sexta-feira, 5 de julho de 2019

NOTAS PARA A HISTÓRIA DE POÇO BRANCO



Prolegômenos
         o objetivo da postagem é lançar notas a cerca da história de Poço Branco a partir da criação do referido município, antes, porém, necessários e faz uma pequeno resumo histórico.

Histórico
         Vizinho ao riacho do Cravo existia um “Posso” quando em 1709 o Capitão Manoel Rodrigues Coelho requereu a posse de terras na “parage” chamada Taipu Grande.Situado na ribeira do Ceará-Mrim, estes poços e os terrenos úmidos de ipueiras e brejos determinaram o inicio da povoação e fixando grupos humanos,  a criação de escolas, policiamento, a capela do Sagrado Coração de Jesus até a construção da barragem do rio Ceará-Mirim com capacidade de armazenamento de 135 milhões de metros cúbicos de água a qual teve papel preponderante para a emancipação politica e administrativa de Poço Branco.

                                 Antiga capela de Poço Branco

         A vila foi criada em 31/12/1958 por lei municipal da Câmara de Vereadores de Taipu (o distrito de Poço Branco elegia um vereador no município de Taipu).O município em 26/07/1963, desmembrado do município de Taipu.

A  criação  do município de Poço Branco
         Em 1962 foi apresentado um projeto na Assembleia Legislativa criando o município de Poço Branco desmembrado do de Taipu. O projeto foi de autoria do deputado Aloizio Bezerra.
         A iniciativa de criação do município de Poço Branco encontrava empecilhos jurídicos pois o mesmo não reunia as condições mínimas para ser criado.
         O distrito de Poço Branco segundo o Censo de 1960 tinha apenas 1.908 habitantes dos quais 605 na zona urbana (vila) e 1.303 na zona rural, já o total da população de Taipu no mesmo Censo foi de 11.173 habitantes e com o desmembramento de Poço Branco ficaria com população inferior a exigida pela Lei Orgânica dos Municípios, ou seja, prejudicando Taipu em favor da criação de Poço Branco, o projeto nascia assim com vícios, mesmo assim fora aprovado pela Assembleia.

Veto de Aluizio Alves
         O governador Aluizio Alves vetou a criação dos municípios de Poço Branco, Pilões e João Dias, o primeiro desmembrado de Taipu e os dois últimos de Alexandria.
         A alegação de Aluizio Alves era que ele não podia concordar com a pulverização do Estado, transformando vilarejos em cidades, que não reuniam os pressupostos constitucionais, a população e as rendas mínimas. (DIÁRIO DE NATAL, 27/07/1963, p.4).

Segue a discussão em torno da criação de Poço Branco
         A criação do município de Poço Branco promulgada pela Assembleia Legislativa e vetada pelo Governador serviria ainda de assunto político durante alguns dias criando uma ‘queda de braços’ entre o Executivo e o Legislativo.
         A Secretaria da ALRN antes de mandar publicar da lei de criação de Poço Branco, consultou o Gabinete do Governador sobre a situação do processo, recebendo a informação de que o Chefe do Executivo silenciara no prazo constitucional sobre o  caso e posteriormente viera a resolução do veto.
Assim foi que a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa  encontrou brecha e decidiu por 4 x 2 que o veto governamental no projeto de lei criando o município de Poço Branco fora despachado fora do prazo constitucional, predominando então a promulgação realizada pelo Poder Legislativo ao criar aquele município.
Livre do veto governamental Poço Branco passou a se constituir uma comuna no Quadro Administrativo do Rio Grande do Norte.
Assim o município de Poço Branco foi criado no dia 26 de julho de 1963, pela Lei nº. 2.899. O ato foi assinado pelo então governador em exercício, Roberto Pereira Varela (ex-deputado estadual e ex-prefeito de Ceará Mirim).
         A lei 3.054 alterava a redação da lei que criara o município de Poço Branco sendo a alteração relativa a fixação dos limites municipais. (DIÁRIO DE NATAL, 04/01/1964, p.4).
         Criado em 26/07/1963 o município de Poço Branco teve seu primeiro prefeito nomeado no ano seguinte sendo ele Cícero de Freitas de acordo com ato publicado no Diário Oficial nomeado pelo governado Aluizio Alves.
         Tinha o município de Poço Branco ao ser criado 1.450 eleitores.

Festa  do Sagrado Coração de Jesus
         Naquele ano de 1963 a festa do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro de Poço Branco seria realizada em beneficio da aquisição dos bancos e um serviço de amplificação de som. A comissão organizadora elaborou um vasto programa do qual constava novenas, leilão, bingos, missa campal e procissão pelas ruas da cidade.

