quarta-feira, 12 de maio de 2021

RAID PEDESTRE DOS ESCOTEIROS DE MOSSORÓ

            Em 29/12/1937 partiram de Mossoró 5 escoteiros com a finalidade de realizar um raid pedestre daquela cidade até a Capital Potiguar.Foram eles: Verdi Justino de Almeida, Antonio Augusto de Castro, Aldenor Evangelista Nogueira, Francisco Calistrato e Alcino Wanderley de Miranda. Todos pertenciam a Associação de Escoteiros de Mossoró.

Com essa prova, a referida patrulha de escoteiros homenageariam o interventor Rafael Fernandes e o prefeito mossoroense, o Pe. Luiz Mota.

Os jovens escoteiros venceram galhardamente todas as etapas. Por ocasião de sua chegada a Natal, os escoteiros mossoroense foram carinhosamente recepcionados por parte dos seus colegas da Associação de Escoteiros do Alecrim, autoridades e membros da colônia mossoroense residentes na capital do Estado (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 29/12/1937, p.3).

Os escoteiros realizaram assim uma caminhada de 325 km entre Mossoró e Natal, saindo no dia 13/12/1937, dia da padroeira daquela cidade, dando inicio assim a intrépida excursão dali até Natal, chegando a capital potiguar as 10h00 do dia 23/12/1937, portanto 10 dias de percurso. Aos 5 escoteiros mossoroenses se juntou uma patrulha de escoteiros de Assu sob a chefia do professor Antônio Guerra, diretor dos escoteiros daquela cidade, Manoel Marcelino Vasconcelos e João Marcelino Vasconcelos, que também aderiram ao raid em homenagem ao interventor Rafael Fernandes.

À chegada dos escoteiros excursionistas foram preparadas significativas recepções pelos escoteiros do Alecrim e do Mar da capital potiguar. De acordo com o jornal A Ordem e, 24/12/1937 haviam chegado a Natal os escoteiros de Mossoró e Assu que vinham fazendo o raid pedestre até a capital.

Duas patrulhas de escoteiros do Alecrim e do Mar, respectivamente foram aguardá-los na ponte de Igapó, conduzindo-os até as sede da Associação dos Escoteiros do Alecrim, onde as 08h00 davam entrada os jovens andarilhos, achavam-se postados os escoteiros de Natal.

Ali fariam os excursionistas um ligeiro descanso seguindo depois em direção ao Palácio do Governo para fazer a entrega ao Interventor Federal de expressiva mensagem.Foi intérprete dos escoteiros o professor Antonio Guerra, tendo agradecido o interventor Rafael Fernandes.

Os escoteiros mossoroenses foram hospedados oficiais do Governo do Estado tendo sido alojados na Pensão Familiar situada à Praça André de Albuquerque. As associações de escoteiros de Natal prepararam outras festividades para os excursionistas mossoroenses (A ORDEM, 24/12/1937, p.4).

No dia 26/12/1937 os escoteiros foram a praia da Redinha, onde foram recepcionados pelo professor Luís Soares.Os escoteiros do Mar ofereceram aos seus companheiros um passeio fluvial pelo rio Potengi, visitando o forte dos Reis Magos, a Escola de Aprendizes Marinheiros e o rádio farol na Limpa (A ORDEM, 25/12/1937, p.1).

Assim eram os escoteiros “raiz”.

Os 5 escoteiros que realizaram o raid Mossoró-Natal em 1936.Foto: Diário de Pernambuco.


terça-feira, 11 de maio de 2021

O EDIFÍCIO DA SAÚDE PÚBLICA


Em 05/10/1920 foi inaugurado o edifício do Departamento da Saúde Pública (JORNAL DO COMÉRCIO, 06/10/1929, p.3).

A construção do prédio foi iniciada no dia 01/01/1929, tendo sido a planta confeccionada pelo arquiteto Giácomo Palumbo e a construção dirigida pelo engenheiro civil Otávio Tavares.

Em relatório do governador Juvenal Lamartine em 1929 o mesmo escreveu que ao iniciar o exercício daquele ano tomou ele a deliberação de fazer construir edifícios para o Departamento de Saúde Pública, a Imprensa Oficial, a Recebedoria de Rendas e o Quartel do Regimento da Policia Militar.

O projeto do prédio da Saúde Pública, de autoria do arquiteto Giácomo Palumbo obedecia aos princípios da construção mais moderna segundo o mesmo governador Juvenal Lamartine (RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1929, p.108).

