sexta-feira, 31 de julho de 2020

A ESTAÇÃO DE ANGICOS


      A estação de Angicos pertencia a a linha tronco da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte situada no km 194 dessa ferrovia. A estação de Angicos fora prevista no projeto original da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte elaborado pelo engenheiro Sampaio Correia em 1904, no entanto com a mudança do traçado da ferrovia em 1911, cujo novo traçado alcançaria caicó contornando a serra da Borborema por Recanto via Currais Novos, deixou Angicos fora da rota ferroviária. 
      Somente em 1921 após fracassada tentativa de se fazer o ramal de Recanto foi retomada o trajeto original por Angicos, as obras no entanto se arrastariam por anos sem muito avanço. Foi na seca de 1932 que chegaram recursos federais para se concluir o ramal entre Lajes e Angicos empregando nas frentes de trabalho da construção do ramal os milhares de flagelados que se amontoavam pelos caminhos fugindo da calamidade climática. 
      Em 26/05/1932 o diretor da EFCRGN, o engenheiro Norberto Paes, havia enviado um telegrama ao chefe do gabinete da Inspetoria Federal das Estradas informando que havia sido intensificado o assentamento dos trilhos que se achava a 9 km da última estação em tráfego da EFCRGN (Lajes), faltando 10 km para atingir a primeira estação em São Romão, que seria atingida até meados do mês de junho, faltando 12 km para atingir a cidade de Angicos, cujo movimento de terra estava quase concluído (São Romão é atualmente a cidade de Fernando Pedroza).
      Para alcançar São Romão o engenheiro escolheu os trilhos do ramal de Macau, Recanto, linha de contorno e e da Coroa em Natal, visto que todas essas linhas estavam abandonadas e solicitava que a Estrada de Ferro Cearense e a de São Luis-MA pudessem cada uma ceder 6 km de trilhos a fim de inaugurar em julho ou agosto a estação de Angicos. (A BATALHA, 26/05/1932, p.2).


Largo da estação ferroviária de Angicos.

      Em 27/07/1932 o ministro da viação, José Américo de Almeida, mandou entregar, por conta dos recursos destinados aos flagelados do nordeste, ao diretor da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a quantia de 450:000$ para atender as despesas com a conclusão do prolongamento da ferrovia até Angicos. (DIÁRIO DA NOITE, 27/07/1932, p.4).

      O ministro José Américo de Almeida expediu ordem ao inspetor das estradas para admitir até 4.000 operários nas obras de construção da EFCRGN no trecho de Angicos a São Rafael. (DIÁRIO DA MANHÃ, PE, 21/01/1933,p.2).

  
 A inauguração 

        A estação ferroviária de Angicos foi inaugurada em 26/10/1932 em meio a grandes festividades. Sobre a inauguração da referida estação há o telegrama recebido pelo ministro José Américo.
     Eis seu teor: Na presença de milhares de pessoas assistimos grande regozijo e vibrantes aclamações o nome de vossencia na festiva inauguração da estação de Angicos na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.Pedimos licença para saudar na pessoa vossencia o maior benfeitor do nordeste flagelado pela seca inclemente, ao mesmo tempo destacando prodigiosa e incansável operosidade do engenheiro Norberto Paes a quem nosso Estado deve em tão fecunda e boa administração da referida Estrada [...] .             
      Assinaram o telegrama as seguintes pessoas: Pe. Luiz Wanderley, vigário de Angicos, Antonio Alves Oliveira, representante do prefeito de Natal, Salvestino Vilas Boas Filho, membro do conselho consultivo, Manoel Alves Filho, Balthazar Pereira, Manoel Moreira Dantas, João Militão, José Alves Wanderley, Geraldo Francisco Trindade, Vivente Barbosa, João Januário Oliveira,José Tito Filho, Francisco Pinheiro.( O JORNAL, RJ),29/10/1932,p.7). 
     Além da inauguração da estação de Angicos foram igualmente inaugurados outros serviços de realce ao longo de um trecho de 20 km da EFCRGN. Desde 2007 a estação funciona como Casa da Cultura da cidade de Angicos, entidade mantida pela Fundação José Augusto do governo do Estado.No dístico da estação há a data de 1933, porém como visto a estação foi inaugurada no ano anterior. 

