domingo, 28 de fevereiro de 2021

UM NOVO MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO NORTE #1

             

        O município de Taipu foi criado pelo Decreto-Lei nº 97 de 10 de março de 1891 assinado pelo governador Antônio Amintas Barros, sancionando assim a lei votada pela Assembleia Legislativa do estado o qual concedia autonomia política e administrativa ao então distrito de Taipu desmembrando-o do território do município de Ceará-Mirim do qual fora distrito entre 1851 e 1891.

       Tinha a época de sua criação uma extensão territorial de 942 km², população de 2.709 habitantes e 165 eleitores. A população habitava na maioria em sítios e fazendas. A economia do município estava em torno da produção agrícola, sobretudo na cultura do algodão, cereais e gado. O município tinha pouco movimento comercial cujos produtos agrícolas eram transportados para os mercados de Natal, Ceará-Mirim e Macaíba. As importações eram apenas de pequenas quantidades de mercadorias necessárias ao consumo e aos hábitos modestos da sua população, já as exportações eram de algodão, cereais, peles e couros.

      A vila de Taipu, sede do município, foi erguida na margem direita do rio Ceará-Mirim. A época da criação do município tinha 3 ruas, 173 casas, 2 escolas de ensino primário (uma para cada sexo), a delegacia de policia civil, a igreja de Nossa Senhora do Livramento que capela filial da paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Ceará-Mirim, a agência dos correios e telégrafos, o cemitério que se localizava a época fora dos limites urbanos da vila.

Aspectos do centro de Taipu em 1965.
A aparência da vila ao ser criado o município era semelhante ao visto nesta imagem.

        A feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros de primeira necessidade como milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.

       Segundo o que foi publicado no jornal A República havia em Taipu em 1891 uma pequena feira sob uma latada “igual a um ninho de asa branca, aonde alguns matutos reúnem-se para vender certos gêneros, como sejam milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc, porém tudo em tão pequena quantidade, que um freguês dispondo-se a atacar tudo, talvez não ache em que empregar a fabulosa quantia de 100$000 réis”.(A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).Ainda de acordo com o citado jornal ao invés de obrigar os vendedores a terem suas medidas aferidas pela municipalidade, ao contrário, obrigava-os a só vender pelas medidas da mesma intendência. O funcionário encarregado de alugar as tais medidas da intendência foi citado pelo jornal apenas pelo sobrenome Ferreira, o qual não satisfeito com a medida tomada pela intendência, obrigava o matuto a alugar tantas medidas quantas fossem os sacos, ou outras vasilhas em que pusesse a venda os seus produtos, dizia o citado jornal. (A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).

Aspecto de uma feira em Taipu.

       Além da Vila, havia as povoações de Baixa Verde, Contador, Poço Branco e Gameleira que eram núcleos urbanos muito empobrecidos e quase abandonados em consequências das secas.

       Haviam duas estradas que faziam a comunicação terrestre ao municípios limítrofes, sendo uma estrada que ligava a vila de Taipu cidade de Ceará-Mirim. Esta estrada é citada na descrição contida no relatório do governo do estado no tocante ao município de Ceará-Mirim (RELATÓRIO..., 1896, p.86). É a atual estrada do Juamirim passando pelo vale do riacho Gameleira.

A outra estrada partia da vila de Touros para o município de Taipu cortando os vales do Saco e Golandim (RELATÓRIO..., 1905, p.68). É a atual estrada municipal que liga a cidade de Taipu a cidade de Pureza passando pelo distrito do Ingá.

Estrada municipal que começa no rio da Buraca, era a antiga que  fazia a ligação com o município de Touros.



Estrada do Juamirim, antiga estrada que ligava Taipu a Ceará-Mirim.

       Fixados a configuração territorial do novo município de Taipu este passou a ter por limites os municípios de Touros ao norte, São Gonçalo ao sul, Ceará-Mirim a leste e Jardim de angico a oeste.

