quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

O DECRETO DE CRIAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR JOAQUIM CORREIA EM PAU DOS FERROS



Em 28/11/1910 o jornal A República publicou o decreto de criação do Grupo Escolar Joaquim Correia no município de Pau dos Ferros.Eis o teor do referido decreto  (A REPÚBLICA, 28 Novembro de 1910, p.2) :
O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, usando da atribuição conferida pela lei nº 248 de 30 de novembro de 1909 e de acordo com o art. 4º do decreto nº 178 de 29 de abril de 1908:
Decreta:
Art. 1º- É criado na vila de Pau dos Ferros um Grupo Escolar denominado Joaquim Correia compreendendo três escolas, sendo uma do sexo masculino, outra do feminino e a terceira mista infantil.
Art 2º- O Grupo funcionará no próprio municipal sito a rua senador Pedro Velho que a Intendência do município obriga-se a preparar e mobiliar, conforme as instruções da Diretoria Geral da Instrução Pública.
Art. 3º- Correrão por conta do Governo do município todas as despesas referentes a conservação e ao asseio do prédio bem como a aquisição e a renovação de utensílios.
Art. 4º- A Intendência fornecerá o expediente necessário às aulas confiando o serviço de asseio a um porteiro-zelador, que ficará as ordens do Diretor do Grupo.
Art. 5º- Cada aula terá uma matricula máxima de quarenta alunos, suprimindo-se a escola cuja frequência reduzir-se a um terço.
Art 6º- O Governador do Estado subvencionará o professorado, mediante contrato anual, enquanto não forem preenchida as respectivas cadeiras por alunos diplomados pela Escola Normal.
Art. 7º- Será suprimido o Grupo quando, não preencher as condições de conforto e higiene, por incúria da municipalidade.
Art. 8º- A administração, fiscalização e regulamentação didática pertencem exclusivamente ao Diretor Geral da Instrução, que visitará semestralmente as escolas.
Art. 9º- Todas as relações entre o município  e o Grupo Escolar serão exercidos por intermédio do Diretor Geral, ao qual serão presentes os pedido e reclamações em bem do ensino.
Art. 10º- O Diretor Geral da Instrução, organizará o regimento do Grupo Escolar, nos moldes do ‘Augusto Severo’, apenas com a modificação aconselhada pelas condições locais, consolidando as leis em vigor e regulando minuciosamente a parte pedagógica.
Art. 11º- Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio do Governo, 10 de novembro de 1910.
ALBERTO MARANHÃO.
Henrique Castriciano de Souza.
Ainda de acordo com o referido jornal o novo grupo seria inaugurado brevemente, sob a direção de professores hábeis e dedicados.
         O deputado Joaquim Correia, que levaria o nome do Grupo Escolar, “a cujos esforços deve o Município de Pau dos Ferros seu primeiro grupo escolar, tem recebido dali inúmeros telegramas de felicitações” (A REPÚBLICA, 28 Novembro de 1910,  p.2).

                       Grupo Escolar Joaquim Correia em 1922

Considerações
O Grupo Escolar Joaquim Correia foi oficialmente criado em 10 de novembro de 1910 conforme a data de publicação do decreto a cima visto.
De acordo com o decreto a cima citado o Grupo Escolar de Pau dos Ferros seria provisoriamente regido conforme os estatutos do Grupo Escolar Augusto Severo de Natal a época o grupo escolar modelo e referência para todos os demais grupos escolares.
Atualmente funciona como escola com oferta de ensino médio e com a denominação EEM Deputado Joaquim de Figueiredo Correia.
O antigo prédio do Grupo Escolar Joaquim Correia abriga a casa de cultura de Pau dos Ferros.
                  Casa de Cultura Escolar Joaquim Correia