Largo da estação ferroviária de Angicos.

Fachada da estação de Angicos.

Lateral da estação de Angicos.

Prédios anexos da estação de Angicos onde funcionavam os armazéns.

Lateral da estação da Angicos.


Sobre o município de Angicos a época da inauguração da estação

Entre os municípios mais destacados do Rio Grande do Norte, pelos feitos memoráveis da sua história, pelo  seu indiscutível valor econômico, pelas suas esplendidas possibilidades de progresso e riqueza, Angicos figurava em honroso lugar, escrevia o jornal Diário de Noticias. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

O município situado em pleno coração do Estado, distante cerca de 200 km da capital, era terra de tantos filhos ilustres e tão gloriosas tradições, se afirmava na década de 1930, “graças ao esforço do  seu governo e a boa vontade do seu povo, na senda luminosa do desenvolvimento, enfrentando todas as dificuldades sobrepondo-se a todos os empecilhos, para que a impressão de sua grandeza, caracterizada num belo passado, jamais fosse imaculada, pelo pessimismo, pelo atraso, pelo retrogradamento”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

A agricultura, como em  quase todos os municípios potiguares, constituía a sua principal fonte de riqueza, era incentivada pelo idealismo do Dr. Dioclécio Duarte, diretor do Departamento de Agricultura Viação e Obras Públicas, e pela perseverante aclividade do Dr. Jeuvêncio Mariz, inspetor de plantas texteis, “os habitantes do município, almas plasmadas no sofrimento e na dor, mas desabrochando sempre com a alegria contagiante dos felizes, se entregam decidida e corajosamente, avistando, a cima de tudo, a imagem da terra estremecida”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

De acordo com o citado jornal nos anos invernosos, os heroicos lavradores do solo fértil de Angicos deixavam os seus lares, e, acompanhados por suas humildes mulheres e pelos seus filhos “vão para o campo, na faina enobrecedora do trabalho, batalhando mais pela prosperidade de seu torrão natal, do que pela melhoria de suas minguadas finanças”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

O município tinha 80% de suas receitas na agricultura, marchando essa atividade cada vez mais progressista,  tendo o seu povo, ordeiro mas altivo, pacífico mas, digno, acalentava sempre as esperanças verdes de um futuro melhor. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

   Por toda a extensão da Serra Verde e do Mato Grande, situadas ao lado da importante cidade de Angicos se estendiam vastas plantações, sendo bem confortador o movimento que se operava entre os agricultores angicanos, no sentido de evoluir os processos agrícolas, não se contando número daqueles que substituíam a rotineira enxada, pelas sugestivas capinadeiras, arados, etc. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

         Plantava-se preferencialmente conforme as estatísticas públicas, o algodão do tipo mocó e verdão, tidos como os que melhores floresciam nas terras daquele município.

    O descaroçamento da malvácea não era feito fora dos limites de Angicos, mas em 9 grandes instalações, que com 13 máquinas constituídas de 800 serras, satisfazia relativamente as necessidades da produção do algodão.A safra de 1937, foi calculado em 2.000,000 kg, caso o inverno se mostrasse bom como se previa. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

         O município produzia também milho, feijão, arroz, cera de carnaúba, etc.

Sobre o município de Angicos escreveu o Interventor Rafael Fernandes naquele ano de 1937: “O povo de Angicos, de alguns anos a esta data, tem demonstrado elogiosa capacidade progressista doando sua terra com melhoramentos e riquezas que devem servir de padrão e orgulho".

         Para este apogeu o impulsionam a inteligencia e tenaz operosidade dos seus filhos, a esplendida uberdade do seu solo e o acervo de reservas materiais e morais já acumuladas.NATAL, RAFAEL FERNANDES GURJÃO, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE”. (DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.37).



A estação de Angicos com suas cores originais.


        A baixo o cartograma do município de Angicos em 1949 onde é possível vê o traçado da EFCRGN no território do município e a indicação das estações que havia no mesmo.

                               Cartograma do município de Angicos em 1949


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.



                               Cartograma do município de Angicos em 1949

Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.


