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quarta-feira, 9 de junho de 2021

O MUNICÍPIO DE BENTO FERNANDES (EX BARRETO)

        O município de Bento Fernandes, ex Barreto, é um dos 167  municípios que compõe o território do Rio Grande do Norte. Situado na região do Mato Grande distante 88 km de Natal contando atualmente com 5.493 habitantes e 335 km² de extensão territorial.



      A seguir algumas considerações que contribuem para a memória histórica desse município potiguar.    

Primórdios

         Já em 22/04/1804, Antônio Cavalcanti Bezerra possuía terras no Tabuleiro do Barreto e em 1822 se fazia referência ao Riacho do Barreto.

O senhor do Engenho Carnaubal, em Ceará-Mirim, foi o animador da povoação, ativando a produção agrícola através de compras e auxilio financeiro. Chamava-se Carlos Augusto Carrilho de Vasconcelos (1849-1920) e mandou erguer a capela de São Sebastião.

Em 1839 a região do Barreto registrou a passagem do bispo de Olinda que vindo da freguesia do Angicos passou pela localidade Riacho Fechado margeada pelo rio Ceará-Mirim[1], a época a região compreendia o município de Estremoz, passando a Ceará-Mirim por transferência de sede municipal daquela para esta vila em 1858 e por fim ao município de Taipu a partir de 10/03/1891, permanecendo como distrito de Taipu até a sua emancipação  política e administrativa em 31/12/1958, portanto, 67 anos na condição de distrito de Taipu. O distrito de Barreto estava a 28 km de distância da sede municipal de Taipu.

Como distrito de Taipu

      O povoado de Barreto é citado no Dicionário Corográfico do Brasil em 1913 (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL, 1913, p.93).

        Como distrito de Taipu consta que a capela do Sagrado Coração de Jesus foi erguida em 1925 em substituição a antiga cujo orago era São Sebastião, pertencente a paróquia de Nossa Senhora do Livramento.

Em 1928 havia já uma escola municipal. De acordo com Anfilóquio Câmara a agência postal no povoado de Barreto foi instalada a 13/02/1934, como posto de verificação de linhas (Câmara, Anfilóquio. Cenários Municipais, 1943, p.393).

A região do Barreto era a região mais árida do município de Taipu e muito carente de acesso a recursos hídricos, por isso, o quando ocorria invernos bons as noticias soavam animadoras como registradas no jornal A Ordem. Em 26/02/1939 o jornal A Ordem registrou que “choveu ontem todo [o dia] continua [o] tempo ameaçador” (A ORDEM, 26/02/1939, p.4), já em 17/03/1939 “chuvas grossas ontem durante 40 minutos” (A ORDEM, 17/03/1939, p.4) e em 19/03/1939 “ chove torrencialmente desde ontem duas horas” (A ORDEM, 19/03/1939, p.4).

         Na viagem de inspeção pelo interior do Estado feita pelo professor Antônio Estevam, inspetor de ensino, comunicou ao cone Amâncio Ramalho, diretor geral do Departamento de Educação, que na povoação de Belo Horizonte do município de Taipu, encontrava-se funcionando regularmente com uma frequência de 25 alunos, uma escola organizada inteiramente por iniciativa particular do Sr. Joaquim Vitorino que, por conta própria construiu o prédio, no qual gastou Cr$ 4:000$000.

         De acordo com o jornal A Ordem o gesto do Sr. Joaquim Vitorino mereceu ser divulgado com aplausos por aqueles que se interessavam pela instrução, pois assim dotou a sua terra de uma escola que vinha satisfazendo as necessidades locais merecendo que o governo, correspondesse ao desejo da população para elevar a referida escola a categoria de escola rudimentar (A ORDEM, 14/05/1937, p.1).

         A ordem pública no distrito de Barreto era exercida por um subdelegado subordinado a delegacia de policia de Taipu, mas oficialmente em 1929 foi criado o distrito policial de Barreto (RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1929, p.90).

         Em 1935 o jornal A Ordem registrou a nomeação de Antônio Pereira como subdelegado do distrito de Barreto do município de Taipu (A ORDEM, 17/12/1935, p.2).

       Em 17/01/1938 assumiu a regência da Escola Rudimentar de Barreto, no municio de Taipu, a professora Otilia Barbosa.

  A emancipação

         O Distrito foi criado com a denominação de Barreto (ex-povoado), pela Lei Estadual n.º 2.328, de 17/12/1958, subordinado ao município de Taipu e emancipado e elevado à categoria de município com a denominação de Barreto, pela Lei Estadual n.º 2.353-A, de 31/12/1958, desmembrado de Taipu, com sede no distrito de Barreto (ex-povoado), constituído do distrito sede. A instalação do novo município ocorreu em 01/01/1959. Foram desmembrados 359 km² do território de Taipu a formação do novo município de Barreto.

Localização do município de Bento Fernandes.


         O primeiro prefeito eleito do município de Barreto foi Joaquim Câmara, candidato da UDN, tendo sido o que menor maioria obteve conseguindo vencer seu oponente Francisco de Souza com uma margem de apenas 6 votos (O JORNAL,09/10/1959, p.8).O novo município de Barreto se iniciou logo com convulsões políticas as quais ameaçaram a existência do mesmo que foi ameaçado de não mais existir devido as irregularidades que ocorrerão antes de sua criação e na primeira eleição.

         Segundo o Diário de Natal várias irregularidades foram constatadas no alistamento de eleitores do novo município de Barreto, desmembrado havia pouco tempo de Taipu, onde realizar-se-iam eleições no dia 14/10/1959. Depois de oferecida a denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral, contra José Francisco de Souza, mais conhecido por José Igapó, o desembargador João Maria Furtado, corregedor eleitoral, foi até o local constando a exigência de vários eleitores transferidos para Barreto sem que ali residissem, bem como falsificações de documentos por José Igapó que possui um carimbo para “alistar” seus eleitores.