           Atual sede da Escola Estudual Escolar Joaquim Correia


O DESCASO E OS ACIDENTES DA GREAT WESTERN GEROU PROTESTO DA POPULAÇÃO DE NATAL EM 1910



Prolegômenos
         Diz os ditados populares que quem procura acha e colhe-se aquilo que se planta. A santa franciscana paciência dos potiguares chegou ao limite com o descaso pela qual a GWBR vinha tendo pelo trecho entre e Natal Nova Cruz naqueles idos de 1910.
         É verdade que o trecho nunca fora um primor de ferrovia, mas naquela época o trecho vinha sofrendo constantes acidentes devido a má conservação da poderosa empresa inglesa que havia arrendado o trecho desde 1902.
         O estopim da revolta do povo potiguar contra a GWBR foi o acidente ocorrido na descida de Pium em 23/11/1910 onde morreram três funcionários da Companhia e causou uma grande comoção na população devido a gravidade do sinistro tendo a imprensa local aproveitado o acidente para evidenciar a precária situação do trecho entre Natal e Nova Cruz assim como o descaso da administração da GWBR no referido trecho.

O  Sr.Knox Little
Segundo publicado no jornal A República para tomara conhecimento dos fatos ocorridos na GWBR no trecho entre Nova Cruz e Natal, chegou a capital potiguar em 27/11/1910 em trem especial, o Sr.Knox Little, superintendente da seção Paraiba-Natal da GWBR, enviando pela superintendência do Recife encarregado de entrar em entendimento com o governador do Estado a respeito da situação o referido trecho.
         Logo que foi divulgada a noticia da chegada do Sr. Knox começou-se a notar em certa parte da população um movimento hostil a pessoa do engenheiro da GWBR, que via na pessoa do mesmo a responsabilidade da GWBR por tudo quanto de anormal vinha ocorrendo em suas linhas e igualmente da destruição do escasso material rodante existente na estação de Natal.
         O chefe de policia Domingos Carneiro foi avisado de que se tramava algo contra a pessoa do Sr. Knox e descendo a Ribeira, entendeu-se com o major João Fernandes de Almeida, delegado do distrito, com ele se combinando as providencias necessárias de modo a fazer a abortar qualquer perturbação da ordem. (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910,p.1).
         O Sr. Knox ficou pernoitando no vagão-leito em que viajava para a capital potiguar e como o vagão demorava junto aos armazéns da GWBR,sem segurança de ordem alguma, o chefe de policia foi entender-se com ele as 22h00, assegurando-lhe todas as garantias ao material e a sua pessoa, ficando a área ocupada e as dependências da Estação de Natal guardada por uma força da Guarda Policial, durante o resto da noite,sob a responsabilidade do delegado João Fernandes.
              Largo da estação da Ribeira em Natal inicio do século XX

       As 04h00 da manhã o sr. Knox viajou para Pium, lugar do desastre ocorrido nos últimos dias que antecederam a sua chegada a Natal, nada tendo ocorrido de anormal, graças as acertadas e prontas providencias tomadas pelo chefe de policia.
Naquele mesmo dia o sr. J. Knox Little, representando o sr. A. T. Connor, superitendente da GWBR, conversou com o governador Alberto Maranhão e declarou que a administraçaõ da empresa iria providenciar imediatamente para fazer cessarem os inconveneites da atual organização dos serviços na seção de Natal a Nova Cruz e que motivaram as reclamações da população e da imprensa. (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910,p.1).

As providências da GWBR
Segundo as informações do sr. Knox a GWBR tomaria as seguintes providências no trecho Natal a Nova Cruz (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910,p.1):
Os trens iriam ser aumentados de núemros e reduzda a lotação dos comboios, de forma a poderem as locomotivas galgar com facilidade todas as rampas.Os trens de passageiros especialmente serão sempre leves, não conduzindo neles cargas além das bagangens e dos gêneros de fácil deterioração.
A GWBR procraria aumentar o número de carros de carga, de forma a não haver prejuizo para o comércio.
Seria reparado todo o material fixo, sendo sustituidos os dormentes, trilhos, grampos e outros materiais imprestaveis.
A GWBR se comprometia a aumentar o número de máquinas, dentro de poucos meses, para poder organizar os serviços em boas condições, não admitindo como máquinistas pessoas que não fossem de competencia examinada.
A GWBR decretaria uma pensão vitalicia as viúvas das vitimas do desastre ocorrido em Pium.
         Conforme publicado pelo jornal a República diante das medidas apresentadas pelo sr. Knox em nome da GWBR onde o mesmo se responsabilizava pela execução das providências apresentadas, restava aguardar com calma as medidas e reformas projetadas pela administração da GWBR. (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910,p.1).