MULHERES TRABALHANDO NA EFCRGN

     O tema do trabalho feminino em ferrovias já foi abordado por nós outras postagens.Neste post iremos enumerar mais cinco nomes de mulheres que exercer ceram cargo no serviço público na Estrada de Ferro Central do Rio Grande Norte-EFCRGN.

         Em 09/07/1937 foi assinado pelo presidente da República, Getúlio Vargas, o ato de nomeação de Maria Sitaro da Costa para a função de escriturária da EFCRGN cargo a ser exercido interinamente. (A ORDEM, 09/07/1937,p.1).

Um  ano depois Maria Sitáro da costa foi nomeada para o cargo de escriturária da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional em Natal  (A ORDEM, 09/07/1938, p.4).Nesta repartição ela fez a sua carreira no serviço público onde era bem quista e respeitada.

         Segundo a revista Vida Doméstica, Maria Sitáro da Costa, era filha de Rodrigo Afonso da Costa (a mãe não foi citada pela revista, mas apenas como o titulo de Exma esposa) fazia parte da alta sociedade de Natal (VIDA DOMÉSTICA, 1939, p.7).


Maria Sitáro da Costa.Foto: Vida Domestica,1939, p.7.

         Foi Maria Sitáro da Costa quem iniciou a campanha para a construção da capela da Praia do Meio/Areia Preta cuja a posição respeitosa por qual era tida conseguiu mais de 100 assinaturas de doadores para a construção da referida capela.( A ORDEM,10/02/1941,p.1).

         Conforme se lia no jornal A Ordem “por decreto do sr. Presidente da República, assinado no Ministério da Fazenda, vem ser promovida a escriturário, com exercicio na Delegacia Fiscal deste Estado, a Srta. Maria Sitáro da Costa, que desde algum tempo vem servindo, com dedicação, naquele importante órgão da administração federal. (A ORDEM,24/04/1943,p.4).

         Em 1945 Maria Sitaro da Costa foi promovida a letra G da carreira de escriturário do Ministério da Fazenda atuante na Delegacia Fiscal de Natal.Segundo o jornal A Ordem “pela sua promoção a Srta. Maria Sitaro da Costa vem sendo muito felicitada”.(A ORDEM, 08/10/1945, p.4).

         Maria Sitaro da Costa casou-se com Israel Menezes Brasil, da Importadora Severino Alves Bila.

        Em 06/02/1945 o presidente da República, assinou a admissão das seguintes candidatas habilitadas em concurso público para a função de auxiliar de escritório de referência VII na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (A ORDEM,06/02/1945,p.4):

Maria Eurídice Vasconcelos.

Maria Carolina Cantanhede Teófilo.

Maria Nisia Bezerra das Neves.

Diva Alves da Silveira.

         De Maria Eurídice Vasconcelos e Diva Alves da Silveira sabe-se que ambas foram admitidas para cursar o primeiro ano de Magistério na Escola Normal de Natal em 1938 (A ORDEM, 07/06/1938, p.1).Maria Eurídice fez parte da juventude Feminina Católica.Diva Alves da Silveira ficou noiva de Raimundo de Sena, que trabalhava no comércio da capital em 1946.

         Das outras duas nada mais conseguimos apurar.


A ESTAÇÃO CABUGI

 

         A estação Cabugi fazia parte da linha tronco da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN tendo sido inaugurada em 25/09/1932 e sua localização estava entre as cidades de Lajes e a então vila de São Romão, atual cidade de Fernando Pedrosa, estação também inaugurada no mesmo dia que a de Cabugi, a época ambas pertencentes ao município de Angicos.

         Sobre a inauguração desta estação há o registro do telegrama do diretor da EFCRGN, Norberto Paes, enviado ao ministro da viação José Américo dando ciência da inauguração das estações de Cabugi e São Romão.

         “Natal, 26.Tenho a mais viva satisfação de comunicar a V. Ex., que foram inauguradas, ontem, as estações Cabugi e São Romão no prolongamento desta estrada. Estiveram presentes ao ato os representantes do Sr. Interventor no Estado, secretário, Tribunal de Justiça, comércio, jornais e grande massa de população da zona rural. Rogo a V. Ex., permissão para dizer que o referido melhoramento da zona deu lugar a que a mesma população aclamasse delirantemente o nome de V. Ex. Cumpre-me informar ainda a V. Ex., que os serviços inaugurados foram feitos aproveitando somente flagelados. Saudações respeitosas. (a) - Norberto Paes, diretor [da] Central R. G. do Norte. (A NOITE,27/07/1932, p.9.Grifo nosso).