       Banhado pelo rio Ceará-Mirim, sendo este o principal curso de água do município, além disse rio, outros cursos d´água cortava o território do município de Taipu tais como os riachos Carrapato, com nascente na Cruz do Salvador, Gameleira, com nascente na Serra Pelada, Lajes, cuja nascente estava no serrote do mesmo nome, Barreto, com sua nascente na Cachoeira do Sapo[1], Campestre, com nascente na Serra Verde[2]; Seco, com nascente na mesma Serra Verde[3], Coité, com nascente no Tabuleiro do Barreto, Cafuringa, com sua origem no serrote do Torreão[4].Nenhum destes riachos davam vazantes e secavam completamente quando cessava o inverno e em períodos de secas prolongadas.

Rio Ceará-Mirim na zona urbana de Taipu.


         Já as lagoas existentes no município eram Jurema, Lagoa de Dentro, Melancia, Cajueiro e Lagoa do Gago. Tinham elas grande capacidade acumulativa de água, porém, sem nenhum valor que pudesse a população delas se beneficiar.

        Haviam dois açudes, sendo um na povoação de Baixa Verde em bom estado e outro na Vila, o qual ficou bastante estragado em consequência das inundações de 1895.

        Além destes, haviam mais 8 açudes particulares, todos de pequena capacidade. Nos riachos do Coité, do Barreto e do Carrapato, existiam lugares apropriados para açudagem.

       As serras existentes no município de Taipu constavam das seguintes: Serra Pelada, Serra da Cruz[5] e Serra do Torreão[6]. Todas sem maniçobais e sem préstimo para o cultivo. Havia mais 5 outros serrotes igualmente estéreis que eram: Inhandú, Urubu, Pousa, Lajes e Branco[7].


A Serra Pelada, está localizada no distrito homônimo em Taipu.

Serra do Torreão fazia parte do território de Taipu até 1928 quando foi criado o município de Baixa Verde atual João Câmara.

         Havia no município grande quantidade de terras do Estado, das quais diversos proprietários particulares já estavam se apossado ilegalmente, para o plantio e criação.

        O novo município foi instalado em 03 de abril de 1891 com a posse do primeiro intendente, o capitão Cândido Marcolino da Rocha.

      O líder político republicano Pedro Velho esteve na vila do Taipu em 03/04/1891, descansando por algumas horas seguindo logo depois para o sertão do estado e presenciando a instalação do município. Segundo o jornal A República “assim que circulou a noticia de que se achava na vila o distinto chefe do partido republicano, de muitos pontos romperam festivas girândolas significando a simpatia de que aqui goza o ilustre visitante”. (A REPÚBLICA, 11/04/1891, p.2).

         Ainda de acordo com o citado jornal, Pedro Velho foi visitado por todas as pessoas gradas do lugar e durante o tempo que permaneceu na vila esteve sempre rodeado de numerosos amigos.

          Mesmo com a autonomia política e administrativa dada pela criação de Taipu o município continuou jurídica e eclesiasticamente pertencente a Ceará-Mirim, respectivamente da comarca e da paróquia da cidade vizinha da qual havia se emancipado.

          A época da criação do município de Taipu os municípios eram administrados por um Conselho da Intendência que dividiam as funções administrativas e legislativas, o equivalente aos cargos de prefeito e vereadores atualmente.

     Como de praxe sempre ao ser criado um novo município competia ao governador nomear seu primeiro intendente. O mandato era de 3 anos e  sem remuneração.

                  Continua...

[1] À época pertencente ao município de Jardim de Angicos, atualmente em Riachuelo.

[2]Do município de Touros.

[3] Servia de limites municipais entre Taipu e Touros.

[4] Atualmente no município de João Câmara.

[5] Atualmente do município de Bento Fernandes.

[6] Atualmente do município de João Câmara.

[7] Todos se localizam atualmente no município de Poço Branco.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

O INÍCIO DO TRÁFEGO DO RAMAL DE PICUÍ

 

Tendo sido inaugurado provisoriamente o prolongamento da GWBR entre Itamataí e a parada do km 10 teve inicio o trafego de passageiros, encomendas, mercadorias, transporte de animais e o serviço de telégrafo entre ambas as estações a partir do dia 27/12/1910.

O trecho fazia parte do ramal de Picui da mesma GWBR. Itamataí é um distrito de Guarabira, onde lá se iniciava o referido ramal.

De acordo com o jornal A República os trens mistos correriam provisoriamente as terças, quintas e sábados na ida e retornando as segundas, quartas e sextas. Eis abaixo o horário do referido trajeto .