O edifício da Saúde Pública está situado na avenida Junqueira Aires.




Engenheiro Giácomo Palumbo.



SOBRE A EFCRGN EM 1914


De acordo com o Jornal do Comércio ativaram-se os trabalhos de construção da

Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e dentro de 3 anos seria vencido o trecho entre Lajes e Currais Novos. Tratava-se do ramal iniciado em Lajes e que deveria chegar a Caicó pelos contrafortes da Serra da Borborema o qual havia sido uma modificação do projeto original da referida ferrovia.Naquele ano de 1914 haviam 1.700 trabalhadores localizados nesse trecho em construção e duas perfuratrizes escavando túneis em rocha em plena atividade e cogitando a empresa arrendatária da EFCRGN aumentar o número de operários e continuar provendo a construção da ferrovia do material necessário à uma maior produção.

         Estava atacado também o trecho de 4 km do ramal de Macau, que dadas as condições topográficas do trecho viria a ser concluído em 2 anos (JORNAL DO COMÉRCIO,16/08/1914,p.1).O referido ramal partia igualmente de Lajes em e deveria ter seu ponto terminal na cidade de Macau, porém, a linha só atingiu esta cidade 52 anos depois de iniciado ramal que se quer fora previsto no projeto original da EFCRGN. Esse trecho ferroviário era uma aspiração antiga dos salineiros de Macau e teve seu projeto apresentado inicialmente em 1889 como uma ferrovia autônoma e não ramal de outra, tendo esta ferrovia a finalidade de escoamento do sal de Macau pelo interior das então províncias do Rio Grande do Norte, Paraíba e finalizando as margens do rio São Francisco na província de Pernambuco.

         Em 1917 o ministro da viação recomendou novamente a inspetoria de estradas de ferro que autorizasse o trafego mútuo na linha de junção entre a Great Western e a EFCRGN, já tendo assinado o aviso nesse sentido, aprovando o acordo feito entre as duas companhias.

         Tal acordo foi realizado para que os trens da EFCRGN pudesse trafegar no trecho entre o km 4 nas Quintas e a estação da GWBR na Ribeira depois que se inaugurou a ponte de Igapó sobre o rio Potengi o qual permitia os trens da EFCRGN fazer o percurso de ambas as margens do rio sem precisar fazer a baldeação por barcaça como era realizado desde a inauguração da EFCRGN em 1906.

       A baixo imagens das obras que foram realizadas no ramal de Lajes a Currais Novos entre 1911 e 1920.Atualmente as obras abandonadas se localizam entre os municípios de Lajes e Cerro-Corá.





















SOBRE A CAPELA DOS SANTOS REIS MAGOS NA LIMPA

 

        A devoção popular aos Santos Reis Magos teve inicio no Rio Grande do Norte com a capela a eles dedicada no Forte construído na barra do rio Potengi inaugurado em 06/01/1598[1].Até a construção da igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação na Cidade Alta, a capela do forte dos Reis Magos foi o único templo católico existente em Natal. Há quem diga que até tenham sido eles o padroeiro da cidade em cujo documentos antigos se cita a “Cidade dos Reis” em referência a capital potiguar.

         A devoção cresceu e se tornou imprescindível que se construísse uma capela fora do Forte dos Reis Magos e para isso foi escolhido a Praia da Limpa, o qual daria lugar ao atual bairro de Santos Reis em Natal.

         Segundo o jornal A República começaram em 10/08/1902 os trabalhos de construção da ermida dos Santos Reis Magos, que eram, até então venerados no Forte de mesmo nome situado à entrada da barra da Capital potiguar.

         O local escolhido para a edificação do novo templo não poderia ser mais apropriado, disse ainda o referido jornal,pois a ermida dos Santos Reis Magos ficaria dominando a cidade,do alto do Monte, e por certo velaria pela paz e pela tranquilidade da população natalense.

         De acordo com o Jornal A República esperava-se a inauguração da ermida dos Santos Reis Magos para o dia 06/01/1903 durante os festejos a eles alusivas. (A REPÚBLICA, 11/08/1902, p.4).

      Corria o ano de 1910  e a primitiva capela ao que parece ainda estavaemsua fase inicial de construção. De acordo com o Jornal do Comércio com grande concorrência de espectadores, realizou-se naquele ano no Teatro Carlos Gomes (atual Alberto Maranhão) uma sessão cinematográfica da empresa Cinema Natal “em beneficio da capela que se vai erigir na praia da Limpa para os Santos Reis” (JORNAL DO COMÉRCIO, 29/04/1910, p.4).