         O desembargador fez um completo relatório do que havia observado no município de Barreto, esperando que o TER tomasse as providencias que se faziam necessitarias para punir o fraudador que também era candidato a prefeito do município (DIÁRIO DE NATAL, 19/09/1959, p.5).

        Uma comissão formada pelos deputados estaduais Ângelo Varela, e Abelardo Calafange, foi designada para apurar sobre as irregularidades com a criação do município de Barreto.

         Conforme havia noticiado o Diário de Natal, o candidato derrotado na eleição daquele município, José Igapó, falou em solicitar a revogação da lei que havia criado o município de Barreto , alegando várias irregularidades entre as quais a de não haver numero de habitantes suficiente para a elevação do distrito a categoria de município, a lei que elevou a vila à distrito era posterior a que criou o município, sendo portanto inconstitucional; a Câmara de Vereadores de Taipu não teria sido considerada quando tramitou o projeto de criação do município de Barreto na Assembleia Legislativa.

         A situação em Barreto não era das mais normais, razão porque foi solicitada a presença de uma comissão de inquérito, a qual deveria apresentar um resultado no mês de março de 1959, quando da convocação extraordinária da Assembleia Legislativa.

       Caso fossem constatadas mesmo as irregularidades apontadas, acreditava o jornal Diário de Natal que seria apresentado projeto de revogação da criação de Barreto.

         Contra a criação do município de Barreto havia a alegação de que a Câmara Municipal de Taipu não foi ouvida a esse respeito, o que motivou aos deputados da oposição a recorrer ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da lei que havia criado o município de Barreto.

         Em poder dos responsáveis pelo movimento achava-se uma declaração de membros da Câmara Municipal de Taipu, confirmando o fato e estes iriam solicitar documentos da Assembleia indagando se havia sido encaminhado oficio de consulta.

        Sabendo do que estava ocorrendo, os lideres situacionistas começaram a se movimentar no sentido de que a Câmara de Taipu se pronunciasse, agora, com perspectivas de que fosse favorável a criação de Barreto. De acordo com o jornal Diário de Natal, ignorava-se se a deliberação seria levada em conta pelo Supremo Tribunal Federal (DIÁRIO DE NATAL, 10/11/1959, p.8).

      Em 18/06/1961 o Tribunal Regional Eleitoral começou a averiguar os detalhes da renuncia do prefeito e do vice-prefeito de Barreto, pois documentos haviam suscitado dúvidas.

         Em virtude da  renúncia apresentada por Joaquim Alves da Câmara e José Gomes da Silva, dos cargos de prefeito e vice-prefeito, respectivamente, do município de Barreto, o delegado do PSD solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral a fixação da data para a realização de eleições para prover os referidos cargos.

         O TRE resolveu converter o julgamento em diligência para requisitar os livros de atas da Câmara de Vereadores daquele município por ter havido dúvidas sobre a renuncia apresentada pelos documentos que instruíam os autos do processo.Foi relator do processo o juiz Paulo Pereira da Luz (DIÁRIO DE NATAL,18/06/1961,p.7).

         O delegado do PSD recorreu da decisão de do TRE em 18/07/1961 o qual havia adiado a realização das eleições suplementares para os cargos de Prefeito e Vice-prefeito do município de Barreto, em virtude da renuncia dos respectivos titulares e que estavam marcadas para o dia 13/08/1961, tendo sido o pleito marcado para 03/09 (DIÁRIO DE NATAL, 19/07/1961, p.6).

         O TRE aprovou a indicação do juiz Véscio Barreto de Paiva, titular da 4ª Zona Eleitoral, e os nomes de Manoel Nazareno de Araújo e Maria do Livramento Viana para membros da junta apuradora das eleições suplementares que ocorreriam em 03/09/1961 em Barreto (DIÁRIO DE NATAL, 12/08/1961, p.5).

         O resultado das eleições suplementares demonstrou que venceu o Sr. Lidio Fernandes de Oliveira para o cargo de prefeito, que obteve  a maioria de 197 votos que obteve 443 votos enquanto o seu opositor, José Igapó, obteve 246 votos.

         Para o cargo de vice-prefeito o resultado foi 412 votos para Jaime Ferreira de Andrade contra José Barbosa que obteve 255, sendo a maioria a favor de Jaime Ferreira de Andrade de 157. O juiz Véscio Barreto não informou se a comunicação recebida pelo TER informava algum recurso sobre o resultado daquelas eleições suplementares  (DIÁRIO DE NATAL,05/09/1961, p.3).

         Compareceram e votaram 743 eleitores,  deixando de comparecer 242 eleitores.

         E assim foram os primeiros anos do novo município de Barreto.

         O novo município de Barreto tinha ligação com seguintes municípios por rodovias: João Câmara, a 19 km de distancia, Poço Branco, a 36 km de distância, Taipu, a 28 km de distância, Ielmo Marinho, a 36 km de distância, São Paulo do Potengi, a 30 km de distância, Caiçara do Rio do Vento, a 25 km de distância, Jardim de Angicos a 18 km de distância, Natal, a 101 km de distância.Tinha por atividades econômicas a cultura agrícola, pecuária e indústria de transformação. Os produtos exportados eram algodão e farinha de mandioca, já os produtos importados eram os gêneros alimentícios e tecido.

Formação administrativa

        Em divisão territorial datada de 01/07/1960, o município era constituído do distrito sede. Pela Lei Estadual n.º 2.889, de 25/06/1963 foi criado o distrito de Belo Horizonte e anexado ao município de Barreto.

