel quem desejasse visitar Goianinha seria recebido pela bondade de Alfredo Carvalho, os cumprimentos do prefeito Odilon Barbalho, em verdade, obsequioso com os que visitavam a cidade ou a capacidade de Creusa Correia de Oliveira, a incansável secretária da prefeitura e segunda coadjutora da paróquia, sem falar na teima de João Nicolau de se apresentar como bom sacristão. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

         Para o padre Francisco da Chagas Neves Gurgel ficava-se satisfeito em visitar Goianinha, o castigo, porém, eram da curta e massacrante viagem eram as estradas que davam acesso ao município, muitas em construção ou péssimo estado de conservação devido as chuvas que caiam na região. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

                             largo da estação ferroviária  de Goianinha



domingo, 15 de março de 2020

O SANTUÁRIO DO TIROL



         Até 1924 o bairro do Tirol não tinha nenhuma capela. No final de 1925, o Sr. Abdon Macedo iniciou a construção de uma capela sob o patrocínio de Nossa Senhora das Graças, parando as obras por motivo financeiro. Em 1927  a construção  foi entregue ao vigário da catedral, Mons. José Landim, cuja a jurisdição pertencia o terreno.
        O bispo diocesano, dom José Pereira Alves fez acrescentar o nome de Santa Teresinha como co-padroeira do santuário. A benção litúrgica do santuário foi dada pelo bispo dom Marcolino Dantas, na noite de 24/12/1930.
        Em 01/08/1950 o santuário foi elevado a categoria de paróquia com sede na igreja de Santa Teresinha do Tirol.





                                             Santuário do Tirol
Fonte: Diário de natal,1975.

Vigários
O primeiro vigário da paróquia foi o monsenhor José Alves Landim, de 13/08/1950 a 09/04/1951, sendo sucedido pelos seguintes vigários:
Pe. Heitor de Araujo Sales.
Cônego Luiz de Guimarães Wanderley.
         Cônego  Ramiro Varela (interino).
Pe. Francisco das Chagas Pereira Pinto
Pe. Manoel Barbosa.
Pe. João Perestrelo.
Pe. Francisco de Assis Pereira.
Além destes também atuaram no Santuário do Tirol dom Antonio Soares Costa, Pe. Agnelo Dantas Barreto, Pe. Otto Santana e Pe. Lucas Batista Neto.

Fonte: DIÁRIO DE NATAL, 03/09/1975, p.4.

                                                Santuário do Tirol

Fonte: Google maps,2020.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O JARDIM PÚBLICO DE NATAL



         A ideia de aterrar e ajardinar o espaço onde atualmente se situa a Praça Augusto Severo na Ribeira era desde 1853. Naquele ano o presidente da província, Antonio Francisco Pereira Carvalho ao abrir a assembleia provincial mostrava a convencia desse melhoramento e ordenava a Câmara Municipal que proibisse ali as edificações particulares. O seu desejo era que o jardim começasse a margem do rio Potengi e se estendesse até o morro que ficava ao fundo da praça.
         A ordem expedida nessa época a Câmara Municipal foi revogada por outra de 09 de dezembro de 1859 e mandada substituir em 17 de outubro de 1860 pelo presidente da província, José Bento da Cunha Figueiredo Junior.
                                        Praça Augusto Severo

Fonte: Cartão postal, sem data.