O mesmo jornal indica que no final daquele ano de 1910 teve bom êxito a quermesse realizada na praça Augusto severo em beneficio da construção da capela dos Reis Magos na praia da Limpa (JORNAL DO COMÉRCIO, 02/12/1910,p.4).

         Não encontramos maiores informações sobre o andamento da construção da capela dos Reis Magos na praia da Limpa, contudo, o Almanaque Laemert, cita já a Capela dos Santos Reis na Limpa em 1917 (ALMANAQUE LAEMMERT: ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL, 1917, p.1223).

        Em 06/01/1917 realizou-se a tradicional festa religiosa em honra dos Santos Reis na praia da Limpa, com missa solene sendo o celebrante o Pe. Marcos Santiago e segundo o Diário de Pernambuco teve grande concorrência a missa celebrada na capela da Limpa, onde durante todo o dia foi grande e constante a romaria ao pequenino templo em que eram veneradas as imagens dos Magos do Oriente (DIÁRIO DE PERNAMBUCO,13/01/1917,p.2).A julgar pela solenidade da missa se presume que a capela já estava concluída e apta a celebrar os atos litúrgicos.

Em 1920 o Jornal do Comércio cita que realizou-se a tradicional festa dos Reis Magos havendo missa cantada pelo Pe. Pedro de Paula Barbosa e acompanhada à orquestra pela Congregação Mariana, sob a regência do professor Oscar Oliveira (JORNAL DO COMÉRCIO, 29/01/1920, p.1). 

         No ano seguinte o referido jornal cita nova missa solene realizada na capela da praia da Limpa, onde eram venerados os Santos Reis Magos (JORNAL DO COMÉRCIO, 09/07/1921, p.1).São assim, os registros mais antigos dos festejos realizados na praia da Limpa, atual bairro Santos Reis em Natal na nova capela a eles dedicada.

O Jornal do Recife fez a seguinte descrição da festa de Santos Reis na Limpa em 1923:

“Realiza-se a 6 do corrente na praia da Limpa, a tradicional festa em homenagem aos Reis Magos.Pela animação parece-nos que se revestirá de muita alegria a festividade em que as tradições imprimiram em cunho particularmente agradável pelo seu pitoresco  e poético”.

Ainda de acordo com o mesmo jornal, a festa realizou-se com o maior brilhantismo, mais que em todos os anos anteriores teve uma considerável concorrência.

Milhares de pessoas passaram o dia na aprazível praia, em barracões e botequins ali armados “Não houve perturbações da ordem pública, apesar do intenso culto prestado aos Deus Baocho pelos milhares de amantes da folia”.

Ocorreu na noite anterior um incêndio na grama seca da praia da Limpa, devastando ao que constavam dezenas de palhoças e botequins armados (JORNAL DO RECIFE, 11/01/1923, p.3).

     Contudo, a festa crescia em quantidade de pessoas e em prestigio sendo um dos acontecimentos mais aguardados durante os festejos de final de ano na Capital Potiguar.Diante disso se fez necessários se construir uma nova capela para acolher com mais decência o afluxo de pessoas que participavam da festa dos Santos Reis.




         Foi então que em 1936 tem inicio a construção da nova capela dos Santos Reis na praia da Limpa em Natal.De acordo com o jornal  A Ordem em 18/10/1936 as 16h00 foi realizada a cerimônia da benção da nova capela dos Santos Reis Magos na Limpa, a qual havia sido ultimamente reconstruída, em local próximo ao da primeira. Foi oficiante o Mons. Alfredo Pegado.

         A comissão encarregada da reconstrução da capela convidava o povo em geral para assistir a referida benção e a trasladação das imagens dos Santos Reis Magos que estavam guardadas na capela da Colônia de Pescadores José Bonifiácio, para a nova capela na Limpa. Nessa procissão também seria introduzida a imagem de São Pedro, patrono dos pescadores, na referida capela (a ORDEM,18/10/1936,p.4).


Aspectos da antiga capela da Limpa.


         Em 15/02/1946 realizou-se na Capital Potiguar uma romaria de penitência à tradicional capela dos Santos Reis Magos, na Limpa, promovida por diversos fiéis, em ação de graças por ter sido Natal isenta dos bombardeios aéreos da Segunda Guerra Mundial.

