quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A ABERTURA DO TRÁFEGO DA EFCRGN ENTRE NATAL E CEARÁ-MIRIM



         Tendo sido inaugurada a primeira seção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN em 13/06/1906 entre Natal  e Ceará-Mirim e conforme ordem do engenheiro chefe foi publicado o aviso de abertura do tráfego a partir do dia 14/06/1906 vigorando provisoriamente conforme o quadro seguinte.
Estação
Horas
Chegada
Partida
Natal
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03h30
Igapó
03h40
03h45
Estremoz
04h17
04h22
Ceará-Mirim
05h20
------

Ceará-Mirim
------
07h11
Estremoz
07h40
07h45
Igapó
08h17
05h20
Natal
08h32
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O trem partiria da estação de Natal nas terças, quintas e sábados e voltaria do Ceará-Mirim na segundas, quartas e sextas.

Fonte: Diário do Natal, 12/06/1906, p.

        A baixo imagens do trem inaugural da primeira seção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN




terça-feira, 10 de dezembro de 2019

ESTATÍSTICAS DA EFCRGN EM 1907



         Em 24/07/1907 o jornal A República publicou um relatório estatístico da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN, que havia sido inaugurada a pouco mais de um ano, em 13/06/1906.
         Segundo o referido jornal o serviço da seção em trafego da EFCRGN correu com toda regularidade, não tenso sido felizmente, ocorrido nenhum incidente desagradável.
         Circularam na linha 91 trens, percorrendo 2.485 km; estes trens foram compostos por 163 carro com percurso de 5.242 km, foram 52 em serviço ordinário, 14 em serviço próprio do tráfego, 10 em serviço de transporte de material para a seção em construção e 15 em material para  a construção do trapiche da estação inicial da Coroa.
nos  trens ordinários viajaram 943 passageiros em ambas as classes, no rebocador Ceará-Mirim viajaram 577 passageiros e foram transportados 175 volumes de bagagens.
         O movimento de mercadorias foi de 189,656 toneladas e o de bagagens 5,556 toneladas e foi transportado em animal.
         O serviço de telegrafo constou de 131 telegramas, sendo: 4 oficiais, 64 particulares, 1º em serviço de trafego e 62 em serviço da 2ª seção.
         A receita total do tráfego foi de 2: 639$109, com a seguinte descriminação:
Passagem: 1.338$100.
Mercadorias: 874$500.
Bagagens: 200$600.
Animais: $900.
Telegramas: 104$400.
Rebocador Ceará-Mirim: 75$200.
Eventuais: 458$400.
         O serviço de conservação da linha tinha sido executado com regularidade, estando a mesma em boas condições de estabilidade e segurança.
         Foi nomeado armazenista da EFCRGN o Sr. Joaquim Bezerra de Melo, que ocupava o lugar de chefe da estação da Coroa.


Fonte: A República, 24/07/1907,p.1.


MEMÓRIA FERROVIÁRIA DE TAIPÚ: UMA VISITA AS OBRAS DA FERROVIA EM CONSTRUÇÃO



         No dia 19/07/1907 o engenheiro chefe da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte havia convidado o Dr. Antonio Olinto para fazer uma viagem de inspeção das obras da ferrovia em construção até Taipu e também para examinar in loco o vale do Ceará-Mirim relativo ao trabalho que ali se fazia contra os efeitos da seca.
         Segundo o jornal A Republica, “a chuva que caía insistentemente até Taipu prejudicou em parte a finalidade da excussão, o que não deixou de ser alegremente comentado pelos excursionistas, que viajavam debaixo de um aguaceiro em companhia do superintendente das obras contra as secas, espetáculo raro nesta zona flagelada”.
         Mesmo coma chuva foi realizada a sondagem dos terrenos próximo as obras da ferrovia em construção.De acordo com o referido jornal “ talvez não estejamos em erro, afirmando que logo que se ultime o lançamento dos trilhos até Taipu, o dr.Olinto mandará ali perfurar um poço a jusante da grande barragem que está sendo feita perto da vila pela Estrada de Ferro”.
     A excussão foi assessorada pelo engenheiro José Luiz da Silva que obsequiou gentilmente seus convidados dentre os quais, o já citado Dr. Antonio Olinto, Roberto Reis, encarregado das obras contra as secas no estado do RN, os jornalistas d’A República, Manoel Dantas e Sérgio Barreto e o coronel Fabrício Maranhão, presidente do Congresso Estadual,atual Assembleia Legislativa, Afonso Barata e outros.
         A comitiva almoçou em Ceará-Mirim na sede da comissão de construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, onde foram feitos os discursos de praxe.
         Na volta o trem especial chegou a estação da Coroa pelas 19h00 sempre perseguido pela chuva persistente e miudinha numa manifestação esporádica do inverno, disse A República.


