O
município de Bento Fernandes, ex Barreto, é um dos 167 municípios que compõe o território do Rio
Grande do Norte. Situado na região do Mato Grande distante 88 km de Natal
contando atualmente com 5.493 habitantes e 335 km² de extensão territorial.
A seguir algumas considerações que
contribuem para a memória histórica desse município potiguar.
Primórdios
Já em 22/04/1804, Antônio Cavalcanti Bezerra possuía terras
no Tabuleiro do Barreto e em 1822 se fazia referência ao Riacho do Barreto.
O
senhor do Engenho Carnaubal, em Ceará-Mirim, foi o animador da povoação, ativando
a produção agrícola através de compras e auxilio financeiro. Chamava-se Carlos
Augusto Carrilho de Vasconcelos (1849-1920) e mandou erguer a capela de São Sebastião.
Em
1839 a região do Barreto registrou a passagem do bispo de Olinda que vindo da
freguesia do Angicos passou pela localidade Riacho Fechado margeada pelo rio
Ceará-Mirim[1],
a época a região compreendia o município de Estremoz, passando a Ceará-Mirim
por transferência de sede municipal daquela para esta vila em 1858 e por fim ao
município de Taipu a partir de 10/03/1891, permanecendo como distrito de Taipu
até a sua emancipação política e
administrativa em 31/12/1958, portanto, 67 anos na condição de distrito de
Taipu. O distrito de Barreto estava a 28 km de distância da sede municipal de
Taipu.
Como distrito de Taipu
O povoado de Barreto é citado no
Dicionário Corográfico do Brasil em 1913 (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO,
MERCANTIL E INDUSTRIAL, 1913, p.93).
Como
distrito de Taipu consta que a capela do Sagrado Coração de Jesus foi erguida
em 1925 em substituição a antiga cujo orago era São Sebastião, pertencente a paróquia
de Nossa Senhora do Livramento.
Em
1928 havia já uma escola municipal.
De
acordo com Anfilóquio Câmara a agência postal no povoado de Barreto foi instalada
a 13/02/1934, como posto de verificação de linhas (Câmara, Anfilóquio. Cenários
Municipais, 1943, p.393).
A
região do Barreto era a região mais árida do município de Taipu e muito carente
de acesso a recursos hídricos, por isso, o quando ocorria invernos bons as
noticias soavam animadoras como registradas no jornal A Ordem. Em 26/02/1939 o
jornal A Ordem registrou que “choveu ontem todo [o dia] continua [o] tempo
ameaçador” (A ORDEM, 26/02/1939, p.4), já em 17/03/1939 “chuvas grossas ontem
durante 40 minutos” (A ORDEM, 17/03/1939, p.4) e em 19/03/1939 “ chove
torrencialmente desde ontem duas horas” (A ORDEM, 19/03/1939, p.4).
Na viagem de inspeção pelo interior do
Estado feita pelo professor Antônio Estevam, inspetor de ensino, comunicou ao
cone Amâncio Ramalho, diretor geral do Departamento de Educação, que na
povoação de Belo Horizonte do município de Taipu, encontrava-se funcionando
regularmente com uma frequência de 25 alunos, uma escola organizada
inteiramente por iniciativa particular do Sr. Joaquim Vitorino que, por conta
própria construiu o prédio, no qual gastou Cr$ 4:000$000.
De acordo com o jornal A Ordem o gesto do Sr. Joaquim
Vitorino mereceu ser divulgado com aplausos por aqueles que se interessavam
pela instrução, pois assim dotou a sua terra de uma escola que vinha
satisfazendo as necessidades locais merecendo que o governo, correspondesse ao
desejo da população para elevar a referida escola a categoria de escola
rudimentar (A ORDEM, 14/05/1937, p.1).
A ordem pública no distrito de Barreto
era exercida por um subdelegado subordinado a delegacia de policia de Taipu,
mas oficialmente em 1929 foi criado o distrito policial de Barreto (RELATÓRIOS
DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1929, p.90).
Em 1935 o jornal A Ordem registrou a
nomeação de Antônio Pereira como subdelegado do distrito de Barreto do
município de Taipu (A ORDEM, 17/12/1935, p.2).
Em 17/01/1938 assumiu a regência da Escola Rudimentar de Barreto, no municio
de Taipu, a professora Otilia Barbosa.