O ‘motel Potiguar’
         Segundo o jornal Diário de Natal “muita gente está sendo convidada para a inauguração do ‘motel Potiguar’ na cidade de Poço Branco, no interior do Estado” (DIÁRIO DE NATAL, 15/09/1964, p.2).O convite foi feito pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento-DNOS.

A primeira eleição
         A primeira eleição municipal ocorreu em 1965 tendo como candidatos Vicente Ferreira da Cruz (PSD) e Vauban  Bezerra de Faria (UDN) cabendo a este a vitória do pleito, sendo portanto, o primeiro prefeito eleito.
                             Primeiro prefeito eleito de Poço Branco

Energia elétrica em 1968
         A chegada da energia elétrica a Poço Branco ocorreu no ano de 1968 tendo sido feita pela COSERN, distribuidora da energia produzida na Usina hidrelétrica de Paulo Afonso-BA.

Revisão censitária
Naquele mesmo ano de 1968 o prefeito Vauban Bezerra e o deputado Grimaldi Ribeiro solicitaram ao IBGE a revisão dos dados demográficos do município de Poço Branco que fora criado após o Censo de 1960.Com a revisão autorizada pelo IBGE o prefeito esperava em aumentar em 50% o fundo de participação daquele município.

Inauguração da barragem
         A barragem Engenheiro José Batista do Rego foi inaugurada pelo ministro do interior Costa Cavalcanti em 19/01/1970. Construída pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento-DNOS com capacidade para armazenar 135 milhões de metros cúbicos de água.
                      Barragem de Poço Branco após a inauguração


   A nova barragem iria também regularizar o curso do rio Ceará-Mirim, evitando as enchentes na época do inverno no vale, que produzia a totalidade do açúcar do Rio Grande do Norte.
      A barragem teve iniciada a construção em 1959 quando o então distrito de Poço Branco fazia parte do município de Taipu, razão pela qual a obra era conhecida como Barragem do Taipu.

Centro comercial
Em 1971 foi assinado um convênio com o governo do estado para a construção de um centro comercial em Poço Branco.

Visita do governador Cortez Pereira
       Em 1972 atendendo a convite do prefeito Ivan Cardoso, o governador Corte Pereira visitou a cidade de Poço Branco onde participou da inauguração de um centro comercial e um açougue publico construídos pela prefeitura.
     Durante a solenidade o governador falou do propósito de sua administração em assegurar ampla colaboração aos municípios, a fim de que acelerassem seus programas de desenvolvimento socioeconômico.Em nome do prefeito, o deputado Bevenuto Pereira agradeceu a presença do governador em Poço Branco.Corte Pereira manteve contato com os lideres comunitários de Poço Branco e compareceu a um churrasco oferecido pelo município, retornando a capital a tarde.

Abastecimento de água
         Em 1974 a Companhia e Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte-CAERN iniciou os trabalhos para a implantação do sistema de abastecimento da cidade de Poço Branco.

Perfil do município em 1977
      Prefeito: José Francisco de Souza.
      Vice-prefeito: Eráquio Alves de Lima.
      Vereadores: ARENA: João Teixeira do Nascimento, Manoel Targino Sobrinho, Raimundo Nonato da Silva, Emília Dantas da Silva.MDB: Bueno Ayres de Melo, Raimundo Rosa Santiago, Luiz Faustino da Silva.
      Juiz de direito: Dr. José de Vasconcelos Leite.
      Promotor: dr. Antonio Zerôncio.
      Delegado: 1º sargento Francisco Soares de Carvalho.
      Microrregião: Serra Verde.
      Área: 226 km².
      População residente (estimativa/1975): 8.566 habitantes.
O município mantinha ligação viária com seguinte municípios através das seguintes estradas: Pureza RN-051, BR-406 e carroçável municipal, distante 24 km, cerca de 50 minutos.Taipu: RN 051 e BR 406 a 9 km de distancia ou 15 minutos, Ielmo Marinho: RN-051, BR-406, RN-064 e carroçável municipal a 69 km de distancia (2 horas), Bento Fernandes: RN-051, BR-406 e RN-120 a 48 km de distancia (50 minutos), João Câmara: RN-051, BRN-406 a 29 km de distancia (30 minutos), Natal: RN-051 e BR-406 a 60 km de distancia (1h20min).
Atividades econômicas: Culturas agrícolas e pecuária.
Em 1977 funcionava em Poço Branco um Ginásio. Os alunos do 2º grau deslocavam-se diariamente para João Câmara e Ceará-Mirim. A maternidade era mantida pela prefeitura.
A cidade foi traçada simetricamente, suas ruas eram largas e agradaveis. Apesar de Poço Branco ainda não ter sido incluida no roteiro turistico do Estado, nesse campo as possibilidades eram enormes,segundo o jornal Diário de Natal.Havia um bom hotel e a barragem poderia transformar-se num centro de lazer para os  fins de semana.
         Da antiga vila de Poço Branco restavam apenas os habitantes, ciosos por sinal das perpesctivas da sua nova cidade.

