quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sobre a EFCRN



            A construção dessa ferrovia foi muito demorada. Iniciada em 1904, em 1954 ainda não se havia conseguido levar os trilhos ao destino projetado que era Caicó. Até o ano de 1920 a Central do Rio Grande do Norte foi administrada pela empresa que se encarregara de sua construção, que à medida que ficava pronta era arrendada pelo Governo federal. A partir daquele anos a União rescindiu os contratos de construção a arrendamentos passando a administração da EFCRN ao I.F.E ( posteriormente D.N.E.F).
            Durante a construção a orientação da ferrovia foi alterada passando a mesma a se dirigir para a parte central do estado subindo os contrafortes  do litoral para alcançar o vale do rio Ceara–Mirim, deveria descer  a serra da Borborema  até alcançar o vale do rio Piranhas-Açu de onde prosseguiria para Caicó.A mudança do traçado ocorreu em 1911 quando os serviços já havia alcançado Angicos deixando abandonadas muitas obras de arte e cortes que de Lajes deveria alcançar no sentido sul as cidades de Currais Novos, Acari e Caicó ( Cf. IBGE, 1954, p. 113).
            Lajes foi a cidade que mais sofreu com o abandono das obras da ferrovia em direção a Ciacó.Por lá, alem da estação ferroviária, foram erguidas casas para as turmas de trabalhadores da ferrovia, dois tuneis, sendo um com 1.000 metros escavados na rocha da serra da Borborema, viadutos que contornavam espigões, pontes metálicas sobre grandes rios que viravam estradas arenosas em períodos de estiagem entre outras obras de arte, com exceção da estação, o restante foi abandonado quando a ferrovia contava 36.286 km já construídos.
            O motivo do abandono do projeto original foi a mudança de sentido da ferrovia que passaria ao sentido oposto para alcançar o porto de Macau, para onde os serviços de terraplenagem e locação foram encaminhados a partir de 1921 partindo de Lajes (IBGE, 1954, p.113).
            Em janeiro de 1922 atingiu-se a localidade de Gaspar Lemos construindo ali uma estação, mais tarde foi a vez de Epitácio Pessoas.As obras  prosseguiam rumo aos serviços vindos de Macau quando novamente tudo foi abandonado.
            Corria o ano de 1933 quando a EFCRN teve novas modificações em seu traçado. Desta vez foram retomadas as obras da linha tronco sendo levada de Lajes para alcançar angicos em sentido leste-oeste no mesmo trecho no qual havia sido abandonado em 1911.a estação de angicos foi inaugurada em setembro de 1933.Até 1954 o D.N.E.F havia realizado o prolongamento de Angicos até São Rafael num trecho de 45 km ( IBGE, 1954, p.113), neste mesmo ano também havia retomado as obras paralisadas do ramal de Macau ( Op. Cit).


sobre K-ximbinho



“Modernizei meu choro sem descuidar do roteiro tradicional” K-ximbinho.

O PERSONAGEM
            Sebastião Barros nasceu na cidade de Taipu, Rio Grande do Norte, no dia 20 de janeiro de 1917 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1980. Iniciou seus estudos de clarinete e solfejo ainda criança na banda de retreta da cidade. Segundo relatos de sua irmã Irene Barros, cedo, por volta dos sete anos de idade o compositor começou a tocar uma “flauta de taboca”, presente dado pelo pai. Mudou-se com a família para Natal, onde passou a tocar requinta e clarinete na Banda da Associação de Escoteiros do Alecrim e costumava apresentar-se com o grupo Pan Jazz na cidade. Durante o alistamento militar teve a oportunidade de aprender a tocar saxofone na banda do Exército, instrumento cuja forma emprestou-lhe o apelido de K-Ximbinho. (CÂMARA, 2001).

