A atual cidade de Janduís outrora se chamava São Bento do Bofete.Seu nome
teve origem numa festa realizada em homenagem a São Bento, seu padroeiro,
durante a qual houve um “borborinho” nele apanhando mais de cem pessoas.
Vista aérea de Janduís
Vista aérea de Janduís
Fonte: Prefeitura de Janduís. |
Localizado
distante 3 léguas (18 km) “puxadas” da cidade de Augusto Severo, bem no dorso
do chapadão das Areias, que se liga com a Serra dos Passarinhos, limites entre o
Rio Grande do Norte e a Paraiba, pelas cidades de Brejo do Cruz e Catolé do
Rocha, está situado o indômito vilarejo de São Bento do Bofete, célebre pelas
suas encrencas e crimes dos mais diversos.
Localização de Janduís
Localização de Janduís
Fonte: Wikipédia. |
Severino Sobral de Medeiros
escreveu no jornal O Acre em 1955 uma daquelas histórias dos tempos dos
coronéis do sertão que se passou em São Bento do Bofete.Segundo o referido
autor:
Nas
circunvizinhanças do povoado ficava a Fazenda “Campo Limpo” do famoso Benedito Saldanha, sertanejo
dos mais abastados, e não se diga por menos, homem de “sangue frio”.Criava ele
além dos seus animais de “renda”, dois casais de cães “tirados” a Dinamarqueses,
os quais constituíam o orgulho da
fazenda.
Um
dia, porém, o povoado foi “abalado” pelos comentários do sacristão Delfino
Dias, de que a “fobica” ( Ford 24) do milionário coronel Julio Maia que andava pelos sertões
comprando algodão em “rama” havia atropelado e matado um dos “Rompe Ferro”
sentinelas da Fazenda.E de fato, o automóvel havia passado sobre o cão,
deixando-lhe apenas a cabeça inteira.E como não tivesse o coronel Maia se “dignado”
a levar ao conhecimento do dono do animal o que acabara de ocorrer, deixou
margem a que o capitão Saldanha tomasse
o fato por desaforo, cuja vingança do “canicídio” automaticamente seria inevitável.
Coronel Benedito Saldanha
Fonte: http://jotamaria-prefeitosdeapodi.blogspot.com/2013/03/benedito-veras-saldanha-1011933.html |
Triste
pela morte do seus famoso “Rompe Ferro” tratou logo o capitão Saldanha de
passar o cadeado na porteira por onde haveria de transitar o criminoso veiculo,
de regresso da Fazenda dos Veras, primeiro logradouro das compras de algodão,
onde o ajuste de contas seria realizado.E seis horas mais tarde quase ao
anoitecer, riscou no pátio de “Campo Limpo” o tão aguardado automóvel. Ao
deparar o chofer que a porteira estava trancada solicitou ao capitão Saldanha
que lhe emprestasse a chave do cadeado tendo porém o fazendeiro que somente
após o jantar que seria oferecido ao coronel Maia, atenderia seu pedido.
E chamando com a sua peculiar
gentileza para o “banquete” aceitou de bom grado o milionário acrescentando
que caira a mosca no mel, pois até aquela hora nada havia comido e o estomago
estava a reclamar uma boa coalhada do gado de “Campo Limpo”.
Posta
a refeição na praxe sertaneja, mandou o capitão Saldanha que os eu “principal”
hospede tomasse assento a cabeceira da mesa, onde já se encontrava uma travessa
de ágata coberta com uma guardanapo destinada a saciar a fome do milionário.
E
quando este descobriu a “salva” como seu apetite voraz, nada mais encontrou do
que a cabeça do cachorro vitima do atropelamento em forma de cozido na água e
sal.e sem tempo para qualquer pergunta apareceram-lhe dois capangas armados de
punhal, trazendo o escrito numa tampa de caixa o seguinte letreiro: “p’ra nunca
mais matar cachorro de homem”.
E em menos de meia hora, foi-se o
cachorro quente na barriga do mastodonte, como recompensa de um crime cometido
por um chofer.Vinte e quatro horas depois encontrava-se o milionário na Fazenda
“Tanques” acometido de uma violenta indigestao “canina” que o acamou por três
dias. Dai por diante nunca mais o coronel Maia pisou o chão de São Bento do
Bofete.
Na imagem a baixo coronel Benedito Saldanha seria o que está sentado de braços e pernas cruzadas com botas de cano longo
Fonte: http://lampiaoaceso.blogspot.com/2012/12/lampiao-em-mossoro.html |
Fonte: O Acre, 27/03/1955, p.4.
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