Irmãs vigárias
         O serviço religioso era realizado por um grupo de de irmãs que se constituíam nas vigárias de Poço Branco, tendo a orientação do padre João Correia de Aquino, vigário de Taipu que celebrava ali aos domingos.

                          Igreja de Poço Branco na década de 1970



Convênio  com Secretaria de Educação  e Cultura-SEEC e a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade-CNEC
Em 1978 foi firmado um convênio com Secretaria de Educação  e Cultura-SEEC e a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade-CNEC visando a instituição do regime de cooperação entre escolas do interior do Estado.
De acordo com o documento a SEEC deveria oferecer número de vagas suficientes na escola de primeiro grau Ana Costa em Poço Branco para os concluintes da 4ª série da escola Carmem Costa a fim de que pudessem esses alunos prosseguir seus estudos e o primeiro grau.A CNEC por sua vez se propunha a reservar na 5ª série da escola Ana Costa o número de vagas correspondente ao de concluintes da 4ª série do Grupo Escolar 7 de Setembro.

Hotel Sanelândia
         O Hotel Sanelândia de Poço Branco foi construído em 1977 e um ano depois se encontrava fechado sem nenhuma providencia a ser tomada para a sua utilização.
         O hotel foi construído em área de 100 x 80 metros e estava dotado de 3 suítes, 10 apartamentos, salão de refeições, sala de estar, dancing e outras dependências.
         Até 1977 era administrado por José de Freitas e sua esposa Rosinha, que deixaram a direção por questões de saúde, tendo sido assumido por Antonio Guedes Miranda, então secretário geral da prefeitura.
         Falava-se que houve a doação pelo DNOS a prefeitura, entretanto, o prédio estava se deteriorando, as portas arrebentadas, mato invadido as áreas construídas e o prefeito sem tomar providencias.Até aquele momento nem o edital de concorrência para arrendamento havia sido publicado, a denuncia foi feita pelo deputado estadual Magno Kelly que cobraria providencias da EMPROTURN pois se tratava de uma atração turística daquela cidade junto com a barragem José Pereira do Rego ( O POTI,16/10/1978, p.7).
         O Hotel Sanelândia seria reinaugurado na última semana de setembro daquele ano de 1978 sob a direção de Antonio Miranda e sua mulher a tabeliã Dorinha. O hotel foi doado pelo DNOS à prefeitura de Poço Branco que se responsabilizou pelos encargos da restauração (O POTI, 10/09/1978, p.2).

A comarca
      A comarca de Poço Branco foi criada em 1980.Em júri popular realizado em 19/09/1980 na cidade de Poço Branco, o agricultor Manuel Canela neto, autor de um crime de morte no sitio Baixos de São Miguel, foi absolvido, quando o corpo de jurados aceitou a tese de legitima defesa, apresentada pelo advogado Bernardo Gama.O júri esteve sob a presidência do juiz José de Vasconcelos Leite e na acusação a promotora Judite Miranda monte Nunes (O POTI, 21/09/1980, p.8).
     Esse foi o primeiro julgamento realizado em Poço Branco após a criação da comarca e despertou curiosidade na população.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

HISTÓRIAS DE SÃO BENTO DO BOFETE OU SOBRE O "CANICÍDIO " DO CORONEL BENEDITO SALDANHA



                A atual cidade de Janduís outrora se chamava São Bento do Bofete.Seu nome teve origem numa festa realizada em homenagem a São Bento, seu padroeiro, durante a qual houve um “borborinho” nele apanhando mais de cem pessoas.

                                        Vista aérea de Janduís
Fonte: Prefeitura de Janduís.