A
emancipação
O Distrito foi criado com a denominação
de Barreto (ex-povoado), pela Lei Estadual n.º 2.328, de 17/12/1958, subordinado
ao município de Taipu e emancipado e elevado à categoria de município com a
denominação de Barreto, pela Lei Estadual n.º 2.353-A, de 31/12/1958,
desmembrado de Taipu, com sede no distrito de Barreto (ex-povoado), constituído
do distrito sede. A instalação do novo município ocorreu em 01/01/1959. Foram desmembrados
359 km² do território de Taipu a formação do novo município de Barreto.
Localização do município de Bento Fernandes. |
O primeiro prefeito eleito do município de Barreto foi Joaquim Câmara, candidato da UDN, tendo sido o que menor maioria obteve conseguindo vencer seu oponente Francisco de Souza com uma margem de apenas 6 votos (O JORNAL,09/10/1959, p.8).O novo município de Barreto se iniciou logo com convulsões políticas as quais ameaçaram a existência do mesmo que foi ameaçado de não mais existir devido as irregularidades que ocorrerão antes de sua criação e na primeira eleição.
Segundo o Diário de Natal
várias irregularidades foram constatadas no alistamento de eleitores do novo
município de Barreto, desmembrado havia pouco tempo de Taipu, onde realizar-se-iam
eleições no dia 14/10/1959. Depois de oferecida a denúncia ao Tribunal Regional
Eleitoral, contra José Francisco de Souza, mais conhecido por José Igapó, o
desembargador João Maria Furtado, corregedor eleitoral, foi até o local
constando a exigência de vários eleitores transferidos para Barreto sem que ali
residissem, bem como falsificações de documentos por José Igapó que possui um
carimbo para “alistar” seus eleitores.
O desembargador fez um completo relatório do que havia
observado no município de Barreto, esperando que o TER tomasse as providencias
que se faziam necessitarias para punir o fraudador que também era candidato a
prefeito do município (DIÁRIO DE NATAL, 19/09/1959, p.5).
Uma comissão formada pelos
deputados estaduais Ângelo Varela, e Abelardo Calafange, foi designada para
apurar sobre as irregularidades com a criação do município de Barreto.
Conforme havia noticiado o Diário de Natal, o candidato
derrotado na eleição daquele município, José Igapó, falou em solicitar a
revogação da lei que havia criado o município de Barreto , alegando várias
irregularidades entre as quais a de não haver numero de habitantes suficiente
para a elevação do distrito a categoria de município, a lei que elevou a vila à
distrito era posterior a que criou o município, sendo portanto
inconstitucional; a Câmara de Vereadores de Taipu não teria sido considerada
quando tramitou o projeto de criação do município de Barreto na Assembleia
Legislativa.
A situação em Barreto não era das mais normais, razão porque
foi solicitada a presença de uma comissão de inquérito, a qual deveria
apresentar um resultado no mês de março de 1959, quando da convocação
extraordinária da Assembleia Legislativa.
Caso fossem constatadas mesmo as irregularidades apontadas,
acreditava o jornal Diário de Natal que seria apresentado projeto de revogação
da criação de Barreto.
Contra a criação do município de Barreto havia a alegação de
que a Câmara Municipal de Taipu não foi ouvida a esse respeito, o que motivou
aos deputados da oposição a recorrer ao Supremo Tribunal Federal pedindo a
anulação da lei que havia criado o município de Barreto.
Em poder dos responsáveis pelo movimento achava-se uma
declaração de membros da Câmara Municipal de Taipu, confirmando o fato e estes
iriam solicitar documentos da Assembleia indagando se havia sido encaminhado
oficio de consulta.
Sabendo do que estava ocorrendo, os lideres situacionistas
começaram a se movimentar no sentido de que a Câmara de Taipu se pronunciasse,
agora, com perspectivas de que fosse favorável a criação de Barreto. De acordo
com o jornal Diário de Natal, ignorava-se se a deliberação seria levada em
conta pelo Supremo Tribunal Federal (DIÁRIO DE NATAL, 10/11/1959, p.8).
Em 18/06/1961 o Tribunal Regional
Eleitoral começou a averiguar os detalhes da renuncia do prefeito e do
vice-prefeito de Barreto, pois documentos haviam suscitado dúvidas.