      Em divisão territorial datada de 01/12/1963, o município estava constituído de 2 distritos: Barreto e Belo Horizonte e pela Lei Estadual n.º 3.506, de 16/10/1967, o município de Barreto passou a denominar-se Bento Fernandes. 

      Em divisão territorial datada de 31/12/1968, o município estava constituído de 2 distritos: Bento Fernandes e Belo Horizonte.

Toponímia

Barreto, primitivo nome do município, denominava localidade e riacho, sendo seu topônimo originário de antigo posseiro, tido como fundador da localidade.

 Em 16/10/1967 teve o nome alterado para Bento Fernandes em homenagem a Bento Fernandes de Macedo (1848-1925), agricultor que desde 1870 habitava as campinas daquela região, chegando ao fim da existência honesta e laboriosa com família de 18 filhos. O velho subdelegado de policia ao tentar debelar um tumulto provocado por forasteiros durante uma festividade religiosa foi assassinado em maio de 1925.

O almanaque Laemert cita Bento Fernandes como um dos três suplentes de delegado do município de Taipu (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ),1927,p.1119), possivelmente exercendo a função de subdelegado no distrito de Barreto onde residia.

O mesmo almanaque o cita como um dos agricultores e lavradores que constavam no município de Taipu (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1913, p.1307) condição  citada até 1925.

O município de Bento Fernandes na década de 1970

         De acordo com o jornal Diário de Natal foram eleitos Joana Ferreira da Cruz e Jaime Ferreira de Andrade, prefeita e vice-prefeito, respectivamente do município de Bento Fernandes (DIÁRIO DE NATAL, 29/01/1970, p.7).

         Duas agroindústrias contribuíam para a economia do município de Bento Fernandes, que eram a Má Qualhada e ADISA.

         Adauto Rocha e os filhos José, Hélio e Bira, contrataram com a INDUPLAN a elaboração de um projeto agroindustrial para o aproveitamento do potencial de sua propriedade “Má Qualhada” no município de Bento Fernandes.

         Naquela fazenda já existiam quase 4 mil pés de abacaxis, e com a aprovação do projeto esse numero seria aumentado, bem como seria efetuado um plantio racional de cajueiro para o aproveitamento industrial da polpa, suco e da castanha (O POTI,16/08/1970, p.10).

A empresa Agropecuária Diamante S.A-ADISA, cujo diretor-presidente era Antonio Soares da Rocha, proprietário rural em Taipu,  foi constituída com recursos dos incentivos fiscais da SUDENE. A ADISA adquiriu em 1970 um trator CBT 1000 com todos os implementos necessários a mecanização de sua fazenda Jurumenha, no município de Bento Fernandes.

Já em 1973 Jaime Ferreira de Andrade era quem exercia o cargo de prefeito naquele município (DIÁRIO DE NATAL, 15/02/1973, p.11).

         O deputado estadual Dalton Melo, líder da ARENA, endereçou apelo ao diretor do DER-RN no sentido de incluir no programa rodoviário do Estado 1975/1976 a construção da estrada que ligava a cidade de Bento Fernandes a BR-304 aquela época em leito natural (DIÁRIO DE NATAL, 10/09/1975, p.5).

        Em 1976 a SUDENE firmou convenio com o DNOCS para a construção do açude Sossego em Bento Fernandes (DIÁRIO DE NATAL, 10/06/1976, p.7).

       Em 1977 era prefeita Joana Ferreira da Cruz, o vice-prefeito, José Pinheiro da Silva. Os vereadores eram: Lídio Barbosa de Miranda, Antonio Victor do Nascimento, Luiz Canela de Lima, Silvino Inácio de Melo, Cicero Vitorino da Silva, Wilson Lopes Galvão, João Nicácio Filho. O juiz de direito era Dr. Manuel dos Santos, o promotor: Dr. Jair Alvares Vilar e o delegado era 3º sargento Geraldo Nunes da Silva.

        A cidade de Bento Fernandes possuía um posto de saúde municipal. Os alunos de 2ª grau tinha que se deslocar para João Câmara em transporte custeado pela prefeitura. No município de Bento Fernandes começava a ser executado o programa de eletrificação rural tendo sido a fazenda Belo Horizonte a primeira a receber tal beneficio. Naquele ano de 1977 iria ser construído o açude que prestaria para o saneamento básico da cidade com capacidade para 1.500.000,00m³ de água. A assistência religiosa era feita pela paróquia de João Câmara (DIÁRIO DE NATAL, 02/09/1977, p.14). 

        Naquele ano de 1977 seriam construídos pela Secretaria de Transportes do Governo do Estado 8 açudes objetivando principalmente o saneamento básico em municípios carentes de mananciais subterrâneos, incluindo o município de Bento Fernandes com a construção do Açude Barreto com capacidade de 1.500.000,000m³, cujo projeto e orçamento foram elaborados desde 1975 pelo DNOCS ( DIÁRIO DE NATAL, 31/08/1977, p.2)

         No ano de 1978 o deputado estadual Antonio Câmara havia requisitado providencias no sentido de serem implantadas rodovias interligando os municípios da região do Mato Grande que estavam segundo ele praticamente isolados entre si, assim, queira ele que fosse construída a RN-064, ligando os municípios de Ceará-Mirim a Touros e a RN-120 ligando João Câmara a Bento Fernandes, salientando não apenas o lado econômico da construção dessas estradas, mas também o social.    

Posto da TELERN                                                                           

         O posto da TELERN de Bento Fernandes seria instalado em agosto de 1978 (DIÁRIO DE NATAL, 17/01/1978, p.8), no entanto, o Posto de Serviço da TELERN em Bento Fernandes só seria instalado no ano seguinte.