      A romaria partiu do Patronato da Medalha Milagrosa, na Cidade Alta, as 04h30, acompanhada de capelão Luiz Adolfo e de fiéis, havendo as 06h00, na capela dos Santos Reis, missa de comunhão geral.

         As Irmãs de Caridade convidavam por meio do jornal A Ordem o povo católico de Natal, para participar dessa romaria, em ação de graças ao milagrosos Reis do Oriente “que mais uma vez livraram a nossa terra das investidas dos inimigos ateus e perversos” (A ORDEM,14/02/1946,p.4).

  Ainda de acordo com o jornal A Ordem em 1950 o vigário da paróquia do Senhor Bom Jesus das Dores da Ribeira, Pe. José estava paulatinamente ampliando a capelinha dos Santos Reis na Limpa, com a ajuda da caridade cristã.

         De acordo com o citado jornal: “é a esses inspirados e intrépidos observadores dos astros, que entr nós são vigilantes perpétuos e intemeratos defensores desta nossa Natal, que há quase dois séculos nos guardam na Santa paz do Senhora, que o Pe. José quer acomodá-los em condigna morada e oferecer-nos simultaneamente conforto a nossas preces ali na Limpa” (A ORDEM,28/11/1950, p.4).

         Em 1964 foi criada a paróquia de Santos Reis, posteriormente transferida a sede para a igreja da Sagrada Família nas Rocas.

         Os Santos Reis Magos são os co-padroeiros da cidade do Natal, capital potiguar e a festa atrai a cada ano milhares de fiéis ao pequeno santuário a Eles dedicado no bairro homônimo. A Data de 06/01 é feriado municipal na capital potiguar.



Aspectos externos e internos do Santuário dos Santos Reis em Natal.


Assim, a primeira capela da praia da Limpa foi construída em 1910, a segunda em 1936 e a terceira em 1950.

As imagens que adornam o santuário são ainda as originais doadas pelo rei de Portugal D. José I em 1775.


[1] Na realidade a solenidade que se comemora no dia 06 de janeiro  pelo calendário litúrgico da Igreja Católica é a solenidade da Epifania do Senhor em cuja visita dos três reis do Oriente simboliza a manifestação de Jesus ao mundo, os três reis representam os três continentes até então conhecidos, a Ásia, a África e a Europa.

sábado, 1 de maio de 2021

SOBRE A ENCAMPAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO DE NATAL A NOVA CRUZ COM A EFCRGN EM 1926


         Em novembro de 1926 apareceu um artigo de Dioclécio Duarte (que viria mais tarde a ser deputado federal) a respeito da encampação do trecho ferroviária de 121 km entre Natal e Nova Cruz, à época sob concessão da GWBR, com a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.

De acordo com o referido, artigo, unidos ambos os trechos com uma nova denominação de Viação Norteriograndense, haveria, além de outras vantagens, a conveniência de uma única estação central, aproveitando-se para tal finalidade o edifício da Great Western, que poderia ser adaptado às condições exigidas para tanto (O JORNAL, 09/12/1926, p.2).

Dioclécio Duarte procurou ouvir a opinião do engenheiro Hermelindo Lins, diretor da EFCRGN, a respeito da conveniência  de colocar, sob a mesma administração, o trecho de Nova Cruz a Natal e o da EFCRGN.Esta também era a opinião de Assis Ribeiro, superintendente da GWBR, assim como do engenheiro Eugenio Gudim (Gondim?), representante dos acionistas ingleses, nãos endo estranho a tal resolução o chefe da Inspetoria Federal das Estradas.

         Segundo o referido artigo, as excelentes instalações construídas na praça Silva Jardim, se encontravam numa situação contrária às comodidades do público, prestando-se, entretanto, de uma forma magnífica, para a Escola de Aprendizes Marinheiros.

         Eram dois edifícios de propriedade do Governo Federal, e, consequentemente, fácil seria a permuta, ficando os prédios onde funcionava aquela Escola servindo de armazém e oficinas, que eram tão necessárias a Estrada de Ferro, sobretudo devido a situação terreno.

, este, tomando em consideração a sua insalubridade e as extraordinárias despesas reclamadas no conserto de outros defeitos, para torná-lo uma vila adequada a aprendizagem de meninos, tornava-se absolutamente desaconselhável.

         Com as obras do porto de Natal, em breve teria na barra 32 pés, e, assim qualquer navio poderia entrar,, devendo  a Escola de Aprendizes Marinheiros, ficar próxima a base naval, o que constituía mais um argumento contra a sua situação aquela época.