Em virtude da renúncia apresentada por Joaquim Alves da
Câmara e José Gomes da Silva, dos cargos de prefeito e vice-prefeito,
respectivamente, do município de Barreto, o delegado do PSD solicitou ao
Tribunal Regional Eleitoral a fixação da data para a realização de eleições
para prover os referidos cargos.
O TRE resolveu converter o julgamento
em diligência para requisitar os livros de atas da Câmara de Vereadores daquele
município por ter havido dúvidas sobre a renuncia apresentada pelos documentos
que instruíam os autos do processo.Foi relator do processo o juiz Paulo Pereira
da Luz (DIÁRIO DE NATAL,18/06/1961,p.7).
O delegado do PSD recorreu da decisão
de do TRE em 18/07/1961 o qual havia adiado a realização das eleições
suplementares para os cargos de Prefeito e Vice-prefeito do município de
Barreto, em virtude da renuncia dos respectivos titulares e que estavam
marcadas para o dia 13/08/1961, tendo sido o pleito marcado para 03/09 (DIÁRIO
DE NATAL, 19/07/1961, p.6).
O TRE aprovou a indicação do juiz Véscio Barreto de Paiva,
titular da 4ª Zona Eleitoral, e os nomes de Manoel Nazareno de Araújo e Maria
do Livramento Viana para membros da junta apuradora das eleições suplementares
que ocorreriam em 03/09/1961 em Barreto (DIÁRIO DE NATAL, 12/08/1961, p.5).
O resultado das eleições suplementares
demonstrou que venceu o Sr. Lidio Fernandes de Oliveira para o cargo de
prefeito, que obteve a maioria de 197
votos que obteve 443 votos enquanto o seu opositor, José Igapó, obteve 246
votos.
Para o cargo de vice-prefeito o
resultado foi 412 votos para Jaime Ferreira de Andrade contra José Barbosa que
obteve 255, sendo a maioria a favor de Jaime Ferreira de Andrade de 157. O juiz
Véscio Barreto não informou se a comunicação recebida pelo TER informava algum
recurso sobre o resultado daquelas eleições suplementares (DIÁRIO DE NATAL,05/09/1961, p.3).
Compareceram e votaram 743 eleitores, deixando de comparecer 242 eleitores.
E assim foram os primeiros anos do novo município de
Barreto.
O novo município de Barreto tinha ligação com seguintes municípios por rodovias: João Câmara, a 19 km de distancia, Poço Branco, a 36 km de distância, Taipu, a 28 km de distância, Ielmo Marinho, a 36 km de distância, São Paulo do Potengi, a 30 km de distância, Caiçara do Rio do Vento, a 25 km de distância, Jardim de Angicos a 18 km de distância, Natal, a 101 km de distância.Tinha por atividades econômicas a cultura agrícola, pecuária e indústria de transformação. Os produtos exportados eram algodão e farinha de mandioca, já os produtos importados eram os gêneros alimentícios e tecido.
Formação
administrativa
Em divisão territorial datada de
01/07/1960, o município era constituído do distrito sede. Pela Lei Estadual n.º
2.889, de 25/06/1963 foi criado o distrito de Belo Horizonte e anexado ao
município de Barreto.
Em divisão territorial datada de 01/12/1963, o município estava constituído de 2 distritos: Barreto e Belo Horizonte e pela Lei Estadual n.º 3.506, de 16/10/1967, o município de Barreto passou a denominar-se Bento Fernandes.
Em divisão territorial datada de 31/12/1968, o município estava constituído de 2 distritos: Bento Fernandes e Belo Horizonte.
Toponímia
Barreto,
primitivo nome do município, denominava localidade e riacho, sendo seu topônimo
originário de antigo posseiro, tido como fundador da localidade.
Em 16/10/1967 teve o nome alterado para Bento
Fernandes em homenagem a Bento Fernandes de Macedo (1848-1925), agricultor que
desde 1870 habitava as campinas daquela região, chegando ao fim da existência
honesta e laboriosa com família de 18 filhos. O velho subdelegado de policia ao
tentar debelar um tumulto provocado por forasteiros durante uma festividade
religiosa foi assassinado em maio de 1925.
O
almanaque Laemert cita Bento Fernandes como um dos três suplentes de delegado
do município de Taipu (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E
INDUSTRIAL (RJ),1927,p.1119), possivelmente exercendo a função de subdelegado
no distrito de Barreto onde residia.