         De acordo com o Diário de Natal a TELERN comunicava aos seus usuários que estavam ativados os Postos de Serviço de Bento Fernandes, onde os usuários daquela cidade poderiam realizar ligações interurbanas para qualquer cidade do Estado e do País devendo se dirigir ao referido OS e solicitar a ligação a telefonista, já os assinantes das demais cidades para ligarem para Bento Fernandes deveriam discar 101 e solicitar a chamada (DIÁRIO DE NATAL,22/02/1979, p.17).

Inauguração da energia de Paulo Afonso        

         O governador Cortez Pereira inaugurou em 12/07/1974 o serviço de distribuição de energia elétrica  vinda da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso-BA por meio da COSERN (DIÁRIO DE NATAL,12/07/1974, p.4).

         Mais uma cidade do Rio Grande do Norte ganhava assim a energia elétrica da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso-BA. Na noite de 14/07/1974, onde o governador Corte Pereira, na presença dos diretores da COSERN, prefeito e população da cidade, presidiu a inauguração do novo sistema de energia elétrica de Bento Fernandes, onde existia uma população de 4.680 habitantes, sendo 927 na zona urbana e 3.753 na zona rural.

         Para receber o beneficio a cidade preparou uma festa que começou bem cedo com desfile de estudantes pelas ruas da cidade. No inicio da noite, a população concentrou-se na rua principal onde assistiu a um filme sobre o Rio Grande do Norte. A festa maior, entretanto aconteceu as 20h15 quando o governador cumprindo mais uma etapa de seu programa de inaugurações acionou o dispositivo que fez iluminar a cidade com a energia de Paulo Afonso.


Inauguração da energia elétrica em Bento Fernandes. Foto: O Poti, 14/07/1974, p.3.


        
O presidente da ARENA no município, Francisco Canindé de Oliveira, representando o prefeito Jaime Ferreira de Andrade e o povo de Bento Fernandes, fez da inauguração uma oportunidade para agradecer ao governo do Estado os benefícios já levados a comunidade. Aproveitou também para reivindicar a construção de uma ponte sobre o rio Ceará-Mirim que durante o inverno dificulta o acesso a cidade. O governador Cortez Pereira em seguida informou que os estudos com esta finalidade já estavam sendo realizados.

         Na festa da inauguração da energia elétrica em Bento Fernandes, uma das maiores lideranças da região, dona Joana Ferreira da Cruz, conhecida como dona Noca, era uma das mais entusiasmadas, e após, a solenidade de inauguração afirmou: “já participei de grandes festas aqui. Mas esta pela importancia do acontecimento foi realmente a que me deixou mais feliz”.

         O presidente da COSERN, Benvenuto Pereira, lembrou outras vezes que havia visitado Bento Fernandes e falou da escuridão em que vivia a cidade. Acrescentou que se sentia satisfeito por ter de voltar mais uma vez “sendo que desta vez para trazer, cumprindo orientação do governador Cortez Pereira, a energia de Paulo Afonso que ilumina as ruas antes mergulhadas na escuridão”.

         O prefeito do município, Jaime Ferreira de Andrade, comentou depois sobre a alegria por ter sido a inauguração da energia de Paulo Afonso realizada em sua administração.

         O governador Cortez Pereira lembrou ainda Joaquim Vitorino “uma das grandes figuras que conheci”, líder e criador no municipio falecido havia algum tempo.No final, o governador falou da importância da energia de Paulo Afonso para a cidade de Bento Fernandes (O POTI,14/07/1974,p.3).

          Em 1978 foi solicitado a Cosern a instalação de um escritório na cidade de Bento Fernandes.

O município de Bento Fernandes na década de 1980

         O Governo do Estado por meio da Companhia de Habitação Popular do Rio Grande do Norte-COHAB-RN construiu o Conjunto Bento Fernandes, no município de mesmo nome, cuja solenidade de inauguração ocorreu em 02/03/1983 as 09h00.        

         Foram construídas 30 unidades habitacionais cujo valor global foi de Cr$ 13.487.874,55 onde seriam atendidas até 150 pessoas. Os recursos foram do Banco Nacional da Habitação e obras financiadas por meio do programa FICA-Financiamento de Reforma e Ampliação de Moradias (DIÁRIO DE NATAL, 02/03/1983, p.3).  

As inaugurações das agências do BNB e do abastecimento de água na cidade de Bento Fernandes ocorreu em 08/03/1983 assim como a construção do escritório local da CAERN (DIÁRIO DE NATAL, 08/03/1983, p.5).

         Em 1985 a prefeitura de Bento Fernandes, através do prefeito Jaime Andrade, efetuou a entrega de várias obras públicas à comunidade, dentre elas a reforma geral do mercado público, a instalação de uma TV pública na praça Santos Dumont, o calçamento nas praças Frei Henrique de Coimbra e Santos Dumont, a garagem municipal destinada ao trator e outros implementos da prefeitura.

  Naquele ano também foi inaugurado a eletrificação nos povoados Riacho Fechado e Riacho de Paus, antigas reivindicações dos habitantes daquelas localidades, feita mediante convenio firmado entre a prefeitura, COSERN e STOP.

         Funcionando na prefeitura, a Junta de Serviço Militar em breve estaria sendo instalada em prédio construído exclusivamente para a tender aos jovens do município, que era uma antiga reivindicação do secretário Francisco Canindé de Andrade.

         Em funcionamento desde julho de 1985, o Centro Social Joana Ferreira da Cruz, tinha como presidente Maria do Livramento Freire, tendo o Centro Social sido uma homenagem a Dona Noca, ex-prefeita do município.

         O Flamengo continuava em alta na campanha do Campeonato interiorano/85 promoção do Diário de Natal/Rádio Poti e Fenat (O POTI, 22/09/1985, p.23).

         Em audiência com o governador José Agripino, o prefeito Jaime Andrade, do município de Bento Fernandes conseguiu a construção da ponte que separava o centro da cidade do Alto do Rondon já encaminhado ao DER para fazer a concorrência pública.