Estações

Horário

Ida

Itamatai

06h35

Pirpirituba

06h57

Parada km 10

07h10

Volta

Parada  km 10

05h00

Pirpirituba

05h17

Itamatai

05h35

 

O comunicado de inicio do tráfego foi expedido do Recife pelo superintendente da GWBR o engenheiro inglês A. T. Connor em 24/12/1910.

A seguir imagens do ramal de Picui retiradas da revistas Ilustração Brasileira em 1938.






























Fonte: A República, 28/12/1910, p.2.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

SOBRE A NOVA MATRIZ DE ALEXANDRIA

 

De acordo com o jornal A Ordem era deveras animador o movimento religioso da cidade de Alexandria em torno da magnífica e oportuna ideia da construção de uma nova igreja para a Matriz da paróquia, dado o estado da então atual matriz, que era ainda muito pequena e em tipo colonial, não podia calar o espírito generoso e progressista do povo deste Município, contando com o apoio e possível auxilio do bispo da Diocese de Mossoró, dom Jaime Câmara.

A iniciativa partiu do prefeito e encontrou franco apoio de todas as classes, já tendo a subscrição em seu favor, que foi apenas apresentada no perímetro da cidade, atingindo o valor aproximado de 12:000$000.

         De acordo com o citado jornal, eram diversas as contribuições de 500$000 e 400$000, sendo notável o gesto do Sr. Elísio Maniçoba, que cedeu gratuitamente o barro para todo o tijolo da construção do edifício.

         Foi contratada e está em andamento a fabricação de 120 milheiros de tijolos para a edificação, que se iniciaria no mês de outubro do ano de 1938. (A ORDEM, 07/10/1938, p.2).

        A paróquia de Nossa Senhora da Conceição em Alexandria foi criada por decreto diocesano de 25/10/1936 de Dom Jaime de Barros Câmara, primeiro bispo da diocese de Mossoró. 

                                              Aspectos de Alexandria












PANORAMA DE BAIXA VERDE EM 1930


De acordo com o jornal Diário de Noticias o relatório apresentado a Intendência Municipal de Baixa Verde, pelo prefeito João Severiano da Câmara, era um documento que atestava ao mesmo tempo a inteligente ação do administrador e a riqueza do município.O município fora criado pela lei n.º 697 de 29 de outubro de 1928, pelo desmembramento de Touros, Taipu e Lajes.

         Baixa Verde progrediu neste espaço de tempo, graças aos esforços do seu primeiro prefeito, que muito bem soube aproveitar as suas fontes de renda. Mais uma vez evidencia, pois, como bem disse o Sr. João Severiano da Câmara, o axioma “dividir para bem administrar". E neste ponto o relatório a que se faz referencia tece justos elogios ao presidente do Estado, Juvenal Lamartine, autor da lei que criou o novo município. Os elogios eram também, extensivos a todos os funcionários municipais, porque bem cumpriram seu dever.

         O relatório do prefeito João Câmara, era de acordo com o citado jornal, um verdadeiro histórico do município, o qual começava tratando dos limites e passando ao funcionalismo, à escrita, à instrução, aos edifícios públicos, à viação, ao abastecimento de água, às eleições, ao júri, às visitas, ao campo de aviação, à agência dos correios, ao telégrafo, ao culto religioso, à luz elétrica, às obras públicas, aos decretos, leis e resoluções da intendência, à divisão fiscal, ao campo de demonstrações, à divida flutuante, às verbas, à receita e finalmente à despesa do município.

         Alguns capítulos desse relatório foram referencias no citado jornal, sendo o que se seguem.

         A receita do município foi de 76:473$200 e a despesa de 79:087$550, o que é admissível, porque não se interrompeu nenhum serviço, porque não poucas foram as obras realizadas.

         Tratando da receita e da despesa não pode deixar de fazer referencia a divida  do município, divida que não contraiu, mas que herdou da sua antiga situação de parte de outros municípios.

Esta divida é de 34:751$030 e esta devidamente explicada. Foi contraída para a construção do grupo escolar José da Penha, o que custou 60:000$000.Como os municípios não tiveram dinheiro todo, foi feito um empréstimo com João Câmara & Irmão, na importância acima, e como o grupo passou a pertencer ao novo município, ele ficou com a responsabilidade da dívida. O prefeito atual já regularizou a situação de semelhante compromisso em prestações anuais de 6:000$000 cada uma, além de uma prestação de 4:751$030 para antes daquelas.