A  trajetória

            A trajetória de K-ximbinho se divide em duas etapas distintas; o primeiro momento no Nordeste , desde a cidade natal, passando pelas capitais, Natal, João Pessoa e Recife até o momento em que se transfere para a cidade do Rio de Janeiro.O primeiro momento da trajetória musical de K-ximbinho não tinha a mesma importância para as discussões que se seguiam sobre sua produção musical, assim como tem o segundo momento, mas revelam dados sobre a formação do artista. Mesmo percebendo que sua produção musical relevante nasce no Rio de Janeiro, o contato com o saxofone, no contexto jazzístico de improvisação e a experiência em grupos no formato de bandas militares são elementos que já faziam parte do primeiro momento.
             Essa percepção leva à necessidade de conhecer o contexto cultural, político e social do Rio Grande do Norte durante o período da Segunda Guerra Mundial, quando bases militares norte-americanas se instalaram na capital do Estado interferindo nos costumes locais da cidade, com a introdução de diversos elementos; música, vestimenta, comida, expressões, entre outros.
            Essa rede de relações parece fundamental para a formatação de um estilo peculiar do compositor em questão, destacando-se entre os demais, mas também se juntando a um grupo de notáveis que acaba por formar uma espécie de movimento dentro do gênero musical Choro. Esse formato de interpretação e composição utilizando-se da formação instrumental semelhante às bandas de jazz estadunidenses passou a ser praticado por muitos músicos e grupos, encontradas em algumas capas de discos (K-ximbinho, 1956, 1958, 1959), grupos musicais também formados por gravadoras especializadas e sindicatos de músicos.
            Autores como Cases (1999) e Tinhorão (1997, 1998), além de jornais de significativa tiragem narram o contato e os possíveis impactos da cultura musical dos Estados Unidos sobre alguns grupos e músicos no Brasil do pós-guerra. Alguns avaliam positivamente, outros negativamente. Longe de chegar a um julgamento qualitativo desse impacto, nos interessa aqui entender como K-ximbinho se insere em diferentes ambientes de produção musical, no caso Jazz e Choro, assimila e insere esses elementos em suas composições e como se relaciona com o mercado musical vigente entre as décadas de 1940 até 1960.

FONTE: Costa, Pablo Garcia da. In: O TRADICIONAL E O MODERNO NO DISCURSO DE K-XIMBINHO.O Mosaico/FAP, n.1, p.1-20, jan./jun. Curitiba, 2009. p.6-7.


Acontecimentos de Gameleira, distrito de Taipu em 1903


            O jornal a Republica noticiou um fato ocorrido no distrito da Gameleira, do município de Taipu e que deixou a população assustada pela gravidade do ocorrido. No relato do delegado Antonio Teixeira de Moura foi dito que: “Ao chegar à Villa do Taipú [sic] encontrou a respectiva população alarmada e receosa de haver ataca e saqueada pelos autores dos bárbaros atentados que ali tiveram lugar” (A Republica, 14/05/1903 p.3). Sob o comando do delegado foram serenados os ânimos e posto fim ao receio da população que ficaram confiantes na autoridade e da força publica segundo informa o referido jornal.
            O delegado havia feito os exames de corpo de delito em cinco pessoas, a saber: Pedro Guedes da Fonseca (ex-delegado de policia), Manuel Eugênio Pereira de Andrade (presidente da Intendência municipal), Juvêncio Soares da Camara (inspetor do quarteirão de Gameleira), João Guedes da Fonseca e Simplício Ribeiro da Silva.
            As causas desse entrevero da Gameleira são fornecidas pelo resultado dos exames de corpo de delito realizados nas pessoas citadas a cima e dos depoimentos das testemunhas que depuseram no caso. O conteúdo desses depoimentos foi publicado no jornal A Republica (A Republica, 14/05/1903 p.3) da qual transcrevemos a seguir:

Na tarde do dia três desse mez [03/05], indo o ex-delegado, com as pessoas mencionadas a casa de residência João Francisco Lins de Vasconcellos, vulgo João Mandú, no logar “Gameleira” a fim de fazer uma acommodação entre Germano Mandú e o referido inspetor de quarteirão sobre uma desavença entre elles havida e para fazer certas ponderações sobre uma sua ordem que o dito Germano Mandú a quem fora ela transmitida pelo dicto inspetor, recusara-se  a cumprir Sucedeu que que o ex-delegadado, ao chegar com as pessoas que o acompanharam a casa de João Mandú, encontrou ahi um grupo de indivíduos armados de facas  e fouces. O ex-delegado dirigiu-se a um  desses indivíduos que se achava  com outros no alpendre daquella casa, também armado pedindo-lhe as armas com prudência e calma, sendo nessa occasião  repelido severamente por esse individuo que logo após suas  ameaças atirou-se contra a pessoa do ex delegado descarregando-lhe golpes de fouces.Travou-se então renhida lucta entre todos os indivíduos que tinha a sua frente como chefe João Francsico Lins de Vasconcellos, vulgo João Mandú e o ex delegado e seus companheiros, homens pacíficos e sensatos, resultando dessa  lucta sahirem Manuel Eugenio Pereira de Andrade mortalmente ferido e com muitos  ferimentos Simplicio Ribeiro  da Silva, João Guedes da Fonseca, Juvencio Soares da Costa e Pedro Guedes da Fonseca.