                                     Estação de Natal em 1906

No entanto, o mesmo jornal dizia que “devemos declarar que ficamos na estacada, na defesa dos legitimos interesses dos nossos conterraneos e do nosso Estado.Precisamos fazer ver, sem ódios e sem pretensões de especie alguma, que estamos cansados de sofrer o abandono a que nos condenou a Great Western, fechando ouvidos às nossas reclamações, enaqunto faz da seção do Rio G. do Norte o depósito de material imprestável subsitituido de outors lugares onde, como dizem os seus agentes, se sabe protestar de ‘modo decisivo’.Fomos e seremos sempre, contra esse modo [ilegivel...] a que se curva a Great Western, e tão somente por isso ainda o não aconselhamos, nem o aconselharemos jamais” (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910, p.1, o grifo é nosso).

Ironia do destino
Parece que por ironia do destino, naquele mesmo dia ocorreu um novo descarrilmento na linha da GWBR.
Assim o engenheiro Knox pode comprovar in loco que as reclamações da imprensa e da população potiguar não eram propagandas negativas contra a GWBR, mas sim resultado do péssimo estado de conservação do trecho em questão.

O protesto
         Foram distribuídos naquele dia 26/11/1910 (ninguém soube por quem, pois o jornal não explicita) muitos boletins convidando a população da capital potiguar para uma grande manifestação (a época chamado meeting) em protesto contra a GWBR em virtude do desastre de Pium.
         O evento foi marcado para as 17h30 na Avenida Tavares de Lira, na Ribeira, onde se fez ouvir no mesmo vários oradores.
Segundo publicado no jornal A República teve grande concorrência e animação o protesto (meeting) realizado no dia 26/11/1910 em Natal, para protestar conta a GWBR, a propósito das graves irregularidades verificadas por aquela época na seção de Natal a Nova Cruz. (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).
O movimento ocorrido na capital potiguar “tinha verdadeiras raízes na grande alma popular. O povo riograndense, cansado de sofrer a incúria e o desleixo da Great Western, mostrou-se na altura do momento, merecendo gerais simpatias” disse o referido jornal. (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).
Segundo o jornal notou-se a calma e a ordem que reinou durante o ato realizado, quer nos discursos dos oradores que se fizeram ouvir, quer na extraordinária massa popular que se associou a manifestação. Para o jornal, a causa era justa e merecia aplausos por parte da imprensa. (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).
Ainda de acordo com o jornal A República a multidão aumentava a medida que ia passando pelas ruas da Ribeira no itinerário proposto para o protesto e o Sr. Knox que assistiu a passagem do prestito, da Estação da Great Western “deve ter sentido, como todos, sentiram, que havia na manifestação de anteontem um grande e justo sentimento de revolta que só as medidas lembradas por [...] Governador do Estado poderão, se forem tomadas em tempo, acalmar e extinguir”. (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).
Conforme o referido jornal o protesto ocorreu sem os excessos condenáveis, sem os abusos tão frequentes em ocasiões tais, desapaixonado e sincero, o movimento “impõe-se a todos os espíritos como prova que é da nossa nobreza e sentimentos, do nosso elevado grau de educação” (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).

                        Largo da estação da Ribeira

As 18h00 na Avenida Tavares e Lira, onde se reuniu a enorme multidão de pessoas de todas as classes, deu-se inicio a manifestação, falando logo de inicio o Sr. Aristóteles Costa, convidando o povo, para ir ao Palácio do Governo solicitar, por intermédio do Governador Alberto Maranhão, enérgicas e imediatas providencias do Ministro da Viação, contra as irregularidades denunciadas na GWBR.
Terminada a fala de Aristóteles Costa, que foi geralmente aplaudido, organizou-se numeroso préstito que, precedido da banda de música do Tiro Natalense, pôs-se em marcha para o Palácio do Governo na Cidade Alta.
Ao passar em frente ao prédio do jornal A Republica a multidão ali estacionou entre calorosas aclamações ao jornal que se fez porta-voz das aspirações do povo em favor das providências a serem tomadas pela GWBR. Ali falou o secretário do referido jornal manifestando solidariedade do jornal A República com a causa do povo riograndense justamente indignado em face do desleixo da GWBR na seção do Rio Grande do Norte.
Em seguida partiu o préstito em direção a avenida Junqueira Aires, fazendo ouvir no Hotel Colombo,o deputado Joaquim Correia que proferiu vibrante discurso e na Estação da Great Western, o dr. Domingos Carneiro, em nome do Sr. Knox Little.
Ainda na Estação da GWBR Anfilóquio Câmara expôs ao Sr. Knox o motivo da manifestação.   (A REPÚBLICA, 28 de Novembro de 1910, p.1).