Fonte: A Republica, 20/07/1907, p.1.

Nota: A "grande barragem" citada no texto a cima, na verdade é o açude da estrada de ferro situado na zona urbana de Taipu que foi construído pela EFCRGN par ao abastecimento das locomotivas.
O poço só foi construído pela Inspetoria de Federal de Obras Contra as Secas-IFOCS somente em 1917.


A INAUGURAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO DO CEARÁ-MIRIM



         Conforme se lia no jornal A República em 09/12/1890 “foi inaugurada no dia 8 deste mês a via férrea de Ceará-Mirim, com pompa e formalidades de estilos”.
            Eis o relato da solenidade segundo o mesmo jornal.
         Das 06h30 as 07h00 começaram a afluir ao local da festa a população que ali se congregou.Estava a estação da Coroa verdejantemente ornamentada, tingido na parte que fica em frente a cidade e ao rio Potengi um bosque denso,assinalado por diversas bandeiras e galardates, que se estendiam até a parte oposta do edifício.
         Aproximadamente as 08h00 o governador Manoel do Nascimento Castro e Silva, dirigindo-se com o pessoal ao lugar designado, fez uma rápida e eloquente alocução inaugural, pediu para proclamar o ato ao engenheiro Brunet, chefe da estrada de ferro do Ceará-Mirim, o qual depois de confirmar a inauguração, entregou ao governador uma pá dourada, com a qual ele lançou a primeira pá de terra, seguindo-se-lhe a gentil esposa do engenheiro Brunet, que inteligentemente disse querer ser das primeiras a dar o exemplo edificante do trabalho, fazendo todos os circundantes o mesmo.


Na parte superior da imagem aparece o aterro onde estava situada a estação da Coroa.

         Neste momento foi fotografado pelo engenheiro João Vieira da Cunha o belo quadro daquela reunião do trabalho e da inteligência.Após isso voltou-se a estação da Coroa que ficava a vista e ali o engenheiro João Vieira leu a ata de inauguração daquela futurosa empresa,depois do que o Dr. Diogenes da Nóbrega felicitou em breve alocução o florescimento da pátria riograndense, fazendo votos para que esse espírito de iniciativa e de civilização que e República implantou neste solo abençoado perdurasse sucessivamente em toas as gerações por vir.
         Seguiu-se um lauto banquete, situado naquele meio pitoresco e de aspecto campestre, circundado de ramos e folhagens, tomando todos lugar de pé a mesa, ideia original  e que causou-se harmoniosamente com a disposição da festa, durante a qual tocava a, curtos intervalos uma banda de música.


No centro da imagem em linha reta o aterro da Coroa de onde partia a Estrada de Ferro do Ceará-Mirim,
posteriormente EFCRGN.