         No dia 12/10/1985 comemorou-se a festa da padroeira, Nossa Senhora Aparecida, com barracas, leilões e festa dançante no clube muicipal ao som do grupo Zincaros. Segundo o jornal  O Poti, muita gente viria das cidades vizinhas para prestigiar a festa.

         O Centro Social Joana Ferreira da Cruz estava realizando um levantamento das necessidades da população de Bento Fernandes, para encaminhar reivindicações junto aos órgãos competentes e a equipe do Centro contaria com o apoio técnico da concluinte de Serviço Social Liranita Oliveira Dantas.

         Dentro de um mês aproximadamente o município estaria recebendo o sinal da TV Bandeirantes, até aquela data a cidade já recebia o sinal das TV Globo e TV Universitária. Um contrato de serviço foi firmado com a Satel para a aquisição de uma antena repetidora com recursos exclusivos da prefeitura (O POTI,12-13/10/1985,p.22).

         O Centro Social Joana Ferreira da Cruz através da sua diretora e do prefeito Jaime Andrade junto ao governador José Agripino, conseguiu a liberação de recursos na ordem de Cr$ 40.000.000 para a construção da sede própria da entidade que prestava assistência a comunidade (O  POTI,29/12/1985, p.24).

         Foi realizada 11/01/1985 a solenidade de colação de grau dos concluintes do 1º grau da Escola Estadual Senador João Câmara. A turma Francisco Canindé de Andrade teve como patrono o prefeito Jaime Ferreira de Andrade, com homenagens especiais ao Dr. Hélio Xavier de Vasconcelos, secretário estadual de educação , Francisca Figueiredo Souza, chefe do 40º NURE, Joana Ferreira da Cruz, ex-prefeita, José Nicácio Neto, diretor da escola, Iberê Ferreira de Souza, secretário de assuntos de governo, José Robenilson Ferreira, ex-secretário da educação do município, Floriano Barbosa de Miranda, vice-prefeito e Elione Fernandes Bezerra, supervisora da escola.

         No dia 04/01/1986 foi publicado no Diário Oficial do Estado o edital de licitação para a construção da ponte sobre o riacho Bezerra com 30 metros de comprimento. A ponte era uma antiga reivindicação do prefeito Jaime Ferreira de Andrade junto ao governo do Estado, cuja obra beneficiaria muito o município, haja vista que, no período de inverno a cidade ficava privada de locomoção para as localidades de Alto Rondon, Riacho Paus, Inhandu, Jurumenha, ocasionando assim prejuízos aos produtores de leite, como também aos estudantes que deixavam de frequentar a escola devido o riacho não dar passagem.

     Foi concluído pelo Departamento de Obras da Prefeitura, a pavimentação a paralelepípedos das praças Frei Henrique de Coimbra e Santos Dumont. A realização dessas obras foi concretizada com recursos próprios do erário municipal e iniciado o serviço de calçamento da rua Tiradentes e o prefeito concluiria todas as ruas da zona urbana até o final do seu mandato (O POTI,12/01/1986, p.22).

O município de Bento Fernandes na década de 2000

As principais atividades econômicas do município eram a agropecuária, o extrativismo e o comércio. Com relação à infraestrutura, o município possuía 01 Agência e 01 posto dos Correios e 19 empresas com CNPJ ( IDEMA, 2001).

Nos anos 2000 o município de Bento Fernandes tinha na rede de saúde  01 hospital, 01 Unidade Mista, 01 Centro de Saúde, 01 Posto de Saúde e 15 leitos.

Na área educacional, o município possuía 30 estabelecimentos de ensino, sendo 10 de ensino pré-escolar, 19 de ensino fundamental e 01 de ensino médio. Da população total, 64,60% eram alfabetizados.

Aspectos da cidade de Bento Fernandes.


O município possuía 932 domicílios, sendo 456 urbanos e 476 na área rural. Destes, 588 têm abastecimento d’ água através da rede geral, 21 através de poço ou nascente e 323 por outras fontes. Apenas 407 domicílios eram atendidos pela coleta regular de lixo.

Demografia

         O censo de 1960 acusou uma população de 6.504 habitantes, dos quais 3.362 homens e 3.142 mulheres. Foi o primeiro levantamento oficial da população de Barreto após a criação do município.

         Aquele censo apontou ainda que haviam 1.180 domicílios, dos quais 627 eram próprios e 553 em outras condições e apenas 16 casas tinha acesso a iluminação elétricas.

O censo de 1970 apontou uma população de 4.353 habitantes, dos quais 836 na zona urbana e 3.029 na zona rural. Em 1975 a estimativa da população era de 5.257 habitantes, que não se confirmou conforme os dados do Censo de 1980 que apontou uma população de 4.642 habitantes, sendo 3.267 homens, e 2.275 mulheres.

Aquele Censo apontou que na cidade de Bento Fernandes eram 3.669 habitantes, dos quais 1.876 homens e 1.823 mulheres. Já no distrito de Belo Horizonte eram 943 habitantes, sendo 491 homens e 442 mulheres.

O Censo de 1991 demonstrou uma população de 4.463, dos quais 2.227 homens e 2.236 mulheres.

Segundo o censo de 2000, a população total residente era de 4.709 habitantes, dos quais 2.468 são do sexo masculino (52,40%) e 2.241 do sexo feminino (47,60%), sendo que 2.044 viviam na área urbana (43,40%) e 2.665 na área rural (56,60%).

A população em 2005 foi estimada em 4.863 habitantes (IBGE/2005). A densidade demográfica é de 14,05 hab/km².

Eleitores

         O município de Bento Fernandes contava em 1972 com 2.256 eleitores (DIÁRIO DE NATAL, 13/10/1972, p.3), em 1978 constava 2.106 eleitores  (DIÁRIO DE NATAL, 24/10/1978, p.18) e em 1982 o município de Bento Fernandes contava 2.726 eleitores (O POTI, 17/10/1982, p.7).