Do desencontro de determinações administrativas resultou a falta de segurança na orientação que devia ser seguida, e o fato é, que com o decorrer dos anos, foram surgindo edificações particulares na praça, ficando reduzidas as proporções que o local oferecia para a construção de um passeio público, que poderia ser um dos mais belos de quantos existiam nas capitais dos diversos Estados do Brasil, segundo Tavares de Lyra.
Em todo caso, o espaço desocupado ainda se apresentava como o melhor para um jardim, acrescendo que construído este, estaria conseguido o aterro da área invadida pelas grandes marés e onde, após as enxurradas provenientes da queda das águas, em quadras invernosas, se formava um verdadeiro pântano, cuja extinção, como medida de higiene, era insistentemente reclamada pela população, dizia em sua mensagem Tavares de Lyra.
Mas foi somente em 1904 que a praça tomou formas de espaço público humanizado.Em 11 de junho de 1904 o então governador Tavares de Lyra contratou o arquiteto Herculano Ramos para fazer o aterro e o ajardinamento da já denominada Praça Augusto Severo, ante era Praça da República.
         Segundo expôs na mensagem a Assembleia Estadual o governador Tavares de Lyra disse: “Era, como sabeis, um serviço inadiável, não só para o embelezamento como para a salubridade desta Capital; e se, preferi dispensar para ele a concorrência pública, foi porque esta, oferecendo maiores garantias quanto ao preço, não atendia a uma condição imprescindível em trabalhos dessa natureza: a idoneidade profissional do contratante” (MENSAGEM, 1906, p.21).

                                         Praça Augusto Severo

Fonte: Cartões postais, sem data.

O contrato para o aterro e ajardinamento da praça Augusto Severo foi de 45: 600$000 (quarenta e cinco mil contos e seiscentos réis).
Pelo contrato, com exceção da pedra e da areia, que seriam fornecidas pelo Governo do Estado, todos os demais materiais seriam adquiridos pelo empreiteiro, empregando-se na obra as de melhor qualidade existente no mercado.
A areia que seria fornecida para a obra foi da dragagem do porto e posta a disposição do arquiteto Herculano Ramos no cais da Alfândega pela comissão de melhoramento do porto.Na hipótese  de não ser possível ao Governo do Estado fornecer a areia no cais da Alfândega, o arquiteto Herculano Ramos se obrigava a adquiri-la pelo preço de 1:520$000 o metro cúbico.
A pedra seria fornecida no lugar da obra pelo Governo do Estado.Os trabalhos seriam iniciados desde a assinatura do contrato e deveriam estar concluídas até o 25 de dezembro de 1904.
         Ainda de acordo com contrato o arquiteto Herculano Ramos se obrigava a empregar de preferência nos trabalhos da praça os retirantes que se achavam aglomerados pelas ruas da Capital em consequência da seca.
         Os trabalhos das pontes, do pavilhão de música (coreto) cabana de abrigo e plataforma circular, poderiam ser adiados a juízo do Governo, para depois de concluídos as demais obras. (MENSAGEM, 1904, p.71).
         O contrato foi assinado em 11 de julho de 1904 dando-se inicio imediatamente as obras necessárias ao aterro e ajardinamento da praça.
         Ainda de acordo com a mensagem de Tavares de Lyra a Assembleia, o ajardinamento e aterro da praça Augusto Severo era um trabalho indispensável a salubridade da Capital.Tratando-se de saneamento de um lugar onde antes havia um barracão de retirantes, serviço em que seria aplicado o material adquirido pela Comissão Central de Socorros e no qual, de preferencia, seriam empregados os retirantes que se achavam ainda a procura de meios de subsistência em Natal.Para a obra foi utilizado os recursos que dispunha a caixa de origens diversas para  auxilio aos flagelados.
         A obra atestaria em todo tempo, que alguma coisa ficou desta quadra de misérias que tanto nos abateu, disse Tavares de Lyra. (MENSAGEM, 1904, p.9).

Fonte: Mensagens do Governador Augusto Tavares de Lyra para Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, 1904 e 1906.

                                             A praça Augusto Severo

Fonte: Google Earth, 2020.