O
mesmo almanaque o cita como um dos agricultores e lavradores que constavam no
município de Taipu (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL
(RJ), 1913, p.1307) condição citada até
1925.
O
município de Bento Fernandes na década de 1970
De acordo com o jornal Diário de Natal foram eleitos Joana
Ferreira da Cruz e Jaime Ferreira de Andrade, prefeita e vice-prefeito,
respectivamente do município de Bento Fernandes (DIÁRIO DE NATAL, 29/01/1970, p.7).
Duas agroindústrias contribuíam para a economia do município de Bento Fernandes, que eram a Má Qualhada e ADISA.
Adauto Rocha e os filhos José, Hélio e
Bira, contrataram com a INDUPLAN a elaboração de um projeto agroindustrial para
o aproveitamento do potencial de sua propriedade “Má Qualhada” no município de
Bento Fernandes.
Naquela fazenda já existiam quase 4 mil pés de abacaxis, e com a aprovação do projeto esse numero seria aumentado, bem como seria efetuado um plantio racional de cajueiro para o aproveitamento industrial da polpa, suco e da castanha (O POTI,16/08/1970, p.10).
A
empresa Agropecuária Diamante S.A-ADISA, cujo diretor-presidente era Antonio
Soares da Rocha, proprietário rural em Taipu, foi constituída com recursos dos incentivos
fiscais da SUDENE. A ADISA adquiriu em 1970 um trator CBT 1000 com todos os
implementos necessários a mecanização de sua fazenda Jurumenha, no município de
Bento Fernandes.
Já
em 1973 Jaime Ferreira de Andrade era quem exercia o cargo de prefeito naquele
município (DIÁRIO DE NATAL, 15/02/1973, p.11).
O deputado estadual Dalton Melo, líder
da ARENA, endereçou apelo ao diretor do DER-RN no sentido de incluir no
programa rodoviário do Estado 1975/1976 a construção da estrada que ligava a
cidade de Bento Fernandes a BR-304 aquela época em leito natural (DIÁRIO DE NATAL,
10/09/1975, p.5).
Em 1976 a SUDENE firmou convenio com o
DNOCS para a construção do açude Sossego em Bento Fernandes (DIÁRIO DE NATAL, 10/06/1976,
p.7).
Em 1977 era prefeita Joana Ferreira da Cruz, o vice-prefeito, José Pinheiro da Silva. Os vereadores eram: Lídio Barbosa de Miranda, Antonio Victor do Nascimento, Luiz Canela de Lima, Silvino Inácio de Melo, Cicero Vitorino da Silva, Wilson Lopes Galvão, João Nicácio Filho. O juiz de direito era Dr. Manuel dos Santos, o promotor: Dr. Jair Alvares Vilar e o delegado era 3º sargento Geraldo Nunes da Silva.
A cidade de Bento Fernandes possuía um posto de saúde municipal. Os alunos de 2ª grau tinha que se deslocar para João Câmara em transporte custeado pela prefeitura. No município de Bento Fernandes começava a ser executado o programa de eletrificação rural tendo sido a fazenda Belo Horizonte a primeira a receber tal beneficio. Naquele ano de 1977 iria ser construído o açude que prestaria para o saneamento básico da cidade com capacidade para 1.500.000,00m³ de água. A assistência religiosa era feita pela paróquia de João Câmara (DIÁRIO DE NATAL, 02/09/1977, p.14).
Naquele ano de 1977 seriam construídos pela Secretaria de Transportes do Governo do Estado 8 açudes objetivando principalmente o saneamento básico em municípios carentes de mananciais subterrâneos, incluindo o município de Bento Fernandes com a construção do Açude Barreto com capacidade de 1.500.000,000m³, cujo projeto e orçamento foram elaborados desde 1975 pelo DNOCS ( DIÁRIO DE NATAL, 31/08/1977, p.2)
No ano de 1978 o deputado estadual Antonio Câmara havia
requisitado providencias no sentido de serem implantadas rodovias interligando
os municípios da região do Mato Grande que estavam segundo ele praticamente
isolados entre si, assim, queira ele que fosse construída a RN-064, ligando os
municípios de Ceará-Mirim a Touros e a RN-120 ligando João Câmara a Bento
Fernandes, salientando não apenas o lado econômico da construção dessas
estradas, mas também o social.
