Quando a gente acha que não encontraria nada mais
interessante pra publicar no blog eis que aparece uma história daquelas de
arrepiar a coluna vertebral. Consultando a hemeroteca do jornal O Estado de S.Paulo,
vulgo, Estadão me deparo com a história de Cicero Pereira da Silva, natural de
Taipu-RN e motorista da viação Tupy, ônibus que fazia a linha
aeroporto-Perdizes (linha 875m) na capital paulista. Da extensa matéria
publicada no referido jornal extrai algumas considerações a cerca do
personagem.Como tantos nordestinos, Cícero se mudou para São Paulo, na época da
publicação da matéria (1998) já estava morando há 26 anos na metrópole
paulistana.
O mesmo andava o trajeto do ônibus, do inicio ao ponto
final, ensinando aos passageiros, principalmente as crianças,s todos os osso do
corpo humano.Ele era famoso por ensinar também sobre os mais diversos assuntos.
detalhe de Cicero Pereira ensinando no Ônibus em que era motorista na avenida Paulista, São Paulo-SP.
Print da matéria publicada sobre Cicero Pereira da Silva no jornal O Estado do São Paulo em 1998.
Parar ao lado dele é sinônimo de aprendizado, dizia o texto
da matéria ensinava a qualquer classe social e faixa etária, mas gostava mesmo
de conviver com médicos, advogados e universitários.Chamado de doutor – “ um
vulgo por que eu não sou formado em
nenhuma universidade”, dizia Cicero - ele se tornou um personagem tão querido que a companhia, quando o
escalava para outra linha, chegava a receber telefonemas de passageiros que pediam a sua volta.
O motorista-professor aprendeu tudo de forma autodidata.
Teve de interromper os estudos poucos antes de prestar o vestibular para
medicina. ”mas não ter ingressado em uma universidade não me desanimou e
continuo estudando por conta própria”, dizia Cicero.Dono de uma capacidade para a retórica, ele não se
contentava em guardar para si conhecimentos que adquiriu a cada dia. “ tive muita sorte”, diz. “Não
consegui diploma mas nessa linha que
passa pela Avenida Paulista, pelo
Mackenzie, e pela PUC, convivo com médicos, advogados e
universitários”.
Os temas prediletos de Cicero eram a fauna e flora, mas em
suas “aulas diárias”, a principal luta tem sido pelo uso correto da língua
portuguesa, “outro dia aqui no ponto final, perguntei se alguém seria capaz de
conjugar o presente do indicativo do verbo ter”, lembra. “ninguém
conseguiu”.Depois de ficar calado disse: “que futuro terá uma pessoa que não
consegue conjugar um verbo simples como
o ter?
Apesar da fama nem
todos viam Cicero com bons olhos, alguns passageiros achavam que ele estava
bêbado, alguns companheiros de trabalho duvidavam de seu conhecimento, o habito
fez a família se afastar, chegou a morar com uma irmão mas ela não aguentou seu
costume de estudar até a madrugada.”eu ficava com a luz acesa até de madrugada,
mas ela não gostava”, conta Cicero. “As vezes chego a dormir com os livros
sobre a caixa toraxica”.Apesar de extremamente comunicativo não conseguiu se
casar.Mas acho que viver enchendo a cabeça de informação é meu destino”,
concluiu Cicero.
Não conseguir apurar se o personagem desta história ainda
está vivo e se ainda mora em São Paulo, no entanto, essa é uma daquelas
histórias que merecem ser contadas dada sua importância para servir de exemplo
aqueles que estão estudando, aqueles que são professores, médico, advogados
etc.Seguir o exemplo de Cicero é essencial para que adquire o conhecimento,
repassar aos outros, eis o exemplo de Cicero e de tantos outros professores
anônimos espalhados pelo Brasil a fora.
Agradeço caso alguém em Taipu saiba quem seja a família de
Cicero Pereira da Silva.
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