            Ainda de acordo com os depoimentos colhidos pelo delegado Antônio Teixeira de Moura os “criminosos” haviam praticado tais atentados com a mais tremenda barbaridade:

pois que ainda depois de prostrados por terra os feridos, Manuel Eugenio e  Simplício  Ribeiro da Silva, quase sem vida, lançaram-se sobre estes, para esmaga-lhes os craneos e corta-lhes os braços e pernas, o que fez chamar a atenção das mulheres de taes criminosos, as quaes, com pedidos e supplicas, poderam salvar as infelizes victimas das garras desses sicários.

            Continua o texto dizendo que com exceção de Pedro Guedes e Juvêncio Soares, os vitimados ficaram em estado penoso. O inquérito foi encerrado no dia 07/05 e remetido ao promotor da comarca de Ceará–Mirim por intermédio do juiz de direito  para as finalidades legais na qual foi solicitada a prisão preventiva de João Lins de Vasconcellos, vulgo João Mandú, seus filhos Joaquim Mandú, Germano Mandú, Fabrício Mandú e Manuel Mandú.o neto João Mandú, os genros Manuel Antonio, Franscisco Sanhorá e Raymundo de tal [sic], além dos indivíduos  João Rabeca, João Eloy  e domingos Eloy ( Op. Cit.) A prisão foi solicitada visto que ficou provado pelas diligencias realizadas serem os citados os autores dos atentados.Foi realizado exame de corpo de delito João Lins de Vasconcellos, vulgo João Mandú, o qual ficou constatado ferimentos leves.
            O delegado comunicou ao Chefe de Policia que não sofreram nenhuma violência a casa e as pessoas da família de João Lins de Vaconcellos, vulgo João Mandú, “nem sido destruídos os seus cercados e plantações, garantindo aquelle delegado que, no exercício de seu cargo, não consitira jamais que se viole alli o direito e a propriedade de qualquer cidadão”. ( Op.Cit).

18/05/1903

            O jornal A Republica do dia 18/05/1903 na página 3 informava que recebera um oficio do delegado de policia de Taipu, o tenente Antonio Teixeira de Moura, no qual comunicava que havia  seguido para Taipu juntamente com 12 praças [soldados] e trouxe acontecimentos circunstanciados que tiveram lugar na Gameleira, distrito do referido município.O oficio relata o ocorrido citado acima.Diz ainda a nota que o Chefe de Policia aguardava as diligencia realizadas pelo chefe de policia em Taipu, a conclusão do exame de corpo de delito realizado  em João Lins de Vasconcelos, vulgo João Mandú por médicos em Natal, da qual ficou constatado que este havia sofrido ferimentos leves após travar lutar corporal com outras pessoas e depois de haver concluída essa diligencia os fatos seriam remetido ao governador do estado ( A Republica, 18/05/1903, p.3).
            João Lins de Vasoncellos, vulgo João Mandú, havia dito a Chefatura de policia que sua casa achava-se debaixo de cerco e que ‘estavam destruindo os seus cercados e plantações e ameaçadas de morte as pessoas de sua família” ao que o delegado  Antonio Teixeira de Moura replicou dizendo que  até aquela data não havia nenhuma violência contras “as mesmas pessoas  e propriedade desse individuo” ( A Republica, 18/05/1903, p.3). terminando o dito delegado que no cumprimento dos deveres inerentes ao seu cargo jamais consitiria que fossem violados o direito e propriedade de qualquer cidadão.