Posto da TELERN
O posto da TELERN de Bento Fernandes
seria instalado em agosto de 1978 (DIÁRIO DE NATAL, 17/01/1978, p.8), no
entanto, o Posto de Serviço da TELERN em Bento Fernandes só seria instalado no
ano seguinte.
De
acordo com o Diário de Natal a TELERN comunicava aos seus usuários que estavam
ativados os Postos de Serviço de Bento Fernandes, onde os usuários daquela
cidade poderiam realizar ligações interurbanas para qualquer cidade do Estado e
do País devendo se dirigir ao referido OS e solicitar a ligação a telefonista,
já os assinantes das demais cidades para ligarem para Bento Fernandes deveriam
discar 101 e solicitar a chamada (DIÁRIO DE NATAL,22/02/1979, p.17).
Inauguração da energia de Paulo Afonso
O governador Cortez Pereira inaugurou em 12/07/1974 o
serviço de distribuição de energia elétrica
vinda da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso-BA por meio da COSERN (DIÁRIO
DE NATAL,12/07/1974, p.4).
Mais uma cidade do Rio Grande do Norte
ganhava assim a energia elétrica da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso-BA. Na
noite de 14/07/1974, onde o governador Corte Pereira, na presença dos diretores
da COSERN, prefeito e população da cidade, presidiu a inauguração do novo
sistema de energia elétrica de Bento Fernandes, onde existia uma população de
4.680 habitantes, sendo 927 na zona urbana e 3.753 na zona rural.
Para receber o beneficio a cidade
preparou uma festa que começou bem cedo com desfile de estudantes pelas ruas da
cidade. No inicio da noite, a população concentrou-se na rua principal onde
assistiu a um filme sobre o Rio Grande do Norte. A festa maior, entretanto
aconteceu as 20h15 quando o governador cumprindo mais uma etapa de seu programa
de inaugurações acionou o dispositivo que fez iluminar a cidade com a energia
de Paulo Afonso.
Inauguração da energia elétrica em Bento Fernandes. Foto: O Poti, 14/07/1974, p.3. |
O presidente da ARENA no município, Francisco
Canindé de Oliveira, representando o prefeito Jaime Ferreira de Andrade e o
povo de Bento Fernandes, fez da inauguração uma oportunidade para agradecer ao
governo do Estado os benefícios já levados a comunidade. Aproveitou também para
reivindicar a construção de uma ponte sobre o rio Ceará-Mirim que durante o
inverno dificulta o acesso a cidade. O governador Cortez Pereira em seguida
informou que os estudos com esta finalidade já estavam sendo realizados.
Na
festa da inauguração da energia elétrica em Bento Fernandes, uma das maiores
lideranças da região, dona Joana Ferreira da Cruz, conhecida como dona Noca,
era uma das mais entusiasmadas, e após, a solenidade de inauguração afirmou:
“já participei de grandes festas aqui. Mas esta pela importancia do
acontecimento foi realmente a que me deixou mais feliz”.
O presidente da COSERN, Benvenuto
Pereira, lembrou outras vezes que havia visitado Bento Fernandes e falou da
escuridão em que vivia a cidade. Acrescentou que se sentia satisfeito por ter de
voltar mais uma vez “sendo que desta vez para trazer, cumprindo orientação do
governador Cortez Pereira, a energia de Paulo Afonso que ilumina as ruas antes
mergulhadas na escuridão”.
O prefeito do município, Jaime Ferreira
de Andrade, comentou depois sobre a alegria por ter sido a inauguração da
energia de Paulo Afonso realizada em sua administração.
O governador Cortez Pereira lembrou
ainda Joaquim Vitorino “uma das grandes figuras que conheci”, líder e criador
no municipio falecido havia algum tempo.No final, o governador falou da
importância da energia de Paulo Afonso para a cidade de Bento Fernandes (O
POTI,14/07/1974,p.3).
Em 1978 foi solicitado a Cosern a instalação de um escritório na cidade de Bento Fernandes.
O município de Bento Fernandes na década de 1980
O Governo do Estado por meio da Companhia de Habitação
Popular do Rio Grande do Norte-COHAB-RN construiu o Conjunto Bento Fernandes,
no município de mesmo nome, cuja solenidade de inauguração ocorreu em
02/03/1983 as 09h00.