Ainda o caso da Great Western
Ainda sobre o caso das reclamações do povo potiguar contra a má administração do trecho Natal a Nova Cruz escreveu certo Chantecler no mesmo jornal A República  (A REPÚBLICA, 26 de Novembro de 1910, p.1).
Esse caso da Great Western, que há dias preocupa o espírito público, é realmente revoltante.Não sabemos por que a Administração da poderosa Companhia inglesa tem um desprezo absoluto pela seção de Natal a Nova Cruz. E nós sofremos as duras consequências desta estranha e inexplicada aversão ao riograndense, com a santa paciência que é a nossa.
        Quem paga, quer ser bem servido: a população dos trechos atravessados pelos trilhos da Great, paga-lhe e demasiadamente bem, para receber em troca um serviço ferroviário que parece mais uma tração de brincadeira, para menino rir.
       Toda a gente recorda-se, amargamente, de alguns anos atrás, quando a Estrada não estava arrendada e tudo era feito a contento geral.
mas, vieram os ingleses e imediatamente tudo desandou.Tiraram o que havia de melhor na seção e cada dia aumentam mais as tristes condições da linha destinada somente a fornecer com fartura a algibeira do bife a esterlina e o bem-estar.
      O material é o que pode desejar de melhor para um... museu, com as suas locomotivas pré-históricas, com seus trilhos ancestrais, e o pessoal, além de reduzido e mal remunerado, é vitima de perseguições rancorosas, como as remoções frequentes por causa da última greve.

Pátio interno da estação de Natal em postal do inicio do século XX 
onde vê-se o que parece ser locomotivas desmontadas


      Quando surge um desastre horrível como esse de Pium, é que nós vemos em toda a sua revoltante realidade o pouco caso que nos liga a Great Western.Reclama-se contra a tragédia e a Administração limita-se a mandar um funcionário para explicá-la como se nós não estivéssemos perfeitamente inteirados das causas que fulminaram os três párias do trem fatal.
      Ninguém pediu informações.O que se deseja é que a Estrada volte a ser oq eu foi, que o material seja bom, que os comboios andem de acordo com os horários e que ninguém faça uma viagem neles com esse suplicio atroz de hoje, que é o receio de ver a morte surgir de repente, numa curva do caminho. A isso, os senhores britânicos, fazem, rubicudos e com fleuma, ouvidos de mercador.Não há, porém, quem deseje estar na pele deles quando a paciência de nossa gente chegar ao fim e a indignação rebentar frenética e destruidora.

Encerrando...
         Como já dito no inicio a GWBR havia arrendado o trecho entre Natal e Nova Cruz com seus 121 km de extensão em 1902 e segundo o contrato de arrendamento a empresa britânica deveria fazer melhoramentos na via permanente do trecho que como se vê nos relatos a cima não foram feitos a contento devido as constantes reclamações da população cansada de ver acidentes e má gestão no trecho.
                É fato, porém, que desde sua inauguração em 28/09/1881, a Imperial Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz nunca dera lucro e quando foi arrendada ainda demonstrava sinais claros de prejuízos, razão pela qual a GWBR pouco ou quase nada fazia para melhorar a situação.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE PEDRO AVELINO