         Ao champagne levantaram-se diversos brindes, sendo o mais notável o do Dr. Braz de Melo ao Governador, salientando as alevantadas qualidades de seu espírito lucidissimo e de seu caráter limpidissimo e inquebrantável, delapidado em dez anos de vida pública, que representavam um esforço continuado em prol da causa pública, sem um momento de hesitação, o Dr. Agusto aos agricultores do Ceará-Mirim, ali representados pelo Tenente coronel José Varela; do Dr. Diógenes a mulher ali brilhantemente representada pela esposa do engenheiro Brunet, do Dr. Chaves filho a patriótica e distinta representação do Estado, sintetizado no vulto proeminente de seu chefe Dr. Pedro velho, do Governador Nascimento de Castro ao ínclito generalíssimo Deodoro da Fonseca, presidente da República a época.
         Seguiu-se outras mesas de comidas, prolongando-se a festa até o meio dia.

Fonte: A República, 09/12/1890, p.2.



A estação da Coroa já como estação inicial da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte por volta  de 1915.

Notas:
  • A Estrada de Ferro do Ceará-Mirim teve sua primeira concessão dada pelo governo provincial em 1870, pela qual a ferrovia deveria partir da capital potiguar indo até o vale do rio Ceará-Mirim, sendo ela uma antiga reivindicação dos donos de engenhos daquele vale. 
  • A estação da Coroa mencionada a cima ficava na margem esquerda do rio Potengi, sendo ela a estação inicial ou central da Estrada de Ferro do Ceará-Mirim e posteriormente da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a partir de 1906.
  •  A travessia para o porto de Natal na Ribeira na margem direita do Potengi se fazia por meio de uma balsa da própria ferrovia que fazia o percurso com os passageiros e as mercadorias transportadas pelos trens, tal situação perdurou até a inauguração da ponte de Igapó em 1916.
  • A estação não existe mais, foi demolida, no local se encontram as ruínas dela em meio a vegetação do mangue.



MEMÓRIA FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE: VISITA A AREZ



         A memória ferroviária dessa postagem diz respeito a parada do Baldum no município de Arez, parada esta pertencente a Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz.
         No dia 26/11/1891 o governador Adolfo Gordo, acompanhado do seu ajudante de ordens, de Pedro Velho, Arminio de Figueiredo, Jonh Morant, superintendente da referida estrada de ferro e de Fabrício Maranhão, partiu da Estação Central de Natal da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz dirigindo-se a parada do Baldum.
         Ali, segundo o jornal a República, uma numerosa comitiva o aguardava, dirigindo-se todos a vila de Arez. Chegando os cavalheiros a entrada da rua uma banda de música fez-se ouvir a marselhesa e subiram ao ar estrepitosa girândola de foguetes.
         Na frente da casa do cidadão Herminio Pegado, o Governador foi recebido por um grande concurso de pessoas gradas, erguendo o dr. João Albuquerque Maranhão vivas a república e ao dr Gordo, sendo entusiasticamente correspondido, conforme A República.
         Depois do repouso serviu-se um profuso almoço, durante o qual tocou variadas peças a banda de música.
         As 13h00, apesar do sol, o  governador Adolfo Gordo de novo montou a cavalo, seguido de grande número de cavalheiros, dirigindo-se a praia de Tibau, afim de examinar as obras do canal de Guarairas.
         De volta as 17h30 foi o governador obsequiado, ele e seus companheiros de viagem, com um opiparo jantar trocando-se amistosos brindes.
         No dia seguinte pela manhã voltaram os itinerantes a parada do Baldum, com destino a esta capital.
         O governador mostrou-se penhoradissimo da bela recepção que lhe fez a população de Arez, notando-se que todos concorreram de modo mais perfeito para o brilhantismo da hospedagem.

Fonte: A República, 15/12/1889, p.2.

         Como se sabe a então vila de Arez não foi contemplada com uma estação ferroviária. No território do município haviam duas paradas, a do Baldum e a de Estivas, ambas inauguradas em 1882 e demolidas na década de 1960.

Ruínas da estação em 2002. Foto Luiz Antonio Coutinho


Ruínas da estação em 2012. Foto Luiz Antonio Coutinho



Ruínas da estação em 2012. Foto Luiz Antonio Coutinho