         Localizado distante 3 léguas (18 km) “puxadas” da cidade de Augusto Severo, bem no dorso do chapadão das Areias, que se liga com a Serra dos Passarinhos, limites entre o Rio Grande do Norte e a Paraiba, pelas cidades de Brejo do Cruz e Catolé do Rocha, está situado o indômito vilarejo de São Bento do Bofete, célebre pelas suas encrencas e crimes dos mais diversos.
                                             Localização de Janduís
Fonte: Wikipédia.

Severino Sobral de Medeiros escreveu no jornal O Acre em 1955 uma daquelas histórias dos tempos dos coronéis do sertão que se passou em São Bento do Bofete.Segundo o referido autor:
         Nas circunvizinhanças do povoado ficava a Fazenda “Campo  Limpo” do famoso Benedito Saldanha, sertanejo dos mais abastados, e não se diga por menos, homem de “sangue frio”.Criava ele além dos seus animais de “renda”, dois casais de cães “tirados” a Dinamarqueses, os quais constituíam  o orgulho da fazenda.
         Um dia, porém, o povoado foi “abalado” pelos comentários do sacristão Delfino Dias, de que a “fobica” ( Ford 24) do milionário  coronel Julio Maia que andava pelos sertões comprando algodão em “rama” havia atropelado e matado um dos “Rompe Ferro” sentinelas da Fazenda.E de fato, o automóvel havia passado sobre o cão, deixando-lhe apenas a cabeça inteira.E como não tivesse o coronel Maia se “dignado” a levar ao conhecimento do dono do animal o que acabara de ocorrer, deixou margem  a que o capitão Saldanha tomasse o fato por desaforo, cuja vingança do “canicídio”  automaticamente seria inevitável. 
                                           Coronel Benedito Saldanha
Fonte: http://jotamaria-prefeitosdeapodi.blogspot.com/2013/03/benedito-veras-saldanha-1011933.html

         Triste pela morte do seus famoso “Rompe Ferro” tratou logo o capitão Saldanha de passar o cadeado na porteira por onde haveria de transitar o criminoso veiculo, de regresso da Fazenda dos Veras, primeiro logradouro das compras de algodão, onde o ajuste de contas seria realizado.E seis horas mais tarde quase ao anoitecer, riscou no pátio de “Campo Limpo” o tão aguardado automóvel. Ao deparar o chofer que a porteira estava trancada solicitou ao capitão Saldanha que lhe emprestasse a chave do cadeado tendo porém o fazendeiro que somente após o jantar que seria oferecido ao coronel Maia, atenderia seu pedido.
E chamando com a sua peculiar gentileza para o “banquete” aceitou de bom grado o milionário acrescentando que caira a mosca no mel, pois até aquela hora nada havia comido e o estomago estava a reclamar uma boa coalhada do gado de “Campo Limpo”.
         Posta a refeição na praxe sertaneja, mandou o capitão Saldanha que os eu “principal” hospede tomasse assento a cabeceira da mesa, onde já se encontrava uma travessa de ágata coberta com uma guardanapo destinada a saciar a fome do milionário.
       E quando este descobriu a “salva” como seu apetite voraz, nada mais encontrou do que a cabeça do cachorro vitima do atropelamento em forma de cozido na água e sal.e sem tempo para qualquer pergunta apareceram-lhe dois capangas armados de punhal, trazendo o escrito numa tampa de caixa o seguinte letreiro: “p’ra nunca mais matar cachorro de homem”.
E em menos de meia hora, foi-se o cachorro quente na barriga do mastodonte, como recompensa de um crime cometido por um chofer.Vinte e quatro horas depois encontrava-se o milionário na Fazenda “Tanques” acometido de uma violenta indigestao “canina” que o acamou por três dias. Dai por diante nunca mais o coronel Maia pisou o chão de São Bento do Bofete.
Na imagem a baixo  coronel Benedito Saldanha seria o que está sentado de braços e pernas cruzadas com botas de cano longo


Fonte: http://lampiaoaceso.blogspot.com/2012/12/lampiao-em-mossoro.html


Fonte: O Acre, 27/03/1955, p.4.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

SOBRE A INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE PATU


       
 A  Vila de Patu a época da inauguração da estação
A vila de Patu se incluía no número das localidades florescentes do hiterland potiguar em 1936.
Segundo o jornal A Ordem a frente dos destinos da citada vila estavam elementos de reconhecido valor: de um lado o pároco Frederico Pastors cuidando com zelo e dedicação dos interesses da matriz e dos seus paroquianos; de outro lado o prefeito Julio Fernandes cooperado por outros vultos de real prestigio político-social, entre eles os quais  a figura simpática de Rafael Godeiro, homem empreendedor e progressista.
Grandes realizações estavam se concretizando para o soerguimento do município, cujo futuro era assaz promissor, disse o referido jornal.
Dentre estas realizações daquele ano de 1936 estavam a inauguração do trecho da Estrada de Ferro de Mossoró entre Caraúbas e Patu e a respectiva estação da vila, a empresa algodoeira SANBRA que seria inaugurada em breve e a luza elétrica que seria instalada na vila (A ORDEM, 26/09/1936, p.2)