O PRÉDIO DO CONGRESSO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE



Eis a seguir alguns apanhados históricos sobre o prédio do Congresso Estadual, atualmente Assembleia Legislativa do Estado.
Em 1905 o governador do Rio Grande do Norte, Tavares de Lyra, contratou com arquiteto e engenheiro Herculano Santos a construção de um palacete para o Congresso Estadual conforme se lia na mensagem do governador Tavares de Lyra em 1906 “contratei com o ilustre arquiteto dr. Herculano Ramos a construção do ‘Palacete do Congresso’, que é hoje um dos melhores da cidade. (MENSAGEM, 1906,p.4). O governo estadual pagou a quantia  de 40 contos de réis pela construção do referido prédio.
O edifício foi erguido em frente ao Atheneu, na Avenida Junqueira Aire, na Cidade Alta,  no lugar onde havia uma velha casa pertencente a intendência  a qual seria demolida para construir o referido prédio do congresso. O prédio teve sua construção iniciada em 1906.
                           Sede do Congresso Estadual
Fonte: Cartão postal, sem data.

Em 22 de maio de 1907 o prédio foi entregue ao governo do estado pelo engenheiro Herculano Santos.Segundo o jornal A República naquela data foram entregues as últimas obras do edifício do Congresso Estadul que compreendiam os acessórios internos da sala das sessões: mesa presidencial, bancadas dos deputados, divisão do recinto e galeria pública.
A mesa era em formato de três paralelepípedos reunidos sendo os do centro maior, salientando os dois laterais e apoiando toda a peça imitando pórfiro rubro antigo.
Era fechada e fixa, assim, como as demais peças, e feita de vinhático apresentando na face principal fino mosaico de madeiras incrustadas, em cujo coroamento se lia em monograma de ébano – C.E. (Congresso Estadual).
Esta peça era de alto valor artístico obedecendo ao mesmo estilo moderno, que predomina na construção do edifício.
As bancadas eram dispostas em grandes curvas compostas, apresentando o tipo característico das salas de espetáculo, dando 11 lugares em cada lado, eram feitas também de vinhático, firmadas solidamente sobre grandes estrados que contornavam o recinto, apresentando o mesmo soco de Porfírio rubro.
Todas estas obras foram executadas com pericia empregando-se nelas madeiras especiais e perfeitas: vinhático do rio São Francisco, pau d’arco amarelo, pau santo, jacarandá castanheiro, pau d’óleo e ébano.
Todo o recinto, os estrados das bancadas e o conjunto produzia um magnífico efeito. (A REPÚBLICA, 23/05/1907, p.1).
Na fachada foi gravada a palavra LEX (lei em latim).
Em 1949, conforme foi publicado no jornal Diário de Natal o prédio do Congresso Estadual, que a época abrigava a sede do Tribunal de Justiça, estava na eminência de desabar a ala direita do edifício.
O Poder Legislativo funcionou no prédio até o final do ano de 1930 quando as câmaras representativas foram fechadas com o advento da revolução daquele ano.De 1931 a 1934 serviu de sede a então Corte de Apelação, quando o prédio voltou a alojar o Legislativo indo o Poder Judiciário para a mesma avenida onde estava instalado o Hotel Bela Vista (atual Solar Bela Vista).Voltou a abrigar o Poder Judiciário após o golpe de 1937.
Em 1947 apesar da solidez do edifício apareceram enormes rachaduras na parede posterior da ala direita, que dava para a rua João Manuel.Foi então o prédio submetido a reparos que custaram ao erário 40 mil cruzeiros.Com as chuvas daquele ano de 1949, as rachaduras reapareceram muito mais proeminentes e ameaçadoras.Ficaram completamente empanadas as janelas que abriam para a rua João Manuel presumindo-se que os alicerces ali estavam afundando.As casas da rua João Manuel estavam ameaçadas em caso desabamento do edifício.
Atualmente o prédio servia de sede a OAB do Rio Grande do Norte e ao que tudo indica estava passando por uma reforma.
                    O prédio do Congresso Estadual atualmente



Lateral do prédio onde  está escrito a palavra 'LEX'

Fundos do prédio na rua Padre João Manuel.