Aspectos de Baixa Verde, década de 1940.


Outro capítulo que mereceu atenção do jornal Diário de Noticias foi referente ao Campo de Demonstração, que transcreveu as palavras do prefeito João Câmara:

“Baixa Verde, o município de maior produção algodoeira do Estado, não poder deixar de, em breve, construir o seu campo de demonstração, quiçá, contando para isso com a colaboração do Dr. Otávio Lamartine, inteligente e dedicado diretor do Serviço de Algodão do Estado, que, num gesto louvável e patriótico, pôs  espontaneamente a disposição do Município os seus largos conhecimentos técnicos e as máquinas necessárias àquele serviço”.

O jornal também transcreveu o que  disse o relatório do prefeito João Câmara sobre o abastecimento de água do município de Baixa Verde.

“É um dos problemas mais importantes para a vida econômica do Município. Formado de territórios áridos, sem fontes perenes, sem rios, e, em geral, inadaptados para açudagem, a resolução da magna questão tende a ser feita por meio de poços tubulares, servidos por moinhos de vento.O exmo Sr. Presidente do Estado, dr. Juvenal Lamartine, sempre voltado para tudo quanto diz respeito a prosperidade e desenvolvimento do nosso querido Estado, não esqueceu esta parte relevantíssima para o progresso do Município e assim não hesitou, apesar da exiguidade da Receita Estadual, de lançar mãos dos dinheiros  públicos , mandando, num gesto do mais alto alcance, abrir em toda a zona algodoeira, desprovida de água, poços tantos quantos necessários. Assim foram perfurados os de Palestina, Pereiros, Cabaço Preto, Terra Santa, São Luiz e São João, destes, foram instalados e estão funcionando os de Palestina e Pereiros. Além disso, foram desobstruídos também os de Queimadas, Escadilha e Nazaré. Existem, também, um em Buraco Seco, em perfeito estado de funcionamento, acionado por uma bomba manual, e outro nesta vila, funcionando normalmente. Na povoação de Parazinho há um poço movido por um motor a gás pobre, que apesar de se propriedade particular, muito em concorrido para o desenvolvimento agrícola da região. Por mais que me externasse a respeito, todas as minhas expressões seriam pálidas e poucas par dizer de que representa par a vida econômica e agrícola do Município o seu abastecimento de água”.

tratando da viação, capitulo que mereceu especiais cuidados do prefeito João Câmara, dizia o relatório coisa realmente interessantes segundo o citado jornal, no qual “durante a sua curta existência, teve o município construídas e ampliadas as suas estradas de rodagem, que vão já a 450 km, sobressaindo entre elas a que liga o município a Macau”.


Aspectos de Baixa Verde

Assim terminava o relatório do prefeito João Câmara:

“Srs. Intendentes. A sobriedade de expressões deste ligeiro relatório não se explica unicamente, como vos há de parecer, pela exiguidade de tempo.Se é verdade que os meus afazeres me atarefam demasiadamente, não me permitindo, mesmo se o quisesse, realizar digressões e explanações mais extensas em torno dos problemas que de mais perto reclamam a atenção e a vista do meu governo, que tais são abordados aqui, é preciso, entretanto, dizer-vos que assim procedendo, fico coerente com os meus princípios e as minhas ideias administrativas. Isso porque, à parte do direito alheio de pensar diversamente, acho que todos os administradores deviam ter por divisa a expressão “rex no verba”[1].Sim, porque são as ações e não as personalidades e que as destacam da impramatura comum dos indivíduos; com ações é que se constrói a economia dos povos; são os homens de ações que vanguardeam as coletividades progressistas.

E para confirmá-lo, é nosso contemporâneo e prodigioso valor do “yankee” – homem de ação por excelência, magnetizando o universo com a potencia estupenda da sua riqueza. Sistematizando a vida e realizando-a, portentosa e nobiliante, no trabalho fecundo de todos os dias sem o desperdício do seu tempo, tornando-o assim eminentemente produtivo, tem o americano conseguido standartizar a sua atividade de maneira que o maravilhoso progresso do seu país é um resultado direto e imediato do seu trabalho.