19/05/1903 

            O jornal A Republica do dia 19/05/1903 na página 3 informava que o chefe de policia havia remetido ao delegado de policia de Taipu para os fins legais, os autos constantes no exame de corpo de delito procedido em João Lins de Vasconcellos, vulgo João Mandú.O mesmo foi inquirido pelo  1º  delegado de policia da capital, de ordem do chefe de policia, a cerca de tais ferimentos considerados leves a luz dos médicos que serviram de  peritos no exame do citado.
            Conforme ficou verificado pelo auto de perguntas os ferimentos  de João Mandú foram recebidos em uma luta travada entre ele e outras pessoas, Manuel Eugenio e um genro  deste, no dia 03/05 na Gameleira, distrito de Taipu, luta na qual saíram os dois últimos citados gravemente feridos.O chefe de policia aguardava que o delgado que fora enviado para Taipu lá procedesse com as diligencias dos fatos ocorridos na Gameleira e lhe dê conta do resultados dessa diligencia a fim de que “tudo seja levado ao conhecimento do  do Exmo Sr. Dr. Governador do Estado”.
            Comunicou ainda o referido delegado [...] ter no dia 13/05 procedido o corpo de delito nos ferimentos de João Antonio, vulgo João Rabeca, o mesmo  que também havia tomado parte nos graves acontecimentos da Gameleira, sendo os tais ferimentos , a juizo dos peritos, considerados leves (25/05/1903 p. 3).
            Como visto a cima  caso da Gameleira tomou tamanha proporção que foi acompanhado quase que diariamente, só na edição citada a cima dizia que o tema já havia sido tratado nas edições de 4,6 e 11 de maio de 1903.

Opinião nossa
            O  caso da Gameleira ocorrido em 1903 parece ter sido motivado pod questões ligadas a conflitos de terras naquela região de Taipu como se verifica na fala do acusado João Lins de Vasconcelos, o João Mandú, quando em depoimento ao chefe de policia de Natal havia dito  que sua casa achava-se debaixo de cerco e que ‘estavam destruindo os seus cercados e plantações e ameaçadas de morte as pessoas de sua família”.Entretanto o depoimento de João Mandú não deixa claro de onde vinham esses cercos e ameaças realizadas em sua propriedade.
            Essa é uma data em que se verifica os primeiros conflitos de terra em Taipu. Segundo Aldo Torquato (2009, p.169) o município de Taipu tinha em 1895 uma extensão territorial de 942 km², que além da sede, a vila de Taipu, faziam parte do município as seguintes localidades: as povoações de Poço Branco (atual município), Barreto (atual Bento Fernandes-RN), Gameleira, Contador, Boa Vista, Pitombeira e Passagem Funda.
            Já o Relatório dos Presidentes dos Estados Brasileiros ( Rio Grande do Norte, p.39) no ano de 1906 dizia que haviam no município de Taipu grande quantidade de terras do estado, dos quais diversos proprietários “particulares têm-se apossados, illegalmente, para os misteres do plantio e da creação”.
            Com tantas terras devolutas não é de se espantar que houvessem disputas por terras na região.Outros conflitos agrários em Taipu datam da década de 1970 e refere-se aos conflitos no Ingá da qual resultou na criação do primeiro assentamento de reforma agrária criado pelo INCRA em Taipu.Os conflitos se deram em plena ditadura militar sendo assentamento criado pelo então presidente João Figueiredo.Em 1998 as terras da fazenda Taboleiro do Barreto foi invadida pelos integrantes do MST que dela se apossaram até a desapropriação e posteriormente criação do assentamento de mesmo nome naquela propriedade rural.




Agradecemos  a gentileza e a colaboração do nobre historiador Rostand Medeiros que nos enviou solicitamente as fotos das paginas do jornal A Republica em que foram relatados os acontecimentos da Gameleira citados a cima e pela qual somos gratos pela sua prestimosa colaboração.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sobre a situação em Taipu em 1958

        A noticia sobre a situação em Taipu foi dada pela jornal O Estado de S.Paulo, de 02/04/1958 nela se lê:"O  prefeito de Taipu afirma ser grave a situação ali,pois, centenas de flagelados esperam trabalho, ameaçando invadir o comercio a procura de gêneros alimentícios".

       A matéria explica ainda que o mesmo acontecia em outros cantos do estado, onde os flagelados eram socorridos pelo DNOCS, o qual recebiam gêneros alimentícios para matar a fome.Havia a escasez de farinha e charque nesse período.