         Em 08 de janeiro de 1922 foi inaugurada pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN a estação ferroviária de Epitácio Pessoa, atual cidade de Pedro Avelino, segundo o que foi publicado no jornal Diário de Pernambuco “a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, inaugurou no dia 8 um novo trecho. Fica o mesmo compreendido no ramal Lajes-Macau e finaliza na povoação de ‘Gaspar Lopes’, hoje ‘Epitácio Pessoa’, do município de Angicos”  (DIARIO DE PERNAMBUCO, 20/01/1922,p.4).
         Vejamos a seguir como se deu a solenidade de inauguração da referida estação.
         Ainda de acordo com o já citado jornal o engenheiro João Benevides, superintendente da EFCRGN havia convidado o mundo oficial e cavalheiros da capital para a solenidade.  (DIARIO DE PERNAMBUCO, 20/01/1922,p.4).
         Do relato da solenidade de inauguração temos o seguinte (DIARIO DE PERNAMBUCO, 20/01/1922, p.4):
As 08h00 daquele dia, partia desta capital o comboio especial, levando o Dr. Governador do Estado, com suas casas civil e militar, desembargadores do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Henrique Castriciano, vice governador, Dr. Teotônio Freire, juiz seccional, autoridades estaduais e federais, representantes da imprensa, funcionários da Estrada, etc., viajando em um carro anexo a banda de música do Batalhão de segurança.
        Em Taipu, o especial ainda recebeu convidados.Chegados a Baixa Verde realizou-se um lauto almoço, servido por senhoras e senhoritas da melhor sociedade.
         Em Jardim, novos convidados.Na vila de Lajes, a estação estava apinhada de cavalheiros. Pequena demora.Novos convivas tomaram o trem.Recomeça a marcha.
         As 15h50, o expresso se aproximava da estação de “Epitácio Pessoa”. Uma girândola fende os ares.”Vivas” são erguidos aos Drs. Ferreira Chaves, Antonio de Souza, Epitácio Pessoa e João Benevides.
         Ao descer do carro S. Excia., o governador, enquanto a banda executava a marcha do Estado, a multidão aclamava.
     A seguir dirigem-se todos a um vasto salão da estação, vistosamente decorado, destacando-se a bandeira nacional.Ai foi servida uma taça de “champagne”, falando o Dr. João Benevides, que disse o seu prazer por aquele fato, exaltando as qualidades dos Dr. Epitácio Pessoa e Antonio de Souza, a quem brindou.
         O Dr. Antonio de Souza agradeceu o brinde e lembrou o grande progresso que se realizava aquele ato, falando ainda sobre o nordeste suas necessidades bem conhecidas pelo Sr. Presidente da República, na qualidade de filho da zona flagelada pelas secas.
         O Sr. Luiz Fassino de Menezes fez então um discurso em nome do povo do lugar, expressando a satisfação de todos pelo passo que se dava.
         Depois disto, o Sr. Governador, com sua comitiva, fez um passeio no povoado que apresenta muitas possibilidades de progresso.
       No dia seguinte, regressaram todos, satisfeitos da viagem e do acolhimento que tiveram em todo o seu percurso.  

                           A estação de Pedro Avelino atualmente





A estação de Pedro Avelino em estado de abandono ainda com suas cores originais


Sobre a povoação de Epitácio Pessoa na década de 1930

 

Servida pela lunha da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a povoação de Epitácio Pessoa, no municipio de Angicos, se desenvolvia animaoramente em qualquer aspecto.

         Segundo o jornal Diário de Noticias a povoação dispunha de magnificas possibilidades agricolas, já pelo espirito progressista de seu povo, já pela fertilidade do seu solo, o antigo povoado de Gaspar Lopes se desenhava aos olhos de quem o visitava como um recanto de prosperidade e de grandeza.

         Epitácio Pessoa se localizava a 35 km da sede municipal, a cidade de Angicos e possuía vários prédios importantes, dentre os quais o das Escolas Reunidas, as Usinas de Algodão, pertencentes a Sanbra e a João Câmara & Irmãos e o Mercado Público, que acabava de passar por uma necessária.

         Entretanto, como acontece relativamente aos outros povoados de Angicos, a povoação de Epitácio Pessoa tinha o seu valor na agricultura, sendo, conforme o citado jornal, a mais agrícola entre as povoações do município.Ali plantava-se com muito êxito,o algodão mocó e verdão, e especialmente na Chapada da Serra Verde, que ficava a seu lado.

         Um problema,porém estava a exigir a atenção do governo, para que melhorasse as possibilidades de Epitácio Pessoa atingir o grau de desenvolvimento que lhe estava reservado.Esse problema era a falta de água.