O que cumpria, por força de lei, trazer ao vosso conhecimento, aqui está. É este relato de um ano apenas da vida autônoma do Município e dentro de tão curto período, sem levar em conta o esforço para organizá-lo nos moldes constitucionais, muito creio já ter conseguido, com as afirmações reais do nosso trabalho aqui enumeradas e que tendes por outro lado também, diariamente, debaixo das vossas vistas. E se nenhum coeficiente indicasse o nosso progresso e esforço, só o vulto da nossa existência livre, sobrepujando de muito a de inúmeros outros municípios, populosos e antigos, o atestaria sobremaneiramente.

O que resta, afinal, é a satisfação da consciência tranquila de haver cumprindo o meu dever, procurando corresponder à confiança daqueles que me trouxeram até aqui e o que me cumpre agora é agradecer-vos a solidariedade inquebrantável e o apoio incondicional com que, numa perfeita harmonia de vistas, colaborastes comigo no labor de todos os dias, para levar adiante, forte, vigorosa e crente do seu esplendido futuro, a terra nascente par ao triunfo da nossa Baixa Verde estremecida. (DIÁRIO DE NOTICIAS, RJ, 18/07/1930, p.6).


Prefeito João Severiano da Câmara.

o relatório que provavelmente não existe mais nos arquivos da prefeitura e da câmara do atual município de João Câmara, outrora Baixa Verde, seria hoje uma preciosa relíquia arqueóloga para rememorar os primeiros passos do município autônomo de Baixa Verde.

Pelos enxertos extraídos do relatório do prefeito de Baixa Verde, percebe-se a erudição do prefeito João Câmara.



[1] Do latim: “o rei não fala”.Tradução livre.

SOBRE A REMODELAÇÃO DA MATRIZ DE AREIA BRANCA


Areia Branca estava ressurgindo no campo religioso segundo o jornal A Ordem em 1943.Orgulhava-se a cidade de possuir uma população exclusivamente católica, sendo limitados os núcleos de acatólicos que haviam naquela terra.

         De acordo com citado jornal, a igreja matriz de Areia Branca passaria naquele ano de 1943 por grandes reformas. Foi dado inicio aos trabalhos no ano de 1936 com a construção de uma majestosa torre avaliada em 50:0004000 (50 contos), tendo sido bondosamente custeada pelo industrial Francisco Ferreira Souto, para quem os católicos de Areia Branca teriam sempre o coração agradecido, conforme o citado jornal.

         A nave e as demais partes esperavam reformas estando já ao é da obra o material cuja aquisição foi devida a cooperação espontânea dos católicos que desprenderam generosamente suas esmolas e ao gesto louvável de Dom Jaime Câmara, que ofertou a importância de 5:000$000 (cinco contos).

         Era o pároco da freguesia naquele ano de 1943 o Pe. Ismar Fernandes, inamovível e “sua ação tem sido benfazeja. É batalhador incansável em prol da causa de Cristo”, segundo A Ordem.Incentivador de todo o progresso religioso de Areia Branca, estava o padre Ismar Fernandes, dirigindo a contento o rebanho a si confiado pela Providência.


Detalhe da torre da igreja matriz de Areia Branca, 2015.

         Graças a suas brilhantes iniciativa, o movimento religioso era confortador na paróquia de Areia Branca que ganhou o epíteto de “Cidade Eucarística” pelo bispo de Mossoró, Dom Jaime Câmara. A cidade havia realizado um Congresso Eucarístico Paroquial sob a sábia orientação do Mon. Leão, então vigário da paróquia. O movimento religioso, após aquele Congresso foi duplicado, segundo o jornal A Ordem.

       Foram canonicamente eretos os seguintes movimentos religiosos na paróquia de Areia Branca: Congregação Mariana, Filhas de Maria, Liga Católica, J.M.J, Apostolado da Oração, Cruzada Eucarística, Conferência de N. S. da Conceição, de N. S. do Perpétuo Socorro e de S. Sebastião, Damas de Caridade, Arquiconfraria de N. S. do Perpetuo Socorro, Ordem Terceira de São Francisco e Obras das Vocações Sacerdotais.

       De acordo com o jornal A Ordem “que os dirigentes desta terra congreguem todas as forças para que ela continue à vanguarda das notáveis cidades do Rio Grande do Norte”. (A ORDEM, 22/01/1943, p.2).