terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Menção a Taipu no livro "Além dos Jardins" de João Evangelista Romão

         O texto a seguir foi extraído do livro 'Além dos Jardins' de João Evangelista Romão publicado em 2006.O livro trata da formação histórica da cidade de Jardim de Angicos-RN, uma pesquisa muito bem feita pelo autor reconta a trajetória dessa antiga cidade da região central do estado potiguar.Leitura recomendada.
         O enxerto por mim escolhido trata dos princípios da ocupação do território onde se situa a atual cidade de Jardim de Angicos a partir das doações das sesmarias.O autor faz uma acurada pesquisa sobre as sesmarias doadas na região e como não poderia deixar de ser faz referências a Taipu, que como é sabido na historiografia potiguar era considerada o limite da capitania do Rio Grande [do Norte], como o passar do tempo as terras além Taipu foram sendo ocupadas 'subindo' o rio Ceará Mirim,importante rota de penetração do sertão potiguar, é o que explica o autor do texto a seguir.Boa leitura.

            Em fins do século XVII, quando os índios Cariri, também chamados de Tapuia, foram derrotados, se inicia a povoação do interior do Rio Grande do Norte. A área sertaneja do Ceará - Mirim (rio) foi um dos principais ponto estratégico para a ocupação da região central. Os colonizadores tiveram os primeiros contatos naquelas imediações por volta de 1666, quando o governador da Paraíba, João Fernandes Vieira, requer dez léguas de terra em quadra, do Taipu acima pelo rio Ceará - Mirim. Em 1682, os irmãos Paulo e José Coelho de Souza, moradores em Pernambuco, pedem as terras nas imediações do Cabugi correndo para o lado do rio Salgado. Nem um dos três conseguiram fixar posse na região. Na primeira década de 1700 é que firmam-se as posses definitivas de terras.
            Os relatos em Cartas de Sesmaria (Carta: documento da doação de terra; Sesmaria: lotes de terra, mais conhecida como Data de terra) do Sertão do Ceará - Mirim informa que, já por volta de 1700, o Coronel Antonio da Rocha Bezerra possuía uma Caiçara (curral para gado) a meia légua da barra do rio Cururu. O Cururu faz barra (deságua) no rio Ceará - Mirim, a menos de dois km da cidade de Jardim de Angicos, em terras da fazenda Primavera, hoje do Sr. Hercules Barbalho. Quase todas as Datas de terras doadas na região faz referência a barra do Cururu. O Coronel Antonio Bezerra é o primeiro posseiro que possuiu terras por ali. Ele é encontrado como peticionário de várias sesmarias pelo interior, como no rio Pataxó, em Angicos, Açu e Alexandria. Segue informações sobre os requerente e sesmarias do Sertão do Ceará - Mirim:
            No litoral as Datas de terras eram medidas em quadra e no interior em largura, isso para concentrar as águas das lagoas naquele e neste os leitos dos rios. Medidas em léguas (uma légua= 6600 metros ou 6,6 km) a sesmaria podia chegar até três léguas de comprido, meia para cada lado dos rios ou ruachos, ou légua e meia em quadra, estas com objetivos de enquadrar as lagoas e terras fertes. Terras como as dos municípios João Câmara e Bento Fernandes foram requeridas e povoadas (com gado solto) em fins do século XVIII e início do seguinte, por causa da escacez de água nessas áreas. Depois das Datas do rio Ceará - Mirim, a de 1709, dos irmãos Rodrigues Coelho e Maurício Brochado Ribeiro, são dois os requerimentos mais significativos nestes municípios: uma em 1793, hoje no território de Bento Fernandes, e outra em 1814, no de João Câmara.
           Em 19 de julho de 1793, Manoel Muniz de Bragança e Salvador de Araújo Correia requerm uma sesmaria que limitava-se nas divisas da Data da Boágua, em sua meia légua sul, correndo para os lados do distrito de Belo Horizonte e Serra da Cruz, hoje território de Bento Fernandes. Naquele documento encontra-se informações sobre o Sítio Cururu, então pertencente ao Capitão Antonio José Santos, do Sítio Boágua, etão do Capitão Manoel Soares, com quem as terras avizinhava-se, pegando sobras a nascente do Tanque do Felix, hoje área divisório dos municípios Bento Fernandes, Caiçara do Rio do Vento e Jardim de Angicos.

             Como já informado, as terras que do leito do rio Ceará - Mirim até meia légua e légua e meia para Taipu, em 1709, fora requeridaspor Manoel Rodrigues Coelho. As que corriam para cima, pegando da testada de Manoel Coelho, nas primeiras décadas de 1700, pertenciam a Francisco Rodrigues Coelho, irmão de Manoel, e Maurício Brochado Ribeiro. Era a conhecida por Data da Boágua.



Nenhum comentário:

Postar um comentário