Antiga capela do Sagrado Coração de Jesus do antigo distrito de Barreto. Desativada, atualmente compõe o patrimônio histórico da cidade de Bento Fernandes, pode ser vista as margens de RN120 que liga a cidade a João Câmara.

Igreja de Nossa Senhora Aparecida atual padroeira de Bento Fernandes. A igreja atual de Bento Fernandes teve seu inicio em 1957 por iniciativa do Pe. Lucilo Alves, a época pároco de Taipu.


[1] Riacho Fechado é atualmente distrito do município de Bento Fernandes.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

SOBRE O HISTÓRICO DO DISTRITO DE BARRETO


Barreto era o primitivo nome do município, denominava localidade e riacho, sendo seu topônimo originário de antigo posseiro, tido como fundador da situação, de quem se ignora maiores vestígios históricos. Um grande animador da povoação de Barreto foi o senhor do Engenho Carnaubal, no Ceará-Mirim, Carlos Augusto Carrilho de Vasconcelos, erguendo a capela de São Sebastião, ativando a produção agrícola pelas compras e auxílios financeiros e construindo ali uma escola. (Cf.http://www.ibge.gov.b\cidades).
            O nome do município foi dado em homenagem a Bento Fernandes de Macedo, o qual era agricultor nas campinas da região. Velho delegado de polícia morreu assassinado em maio de 1925, ao tentar debelar um tumulto, provocado por forasteiro durante festividade religiosa (http://www.ibge.gov.br).
A Capela do Sagrado Coração de Jesus, que é marco inicial daquele município ainda existe, embora em situação precária. A atual igreja começou a ser construída em 1954 por iniciativa do padre Lucilo Alves Machado, quando ainda aquela localidade pertencia à paróquia de Taipu.

Criação do município de Barreto (Bento Fernandes)
      O município de Barreto foi emancipado pela lei estadual nº 2353-A, de 31/12/1958, sendo desmembrado de Taipu com sua sede no distrito de Barreto, ex-povoado e oficialmente instalado em 01/01/1959 (IBGE, 2010).
Com a criação do município de Bento Fernandes, Taipu perde pela segunda vez parte de seu território cedendo àquele novo município uma área de 301, 068 km².


   Capela do Sagrado Coração de Jesus, primeira igreja de Barreto, construída em 1917.Foto:http://www.bentofernandes.rn.gov.br/



 Construção da nova igreja do distrito de Barreto (Bento Fernandes) iniciada em 1957.
Foto: arquivo das Irmãs do ICM.



   Atual igreja de Bento Fernandes.Foto:http://www.bentofernandes.rn.gov.br/


Atualmente o município de Bento Fernandes conta com uma população de 5.113 habitantes segundo o Censo de 2010.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Menção a Taipu no livro "Além dos Jardins" de João Evangelista Romão

         O texto a seguir foi extraído do livro 'Além dos Jardins' de João Evangelista Romão publicado em 2006.O livro trata da formação histórica da cidade de Jardim de Angicos-RN, uma pesquisa muito bem feita pelo autor reconta a trajetória dessa antiga cidade da região central do estado potiguar.Leitura recomendada.
         O enxerto por mim escolhido trata dos princípios da ocupação do território onde se situa a atual cidade de Jardim de Angicos a partir das doações das sesmarias.O autor faz uma acurada pesquisa sobre as sesmarias doadas na região e como não poderia deixar de ser faz referências a Taipu, que como é sabido na historiografia potiguar era considerada o limite da capitania do Rio Grande [do Norte], como o passar do tempo as terras além Taipu foram sendo ocupadas 'subindo' o rio Ceará Mirim,importante rota de penetração do sertão potiguar, é o que explica o autor do texto a seguir.Boa leitura.

            Em fins do século XVII, quando os índios Cariri, também chamados de Tapuia, foram derrotados, se inicia a povoação do interior do Rio Grande do Norte. A área sertaneja do Ceará - Mirim (rio) foi um dos principais ponto estratégico para a ocupação da região central. Os colonizadores tiveram os primeiros contatos naquelas imediações por volta de 1666, quando o governador da Paraíba, João Fernandes Vieira, requer dez léguas de terra em quadra, do Taipu acima pelo rio Ceará - Mirim. Em 1682, os irmãos Paulo e José Coelho de Souza, moradores em Pernambuco, pedem as terras nas imediações do Cabugi correndo para o lado do rio Salgado. Nem um dos três conseguiram fixar posse na região. Na primeira década de 1700 é que firmam-se as posses definitivas de terras.
            Os relatos em Cartas de Sesmaria (Carta: documento da doação de terra; Sesmaria: lotes de terra, mais conhecida como Data de terra) do Sertão do Ceará - Mirim informa que, já por volta de 1700, o Coronel Antonio da Rocha Bezerra possuía uma Caiçara (curral para gado) a meia légua da barra do rio Cururu. O Cururu faz barra (deságua) no rio Ceará - Mirim, a menos de dois km da cidade de Jardim de Angicos, em terras da fazenda Primavera, hoje do Sr. Hercules Barbalho. Quase todas as Datas de terras doadas na região faz referência a barra do Cururu. O Coronel Antonio Bezerra é o primeiro posseiro que possuiu terras por ali. Ele é encontrado como peticionário de várias sesmarias pelo interior, como no rio Pataxó, em Angicos, Açu e Alexandria. Segue informações sobre os requerente e sesmarias do Sertão do Ceará - Mirim:
            No litoral as Datas de terras eram medidas em quadra e no interior em largura, isso para concentrar as águas das lagoas naquele e neste os leitos dos rios. Medidas em léguas (uma légua= 6600 metros ou 6,6 km) a sesmaria podia chegar até três léguas de comprido, meia para cada lado dos rios ou ruachos, ou légua e meia em quadra, estas com objetivos de enquadrar as lagoas e terras fertes. Terras como as dos municípios João Câmara e Bento Fernandes foram requeridas e povoadas (com gado solto) em fins do século XVIII e início do seguinte, por causa da escacez de água nessas áreas. Depois das Datas do rio Ceará - Mirim, a de 1709, dos irmãos Rodrigues Coelho e Maurício Brochado Ribeiro, são dois os requerimentos mais significativos nestes municípios: uma em 1793, hoje no território de Bento Fernandes, e outra em 1814, no de João Câmara.
           Em 19 de julho de 1793, Manoel Muniz de Bragança e Salvador de Araújo Correia requerm uma sesmaria que limitava-se nas divisas da Data da Boágua, em sua meia légua sul, correndo para os lados do distrito de Belo Horizonte e Serra da Cruz, hoje território de Bento Fernandes. Naquele documento encontra-se informações sobre o Sítio Cururu, então pertencente ao Capitão Antonio José Santos, do Sítio Boágua, etão do Capitão Manoel Soares, com quem as terras avizinhava-se, pegando sobras a nascente do Tanque do Felix, hoje área divisório dos municípios Bento Fernandes, Caiçara do Rio do Vento e Jardim de Angicos.