A INTERESSANTE HISTÓRIA DO MOTORISTA DE ÔNIBUS QUE DAVA AULAS INFORMAIS A UNIVERSITÁRIOS DA AVENIDA PAULISTA E QUE ERA NATURAL DE TAIPU-RN CHAMADO CICERO PEREIRA DA SILVA


          Quando a gente acha que não encontraria nada mais interessante pra publicar no blog eis que aparece uma história daquelas de arrepiar a coluna vertebral. Consultando a hemeroteca do jornal O Estado de S.Paulo, vulgo, Estadão me deparo com a história de Cicero Pereira da Silva, natural de Taipu-RN e motorista da viação Tupy, ônibus que fazia a linha aeroporto-Perdizes (linha 875m) na capital paulista. Da extensa matéria publicada no referido jornal extrai algumas considerações a cerca do personagem.Como tantos nordestinos, Cícero se mudou para São Paulo, na época da publicação da matéria (1998) já estava morando há 26 anos na metrópole paulistana.
         O mesmo andava o trajeto do ônibus, do inicio ao ponto final, ensinando aos passageiros, principalmente as crianças,s todos os osso do corpo humano.Ele era famoso por ensinar também sobre os mais diversos assuntos.
detalhe de Cicero Pereira ensinando no Ônibus em que era motorista na avenida Paulista, São Paulo-SP.

Print da matéria publicada sobre Cicero Pereira da Silva no jornal O Estado do São Paulo em 1998.


         Parar ao lado dele é sinônimo de aprendizado, dizia o texto da matéria ensinava a qualquer classe social e faixa etária, mas gostava mesmo de conviver com médicos, advogados e universitários.Chamado de doutor – “ um vulgo por que  eu não sou formado em nenhuma universidade”, dizia Cicero - ele se tornou um personagem  tão querido que a companhia, quando o escalava para outra linha, chegava a receber telefonemas de passageiros  que pediam a sua volta.
        O motorista-professor aprendeu tudo de forma autodidata. Teve de interromper os estudos poucos antes de prestar o vestibular para medicina. ”mas não ter ingressado em uma universidade não me desanimou e continuo estudando por conta própria”, dizia Cicero.Dono de uma capacidade para a retórica, ele não se contentava em guardar para si conhecimentos que adquiriu  a cada dia. “ tive muita sorte”, diz. “Não consegui diploma  mas nessa linha que passa pela Avenida Paulista,  pelo Mackenzie,  e  pela PUC, convivo com médicos, advogados e universitários”.
Os temas prediletos de Cicero eram a fauna e flora, mas em suas “aulas diárias”, a principal luta tem sido pelo uso correto da língua portuguesa, “outro dia aqui no ponto final, perguntei se alguém seria capaz de conjugar o presente do indicativo do verbo ter”, lembra. “ninguém conseguiu”.Depois de ficar calado disse: “que futuro terá uma pessoa que não consegue  conjugar um verbo simples como o ter?
         Apesar da fama nem todos viam Cicero com bons olhos, alguns passageiros achavam que ele estava bêbado, alguns companheiros de trabalho duvidavam de seu conhecimento, o habito fez a família se afastar, chegou a morar com uma irmão mas ela não aguentou seu costume de estudar até a madrugada.”eu ficava com a luz acesa até de madrugada, mas ela não gostava”, conta Cicero. “As vezes chego a dormir com os livros sobre a caixa toraxica”.Apesar de extremamente comunicativo não conseguiu se casar.Mas acho que viver enchendo a cabeça de informação é meu destino”, concluiu Cicero.
        Não conseguir apurar se o personagem desta história ainda está vivo e se ainda mora em São Paulo, no entanto, essa é uma daquelas histórias que merecem ser contadas dada sua importância para servir de exemplo aqueles que estão estudando, aqueles que são professores, médico, advogados etc.Seguir o exemplo de Cicero é essencial para que adquire o conhecimento, repassar aos outros, eis o exemplo de Cicero e de tantos outros professores anônimos espalhados pelo Brasil a fora.

        Agradeço caso alguém em Taipu saiba quem seja a família de Cicero Pereira da Silva.