         “De forma alguma Refoles poderá servir de base naval, porque é montanhoso ou é alagadiço, acrescendo ainda a circunstância de que as águas têm pouco fundo para os grandes navios”, escreveu Dioclécio Duarte no citado artigo (O JORNAL, 09/12/1926, p.2)..

         Entretanto, segundo o mesmo Dioclécio Duarte, ninguém discutia as vantagens de serem os terrenos do Refoles aproveitados para a utilização a cima referida, como por outro lado, ninguém contestava o lucro que adviria a Escola de Aprendizes Marinheiros, caso fosse transferida para um local de clima mais ameno e onde pudessem os alunos observar uma vida mais militar e mais marítima, de acordo com os ensinamentos práticos que devem receber para a completa eficácia da profissão que desejavam seguir.

         Não fugiam desse parecer os oficiais da Marinha que tinham desempenhado as funções de diretores da Escola de Aprendizes Marinheiros, como, na outra hipótese, os engenheiros que estudaram o problema da EFCRGN, quase todos, pleiteavam a solução mencionada por Dioclécio Duarte, como a realmente compatível com os interesses unanimes da coletividade.

         Sem entrar em muitos detalhes, o engenheiro Hermelindo Lins, externou o aspecto pela qual enxergava a questão vendo que a transferência da Escola de Aprendizes Marinheiros do Refoles era uma medida que se impunha, e, afastada a ideia da linha de contorno, unir o trecho de Nova Cruz à EFCRGN, era para os interesses do Estado de alta convencia, ao mesmo tempo, que, centralizando a administração facilitaria a reciprocidade das vantagens.

Considerações

         - O trecho ferroviário de 121 km entre Natal e Nova Cruz sempre foi deficitário desde sua inauguração em 27/02/1881 ainda no regime imperial e sendo o Rio Grande do Norte província. A razão dos constantes déficits era a baixa demanda de passageiros, embora a ferrovia se conectasse a outras ferrovias dos estados vizinhos da Paraíba e Pernambuco, a partir de 1904, e do erro do traçado que passava longe dos grandes centros produtores agrícolas da região e ainda a não construção do Engenho Central de São José de Mipibu que em muito deveria contribuir para as poucas rendas avindas do transporte de mercadorias da referida ferrovia, por isso o interesse de ambas as partes em se fazer a encampação. Na realidade a GWBR queria se livrar do problema que era o trecho Natal a Nova Cruz devolvendo-o ao governo federal.

         - O parque ferroviário da EFCRGN da Esplanada Silva Jardim composto da estação central, rotunda, armazéns e oficinas, ficava distante do centro comercial da Ribeira, embora estivesse localizado neste mesmo bairro. Para conectar esse parque ao porto foi preciso se fazer uma linha de contorno que passava por dentro da zona urbana da Ribeira e, sobretudo na Rua do Comércio, atual Rua Chile, causando grandes inconvenientes ao trânsito pela passagem dos trens e aos comerciantes nas proximidades da linha. Esta obra foi considerada um grande erro de engenharia em Natal.

         - A estação central da Esplanada Silva Jardim nunca funcionou como tal mesmo tendo sido inaugurada, pois, o trafego se concentrava por conveniência na estação provisória da EFCRGN na rua do Comércio próximo ao porto.

         - A Escola de Aprendizes Marinheiros apesar da insalubridade do terreno à época, foi de fato instalada no Refoles, onde atualmente se situa o Distrito Naval. A linha EFCRGN passava por dentro do terreno da referida escola, causando grandes inconvenientes a ambos, pela perturbação dos alunos à passagem dos trens e pelas manobras destes que deviam se fazer naquela região para evitar-se maiores problemas a Escola. Até hoje causa estranheza a linha passar por dentro do Distrito Naval.

         - Como se sabe, somente em 1939 foi que o Governo Federal fez a encampação do trecho de Natal a Nova Cruz ao da EFCRGN, contudo, não houve mudança de nomenclatura, passando a ferrovia a tomar o nome dessa última. Curiosamente, no passado, era desejo da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz fazer da linha de Natal a Ceará-Mirim seu ramal, coisa que nunca foi feita.

         - Com a encampação, o tráfego de passageiros e cargas ficou concentrado na estação da Praça Augusto Severo, que era a estação central da GWBR, já o prédio da Esplanada Silva Jardim passou a concentrar somente os serviços administrativos da EFCRGN.

Dioclécio Duarte, autor do artigo mencionado a cima.