         O único remédio para solucionar esse mal que já naquele ano, havia atingindo proporções assustadoras era a construção do açude a 2 km da povoação, cujo projeto se encontrava nas mãos do ministro da viação.

         Satisfeitas as aspirações do seu povo não havia dúvida que a povoação de Epitácio Pessoa continuaria a progredir sucessivamente, para maior grandeza de Angicos e do Rio Grande do Norte.( DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.37).Em 1938 foi criada a Cooperativa Agrícola da vila de Epitácio Pessoa.

         A povoação de Epitácio Pessoa foi elevada a categoria de vila em 29/10/1937 (A ORDEM, 29/10/1937, p.2) e em 02/08/1948  o deputado Aristofanes Fernandes apresentou na Assembleia Legislativa o projeto da criação do município de Epitácio Pessoa, cujo território seria desmembrado de Angicos e Macau ( A ORDEM, 02/08/1948,p.1), aprovado o projeto o município foi criado com  denominação de Pedro Avelino.

Sobre a povoação de Epitácio Pessoa na década de 1930

         A linha da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte que servia a povoação de Epitácio Pessoa, no município de Angicos, muito contribuiu para o seu crescimento econômico e populacional que se desenvolvia animadoramente em qualquer aspecto.

         Segundo o jornal Diário de Noticias a povoação dispunha de magnificas possibilidades agrícolas, já pelo espirito progressista de seu povo, já pela fertilidade do seu solo, o antigo povoado de Gaspar Lopes se desenhava aos olhos de quem o visitava como um recanto de prosperidade e de grandeza.

         Epitácio Pessoa se localizava a 35 km da sede municipal, a cidade de Angicos e possuía vários prédios importantes, dentre os quais o das Escolas Reunidas, as Usinas de Algodão, pertencentes a Sanbra e a João Câmara & Irmãos e o Mercado Público, que acabava de passar por uma necessária.

         Entretanto, como acontece relativamente aos outros povoados de Angicos, a povoação de Epitácio Pessoa tinha o seu valor na agricultura, sendo, conforme o citado jornal, a mais agricola entre as povoações do município.Ali plantava-se com muito êxito,oo algodão mocó e verdão, e especialmente na Chapada da Serra Verde, que ficava a seu lado.

         Um problema,porém estava a exigir a atenção do governo, para que melhorasse as possibilidades de Epitácio Pessoa atingir o grau de desenvolvimento que lhe estava reservado.Esse problema era a falta de água.

         O único remédio para solucionar esse mal que já naquele ano, havia atingindo proporções assustadoras era a construção do açude a 2 km da povoação, cujo projeto se encontrava nas mãos do ministro da viação.

         Satisfeitas as aspirações do seu povo não havia dúvida que a povoação de Epitácio Pessoa continuaria a progredir sucessivamente, para maior grandeza de Angicos e do Rio Grande do Norte.( DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.37).

            Em 1938 foi criada a Cooperativa Agrícola da vila de Epitácio Pessoa.

         A povoação de Epitácio Pessoa foi elevada a categoria de vila em 29/10/1937 (A ORDEM, 29/10/1937, p.2) e em 02/08/1948  o deputado Aristófanes Fernandes apresentou na Assembleia Legislativa o projeto da criação do município de Epitácio Pessoa, cujo território seria desmembrado de Angicos e Macau ( A ORDEM, 02/08/1948,p.1), aprovado o projeto o município foi criado com  denominação de Pedro Avelino.








Apêndice
O ramal Lajes-Macau foi aberto em 1918, o trecho não havia sido previsto no projeto original da EFCRGN que deveria se dirigir no sentido oposto para Caicó.
Como já visto no texto a povoação de Gaspar Lopes, teve o nome alterado naquele ano para Epitácio Pessoa, em homenagem ao presidente da República que assegurou os recursos necessários a conclusão das obras do ramal até aquela data e lugar. O distrito pertencia ao município de Angicos, tendo sido emancipado somente em 1948, é a atual cidade de Pedro Avelino.
A estação foi desativada em 1997 e desde então passou por um longo período de abandono até ser restaurada em 2013 passando a abrigar a biblioteca e centro cultura da cidade.