A Estrada de Ferro de Mossoró
         Naquele ano de 1936 a ferrovia se achava entregue a Companhia Estrada de Ferro de Mossoró compreendendo os seguintes trechos: Porto Franco, ponto de parada, à margem esquerda do rio Mossoró, defronte de Areia Branca, atualmente Grossos, até Mossoró com 37,447 km; de Mossoró a São Sebastião, atual Governador Dix-Sept Rosado, com 39,563 km; de São Sebastião a Caraúbas, com 43,920 km, perfazendo um total de 120,970 km.O trecho inaugurado em 1936 entre Caraúbas e Patu tinha uma extensão de 36,640km, ficaria, portanto a EFM com 157,710 km em tráfego.
         Restava ainda a conclusão dos trechos de Patu a Almino Afonso com 17, 280 km; de Almino Afonso a Boa Esperança com 24,074 km, todo este trecho em território do Rio Grande do Norte e o último trecho entre Boa Esperança à cidade de Souza, na Paraíba. Em números redondos teria um total de 280 km.
         Na cidade de Souza a EFM se entroncaria com a Rede de Viação Cearense, que por sua vez se ligaria a Great Western-GWBR.Ficaria assim o nordeste brasileiro todo recortado por ferrovias aproximando distancias, arejando sítios até então esquecidos, tecendo a grande peça da unidade nacional (A ORDEM, 30/09/1936, p.1).

A inauguração da estação de Patu
Foi escolhida a data de 30/09/1936 para a inauguração do trecho entre Caraúbas e Patu e a respectiva estação da vila.Esteve presente a solenidade o então Interventor Federal Rafael Fernandes que viajou de Natal a Mossoró em avião da Pan Air e depois para a vila de Patu em trem especial com a comitiva para os atos inaugurais daquele trecho ferroviário.
        Mesmo com essa inauguração a EFM não ficava com o tráfego completo. Os trabalhos continuaram no trecho além de Patu até Almino Afonso.O trecho entre Caraúbas e Patu ocorreu 21 anos depois da inauguração do primeiro trecho da citada ferrovia entre Porto Franco e Mossoró em 15/03/1915.
    O ato de inauguração da estação ferroviária de Patú se revestiu da maior solenidade.Para ir até a vila foi organizado um comboio especial levando o interventor Rafael Fernandes, demais autoridades, convidados e representantes da imprensa.


      A aproximação do trem  da vila lia-se a seguinte faixa “ Patú saúda os trilhos do progresso”.
Recebidos por entre aclamações do povo, o interventor, sua comitiva e engenheiros desceram até o local do leito da estrada onde se achava estendida a fita simbólica que foi cortada pelo interventor Rafael Fernandes.
      Em seguida o trem se dirigiu até a gare, por entre os aplausos da população e dos operários da estrada dispostos em fila com os seus instrumentos de trabalho.
         No interior da estação falaram o engenheiro José Luiz Batista que se congratulou com os patuenses pelo melhoramento que acabava de ser inaugurado, tendo palavras de elogio para com o governo da Republica e realçando a atuação do ex-ministro José Américo de Almeida.


        O dr. Arthur Castilhos discursou sobre as vantagens e o elevado alcance econômico da ferrovia entre Mossoró e Alexandria, como propulsora do progresso de uma vasta região e para o qual o governo federal olharia com a devida atenção; e, finalmente o farmacêutico Vicente de Almeida que em nome dos seus conterrâneos saudou o interventor Rafael Fernandes, todos os engenheiros e demais pessoas presentes num substancioso discurso que a todos encantou.
         As 12h00 no edifício do Grupo Escolar João Godeiro, houve o banquete oferecido pelo município de Patú aos ilustres hospedes, falando por delegação do prefeito o Dr. Bianor Fernandes.
      A mesa estava em dispostas em formato de U onde se sentaram cerca de 60 cavalheiros presentes aquela solenidade tendo sido servidos pelas senhoritas da sociedade local. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 11/10/1936,p.9).