Foram construídas 30 unidades habitacionais cujo valor
global foi de Cr$ 13.487.874,55 onde seriam atendidas até 150 pessoas. Os
recursos foram do Banco Nacional da Habitação e obras financiadas por meio do
programa FICA-Financiamento de Reforma e Ampliação de Moradias (DIÁRIO DE NATAL,
02/03/1983, p.3).
As
inaugurações das agências do BNB e do abastecimento de água na cidade de Bento
Fernandes ocorreu em 08/03/1983 assim como a construção do escritório local da
CAERN (DIÁRIO DE NATAL, 08/03/1983, p.5).
Em
1985 a prefeitura de Bento Fernandes, através do prefeito Jaime Andrade,
efetuou a entrega de várias obras públicas à comunidade, dentre elas a reforma
geral do mercado público, a instalação de uma TV pública na praça Santos
Dumont, o calçamento nas praças Frei Henrique de Coimbra e Santos Dumont, a
garagem municipal destinada ao trator e outros implementos da prefeitura.
Naquele ano também foi inaugurado a eletrificação
nos povoados Riacho Fechado e Riacho de Paus, antigas reivindicações dos
habitantes daquelas localidades, feita mediante convenio firmado entre a
prefeitura, COSERN e STOP.
Funcionando na prefeitura, a Junta de Serviço Militar em
breve estaria sendo instalada em prédio construído exclusivamente para a tender
aos jovens do município, que era uma antiga reivindicação do secretário
Francisco Canindé de Andrade.
Em funcionamento desde julho de 1985, o Centro Social Joana
Ferreira da Cruz, tinha como presidente Maria do Livramento Freire, tendo o
Centro Social sido uma homenagem a Dona Noca, ex-prefeita do município.
O Flamengo continuava em alta na campanha do Campeonato
interiorano/85 promoção do Diário de Natal/Rádio Poti e Fenat (O POTI, 22/09/1985,
p.23).
Em audiência com o governador José
Agripino, o prefeito Jaime Andrade, do município de Bento Fernandes conseguiu a
construção da ponte que separava o centro da cidade do Alto do Rondon já
encaminhado ao DER para fazer a concorrência pública.
No dia 12/10/1985 comemorou-se a festa
da padroeira, Nossa Senhora Aparecida, com barracas, leilões e festa dançante no
clube muicipal ao som do grupo Zincaros. Segundo o jornal O Poti, muita gente viria das cidades
vizinhas para prestigiar a festa.
O Centro Social Joana Ferreira da Cruz
estava realizando um levantamento das necessidades da população de Bento
Fernandes, para encaminhar reivindicações junto aos órgãos competentes e a
equipe do Centro contaria com o apoio técnico da concluinte de Serviço Social
Liranita Oliveira Dantas.
Dentro de um mês aproximadamente o município
estaria recebendo o sinal da TV Bandeirantes, até aquela data a cidade já
recebia o sinal das TV Globo e TV Universitária. Um contrato de serviço foi
firmado com a Satel para a aquisição de uma antena repetidora com recursos exclusivos
da prefeitura (O POTI,12-13/10/1985,p.22).
O Centro Social Joana Ferreira da Cruz através
da sua diretora e do prefeito Jaime Andrade junto ao governador José Agripino,
conseguiu a liberação de recursos na ordem de Cr$ 40.000.000 para a construção
da sede própria da entidade que prestava assistência a comunidade (O POTI,29/12/1985, p.24).
Foi realizada 11/01/1985 a solenidade
de colação de grau dos concluintes do 1º grau da Escola Estadual Senador João
Câmara. A turma Francisco Canindé de Andrade teve como patrono o prefeito Jaime
Ferreira de Andrade, com homenagens especiais ao Dr. Hélio Xavier de
Vasconcelos, secretário estadual de educação , Francisca Figueiredo Souza,
chefe do 40º NURE, Joana Ferreira da Cruz, ex-prefeita, José Nicácio Neto,
diretor da escola, Iberê Ferreira de Souza, secretário de assuntos de governo,
José Robenilson Ferreira, ex-secretário da educação do município, Floriano
Barbosa de Miranda, vice-prefeito e Elione Fernandes Bezerra, supervisora da
escola.