         Do texto a cima, além de saber que a inauguração das referidas estações, fica-se sabendo que os serviços foram feitos aproveitando a força de trabalho dos flagelados da seca daquele ano de 1932.

         A inauguração das estações de Cabugi e São Romão ecoaram ainda nos demais jornais da então capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, como os citados a seguir: Correio da Manhã, 27/09/1932, p.4;  04/10/1932, p.4; Diário da Noite, 27/09/1932, p.5, Jornal do Comércio, RJ, 28/09/1932, p.5.

         Em todos estes veículos de comunicação foram replicados o telegrama enviado pelo diretor da EFCRGN citado a cima.

         Já o Jornal do Brasil escreveu na edição do dia 30/09/1932: “ NATAL, 29- realizou-se domingo, a inauguração das estações de S. Romão e Cabugy, na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte. Houve um trem especial, que conduziu as autoridades, e regressou a noite, após a realização de grande festa, nas estações inauguradas”. (JORNAL DO BRASIL, 30/09/1932, p.12).

Como  já dito antes, Cabugi fazia parte do território do município de Angicos a época da inauguração da estação ferroviária ali naquela localidade.

Em 1937 foi publicado no jornal Diário de Noticias uma matéria a respeito da então povoação do Cabugi.

Segundo a referida matéria a zona do Cabugi era das mais prósperas do município de Angicos. Situada ao leste da sede municipal de onde distava 28 km e da capital.” É nela que está localizada a conhecidíssima serra do Cabugy que pela sua altitude e originalidade de aspecto, é uma dos mais interessantes acidentes geográficos do Rio Grande do Norte”. Presentemente o referido acidente geográfico é conhecido como Pico do Cabugi.

         De acordo com a referida matéria os habitantes do Cabugi, assim como os demais do município, dedicavam-se quase exclusivamente a agricultura e a pecuária.

Sobre a estação ferroviária do Cabugi escreveu a citada matéria: “é servida pela linha férrea da Central, que ali fez construir uma estação, de linhas modernas, inaugurada em setembro de 1932.Este prédio fica em terras da fazenda Santa Cruz, de propriedade do ce. Luiz Pinheiro, um dos maiores fazendeiros daquela região’. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.36).

Sobre a serra do Cabugi escreve a citada matéria “ a serra do Cabugy, que foi chamada por um poeta potyguar ‘isolada pirâmide do Egito’, é avistada de pontos afastados, e tem servido de bússola a navegantes e pescadores” (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.36).

Acreditando no futuro promissor da povoação terminava a matéria dizendo que por fatores, Cabugi “será, talvez num futuro muito próximo, uma das mais importantes povoações do município de Angicos” (DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.36).

         A estação do Cabugi funcionou por pouco mais de 30 anos como se pode vê nos horários dos trens da EFCRGN ela aparece no ano 1962, porém no ano de 1966 já não aparece citada, o que deixa transparecer que já havia sido desativada.

         Abandonada o destino da estação foi a demolição, restando apenas os alicerces do edifício que podem ser visto atualmente em meio a paisagem árida da caatinga como visto na foto a seguir.

Ruínas da estação Cabugi. Foto: Cicero Lajes.

Horários de trens da EFSC em 1962 onde é possível vê citada a estação Cabugi. Fonte: O Poti, 11/11, /1962, p.4.


Horário de trem da EFSC em 1966 onde não há mais alusão a estação de Cabugi. Fonte: O Poti, 27/11/1966, p.4. 

          A baixo o cartograma do município de Angicos em 1949 onde se pode vê a indicação das estações ferroviárias que haviam no município aquela época, inclusive a de Cabugi.

                           Cartograma do município de Angicos em 1949 


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.


quinta-feira, 30 de julho de 2020

OS PRIMEIROS INTENDENTES DE TAIPU

      O município de Taipu foi criado em 10/03/1891 desmembrado de Ceará-Mirim.Sua instalação ocorreu em 03/04/1891 com a posse do primeiro intendente municipal, que foi nomeado pelo governador do estado, Amintas Barros.