LEI ORÇAMENTÁRIA DE TAIPU EM 1910


         O presidente da Intendência de Taipu publicou a lei nº 21 de 5 de setembro de 1910 que tratava do orçamento e fixava a despesa para o exercício do ano de 1911.
         De acordo com o texto da referida lei eis a receita do município de Taipu para aquele ano:
         Art. 1º- A receita deste município para o exercício de 1911 é orçada na quantia de 3.200$ e provirá dos impostos seguintes:
Parágrafo 1º- 20$ de cada individuo que exercer a profissão de consertador de máquinas.
Parágrafo 2º- 60$ sobre cada vapor de descaroçar algodão e 25$ sobre bolandeiras.
Parágrafo 3º- 4$ sobre curral com capacidade para recolher de 20 a 100 vacas e 2$ com capacidade para recolher 10 a 20 e 1$ de 5 a 10.
Parágrafo 4º- 1$ sobre carga de aguardente que se vender no município.
Parágrafo 5º- 5$ sobre casa em que se venda aguardente na vila, 4$ nas povoações e 2$ nos demais lugares do município.
Parágrafo 6º-6$ do dizimo de lavoura excetuando-se a cana e algodão.
Parágrafo 7º- 10$ do dízimo de miúnças.
Parágrafo 8º- 10% sobre rendas de prédios urbanos.
Parágrafo 9º- 5$ por mascate.
Parágrafo 10º- 1$ imposto sobre herbatões.
Parágrafo 11º-30$ produto de aferições sendo: 1$ de cada balança com os respectivos pesos, $500 por medida de extensão, $100 por medida para líquidos e $100 e $100 por medida para metros.
Parágrafo 12º- $500 sobre carga de queijo.
Parágrafo 13º- $500 sobre carga de carne.
Parágrafo 14º sobre carga de café ou fumo vendido em qualquer parte do município.
Parágrafo 15º- $200 sobre carga de peixe fresco, malpreso e de gêneros alimentícios que se expor a venda nas feiras do município, excetuando-se na casa do mercado da vila.
Parágrafo 16º- $500 por banca que se expor nas feiras do município para vender molhados e miudezas.
Parágrafo 17º- $500 por carga de peixe seco.
Parágrafo 18º- 600$ rendimento dos impostos da casa do mercado da vila.
Parágrafo 19º- $500 sobre a venda da carne verde na casa do mercado da vila.
Parágrafo 10º- 100$ produto da feira de Baixa Verde.
Parágrafo 21º25$ sobre casa de bilhar e fogos lícitos.
Parágrafo 22º-20$ sobre cada hotel aberto na vila ou em outras povoações.
Impostos  e licenças
Parágrafo 23º- 10$ por licença para abrir ou fechar caminhos públicos.
Parágrafo 24º- 2$ por licença para edificar ou reconstrução de prédios no perímetro da vila.
Parágrafo 25º- 4$ por licença para abrir estabelecimento comercial ou conservá-lo aberto.
Parágrafo 26º- 3$ para fabricar fogos artificiais.
Parágrafo 27º- 8% por licença para abrir açougue nas povoações do município e 5 nos demais lugares.
Paragrafo28º- 5 outras qualquer licença não especificada nesta lei.
Parágrafo 29º 30$ sobre cada padaria.
Parágrafo 30º- 2$ sobre cada rês abatida para o consumo.
Parágrafo 31º- 5$ sobre casa de fazer farinha.
Parágrafo 32º- 300$ comércio a retalho.
Parágrafo 33º- 10$ multa pro infração as leis da Intendência.
Parágrafo 34º- 50$ emolumentos da Secretaria.
Parágrafo 35$- 2$ de cada Cosmorama, cinematógrafo ou qualquer espetáculo público.
Parágrafo 36º- 10$ sobre oficina de ferreiro.
Parágrafo 37º- 3$sobre oficina de funileiro, sapateiro ou alfaiate.
Parágrafo 38º- 5$ sobre oficina de barbeiro.
Parágrafo 39º-5$ sobre botequim.
Art. 2º A despesa do município de Taipu no exercício de 1911, será fixada na importância de 3.210$ e distribuída na maneira seguinte:
Parágrafo 1º- Ordenado ao Secretário e Tesoureiro..................600$.
Parágrafo 2º- Idem ao fiscal da Intendência.............................150$.
Parágrafo 3º- Porcentagem de 15% ao procurador da Intendência excetuando o produto dos impostos da feira do mercado e das arrematações que forem feitas a boca do cofre e por meios judiciários, dos quais só perceberá 10%...................................400.
Parágrafo 4º- Ordenado ao porteiro.............................................50$.
Parágrafo 5º- Idem ao zelador do Cemitério.................................100$.
Parágrafo 6º- Iluminação da cadeia da vila....................................10$.
Parágrafo 7º-aluguel da casa da Intendência.................................300$.
Parágrafo 8º- Idem da Cadeia.......................................................120$.
Parágrafo 9º- Publicações e impressões...........................................50$.
Parágrafo 10º- Expediente das mesas eleitorais...............................200$.
Parágrafo 11º- Idem do júri............................................................100$.
Parágrafo 12º- Hospedagem ao juiz de direito e promotor público por ocasião das sessões do júri.....200$.
Parágrafo 13º- Melhoramentos da latada da feira da povoação de Baixa Verde...............................................................................................30$.
Parágrafo 14º- Expediente da Secretaria..........................................100$.
Parágrafo 15º- Gratificação ao tabelião público.................................300$.
Parágrafo 16º- Limpeza e asseio das ruas.........................................300$.
Parágrafo 17º- Eventuais.................................................................400$.
                                                                                        Total: 3.200$.
Art. 3º- O exercício começa do dia 1º de janeiro ao último de dezembro de 1911.
Art. 4º- Fica o presidente autorizado a expedir regulamentos para a cobrança dos impostos municipais constantes da presente lei e estabelecer gratificações e multas para os empregados incumbidos da execução dos mesmos regulamentos
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
Paço da Intendência Municipal da vila de Taipu, 5 de setembro de 1910.
Manoel Eugênio Pereira de Andrade-presidente, José Joaquim de Vasconcelos, Manoel Guedes de Figueiredo Moura, João Soares da Silva, João Gabriel Campos, Silvino Raposo de Oliveira Câmara.
A referida lei foi assinada pelo presidente da Intendência Manoel Eugênio Pereira de Andrade e pelo secretário João Ferreira de Miranda Câmara.
A mesa foi aprovada pelo governador Alberto Maranhão e mandada publicar pelo secretário do Governo Henrique Castriciano de Souza tendo sido publicada na parte oficial do jornal A República nas edições dos dias 29 e 30 de Setembro de 1910.