No
dia 04/01/1986 foi publicado no Diário Oficial do Estado o edital de licitação
para a construção da ponte sobre o riacho Bezerra com 30 metros de comprimento.
A ponte era uma antiga reivindicação do prefeito Jaime Ferreira de Andrade
junto ao governo do Estado, cuja obra beneficiaria muito o município, haja
vista que, no período de inverno a cidade ficava privada de locomoção para as
localidades de Alto Rondon, Riacho Paus, Inhandu, Jurumenha, ocasionando assim prejuízos
aos produtores de leite, como também aos estudantes que deixavam de frequentar
a escola devido o riacho não dar passagem.
Foi concluído pelo Departamento de Obras
da Prefeitura, a pavimentação a paralelepípedos das praças Frei Henrique de Coimbra
e Santos Dumont. A realização dessas obras foi concretizada com recursos
próprios do erário municipal e iniciado o serviço de calçamento da rua Tiradentes
e o prefeito concluiria todas as ruas da zona urbana até o final do seu mandato
(O POTI,12/01/1986, p.22).
O município de Bento Fernandes na
década de 2000
As
principais atividades econômicas do município eram a agropecuária, o extrativismo
e o comércio. Com relação à infraestrutura, o município possuía 01 Agência e 01
posto dos Correios e 19 empresas com CNPJ ( IDEMA, 2001).
Nos
anos 2000 o município de Bento Fernandes tinha na rede de saúde 01 hospital, 01 Unidade Mista, 01 Centro de
Saúde, 01 Posto de Saúde e 15 leitos.
Na
área educacional, o município possuía 30 estabelecimentos de ensino, sendo 10
de ensino pré-escolar, 19 de ensino fundamental e 01 de ensino médio. Da
população total, 64,60% eram alfabetizados.
Aspectos da cidade de Bento Fernandes. |
O município possuía 932 domicílios, sendo 456 urbanos e 476 na área rural. Destes, 588 têm abastecimento d’ água através da rede geral, 21 através de poço ou nascente e 323 por outras fontes. Apenas 407 domicílios eram atendidos pela coleta regular de lixo.
Demografia
O
censo de 1960 acusou uma população de 6.504 habitantes, dos quais 3.362 homens
e 3.142 mulheres. Foi o primeiro levantamento oficial da população de Barreto
após a criação do município.
Aquele censo apontou ainda que haviam 1.180
domicílios, dos quais 627 eram próprios e 553 em outras condições e apenas 16 casas
tinha acesso a iluminação elétricas.
O
censo de 1970 apontou uma população de 4.353 habitantes, dos quais 836 na zona
urbana e 3.029 na zona rural. Em 1975 a estimativa da população era de 5.257
habitantes, que não se confirmou conforme os dados do Censo de 1980 que apontou
uma população de 4.642 habitantes, sendo 3.267 homens, e 2.275 mulheres.
Aquele
Censo apontou que na cidade de Bento Fernandes eram 3.669 habitantes, dos quais
1.876 homens e 1.823 mulheres. Já no distrito de Belo Horizonte eram 943
habitantes, sendo 491 homens e 442 mulheres.
O
Censo de 1991 demonstrou uma população de 4.463, dos quais 2.227 homens e 2.236
mulheres.
Segundo
o censo de 2000, a população total residente era de 4.709 habitantes, dos quais
2.468 são do sexo masculino (52,40%) e 2.241 do sexo feminino (47,60%), sendo
que 2.044 viviam na área urbana (43,40%) e 2.665 na área rural (56,60%).
A
população em 2005 foi estimada em 4.863 habitantes (IBGE/2005). A densidade
demográfica é de 14,05 hab/km².
Eleitores
O município de Bento Fernandes contava em 1972 com 2.256 eleitores (DIÁRIO DE NATAL, 13/10/1972, p.3), em 1978 constava 2.106 eleitores (DIÁRIO DE NATAL, 24/10/1978, p.18) e em 1982 o município de Bento Fernandes contava 2.726 eleitores (O POTI, 17/10/1982, p.7).
Igreja de Nossa Senhora Aparecida atual padroeira de Bento Fernandes. A igreja atual de Bento Fernandes teve seu inicio em 1957 por iniciativa do Pe. Lucilo Alves, a época pároco de Taipu. |
[1] Riacho Fechado é atualmente distrito do município de Bento Fernandes.
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