A ideia de aterrar e ajardinar o espaço
onde atualmente se situa a Praça Augusto Severo na Ribeira era desde 1853. Naquele
ano o presidente da província, Antonio Francisco Pereira Carvalho ao abrir a
assembleia provincial mostrava a convencia desse melhoramento e ordenava a
Câmara Municipal que proibisse ali as edificações particulares. O seu desejo
era que o jardim começasse a margem do rio Potengi e se estendesse até o morro
que ficava ao fundo da praça.
A ordem expedida nessa época a Câmara
Municipal foi revogada por outra de 09 de dezembro de 1859 e mandada substituir
em 17 de outubro de 1860 pelo presidente da província, José Bento da Cunha
Figueiredo Junior.
Praça Augusto Severo
Fonte: Cartão postal, sem data. |
Do
desencontro de determinações administrativas resultou a falta de segurança na
orientação que devia ser seguida, e o fato é, que com o decorrer dos anos,
foram surgindo edificações particulares na praça, ficando reduzidas as
proporções que o local oferecia para a construção de um passeio público, que
poderia ser um dos mais belos de quantos existiam nas capitais dos diversos
Estados do Brasil, segundo Tavares de Lyra.
Em
todo caso, o espaço desocupado ainda se apresentava como o melhor para um
jardim, acrescendo que construído este, estaria conseguido o aterro da área invadida
pelas grandes marés e onde, após as enxurradas provenientes da queda das águas,
em quadras invernosas, se formava um verdadeiro pântano, cuja extinção, como
medida de higiene, era insistentemente reclamada pela população, dizia em sua
mensagem Tavares de Lyra.
Mas
foi somente em 1904 que a praça tomou formas de espaço público humanizado.Em 11
de junho de 1904 o então governador Tavares de Lyra contratou o arquiteto
Herculano Ramos para fazer o aterro e o ajardinamento da já denominada Praça
Augusto Severo, ante era Praça da República.
Segundo expôs na mensagem a Assembleia
Estadual o governador Tavares de Lyra disse: “Era, como sabeis, um serviço inadiável,
não só para o embelezamento como para a salubridade desta Capital; e se,
preferi dispensar para ele a concorrência pública, foi porque esta, oferecendo
maiores garantias quanto ao preço, não atendia a uma condição imprescindível em
trabalhos dessa natureza: a idoneidade profissional do contratante” (MENSAGEM, 1906,
p.21).
Praça Augusto Severo
Fonte: Cartões postais, sem data. |
O
contrato para o aterro e ajardinamento da praça Augusto Severo foi de 45:
600$000 (quarenta e cinco mil contos e seiscentos réis).
Pelo
contrato, com exceção da pedra e da areia, que seriam fornecidas pelo Governo
do Estado, todos os demais materiais seriam adquiridos pelo empreiteiro,
empregando-se na obra as de melhor qualidade existente no mercado.
A
areia que seria fornecida para a obra foi da dragagem do porto e posta a
disposição do arquiteto Herculano Ramos no cais da Alfândega pela comissão de
melhoramento do porto.Na hipótese de não
ser possível ao Governo do Estado fornecer a areia no cais da Alfândega, o
arquiteto Herculano Ramos se obrigava a adquiri-la pelo preço de 1:520$000 o
metro cúbico.
A
pedra seria fornecida no lugar da obra pelo Governo do Estado.Os trabalhos
seriam iniciados desde a assinatura do contrato e deveriam estar concluídas até
o 25 de dezembro de 1904.
Ainda de acordo com contrato o arquiteto
Herculano Ramos se obrigava a empregar de preferência nos trabalhos da praça os
retirantes que se achavam aglomerados pelas ruas da Capital em consequência da
seca.
Os trabalhos das pontes, do pavilhão de
música (coreto) cabana de abrigo e plataforma circular, poderiam ser adiados a juízo
do Governo, para depois de concluídos as demais obras. (MENSAGEM, 1904, p.71).
O contrato foi assinado em 11 de julho
de 1904 dando-se inicio imediatamente as obras necessárias ao aterro e
ajardinamento da praça.
Ainda de acordo
com a mensagem de Tavares de Lyra a Assembleia, o ajardinamento e aterro da
praça Augusto Severo era um trabalho indispensável a salubridade da
Capital.Tratando-se de saneamento de um lugar onde antes havia um barracão de
retirantes, serviço em que seria aplicado o material adquirido pela Comissão
Central de Socorros e no qual, de preferencia, seriam empregados os retirantes
que se achavam ainda a procura de meios de subsistência em Natal.Para a obra
foi utilizado os recursos que dispunha a caixa de origens diversas para auxilio aos flagelados.
A
obra atestaria em todo tempo, que alguma coisa ficou desta quadra de misérias
que tanto nos abateu, disse Tavares de Lyra. (MENSAGEM, 1904, p.9).
Fonte:
Mensagens do Governador Augusto Tavares de Lyra para Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Norte, 1904 e 1906.
A praça Augusto Severo
Fonte: Google Earth, 2020. |
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