Fonte: A República 29 e 30 de setembro de 1910, p.2.

                          Aspectos do centro de Taipu em 1964


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

ABERTURA DO TRÁFEGO ENTRE TAIPU E BAIXA VERDE

     O engenheiro Costa Junior, engenheiro chefe da EFCRGN, tornou público em 13/10/1910 a abertura do tráfego entre Taipu e Baixa Verde, começando na segunda-feira dia 17/10/1910 cuja circulação dos trens regulares seria de acordo com o horário estabelecido.

Ida
Segundas-feiras
Estações
Chegada
Partida
Taipu
--------
11h22
Baixa Verde
12h44
---------
Volta
Terças-feiras
Estações
Chegada
Partida
Baixa Verde
-------------
07h00
Taipu
08h22
------------

Entre Natal e Taipu e vice-versa o horário continuaria a ser o mesmo que vigorava até então.

Fonte: A República, 15 de Outubro de 1910, p.2.


                                     A estação de Baixa Verde



                          A estação  de João Câmara



A estação do distrito de Baixa Verde foi inaugurada no dia 12/10/1910 no km 88 da EFCRGN. O distrito pertencia ao município de Taipu, sendo a época a sede daquele distrito uma nascente povoação que foi dinamizada pela construção da ferrovia em seu território. Atualmente é a cidade de João Câmara.
A distância entre a vila de Taipu e a povoação do distrito de Baixa Verde por ferrovia é de 28 km e como visto pelo horário a cima eram percorridos em 1 hora e 22 minutos.
Tanto o distrito como a estação conservaram o nome Baixa Verde até 1953 quando houve a mudança toponímica para João Câmara, já no atual município onde ali se encontra a referida estação.