Elevação da categoria de cidade
         Dois meses após a inauguração da estação de Patu a vila foi  elevada a  categoria de cidade por lei estadual de 03 de novembro de 1936 tendo sido nomeado prefeito o Sr. Rafael Godeiro, agricultor naquele município em 27/11/1936.

Telegrama enviado a Getúlio Vargas
     O interventor Rafael Fernandes enviou o seguinte telegrama ao presidente da República:
       Mossoró, 1-Tenho satisfação de comunicar a v.ex., a inauguração da estação ferroviária de Patú, da Estrada de Ferro de Mossoró neste Estado.À cerimônia foi revestida de grande solenidade, estiveram presentes os representantes do inspetor federal das estradas e outras autoridades federais, estaduais e municipais.Este melhoramento representa um grande serviço para importante região do Estado, motivo porque, transmito ao eminente chefe da nação respeitosos agradecimentos da população do Rio Grande do Norte, pela valiosa cooperação que dispensou em favor da sua efetivação.Saudações cordiais-Rafael Fernandes, governador. (REVISTA DAS ESTRADAS DE FERRO, 15/10/1936, p.12).










O PRIMEIRO GOVERNADOR DO ACRE FOI UM POTIGUAR



         Epaminondas Tito Jácome nasceu na Vila de Augusto Severo, atual Campo Grande, em 20/04/ 1867.
Foi médico sanitarista, deputado provincial e, juntamente com José Plácido de Castro, participou da Revolução Acriana, em outubro de 1902, que culminou na nacionalização daquele território.


Epaminondas Jacome foi o primeiro governador do Acre, nomeado pelo então presidente Epitácio Pessoa. Exerceu o mandato de 01/01/1921 a 22/06/1922
         No Acre, na qualidade de governador fundou o grupo escolar João Ribeiro, as escolas noturnas Euclides da Cunha, Ângelo Ferreira, adquiriu do coronel Van-Dick Tocantins, uma arca de terras que deu o nome de Colônia Epitácio Pessoa (A REFORMA, 08/04/1928, p.4).
         Faleceu em Natal em 29 de março de 1929 aos 61 anos de idade, era casado.

         Abaixo o quadro na escola João Ribeiro em homenagem ao governador Epaminondas Jácome.



No quadro está escrito “homenagem do corpo docente do Grupo Escolar João Ribeiro ao fundador Exmº  Sr. Epaminondas Jácome".

terça-feira, 2 de julho de 2019

A MULHER QUE AJUDOU A CARREGAR PEDRAS PARA OS ALICERCES DA IGREJA DE CEARÁ-MIRIM



Em 1947 Joana Maria da Conceição contava já 109 anos de idade de acordo com a data apresentada na Revista A Noite Ilustrada naquele ano, ela teria ajudado a carregar pedra para os alicerces da capela de Nossa Senhora da Conceição, atual igreja matriz daquela cidade.
         Eis o texto da citada revista:
         Joana Maria da Conceição nasceu na cidade de Ceará-Mirim,no Rio Grande do Norte, em 1838, e, apesar da vida cheia de dificuldades, ainda é perfeitamente lúcida e conversa com desembaraço.Na localidade em que reside é conhecida como Moça-Velha e essa denominação lhe vai bem, pois é solteira e tem o espírito jovem.Reside numa casa humilde, de propriedade de D. Carminha, senhora de altos predicados morais e que diariamente lhe manda as refeições.Diz Joana Maria da Conceição que, quando criança, ajudou a carregar pedras para os alicerces da igreja local, ali por  1850, quando se iniciou a construção.Ao avistar o fotografo, perguntou: -Para que vocês querem cara tão feia? É pra mangar? (A NOITE ILUSTRADA, 04/11/1947, p.29).

Foto:A NOITE ILUSTRADA, 04/11/1947, p.29).

          Na foto está escrito: “lembrança de Ceará-Mirim, foto de Breber, Joana moça com 108 anos, nasceu em Jacoca em [ilegível ... Foto... ilegível]".
         Com se sabe Moça-Velha é uma expressão pra dizer que a mulher nunca se casou, permaneceu solteira. Assim era Joana Maria da Conceição.
         A capela de Nossa Senhora da Conceição que é a atual matriz daquela cidade teve inicio em meados da década de 1850.Se Joana Maria da Conceição teria nascido em 1838 ela teria na época do inicio da construção por volta de 12 ou 13 anos.Em relatório do presidente da província de 1861 o mesmo disse que a capela ainda se encontrava nos alicerces.