             Como já informado, as terras que do leito do rio Ceará - Mirim até meia légua e légua e meia para Taipu, em 1709, fora requeridaspor Manoel Rodrigues Coelho. As que corriam para cima, pegando da testada de Manoel Coelho, nas primeiras décadas de 1700, pertenciam a Francisco Rodrigues Coelho, irmão de Manoel, e Maurício Brochado Ribeiro. Era a conhecida por Data da Boágua.



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fragmentação do território do município de Taipu


            Segundo o IBGE o município e a unidade administrativa de menor hierarquia dentro da organização político-administrativo do Brasil. São criados através de leis ordinárias das Assembleias Legislativas e sancionadas pelo governador. Julio Sena (1974, p 68-69) ao fazer analise sobre a origem do município brasileiro assim se expressa:
O município brasileiro nasceu das necessidades apresentadas pelos diversos agrupamentos humanos situados em determinadas regiões. Por sua vez esses agrupamentos se fizeram em torno de objetivos agropecuários. O município tem base em fatores antropogeograficos onde a vida do homem se tornou mais fácil pela amenidade de clima, constituição do solo agrícola e padrão floristico utilitário, os agrupamentos cuidaram da cultura dos campos e da colheita das matérias primas e os municípios formaram-se, desse modo, dentro de pequenas regiões [...].
            Notadamente encontramos nas palavras de Julio Sena as características formadoras do município de Taipu, sobretudo no que se refere aos objetivos agropecuários pois o referido município desenvolveu nas inúmeras fazendas existentes na região.
            A formação do território do município de Taipu não é uma tarefa fácil, mas tentaremos aqui empreender esforços da melhor maneira possível para fazê-lo.
            O município de Taipu foi criado pelo Decreto nº 97 de 10 de março de 1891 assinado pelo governador Amintas Barros na qual o desmembrava do município de Ceara Mirim, ficando o povoado de Taipu elevado a condição de vila e sendo a sede do novo município.O limites do novo município deveriam ser os mesmos do distrito de paz que havia sido criado em 1851.
            Os limites do município de Taipu após a sua criação passaram ser então Ceara Mirim, São Gonçalo do Amarante, Touros e Jardim de Angicos. Segundo Torquato (2009, p.169) o município de Taipu tinha em 1895 uma extensão territorial de 942 km², que além da sede, a vila de Taipu, faziam parte do município as seguintes localidades: as povoações de Poço Branco (atual município), Barreto (atual Bento Fernandes-RN), Gameleira, Contador, Boa Vista, Pitombeira e Passagem Funda Baixa Verde O distrito de Baixa Verde foi criado pela lei municipal nº 2, de 22-12-1892 e incorporado ao território do município de Taipu[1].
            Nas informações sobre o município do relatório do governador do Estado em 1896 diz que “eram poucas as informações confiáveis sobre o município” (RPEB, 1896, p. 39). O relatório dizia apenas que o município pertencia a comarca do Ceará Mirim e não era distrito judiciário e que não foi possível reunir dados históricos e geográficos sobre Taipu (Cf. RPPEB, 1896, p. 77).As informações sobre o município em 1896 nos levam a crer que ainda não haviam sido levantadas informações seguras a respeito do município de Taipu por parte das autoridades locais, o que causa estranheza na demora em coletar os dados sobre o município transcorridos cinco  anos de criação da municipalidade.
Segundo o RPEB (1906, p. 38-39) as informações sobre o município de Taipu dizia eram insuficientes os dados estatísticos, históricos e geográficos, que chegavam à secretaria do estado sobre o município e cuja a superfície não era possível calcular, dada a falta de informações  precisas e seguras.Passados 15 anos de sua criação e ainda assim não haviam informações seguras sobre o município de Taipu conforme atesta o referido território sobretudo no que se refere seus limites geográficos. Havia no município de Taipu grande quantidade de terras do estado (devolutas), nas quais diversos proprietários particulares estavam se apossando ilegalmente para o plantio e da criação (Op. Cit, p. 39). Atesta-se assim a grandeza territorial do município. Nesse período a população estava calculada em 4.000 pessoas.