Trata-se de Cândido Marcolino Monteiro.Dele sabe-se que era delegado escolar em Taipu, cargo que exerceu até 08/03/1890 quando foi exonerado (GAZETA DO NATAL, 08/03/1890, p.1), um ano depois foi nomeado, como já dito, para intendente do recém criado município de Taipu.

         Na intendência de Taipu, Cândido Marcolino Monteiro,  permaneceu no cargo entre 03/04/1891 e 30/12/1891 tendo sido nesta data exonerado da função. (A REPÚBLICA,16/01/1892, p.1).Para substitui-lo foi nomeado o cidadão Joaquim Manoel de Souza conforme indica o citado jornal.

         Por sua vez, Joaquim Manoel de Souza permaneceu na função entre 30/12/1891 e 19/03/1892, quando foi exonerado, tendo sido substituído por Silvino Raposo de Oliveira Câmara nomeado para o cargo naquela mesma data. (A REPÚBLICA, 19/03/1892, p.1), este por sua vez permaneceu no cargo até 15/09/1892.

         Ao serem criados novos municípios cabia ao governador a prerrogativa de livre nomeação do intendente municipal no ato de criação do município, competia igualmente ao governador a exoneração e substituição dos mesmos.

         A época o município era administrado por um Conselho de Intendência cabendo aos membros exercer simultaneamente as funções legislativa e executivas, geralmente o mais votado nas eleições assumia a função de administrar o município enquanto os demais as funções legislativas.

         A distinção entre os dois poderes, Executivo e Legislativo, só ocorreu a partir de 1930 quando os municípios passaram a serem regidos pelas prefeituras e câmaras de vereadores, assim sendo, cabia ao prefeito a função executiva e aos vereadores a função legislativa, permanecendo assim até os dias atuais.

         As primeiras eleições municipais do Estado do Rio Grande do Norte foram realizadas em 15/09/1892 sendo esta a primeira eleição na qual o município de Taipu elegeria os membros de sua intendência.

         Assim sendo, no período de 1 ano e 5 meses o município de Taipu teve 3 intendentes nomeados pelo governador que se revesaram no cargo até a realização das eleições de 1892.

Naquela eleição foram eleitos no município de Taipu os seguinte membros para a intendência:

Francisco de Paula Paiva.

João Estanislau de Oliveira.

Manoel Eugênio de Andrade.

Henrique Basilio do Nascimento.

Vicente Teixeira da Câmara.

Manoel Gomes Calvalcante.

Francisco Guedes da Costa Taboca.

         Supondo que o primeiro nome da lista indicava o presidente tem-se então que coube a Francisco de Paula Paiva assumir a função, sendo assim o primeiro intendente de Taipu eleito em votação direta.

         Compareceram a eleição 177 eleitores, dos quais 107 eram Republicanos e os restantes 70 Oposicionista. (A REPÚBLICA,17/09/1892, p.4).


AS NOVAS LOCOMOTIVAS DA GWBR PARA A SEÇÃO NATAL A INDEPENDÊNCIA (GUARABIRA)

       Em 1908 a Great Western of Brazil Railway Co. (GWBR) havia adquirido para a seção Natal à Independência (atual Guarabira-PB) duas novas locomotivas  tipo Consolidation da North British Locomotive Cia., empresa com sede em Glasgow, Inglaterra.Segundo o jornal Diário do Natal, as duas locomotivas tinham todos os melhoramentos conhecidos pela mecânica moderna, conforme havia informado ao jornal um profissional entendido, possivelmente um engenheiro da referida seção da ferrovia. (Diário do Natal,12/01/1908,p.2).

         A seção entre Natal e Independência tinha 176 km, sendo 121 entre Natal e Nova Cruz em território potiguar e 54 km entre Nova Cruz e Independência, já no estado da Paraíba.


Tendo sido este ramal inaugurado em 1904 fazendo a ligação dos dois estados e destes com o de Pernambuco por meio de ferrovia.

         A baixo uma imagem de uma locomotiva tipo Consolidation produzida pela referida empresa britânica.