Demarcação dos limites entre Taipu e Ceará Mirim
            Nos anos de 1917 e 1918 foram assinados decretos que determinavam a demarcação dos limites de Taipu. O primeiro entre Taipu e Ceara Mirim e o segundo entre Taipu e São Gonçalo. O decreto Nº 422 de 28 de novembro de 1917 marcava a linha divisória entre os municípios de Taipu e Ceará Mirim conforme o decreto foi estabelecido que:
Art. 1º. A linha divisória entre os municípios de Taipú e Ceará Mirim é a seguinte: ao Norte: partindo da foz do Riacho Secco a ponta da Lagoa do Matto pelo lado de cima; dahi em linha recta à Passagem das Pedras; dahi em linha recta á Cruz do Salvador; desta pela entrada de Macahyba ou das Boiadas até o Riacho do Mudo e por este a cima até o Trempe dos Municípios num lugar chamado Poço do Joaseiro[2]. (DGERN).
            Foram então estabelecidos os limites entre Taipu e Ceará Mirim. Os limites permanecem inalterados até os dias atuais ressalvados as mudanças toponímicas.

Demarcação dos limites entre Taipu e São Gonçalo
            Em 27 de novembro de 1918 por meio do decreto Nº. 433 foram estabelecidas as linhas divisórias entre os municípios de Taipu e São Gonçalo
Art. 1º. A linha divisória entre os municípios de Taipú e São Gonçalo é a seguinte: partindo do Poço do Joaseiro ao centro da Lagoa da Jurema, dahi para ponta sul do Serrote do Urubu, seguindo em linha recta ao tanque do Quintururé e dahi ao meio da Serra dos Macacos (DGERN, p.5).
            Aqui os limites estabelecidos pelo decreto se referem a parte sul do município de Taipu correspondente ao atual município de Ielmo Marinho.
             Taipu era um município grande em extensão territorial, porém pouco povoado. A sede não passava de uma vila que não atingia a mil habitantes, a maioria da população, no entanto, habitava o meio rural.

Desmembramentos e fragmentação do território do município de Taipu
            Três municípios do Rio Grande do Norte foram desmembrados de Taipu foram eles: João Camara, Bento Fernandes e Poço Branco.Assim em sua história Taipu se fragmentou por três vezes para ceder parte do seu território à formação de novos municípios.

 Baixa Verde (João Câmara-RN)
O distrito de Baixa Verde foi criado pela lei municipal nº 2, de 22-12-1892, subordinado ao município de Taipu. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Baixa Verde, figura como pertencente ao município de Taipu. (Cf. IBGE, 2010). O desenvolvimento de Baixa Verde deu-se pela chegada da estrada de ferro que partindo de Taipu chegou àquela localidade em 1910. A emancipação política de Baixa Verde deu-se em 29 de outubro de 1928 por meio da lei nº 697 sancionada pelo governador Juvenal Lamartine. Seu território foi composto pelo desmembramento dos municípios de Touros, Taipu e Lajes ( Morais, 2007,p.103).a instalação do município deu-se em em 1 de janeiro de 1929.Em 11 de junho Baixa Verde foi elevada a condição de cidade. João Câmara conta atualmente (2013) com uma população de 32.227 habitantes numa área de 714, 954 Km² (Cf. IBGE, 2010), na qual se consolida como um município polo da Microrregião Leste Potiguar, também denominada de Mato Grande.

Bento Fernandes-RN
            A localidade de Barreto começou a ser povoado no inicio do século XIX.Foi nessa época que surgiram, em 1804, evidencias históricas da posse de terras no Tabuleiro do Barreto, ribeira do Ceará Mirim ( Maorais, 2007,p.40)
            O município de Barreto foi emancipado pela lei estadual nº 2353-A assinada pelo governador Dinarte Mariz em 31-12-1958, sendo desmembrado de Taipu com sua sede no distrito de Barreto, ex-povoado e oficialmente instalado em 01\01\1959 (Morais, 2007, p. 40).Em 16 de outubro de 1967 houve a mudança de nome do município passando de Barreto a Bento Fernandes por meio da lei 3506 sancionada pelo governador Walfredo Gurgel.
            Com a criação do município de Bento Fernandes, Taipu perde pela segunda vez parte de seu território cedendo àquele novo município uma área de 301, 068 km².Atualmente o município de Bento Fernandes conta com uma população de 5.113 habitantes segundo o Censo de 2010.Distante 88 km da capital.

Poço Branco-RN
A história de Poço Branco remonta ao final do século XIX.  A origem de seu nome está datada por volta de 1890, quando os primeiros moradores do povoado deram este nome ao lugar devido aos poços de água cristalina que existiam à margem do rio Ceará Mirim. Antes de 1900, existia um pequeno aglomerado de casas, pouco urbano, às margens de um pequeno rio.
O processo de emancipação de Poço Branco teve início no final dos anos 50 e como em todo movimento separatista, este também teve alguma oposição.
Da parte da população de Taipu não houve manifestações contrárias ao desmembramento do distrito de Poço Branco, mas os políticos taipuenses se opuseram ao movimento. Prevaleceu, porém a separação e criação do município de Poço Branco.
No dia 26 de julho de 1963, foi criado o município de Poço Branco pela Lei nº 2.899 sancionada pelo governador Aluizio Alves tendo sido desmembrado de Taipu, tornando-se município do Rio Grande do Norte e oficialmente instalado em 05 de abril de1964 (Cf. IBGE, 2010). Pela terceira vez Taipu cedeu parte de seu território à criação de um novo município potiguar, desta vez foi uma área de 230,399 km². Os dados mais recentes do IBGE (2010) mostram que o município Poço Branco conta com uma população de 13.947 habitantes.
Fontes: Julio Sena In: Ceara Mirim Exemplo Nacional, 1974.Marcos Cesar Cavalcanti de Morais In. Terras Poriguares, 2007. IBGE, 2010.




[1] Refere-se ao núcleo urbano  primitivo da atual cidade de João Camara-RN.
[2] A ortografia foi transcrita conforme o original.